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Depois eu te conto... por Nadine Helgenberger

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Palavras: 4465
Acessos: 635   |  Postado em: 29/10/2025

Capitulo 17

 

 

Que manhã mais arrastada, pensava Sabrina sempre que olhava as horas. Já tinha resolvido tanta coisa e parecia que as horas se arrastavam num compasso irritante. Distraída pelo barulho típico do escritório, dedos frenéticos nos teclados, máquina de café, passos pelos corredores, esticou as pernas, alongou os braços e foi desanuviar a mente na vista da enorme janela de vidro. Tinha os olhos fixos no céu, quando foi surpreendida por Lúcia:

            -Temos planos de viajar?

            -Hmm?

            -Estás perdida nesse céu...

            -Apenas uma pausa no trabalho e olhar o céu costuma me inspirar...

            -Que bom, pois preciso de ti bastante inspirada para revisar esse documento...para hoje.

            -Eu trabalho até às 15horas, sem pausa. Tenho coisas a resolver à tarde...

Lúcia franziu a testa, mas não contestou.

            -Tens tempo para ver esse documento?

            -Tenho... - Olhou as horas. - Tenho sim.

            -Bom trabalho! Um dia desses precisamos marcar um novo jantar lá em casa. Foi tão bom...

Sabrina permaneceu com a atenção plena no computador e não esboçou qualquer reação.

Depois de mais algumas horas de foco total, alongou o pescoço que estalou. Olhou as horas e sorriu. O telefone vibrou e seu coração também.

"Já estou a caminho da cidade. Acabei de ver o Monte Cara, soberano como só ele sabe ser."

"Venha logo, estou ansiosa e com fome."

"Eu também...principalmente do teu cheiro."

Num frenesi arrumou as suas coisas, desligou o computador e respirou fundo algumas vezes na tentativa de controlar a ansiedade.

***

Desceu as escadas que levavam ao térreo numa velocidade de causar inveja a um saltador profissional. Pela parede de vidro, viu Fedra descendo do carro que tinha alugado e escancarou um sorriso. Com muita relutância não saiu correndo para se encontrar nos braços dela, afinal, o átrio acompanhava o seu entre e sai habitual. A porta se abriu e depois de mais uma intensa inalação, saiu para a rua. Fedra sorriu, passando a mão pelos cabelos que o vento insistia em bagunçar. Que mulher linda, Sabrina teve vontade de gritar. Não gritou, mas correu até ela e foi acolhida no abraço mais afetuoso de que tinha lembrança. Fedra a cheirava e elas se fundiam cada vez mais num único corpo.

            -Eu sei que pareço uma doida ansiosa, mas já achava que não vinhas...-Desabafou ainda dentro do abraço.

            -Acidente à entrada da cidade, transito parado e eu quase fazendo esse bendito carro voar.

            -Ainda bem que já estás aqui. - Sabrina olhou-a prestando atenção nos detalhes e controlando a vontade de beijá-la que lhe causava tremores pelo corpo.

            -Estou com fome. Tomei um café preto e comi um pedaço de melão desde as 8 da manhã.

            -Eu também estou com fome. Não te importas de comer por aqui? Não teremos uma vista sobre o mar, mas a comida costuma ser boa...

            -Meu bem, quero comida e tua companhia, o restaurante pouco importa.

Rindo alto, seguiram para dentro do edifício.

Naquele horário, o restaurante tinha pouca gente o que para elas era o cenário perfeito. Sentaram numa mesa aleatória e um pouco mais relaxadas, perderam-se numa intensa troca de olhares. Ah os sorrisos...

            -Dona Sabrina...dona Sabrina...

            -Ah, desculpa, estava distraída. - Sorriu, enquanto Fedra se controlava para não rir.

            -Os vossos pedidos...a senhora vai querer o de sempre?

Fizeram os pedidos e logo que ficaram sozinhas, Fedra riu da cara de Sabrina.

            -Eu deveria processar-te por me fazeres passar por isso. - Riu

            -Eu? - Fedra encarou-a com uma expressão ainda mais sexy.

            -Eu não sei fingir costume...não te vejo há tempo suficiente para ficar aparvalhada. Tens esse dom...

            -De?

            -Fedra, não estavas com fome? Fome não combina com inquérito. - Sorriu inclinando o corpo para trás sem tirar os olhos dela.

