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Acessos: 1982 | Postado em: 24/09/2025

FERNANDA

--Que vexame, hein, Nazira, que vexame! – Malika ralhava enquanto Zaida fazia curativos na outra – De você esperava toda loucura, mas nunca que fosse fichada pela polícia! – cruzou os braços contrariada – Só me faltava essa: doida, casamenteira e mafiosa!

--Eu não poderia imaginar, né? – respondeu na defensiva – Saí daqui toda arrumadinha prum encontro apaixonado com meu quase futuro noivo e agora volto mais solteira que nunca e espilongada que nem um espantalho! Ai! -- gem*u

--Você foi vítima de um trote! – Zaida afirmou de pronto – Ninguém marca um primeiro encontro num baile funk! – terminou o que fazia – E aquele era especificamente um baile LGBT.

--E eu que tava botando fé... – Nazira lamentou

“Hum...” – Malika pensou desconfiada – “Será que foi mesmo um trote ou Nazira teve uma recaída lésbica?” – conjecturou

--Gente, -- Zaida bateu uma palma -- agora que tudo se resolveu, tô indo! – anunciou – Vou passar em casa correndo e pegar um carro direto pra dona Adma. – passou a mão nos cabelos – Parece que tá tendo problema por lá também!

--Mas seu plantão não começa amanhã às oito, menina? – Malika perguntou preocupada – Quer dizer, hoje às oito! – olhava para a cuidadora – Tá muito de madrugada pra você ficar circulando por aí!

--Eu não vou me aguentar esperar até a hora certa e fiquei completamente sem sono! – beijou a testa da idosa – Tchau, maama! – foi até Nazira e deu beijinhos de comadre – Tchau, garota! Se cuida! – pegou suas coisas rapidamente e partiu

Fechou a porta da sala. -- Que Deus e a Virgem acompanhem minha filha! – Malika e Nazira se benzeram ao mesmo tempo – E você vá rezar e dormir! – ordenou à mulher mais nova – De hoje em diante acabou negócio de PIMBA e tá de castigo de novo! – seguiu até o quarto

Nazira permaneceu sentada no sofá e pensou no que havia acontecido: um perfil masculino misterioso, um match no PIMBA, um convite duvidoso e agora estava fichada junto com mulheres que jamais teria conhecido de outra forma. Porém, contra toda a lógica, sentia uma estranha satisfação. Havia algo incrível em ter atravessado uma noite tão imprevisível, em ter sobrevivido ao choque entre mundos tão distantes do seu. Não encontrou o homem que esperava, mas sentiu algo que julgou ser o gostinho da liberdade.

***

--Mas Wanderleya tem titica na cabeça ou o que? – Zaida reclamava com Patrícia – Dona Adma toma remédios psicotrópicos por causa do Parkinson e eles têm interações medicamentosas com a lidocaína! – falava baixo para não acordar a idosa – É normal dos pacientes ficarem excitados nesses casos! – gesticulava – Por isso que dona Adma ficou alterada!

--Acho que Wanderleya não sabe dessas coisas tanto quanto você, como eu também não sei! – defendeu a colega – Ela falou que dona Adma queria fazer um tratamento pra rejuvenescer e aí sugeriu o tal do centro estético que te contei! – repetia o que ouviu da outra – E olha, as tais interações medicamentosas são mesmo rápidas, porque Wanderleya disse que dona Adma já chegou aqui taradona! – também falava baixo

--Mas ela ficou fazendo o que, afinal? – queria entender

--Resumo a ópera te dizendo que quando eu cheguei, ela se requebrava nua pela casa, com Wanderleya correndo atrás pra fazer ela se vestir de novo! – contava – Além de ter falado muito palavrão, contado piada obscena e gritado ch*po na janela por diversas vezes!

--Misericórdia! – Zaida arregalou os olhos – Pelo menos você foi esperta em ter dado quetiapina pra ela dormir! – esticou o pescoço e olhou para a paciente adormecida – Agora é rezar pra isso passar logo e nem a filha e nem a neta dela aparecerem por aqui por enquanto!

