Capitulo 44
Renata Fontes
— Você acha que ela foi sincera quando disse que queria me ver mais vezes? — Flávia está deitada ao meu lado. Ela ficou calada desde o encontro com a sua mãe, naquela manhã. Conhecendo a minha namorada, sei que ela está pensando demais.
— Claro, meu amor. A sua mãe parecia muito feliz em te encontrar.
— É estranho, porque eu achei que ficaria mais emocionada, só que na hora, travei.
— Tudo bem, não tem jeito certo de lidar com essa situação. Aos poucos vocês vão se conhecendo. Imagino que você ficou nervosa.
— Sim, fiquei tão nervosa. Você acha que ela percebeu?
— Ei. — Puxei a minha pequena namorada para os meus braços. Estávamos na sua cama. — Não pense demais. A parte mais difícil já passou.
— Me desculpa, acho que estou com muita coisa na cabeça hoje.
— Tem mais alguma coisa que está te deixando preocupada? — Pergunto gentilmente.
— Só estou trabalhando muito e ainda tem a obra aqui de casa que está quase no final. Estou cansada. — Ela faz biquinho.
— Sabe o que você precisa?
— O quê?
— Da minha famosa massagem. Dizem que tenho mãos de fada. — Me gabei.
— Ah é? Quem disse isso? — Ela me encara séria. Engulo em seco sem saber o que responder.
— Eh... — Flávia fecha a cara e estreita os olhos, mas depois de alguns segundos solta uma gargalhada. Fico sem entender nada.
— É brincadeira, sua cara ficou hilária.
— Que engraçado. — Reviro os olhos e dou um leve tapa em seu braço.
— Ainda vou ganhar uma massagem?
— Não sei. — Viro de costas para a mulher, finjo indignação.
— Acho que vou ter que me redimir. — Ela me puxa e fica em cima de mim. Tento sair do seu agarre, mas Flávia é forte e me mantém onde ela quer. Beija minha boca e depois morde o ponto sensível no meu pescoço.
— Então é assim que vai ser? — Aproveito o momento de distração e giro o meu corpo e fico em cima dela. Flávia parece surpresa com a minha agilidade. Seguro as suas mãos contra o colchão e beijo os seus lábios. — Vamos, vire de costas. — Solto seus braços sem muita certeza se a mais nova vai obedecer. Para a minha surpresa, ela me olha de cima a baixo e morde o seu lábio inferior, tirando a sua camisa em seguida, revelando seus lindos seios. Sei que estou prestes a babar, mas não me importo. Flávia fica de bruços e fala.
— Estou confiando em você para me relaxar. — Ela sorri e depois fecha os olhos. Essa mulher é um perigo.
Pego o creme na gaveta ao lado da cama, e lentamente espalho o produto pelas costas da minha namorada. Depois aplico um pouco de força nos movimentos, arrancando alguns gemidos de contentamento da jornalista. Massageio o seu trapézio e pescoço, depois dedico alguns minutos na sua lombar.
— Isso é tão bom. — Flávia sussurra.
— Você está bastante tensa. — Finalizo a massagem nas costas e sigo para as pernas. A mais nova usa apenas um short curto, o que me proporciona livre acesso aos seus membros inferiores. A cada gemido de Flávia, algo em mim se acende. Aquele gesto é tão íntimo, nunca imaginei que ela me deixaria tocar tão livremente em seu corpo. Para início de conversa, pensei que nunca seríamos próximas a esse ponto. E agora, não consigo lembrar de um tempo onde estivemos brigadas. Tudo tem sido tão mágico que me questiono se é real. A mulher por quem me apaixonei à primeira vista, finalmente, me permitiu amá-la. Cada toque expressa o cuidado e o carinho que eu tenho por ela. Se dependesse de mim, a jornalista nunca mais iria se sentir sozinha.
— Estou mesmo, mas ainda bem que tenho você. — Seu tom é descontraído. Todas as vezes que conseguia desviar os pensamentos de Flávia das coisas que lhe deixavam triste, me sentia como uma super-heroína.
— Prontinho, você se sente melhor? — Deito ao lado dela e tiro a franja do seu rosto, que está escondendo os seus olhos.
— Obrigada, me sinto muito melhor. Você é incrível, sabia? — Ela sussurrou e sorriu. Seus olhos estavam baixos de sono.
— Vem, vamos dormir. Amanhã temos que acordar cedo para ajudar as meninas. — Flávia se aconchega em meus braços e apoia a sua cabeça no meu peito. Eu poderia tê-la assim para o resto da vida.
— Nem acredito que a Elisa e a Soph vão se casar, amanhã. Elas estão tão felizes.
— Também estou muito feliz por elas. Elisa sempre quis casar e agora, ela está realizando esse sonho. As duas se amam tanto, elas estão prontas para essa nova fase.
— Você acha que também vamos conseguir fazer esse tipo de coisa? — Flávia me surpreendeu.
— Você está falando de casar?
— É mais sobre construir uma relação forte e segura. — Sabia que para a minha namorada, segurança é o ponto principal. Ela já teve uma vida cheia de incertezas, entendo que essa seja a sua maior preocupação.
— Prometo que você está segura comigo. Não vou te machucar e nem deixar ninguém fazer isso com você. Sempre vou te defender e ficar ao seu lado. Sei que você ainda tem inseguranças, mas aos poucos vou te mostrar que estou falando sério quando digo que você pode contar comigo para qualquer coisa.
— Obrigada, Rê, eu acredito em você. Mesmo que seja difícil para mim confiar nas pessoas, eu confio em você. Por muito tempo me convenci de que era arriscado entrar numa relação amorosa, mas você me ensinou que o amor é paciente, cuidadoso e maravilhoso. Você se tornou tão importante para mim, que isso me assusta. Tenho medo de te perder.
— É tão bom saber que você confia em mim. Eu também confio em você. Estou aqui e não vou a lugar nenhum, não tenha medo. Te amo tanto, Flávia.
— Também te amo, Renata. Obrigada por tudo.
— Eu que agradeço, meu amor. — Beijo seus lábios deliciosos. Nem toda a nossa vida seria o suficiente para me satisfazer da presença daquela mulher. Meu coração só ficava em paz quando ela estava segura em meus braços.
@escritora.kelly
Fim do capítulo
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