            -Eu nunca sei o que se passa na tua cabeça...digamos que dei um mergulho às escuras...

            -Esse jogo não é justo. - Sorriu. - Queres que eu fale? Então aguente...estou nervosa, meu estomago está contraído, ainda não sei se realmente estás aqui e...e a tua beleza me deixa tonta...pronto, agora pode dizer que pareço uma adolescente apesar dos meus quarenta e tal anos. - Soltou o ar.

Fedra abriu um sorriso que ofuscou o intenso brilho do sol que entrava pelas vidraças do restaurante.

            -É tão bom sentir. - O olhar dela era intenso e segurou uma das mãos de Sabrina sobre a mesa. - É maravilhoso estar viva, é incrível me descobrir contigo...e sim, às vezes tenho dúvidas se isso é real ou o melhor sonho que já tive...

Foram interrompidas pelo atendente que trouxe os pedidos, mas a aura de romance manteve-se.

            -Fedra, parecemos duas famintas.

Riram.

            -Eu não estava a brincar quando disse que estava com fome e a comida é boa.

            -Como aqui quando me perco no meio do trabalho...quase sempre. - Sorriu.

            -Para a tua sorte a comida é boa e o ambiente calmo e bem organizado. A forma que a luz entra deixa tudo ainda mais aconchegante.

            -Estás animada com a viagem?

            -Ah, não. Estou cansada dessa vida que mais parece uma sala de transito. Eu viajo muito e raramente tenho tempo para aproveitar os lugares.

            -No regresso passas por cá?

            -Quem me dera! Organizaram tudo lá na Sede em Bruxelas e para aumentar ainda mais o meu desanimo, o itinerário é uma loucura. Volto via Lisboa e direto para a Praia.

            -Menos mal que a sorte nos sorriu no voo de ida...- sorriu de forma tímida e Fedra mais uma vez apertou-lhe a mão sobre a mesa.

            -Poderia ser melhor se a senhora estivesse com o visto em dia. Terias como me acompanhar?

            -Faria o impossível! - Não desviou o olhar por um milímetro dos olhos de Fedra.

            -Eu gosto de te ver assim...a falar sem medir as palavras, os atos...

Sabrina rapidamente percebeu que estava sem a sua proteção e sabia o risco que corria.

            -Vais ver a tua filha? - Mudou de assunto.

            -Infelizmente não. Ela está em exames e não pode ir ter comigo a Bruxelas e meu tempo lá é corrido e todo preenchido.

            -Então como é que a senhora queria me levar junto?

Riram.

            -Aproveitarias a cidade que é linda durante o dia e ao final da tarde poderíamos fazer tantas coisas, sem falar das noites...ah, ainda não me conformo que não vens comigo. Já que é tão difícil eu te ver aqui onde morámos, quem sabe numa viagem ao estrangeiro...

Sabrina riu alto num misto de emoções. Ficou sem entender se Fedra queria estar mais perto dela e o que isso realmente significava.

            -Vamos celebrar que estamos juntas agora.

            -Sim, sem dúvida e viva o acaso que resolveu ajudar meu pobre coração.

Brindaram com o que sobrava nas taças de vinho.

            -Ora, mas que coincidência mais agradável. - Lúcia segurou um sorriso que à Sabrina pareceu forçado.

            -Lúcia...- Sabrina aprumou-se na cadeira.

            -Entrei aqui para comprar um sumo detox para aguentar o resto do dia. - Olhou para Fedra claramente à espera de ser apresentada.

            -Essa é a Fedra- Desviou o olhar para Fedra que mantinha o seu ar sóbrio. - E essa é a Lúcia...trabalhamos juntas.

            -Prazer, Fedra. És ainda mais bonita ao vivo...além da televisão, já te vi de relance algumas vezes na Praia...

            -Hmmm, o prazer é todo meu.

            -Não vou atrapalhar-vos. Boa sobremesa. Sabrina, voltas ao escritório?

            -Não! - Sabrina engoliu em seco com muita raiva de Lúcia. Já lhe captava as atitudes dúbias. Tinha sido muito clara ao informar que estaria ausente na parte da tarde. Para quê aquela pergunta? E o tom?

            -Ok! Amanhã conversamos. Mais uma vez, muito prazer, Fedra.