Benzeu-se. – Deus te ouça! – desejou – Não posso perder meu emprego nessa altura do campeonato! – desabafou – “Mas se dona Yesmin aparecer por aí, digo logo que tudo foi culpa da Wanderleya!” – pensou

--Bem, -- olhou brevemente para o relógio – cheguei mais cedo e não me incomodo de começar o plantão desde já. – pausou brevemente – Se quiser se arrumar pra ir, fique à vontade!

Patrícia prontamente correu para se trocar e logo partiu. Zaida entrou pé ante pé no quarto da paciente e se sentou numa cadeira perto da cama dela. Enquanto olhava carinhosamente para a idosa ficou pensando no ocorrido. “Por que ela não me disse que desejava fazer um tratamento estético?” – não entendia – “Preferiu confiar na maluca da Wanderleya!” – suspirou – “Ai, ai, dona Adma, que isso passe logo!”

***

--Eu escrevi uma espécie de pequeno livro de memórias! – Fernanda dizia para a mãe – Aproveitei um caderno que encontrei largado depois de uma das atividades do presídio e investi meu tempo nisso. – passou a mão nos cabelos maltratados – Penso em fazer um blogue depois que sair daqui e recolocar minha vida nos eixos. – sorriu – Mal posso acreditar, mãe! Estamos em março e finalmente vou sair daqui! – felicitava-se por antecipação – Não vejo a hora!

--Nem eu, meu amor, nem eu! – segurou as duas mãos dela – Pareceu uma eternidade, mas vamos sempre lembrar do que a madame falou: convém prudência!

Soltou as mãos da mãe. – A senhora e essa devoção àquela picareta! – franziu o cenho – Claro que não coloquei a notícia no jornal, mas não vou esconder minha felicidade! Tô contando os dias, as horas, os minutos e os segundos!

Longe dali, Vivinácia descansava em sua cama. Estava sozinha em casa, sentindo-se prostrada. Acreditava que havia contraído alguma virose e por isso o mal-estar. “Vou ligar pra farmácia e pedir um trem pra gripe!” – pensou – “Hoje não vou pro terreiro! Tô de folga e ai de quem vier tirar uma comigo por causa disso!” – decidiu – “Não tenho ânimo nem pra comer!” – continuava em jejum desde que acordou

A caipira vinha pensando sistematicamente em Fernanda e por um momento considerou em ir vê-la na prisão. Sem que soubesse, o obsessor aproximou-se dela e induziu alguns pensamentos. “Aquela hacker é uma ingrata! Pobre metida a besta, se achando o máximo só porque recebeu uma visitinha da CEO da BoFe!” – dizia-lhe dentro da mente – “Deixe ela pra lá!” – percebia os efeitos de suas palavras sobre a mulher – “Tire o dia de hoje pra descansar, peça os remédios na farmácia, durma e amanhã você tá novinha em folha!”

Vivinácia telefonou para a farmácia, recebeu os remédios minutos mais tarde, fez uso deles e dormiu pesadamente.

--O que você quer com essa mulherzinha ridícula, afinal? – outro espírito perguntava – Já nos divertimos o suficiente! – gesticulava – Por que não sugamos logo todo fluído vital dela e fazemos dessa idiota nossa escrava quando ela desencarnar?

--Ainda tenho planos pra ela. – o obsessor principal afirmou de pronto – Depois que os concretizar, aí sim, sangramos a ovelha até morrer! – sorriu maquiavélico

***

Stefany caminhava desanimada pelos corredores da universidade. Não conseguiu prestar atenção em aula alguma. Vez por outra a imagem de Zaida surgia em seus pensamentos e a sensação de rejeição a deixava triste. “Por isso que dizem que o amor é um cu!” – pensou

Tirou o celular da bolsa e consultou suas redes sociais. Fazia dois dias que havia conseguido contratar uma fazenda de cliques e nesse meio tempo o engajamento em torno de seu nome mais que quintuplicou. Antes de sair de casa para a faculdade fez uma selfie e postou, recebendo simplesmente um milhão e meio de curtidas em menos de quatro horas. “Puta que pariu, essa porr* é do caralh*!” – sorriu satisfeita – “Queria dar uma passada lá na gidda, mas hoje é plantão da Zai e não tô a fim de levar mais fora...” – decidiu – “Outro dia eu vou!”