E foi embora da mesma forma intempestiva que tinha chegado.

            -Tudo bem? - Fedra tocou a mão de Sabrina.

            -Tudo! - Sorriu.

            -Terás problemas com ela? Tinham coisas marcadas?

            -Não! Eu já cumpri tudo o que tinha para hoje, inclusive, fiz mais do que estava agendado.

            -Ela é um pouco estranha...não é?

            -É...e nossa relação tem estado fora de compasso, mas hoje nada vai estragar o meu dia.

            -Ah, mas não vai mesmo. Sobremesa? - Sorriu.

            -Sobremesa!

 

***

            -Quanto tempo temos até à hora do teu voo? - Perguntou Sabrina enquanto caminhavam pela rua em direção ao carro.

            -A partir de agora, 4 horas.

            -O que queres fazer? Passear? Talvez ir lá para casa...

            -Vamos para casa. Quero descansar um pouco antes das horas no avião que com certeza não serão confortáveis. O carro está alugado até amanhã, podemos ir nele, depois levas-me ao aeroporto e amanhã, a empresa recolhe aqui no teu trabalho.

            - Perfeito! Vou desfilar pela cidade nesse carro maravilhoso e com a motorista mais linda que esse país já viu...- Sabrina deu pequenos pulos agarrada ao braço de Fedra.

            -Ah meu amor, aceito o elogio e agradeço, mas quem vai dirigir és tu, estou muito cansada.

            -Está bem, não vou reclamar, afinal a senhora veio lá da capital até aqui, nada mais justo.

Entraram no carro às gargalhadas.

***

O apartamento estava em meia penumbra, a luz do sol filtrada pelas cortinas claras, numa aura de quase sonho. Assim que entraram, Sabrina tirou os sapatos e Fedra seguiu-lhe os passos. Instintivamente, Sabrina começou a arrumar pequenas coisas fora do lugar e Fedra caminhou lentamente até à janela de onde podia ver o mar ao longe.

            -Gosto daqui...não sei explicar muito bem, mas a tua casa acolhe e não temos vontade de ir embora...

            -Está uma bagunça e não tem cara de casa...ainda não...

            -Eu discordo...tem a tua energia, sinto paz aqui e...ah, sempre temos um cavalete. - Sorriu apontando para um cavalete no meio da sala.

            -Ah, sim...eu já te disse que adoro desenhar e esses dias tenho tentado fazer alguma coisa...

            -Posso ver?

            -Claro! Mas não espere nada de extraordinário...eu desenho de forma amadora e muito pelo coração...

            -Sabrina...vem cá...- O tom de voz dela era mais rouco do que o habitual.

Sabrina caminhou para junto dela com o coração a galope.

            -Às vezes eu sinto que tens medo de mim, ou...que talvez não estejas assim tão envolvida nessa história. -Segurou-lhe pela cintura. - Eu estou doida para te beijar desde que te vi saindo do teu trabalho e...

Fedra foi literalmente silenciada com um beijo que lhe tirou o ar. Perderam-se num encontro há muito aguardado. Entre risos, mordidas leves, toques voluptuosos e muita paixão, foram rodopiando dentro do apartamento de Sabrina.

Cambaleantes, sentaram-se no sofá. O ar de sonho intensificou-se e o mundo lá fora pareceu ter parado. A conversa alternou-se ora sobre a rotina de uma, ora de outra, desafios, realizações e expectativas em relação ao trabalho.

            -Meu Deus, que péssima anfitriã que eu sou, não te ofereci nada.

Gargalhadas.

            -Uma água gelada cairia muito bem...calor...

            -Desculpa, mas é que eu fico levemente desnorteada...

            -Espero que seja esse o motivo para demorar séculos para me beijar. Criatura, eu sou convencida que beijo bem, mas tu consegues abalar essa minha convicção. - Brincou Fedra.

            -Boba...muito boba essa mulher tão dona de si...- E beijou-lhe a boca mais uma vez até perderem o fôlego.

            -Água gelada! - gritou Fedra se abanando.

            -Definitivamente! - Riu Sabrina indo em direção à cozinha.

Na cozinha, respirou fundo algumas vezes para tentar controlar um sentimento de urgência que lhe causava ansiedade. As horas pareciam voar e ela queria tanta coisa...queria poder demorar, saborear cada detalhe de Fedra, mas a porcaria do relógio não dava trégua.

            -Meu bem, a água vem de uma fonte secreta do Egito? - Brincou Fedra surpreendendo Sabrina que se sobressaltou e quase derrubou a garrafa de água. - Estou com a garganta seca e o corpo pegando fogo...

            -Exagerada! Eu queria levar-te a água numa taça bonita, mas tu sempre com pressa...

Riram completamente relaxadas.

            -Às vezes penso que...- Fedra pareceu escolher as palavras. - O que temos é o intervalo entre as nossas vidas, algo que não deveria durar. Mas, quando estou perto de ti, percebo que não quero que acabe. - Suspirou encostada à parede e com o olhar fixo nos olhos de Sabrina.

Sabrina sentiu que pisava em terreno perigoso. Seu corpo tremeu e o coração bateu tão alto que teve a impressão que Fedra poderia ouvi-lo.

            -Se não fosse Bruxelas, eu ficava contigo hoje...talvez mais do que hoje...

Sabrina abriu a boca para gritar que queria que ela ficasse o tempo que quisesse, mas memórias de uma cena muito parecida atropelaram-lhe a fala. Já ouvira algo semelhante e no final não passava de um jogo em que ela era um brinquedo destinado apenas a dar prazer. Sem querer apertou os olhos, as mãos, o corpo todo contraiu-se. A serenidade de Fedra era desconcertante...

Em silêncio, Fedra pegou-lhe pela mão e mais uma vez, dirigiram-se ao sofá. Deitada, pediu com um gesto que ela deitasse sobre o seu corpo.

            -Vou amassar a tua roupa...- Sabrina fazia um esforço quase sobrenatural para não desabar. Seu corpo experimentava tantas emoções conflituantes que tinha a impressão que estava em looping numa montanha russa.

            -Quem se importa com isso? Não te preocupes, meu trench coat está no carro e o tecido dele não amarrota. Vem...

Com o corpo trémulo, Sabrina deitou-se sobre ela e acomodou sua cabeça sobre o peito na altura do coração.

            -Eu sei que isso te acalma. - Disse Fedra com a voz baixa enquanto a acolhia num abraço apertado.

            -Hum-hum...- E esquecer do mundo também, pensou Sabrina.

Como se tivessem todo o tempo do mundo, ficaram naquele embalo silencioso até que as luzes alaranjadas anunciando o por do sol já quase não se viam pelas frestas das janelas.

            -Fedra...

            -Hmmm...

            -Que horas são?

            -Não faço a mínima ideia...- Beijou-lhe a cabeça.

            -A viagem...- Apertou-se ainda mais contra ela.

            -Ainda temos luz do dia, meu bem...preciso estar no aeroporto às 20 horas.

Sabrina ergueu a cabeça e procurou o telefone na mesa de centro. Ainda tinham algum tempo...beijou a boca de Fedra com fome enquanto suas mãos passeavam pelo seu corpo. Aumentando a ousadia, puxou-lhe a blusa de dentro da calça e tocou-lhe a pele quente. Gem*ram ao mesmo tempo e Fedra a puxou ainda mais para si. Com uma destreza invejável, Sabrina tirou a própria blusa e o sutiã sem desviar seus lábios da boca de Fedra. Entre gemidos e suspiros, Fedra tocou-lhe os seios como quem pega num tesouro para em seguida numa dança de corpos, passar a sugar um e outro levando Sabrina ao delírio. A blusa de Fedra foi parar longe e Sabrina grudou seus corpos, pele contra pele. Já nem se importava com o fato de Fedra nunca tirar o sutiã, podia senti-la mesmo com o tecido protegendo seus lindos seios. Beijava-lhe os contornos dos seios, a boca, ombros, pescoço...deslizou a língua pela sua barriga e Fedra abriu as pernas gem*ndo alto.

            -Quarto...-Fedra mal conseguia articular a fala.

            -Meu bem...a viagem...nós não...nós não nos acostumamos com a pressa...-Sabrina olhou-a com cara de fome e nenhuma convicção.

            -Ah, agora vamos ter de aprender...eu não saio daqui sem te sentir por inteiro...

Cambalearam em direção ao quarto deixando peças de roupa pelo caminho.