Enquanto isso, na casa de Adma...

--Vem cá, meu bonitinho! – envolveu o pescoço de Zaida com os braços – Dá beijo de língua pra me deixar molhado! – mordeu-lhe a bochecha

--Pelo amor de Deus, dona Adma! – buscava se desvencilhar sem machucar a idosa – A senhora vai arrumar problema pra nós duas! – sentia leves mordidas em seu pescoço – Isso não é real, a senhora tá sob efeito de remédios! – as mãos da outra pareciam estar em toda parte de seu corpo – “Ela tem idade mas não deixa de ser perigosa!” – um arrepio lhe percorreu inteira quando um leve ch*pão marcou seu pescoço – Ô, meu Deus! – tentava fugir

--Eu tô velho mas dou caldo! – empurrou a cuidadora sobre o sofá e se sentou no colo dela – Você vai ver que sei um monte de coisa bom! – sorria insinuante – CHUPO! -- gritou

--Dona Adma, eu... – foi calada por um excitante beijo nos lábios

***

--Você andava tão bem depois da conversa que teve com sua mãe, -- Rogério dizia para a esposa que andava em círculos pelo quarto – não deveria deixar que reuniões de trabalho a abalassem tanto! – observou

--Não foi simplesmente uma reunião de trabalho, querido! – respondeu acidamente – Meus assessores me apresentaram a avalanche de notícias sensacionalistas que subitamente apareceram contra o FalaGPiTaco! – passou a mão nos cabelos – De repente determinados veículos de imprensa passaram a querer ligar nossa IA a casos de suicídio ou assassinato de forma direta, -- enumerava nos dedos – a questões relativas a perda de privacidade dos usuários e problemas relativos a mensagens machistas, racistas e LGBTfóbicas! – estava furiosa – Não sou idiota e sei muito bem porque tá acontecendo isso! – pensava na reunião que tivera com os empresários estrangeiros – Aqueles malditos tão querendo desacreditar nossa IA pra levar a BoFe à bancarrota nesse processo!

--Creio que as guerras da IA já estejam acontecendo, meu bem. -- o homem falou -- Estados Unidos e China batalham pra liderar o domínio global dessa tecnologia. – reparava na esposa – No meio de tudo isso temos a BoFe: empresa número um no segmento, porém nativa de um país que não consegue ter forte expressão no cenário mundial! – pontuou – Eis a parte podre de uma competição estratégica que envolve não apenas inteligência artificial, mas também a infraestrutura crítica em termos de energia e semicondutores. – cruzou as pernas – No Brasil você não terá forças pra lutar contra isso. – salientou – É... é uma situação difícil! Há que se pensar...

--Geopolítica do século XXI! – parou diante da janela -- Tecnologia é sinônimo de poder e dominância entre as nações! – considerou -- O controle tecnológico sempre esteve no centro de toda soberania nacional, hoje, porém, a intensidade e a velocidade dessa disputa são inéditas! – olhava sem ver o mundo exterior – Uma empresa brasileira à frente do mundo e tendo uma mulher como CEO é demais pra esses caras aceitarem!

--Você tem algum plano? – o psiquiatra perguntou diretamente – De cara te aconselho a ter cuidado com quem você conversa e confia!

--Até parece! – virou-se de frente para o marido e se sentou na cama perto dele – Acho que vou pra Brasília tentar costurar alguns acordos. – considerou – E aproveitar que esse governo flui bem com a China pra buscar um apoio de lá também. – pausou brevemente – Mas tenho que ser muito cautelosa porque assim como não quero ser engolida pelas grandes do ocidente, tampouco desejo ser comida num espetinho chinês!

Achou graça da figura de linguagem. – Como eu disse, é uma situação difícil... – olhava para a mulher – Recomendo que converse com Stefany sobre isso, porque diante de inimigos que não têm pudor em jogar sujo, alguém como nossa filha seria um alvo óbvio!