***

Depois de um pequeno caos para Fedra não perder o check-in, finalmente puderam respirar mais aliviadas.

            -E eu que achava que meu cardio não estava lá essas coisas...- Fedra riu enquanto levava a mão ao peito.

            -Sua doida, se não sou eu a correr como uma atleta, a essa hora teria de te aturar em stress. - Reclamou Sabrina.

Riram juntas.

            -Sabrina, se há uma coisa que faço de olhos fechados é confiar no teu timing para gerir as horas. Eu sei que não me deixarias exagerar...tens o dom, meu bem...tens o dom...

            -Maluca...a maluca mais deliciosa desse planeta...não sei se tenho dom, mas de uma coisa tenho certeza, quando regressares, vamos ter de marcar um fim de semana só para terminar o que começamos há bocado. - Mordeu a boca.

            -Combinado! Podes até redigir um contrato com todas as clausulas a teu favor que assino de olhos fechados. Que vontade de te beijar, Sabrina...que vontade...

Chamaram o voo dela e riram nervosas.

            -Da próxima vens comigo!

            -Prometo tratar do visto amanhã!

            -Obrigada por fazer das minhas horas um festival de memórias que deixarão meus dias em Bruxelas mais leves...

Abraçaram-se e mais uma vez a sensação era de que eram apenas um corpo.

            -Prometa-me que nosso fim de semana daqui a poucos dias vai mesmo acontecer. - A súplica nos olhos de Fedra causou um frémito no corpo de Sabrina.

            -Redigirei o contrato ainda hoje. - Riram. - E tu podes prometer-me uma coisa?

            -Hmm?

            -Que mesmo na correria de Bruxelas, vais reservar alguns minutos para pensar em mim. - Sussurrou Sabrina.

Fedra riu alto dentro do abraço.

            -Meu bem, suba essa fasquia, peça coisas mais difíceis...

Última chamada. Depois de um longo suspiro, Fedra caminhou em direção à porta de embarque com passos firmes e sem olhar para trás. Sabrina permaneceu por ali até o vulto dela desaparecer entre os passageiros.

***

Depois de minhas horas num delicioso transe, fui sacudida por uma sensação estranha. Ultimamente minha vida parecia uma peça escrita para outro personagem e que eu por engano ganhara um papel central. A maior parte do tempo eu me sentia inadequada, insuficiente ou apenas existindo sem nenhum propósito claro. Será que algum dia foi diferente? Em algum momento da minha vida adulta eu realmente tive as rédeas da vida nas minhas mãos? A garrafa de vinho já ia a meio e minha inquietação estava longe de estar anestesiada. A merd* do visto foi a gota de água. Perdi uma oportunidade de me anestesiar numa felicidade pulsante por alguns dias porque estava sem visto. Que raiva! Que raiva da minha inércia! Que raiva de permitir que a deceção com os outros me trave. Ainda martela na minha mente a comunicação displicente do meu pai, "mudança de planos, Sabrina. Já não podes vir para cá porque a Laura decidiu de última hora que vamos fazer um safari no Serengeti". Faltavam 5 dias para a minha viagem à Itália e não via o meu pai há bastante tempo...desisti de tudo, acho que até de mim. Nunca mais cheguei perto do meu passaporte. Eu poderia ter ido e passeado sozinha pela Costa Amalfitana que era minha vontade, pela Toscana...poderia ter feito tanta coisa, mas mais uma vez a ação do outro, travou a minha vida. Identificar essa minha faceta causava um desconforto atroz. Talvez fosse uma pessoa fraca, pouco convicta do que realmente era importante, uma maria vai com as marés...isso, eu me sentia indo de um lado para o outro sem porto à vista. Como eu queria passear em Bruxelas com a Fedra...a Fedra vai se cansar de mim assim que ela perceber que sou fraca, que não tenho opinião própria...

Sorvi o conteúdo da taça num trago enquanto lágrimas de aflição percorriam minha face.

***

            -Ei, tem alguém aí disposta a partilhar um café forte e sem açúcar? A senhora já almoçou?

Sabrina sobressaltou-se com a chegada de Catarina.

            -Ai, tudo que preciso. Como sempre acertas no meu gosto. Já almocei sim senhora...por aqui, mas comi.

            -Musa sensata, gosto!

Riram.

            -Ei garota, andas desaparecida. Muito trabalho? - Sabrina alongou os braços.

            -Muito trabalho sim, mas eu também tenho evitado a tua sala...

            -Hã? Porquê?

            -Diria que fui direcionada a isso. De uma maneira subtil, ou nem tanto, a chefe disse que eu não deveria passar tanto tempo na tua sala...

            -Subtil, como? - Sabrina cruzou os braços tentando entender.

            -Algo como, é prudente manter uma certa distância para não se distrair do que é efetivamente importante. - Imitou o tom de voz e a postura de Lúcia fazendo uma careta. - Eu já percebi que a chefe gosta de entrelinhas...

            -Hum-hum...- Sabrina soltou o ar concordando.

            -Ah, mas agora eu sei que ela não está e que demora a regressar. Ela não sabe que sou esperta e que sempre darei meus pulos para estar com a minha musa.

            -Maluca! Que bom que és assim.- Sorriu.

            -Musa...eu já entendi que és discreta e quase chata, mas não mereço saber quem era a gata que estava contigo ontem? Afinal, eu te trouxe o melhor café do dia.

Sabrina riu às gargalhadas.

            -E onde a senhora me viu?

            -Eu estava a entrar no edifício pela porta do lado norte e vocês estavam na parte central, do lado de fora. Eu diria que a minha musa está apaixonada e a outra gata rendida. Que abraço gostoso, que sintonia...ai, me deu até calor.

Mais uma sonora gargalhada.

            -Seremos demitidas, controle-se, menina. - Mais uma risada.

            -Sabrina, tu não vais convencer-me que não vi nada demais?

            -Não...até porque seria perda de tempo...

            -Musa, aquela mulher é tua namorada? Meu Deus...que delícia!

            -Grita mais alto!

            -Desculpa, mas sou muito empolgada.

Gargalhadas.

            -Ela não é minha namorada porque mais uma vez eu não aprendi a lição e me apaixonei pela pessoa errada.

            -Se ela não é, está doida para ser...como assim, não aprendeu a lição?

            -Hétero e namorando. - Desabou na cadeira em sinal de desalento.

            -Oh musa, eu só sapateei errado quando era mais jovem, lá pelos meus 16 anos...rapidamente aprendi a lição que hétero é perda de tempo, energia e saúde mental.

            -Pois é, eu achava que tinha aprendido depois da última saga infernal que vivi, mas ao que parece minha tolerância ao desconforto é maior...

            -Ela pode até se achar muito hétero e namorar, mas o que eu vi...Sabrina, essa mulher está apaixonada por ti...muito...

            -A outra também se dizia apaixonada...ah, Catarina, é tudo tão complicado...

            -Ninguém está livre de tentações, e que tentação, meu Deus. Vai que a tua história veio para invalidar a estatística?

            -Qual?

            -De que nós só quebramos a cara com mulheres héteros.

Gargalhadas soltas.

***

A atmosfera comum no escritório há muito tinha se alterado, e Sabrina não se dera conta, tamanho era o foco no projeto novo. A atenção na tela do computador só foi desviada quando de relance viu o brilho na tela do telefone. Se fosse Glória, mais uma vez declinaria. Não estava com cabeça para conversar com ninguém...

Esticou as mãos com o coração já acelerado acreditando que pudesse ser Fedra. Era apenas um lembrete atrasado do horário da terapia que ela deliberadamente tinha faltado. Não estava animada para ser chicoteada. Covardia? Talvez, mas não queria confrontos que de antemão sabia que sairia perdedora. Ainda com o telefone na mão ouviu passos pelo corredor que já sabia de quem eram. Respirou fundo, preparando o espirito para o que viesse.

            -Ei, resolveste dormir aqui? - Lúcia esgueirou-se na porta com um meio sorriso.

            -Trabalho...- Sabrina alongou o pescoço.

            -O relatório que me enviaste está excelente. Preciso que introduzas apenas mais dois dados, mas sobre isso falamos amanhã.

            -Ok! Já vou para casa.

            -Tua amiga chegou bem? - Já estava em frente à secretária de Sabrina.

            -Hmm? - Sabrina ficou alerta. Detestava o nome de Fedra na boca de Lúcia e já conhecia aquele tom...