Yesmin ficou calada pensando no que ouviu.

***

--Eu não gosta de você matando aula! – Adma dizia para a neta – Visita seu é sempre prazer, mas sem fazer coisa errado!

--Fica tranks, gidda... – pediu mansamente – Prometo que logo saio e meto o pé pra facul... – dizia a verdade – Mas eu queria desabafar com a senhora. Parada do coração, tá ligada?

--Você tá apaixonado? – perguntou curiosa – “E esse menina vem me falar de assunto picante logo agora que eu tô tarado!” – pensou preocupada por ainda se sentir um pouco sob os efeitos colaterais – Abre a bico e solta verbo!

Achou graça. – Aí, gidda, toda moderninha! – sorriu – E tá mais gata... fez tratamento de beleza? – reparava

--Eu fez e você não queira saber no que deu! – fez um gesto de desagrado – Mas me conta, menina! Você tá apaixonado e por isso fica triste? Eu nota você meio bola murcho!

--Ai, gidda... a parada é punk... – suspirou – Eu sou nova, mas tenho ficha corrida, tá ligada? Já peguei geral por aí... – gesticulava – Boyzinhos, minas... só que faz tempo que eu só curto as gatas, sabe qual é? – pausou brevemente – A senhora... tem problema com isso? – perguntou receosa

--Eu não! Lembra que artista tem outro cabeça! – respondeu de pronto – “Se ela soubesse que quase tarei Zaida na plantão passado...” -- pensou

Balançou a cabeça em entendimento. – Suave, suave... – baixou os olhos rapidamente – A real é que eu tô amarradona... – respirou fundo para criar coragem – na Zai!

Arregalou os olhos. – É mesmo?? – surpreendeu-se – “AHHa! Aí é que a barraca desabou!” – pensou – E ela? – estava pasma – Sabe da seu sentimento?

--Ela sabe... – pausou brevemente – Já tentei dar uns pega nela indo lá no cafofo onde ela se esconde e até na noite de natal eu cheguei chegando... – confessou – Mas ela não me quer... – afirmou com tristeza – Disse que me vê tipo irmãzinha, sabe qual é? – sentia vontade de chorar – Ela me deu um fora todo na moral, mas... – os olhos marejaram – É que dói... essa porr* machuca, tá ligada?

--Own, minha bebê! – abriu os braços – Vem aqui com seu gidda! – acolheu a jovem carinhosamente – Eu sabe o quanto dói amar sozinho... eu sabe... – pensava no ex marido – Mas se ela não quer, não insiste! Você é muito novo e o vida vai te apresentar uma amor na tempo certo... – beijou-lhe a cabeça

--Mas... se ela mudasse de ideia... – pensava em como perguntar – a senhora dava a bênção?

Sentiu tristeza ao ouvir aquilo. – Dava sim, habibi! – respondeu com a verdade – Quem ama, quer ver sua amor feliz! – beijou-lhe a cabeça mais uma vez – Só que, eu te pede: nunca fique esmolando amor! – aconselhou – Amor não é coisa que se implore! Ou a pessoa tem pra dar ou não tem! – falava conforme acreditava – E se não tem, vida que siga!

As duas mulheres permaneceram abraçadas apenas ouvindo o som de suas próprias respirações.

***

Fernanda estava sentada no pátio do presídio tomando banho de sol. Com os olhos fechados, fazia planos para o futuro próximo. “Eu vou fazer o curso e me destacar como a melhor aluna!” – pensava resoluta – “Dona Yesmin vai ficar impressionada e me dar um bom emprego na BoFe!” – sorriu

--Ora, ora, como estamos! – uma voz debochada rompia o silêncio – A metidinha, sempre tão antipática, agora fica até rindo sozinha por aí! – parou diante da hacker

Abriu os olhos e deu de cara com Luzia. – Qual o seu problema comigo, hein? – levantou-se

--Eu não gosto de você e nem dessa sua pose de superior! – encarou

No mesmo pátio, um jovem repórter desejoso por seus 5 minutos de fama finalizava a entrevista com uma detenta. – Então, resumindo, pelo que você falou, sempre tem um homem por trás do fato de uma mulher ser presa, não é isso?