            -Tenho profunda admiração por mulheres como a Fedra. É daquelas que sabem se divertir. - Pontuou com um brilho estranho nos olhos.

            -Divertir-se? - Sabrina sempre caía na provocação.

            -Sim, e de forma leve. O tipo de mulher que vive o que tem para viver e segue. Adorava ter esse talento. - Pousou o dossier que tinha nas mãos sobre a mesa e cravou o olhar em Sabrina. - Ela se diverte em 2 continentes, passa horas de diversão por aqui com uma mulher bonita e inteligente, e logo voa para um prazer diferente na europa, com um namorado maravilhoso com quem tem uma vida consolidada. - O tom de voz orquestrado era tão suave que doía.

            - Como sempre, muito bem informada. - Sabrina tentou manter-se inabalável, mas a sensação era que o mundo à sua volta colapsava e o chão lhe fugia por baixo dos pés. - Não tenho a mínima ideia sobre a vida dela...- A voz já denunciava todo o seu desequilíbrio.

            -Ah, claro que sabes, é de domínio público a relação dela com o charmoso diplomata. O que é leve, não pesa, pois não?

Girou o corpo e saiu deixando perfume e veneno no ar.

Completamente sem reação Sabrina sentiu seus olhos arderem. Piscou algumas vezes até que lágrimas caíram com força. Desligou tudo em camera lenta e se preparava para sair quando a tela do telefone voltou a brilhar, no ecrã: Fedra. Pegou o aparelho com a intenção de estilhaça-lo contra os vidros das janelas, mas faltou-lhe coragem. Respirou fundo, secou as lágrimas e atendeu.

"Meu bem, ligue a camera, por favor."

Respirou fundo sentindo uma confusão inédita. O coração batia quase a ponto de sufocá-la. Ligou a camera sem saber ao certo o que fazia. A imagem que viu arremessou para longe qualquer maldade plantada há minutos. Fedra a jantar sozinha num quarto de hotel e de pijama.

"Preciso atirar na tua cara que a culpa do meu tédio nesse lugar é tua. Poderias estar aqui, Sabrina. Estou com saudades tuas..."

"Eu também! Já marquei o agendamento para tratar do visto. Estás sozinha?" - Quase mordeu a língua pela pergunta invasiva.

"Por culpa tua, sim. O trabalho foi intenso e amanhã há mais...preciso de férias e não me esqueci do nosso fim de semana de prazer."

Riram e Sabrina ficou vermelha.

"Meu bem, ainda estás no escritório?"

"Hum-hum e não brigues comigo...o tempo passa mais rápido assim..."

"Vá para casa, precisas descansar. Eu vou dormir, mas antes precisava te ver...que dia chato, meu Deus. E eu só intervenho no ultimo dia...ufa..."

"Eu já vou...fiquei feliz em te ver...ainda que haja um mundo entre nós..."

"Pois eu te sinto aqui...estás aqui dentro e que bom que é...vá para casa, meu bem."

"Boa noite!"

"Boa noite e avisa quando chegares em casa...mesmo que já esteja dormindo, eu vejo em algum momento."

"Eu aviso. Beijo...e mais outro."

"Todos na tua boca deliciosa."

A chamada terminou e Sabrina ficou a olhar a tela escura por algum tempo. O coração voltou a bater no compasso e o veneno de Lúcia desapareceu por completo.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 17 - Capitulo 17:
brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 02/11/2025

Querida Nadine,

Como está a sua mão? Essa foi minha maior preocupação neste capítulo! Espero que esteja se recuperando bem! Como é que foi acontecer uma coisa dessas?

Quanto à nossa história, é impressionante a maldade de Lúcia! Como é que Sabrina suporta tal coisa? Mau caráter, aproveitadora, invejosa, não basta roubar os créditos de Sabrina no trabalho, agora quer também instilar veneno em sua mente... E o perigo é que Sabrina quase se deixou contaminar! Ainda bem que reagiu a tempo!

Fedra, com sua espontaneidade, é adorável! Não demonstra fazer jogo algum e se abre totalmente mostrando toda a atração que sente por Sabrina! Você está sabendo nos transmitir com muita propriedade todo o tesão que existe entre elas... Ufa!... Que calor! O único "senão" é a existência do namorado, mas, ao que parece, Fedra está a caminho de limpar essa mancha, não é? 