--Das que eu conheço daqui, todo mundo se fudeu por causa de macho; inclusive eu! – a mulher afirmou – Quer dizer, a única que parece que foi presa sem ter homem no meio foi a gordinha ali! – indicou com o queixo – Mas também não sei qual foi a dela. As menina aí é que fala.

O homem olhou na direção indicada e viu Fernanda em seu breve embate com Luzia. – Ah, tá. – olhou novamente para a entrevistada – Obrigada pelo papo, viu? – fez joinha com as duas mãos e se afastou – “Maldita hora que eu perdi meu tempo vindo pra cá!” – pensou contrariado – “Só mulher ferrada com história chata e repetitiva! Nada que me faça bombar!”

Nesse momento, o espírito que obsidia Vivinácia aproximou-se do homem. “Ainda não acabou!” – disse-lhe dentro da mente – “Siga na direção da gorda, mantenha o celular em punho e tente entrevistá-la!” – induziu

“Ah, já que tô aqui mesmo, vamos ter um papinho com a gordinha que não foi presa por causa de homem!” – seguia para perto de Fernanda

--Nunca te fiz nada! – a hacker disse para a outra – Mas não precisa se incomodar tanto comigo! – olhava nos olhos – Logo, logo você não vai mais sofrer pelo desprazer da minha presença!

“Ela tá pra sair!” – Luzia pensou contrariada – “Eu sabia!”

--Com licença! – a hacker deu as costas e se preparou para se afastar

O repórter percebeu um lance estranho e rapidamente sacou o celular para filmar. – EI, VOCÊ! – gritou – SAI DAÍ, SAI, VAZA! – apressou o passo

Fernanda olhou na direção do jovem e não entendeu por que ele vinha filmando e andando apressadamente de encontro a ela. Sem que esperasse, um golpe certeiro crava-lhe uma faca no corpo.

--Você não sai daqui antes de mim! – Luzia rosnou em tom visceral – Só morta!

Uma dor cortante atravessa-lhe as costas, como se a lâmina se tornasse incandescente. Inicialmente nem nota o corte, apenas sente um impacto repentino; um murro invisível rasgando sua carne.

“Eu sempre fui gorda, desde que me entendo por gente. Por toda infância, adolescência e juventude paguei o devido pedágio por ser uma mulher feia, gorda e pobre.

--Saco de areia, balofa, baleia! – gritavam

--Baranga, escrota, baiacu!!! – outros zombavam

--Ih, a Fernanda quer fazer o papel da cabocla Yara no Dia do Folclore! – um jovem debochava – Professora, não tem uma vaguinha aí pra bumba meu boi, não? – gargalhou

--A diretora quer que se escolha um menino e uma menina pra tirar uma foto representando o colégio! – uma professora falava aos demais – Eu sugiro Hugo Leonardo e Fernandinha!

Após um incômodo silêncio, uma professora respondeu olhando para os colegas. – Não seria melhor uma menina mais... magrinha? – todos concordaram”

Após um momento de choque anestésico, o ardor irrompe, ardente, congelante, prensando seus pulmões enquanto o ar falta e o mundo gira em borrões vermelhos.

“Nunca fiz sucesso com os rapazes. A maioria dos homens não tolera uma mulher como eu.

--Aí, cara, parece que aquela Fernanda tá a fim de você! – um jovem comentou jocosamente com o outro – Se deu bem, hein? – debochou

--Sai fora! – respondeu de pronto – Meu nome é Jorge, mas não abraço dragão! – riram

--Ana, sabe que nunca vi sua filha com namorado? – uma tia da hacker dizia – Bota essa menina pra fazer um regime, alisar aqueles cabelos e se maquiar! – aconselhou – Homem não gosta de mulher gorda e feia, não!

--Deixe minha filha em paz! – respondeu de cara feia – Ela não é pesada a vocês em nada!