Fico torcendo para que elas possam aproveitar sem medo o fim de semana que estão planejando na volta de Fedra!

Grande abraço - e cuide-se bem, por favor.

Bruna


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 02/11/2025 Autora da história
Bruna querida,

Já estou melhor. Queimei no café, pura distração.
Sabrina tem uma cabecinha bem complicada e o pior é que eu a entendo Tenho raiva? Sim! rsrsrs mas eu entendo...já convivi com pessoas com traumas como os dela e eram beeeem piores do que a Sabrina.
O problema é que Lúcia age como outros personagens da vida de Sabrina, morde e assopra, aí ela não sabe como agir. Mas até ao final da história ela aprende ;)
Ah, a química das moças é boa, oh se é rsrsrsrs
O fim de semana viria no capitulo que será postado daqui a pouco, mas eu extrapolei e tive que adiar para o 19 rsrsrsrs
Abraço, meu bem e muito obrigada por comentar.


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mtereza
mtereza

Em: 02/11/2025

Fedra precisa encerrar o ciclo com esse namorado já passou da hora 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 02/11/2025 Autora da história
Não é? Acho que ela nem lembra que esse homem existe rsrsrrs
Bjs e muito obrigada por comentar.


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NovaAqui
NovaAqui

Em: 31/10/2025

Meu Deus! Com você queimou a mão?

Cuide desses dedos! Eles resolvem 50% da nossa vida kkkkkkkkk gargalhadas Kkkkkkk

Não abuse, menina! Não abuse!

Bom final de semana para você nessa sua Terra Linda 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 02/11/2025 Autora da história
Kkkkkkk, Meus dedos resolvem 50% da vossa vida é ótimo kkkkk
Queimei no café. Fui servir uma chávena e por descuido, caiu quase tudo na minha mão. Queimei 4 dedos, doeu muito, encheu de bolhas, mas já estou bem. Graças a Deus, sarou depressa.
Prometo não abusar rsrsrsrs, se bem que quase pequei no capítulo 18 kkkkk. Defini que jamais ultrapassarei as 15 páginas por capítulo ( o que já é um absurdo), pois, no 18, quando dei por mim já estava em 17 páginas rsrsrs. Isso porque há planeamento, escaleta, tudo...não há remédio para minha compulsão. Tive que deixar-vos sem um fim de semana delicioso das moças pq do contrário ultrapassaria facilmente 20 paginas rsrsrs. Fica tudo para o 19.
Abraço e até já rsrsrsrs, o capítulo 18 entra daqui a pouco.


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jake
jake

Em: 30/10/2025

Essa Lucia só veneno e inveja aff... Acorda Sabrina 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 30/10/2025 Autora da história
Eu sinto pena da Sabrina, mas me dá um prazer ENORME criar esse personagem :)
Bjs e muito obrigada por comentar.


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NovaAqui
NovaAqui

Em: 29/10/2025

Caraca, Sabrina, não caia na pilha dessa cobra peçonhenta, por favor!

 

Deixa ela para lá! Foca no seu momento com a Fedra

 

E trate logo de resolver seu passaporte/visto 

 

Adorei o capítulo no meio da semana 

 

Boa noite!

 

Beijão 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 30/10/2025 Autora da história
Ela parece que aprende uma coisa e esquece 3 e ainda inventa de largar a terapia. Ai essa Sabrina rsrsrs
Atualizei na quarta porque queimei a minha mão e não podia escrever. Se tivesse juízo estaria de repouso até agora, mas quem disse que eu conheço essa palavra quando se trata da escrita rsrsrs. Já estou melhor, só dedos cheios de bolhas.
Abraço e muito obrigada por comentar.


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HelOliveira
HelOliveira

Em: 29/10/2025

Lucia mais uma vez soltando o veneno dela....

Sabrina precisa prestar mais atenção aos sinais da Fedra..

E Fedra precisa se livrar desse namorado fantasma que está fazendo peso na relação delas e na cabeça da Sabrina..


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 30/10/2025 Autora da história
O estoque de veneno de Lúcia é interminável e Sabrina só Jesus na causa rsrsrs
Namorado fantasma, adorei rsrsrs
Beijo e muito obrigada por comentar


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