--Pois o que ela mais tem é peso! – a outra logo argumentou – Quantos quilos, cem?”

Seus joelhos fraquejam, as pernas se dobram e ela tomba, com a visão turva e as convulsões do coração ecoando em seus ouvidos.

“Fui boa aluna, estudiosa e dedicada. Fiz curso técnico, me atualizava sempre. No entanto, minha rotina era ser reprovada nas entrevistas de emprego; sempre por causa da aparência.

--Desculpe, seu currículo é bom, mas nós buscamos alguém mais... dentro dos... padrões da nossa empresa.

--Se você fosse mais magra, talvez...

--Já pensou em fazer um regime? – a psicóloga perguntou polidamente – Não é só o currículo que conta, boas notas na escola... a aparência é essencial!”

O gosto metálico do próprio sangue inundando sua boca enquanto sua respiração se reduzia a um sussurro trêmulo; ao redor de si, gritos e confusão.

“Meu sonho é trabalhar na BoFe, mas eu nunca cheguei nem perto disso! E aí penso na dona Yesmin. Ela é mega inteligente, sagaz e super estilosa. Às vezes me pergunto: se ela fosse a mesma pessoa, mas vivendo no meu corpo, teria chegado aonde chegou? A BoFe teria existido?

Lembro quando descobri Stefany nas redes sociais. Ela era tudo que eu queria ser! Com aquele rosto e aparência, minha vida teria sido completamente diferente... Quantos seguidores ela teria se fosse eu?

--Essas feministas ficam falando... ninguém quer ficar vendo evolução de mulher feia, sem graça, gorda! A gente quer ver gente bonita, bem resolvida, descolada! – uma jovem dizia – Só faço solicitação de amizade nas redes pra quem bomba!

--Então solicita a Fernanda, porque a gorda bomba! – um rapaz comentou debochado – Levou tanta bombada que virou aquela rolha de poço! -- riram”

E tudo desaba no escuro antes que o silêncio a engula por completo.

--Chamem ajuda, uma ambulância, um médico! – o jovem repórter gritava – Rápido gente, senão ela morre!

--Para de gravar e usa teu celular, cara! – uma das detentas respondeu de imediato – Não age, só sabe ficar filmando desgraça!

O homem ficou envergonhado e fez conforme foi dito. Enquanto isso, detentas corriam por todos os lados e os carcereiros tentavam colocar ordem na casa. Luzia jogou a lâmina perto da saída de esgoto e se afastou de todos. Sabia que viriam consequências pelo que fez, mas não se importava com isso.

“Errei, confesso que cometi um delito; mas e se eu fosse rica ou influente? Estaria aqui até hoje? Acho que não... Certa feita ouvi dizerem que a prisão é desenhada para pretos e pobres e isso não poderia ser mais verdade. Onde estão os ricos nesse lugar?

Estou presa e o tempo que passou me parece uma eternidade. Fui vítima de calúnia, humilhações, estupro. Envelheci dez anos, perdi o ânimo e a esperança. Pensei em abreviar tudo isso e tirar minha própria vida antes do tempo, mas aí... veio dona Yesmin e me prometeu liberdade, uma chance e um recomeço.

Conto os dias que passam a espera desse milagre!

Às vezes tudo isso parece mentira. Mas o que é mentira, o que é verdade?

Eu não sei. Talvez nunca saiba. Eu só queria escrever uma história diferente...

Fernanda Lopes Alencar – Memórias de uma Excluída”

Fim do capítulo

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Comentários para 39 - FERNANDA:

Zaha

Em: 12/10/2025

Olá, Jasin Solitudine, tudo bem?

Vamos empeçar o comentario?

A partir dos acontecimentos que você foi narrando e os diálogos, analisarei por parte, confio que entenderá, posto que, quando tratei de transcrever os parágrafos, apareceu de fundo um quadro azul que me estorva.

O trecho inicial deixa clara a forma quase maternal com que Malika lida com Nazira. Apesar da bronca — “Que vexame, hein, Nazira!” — percebe-se que, mais do que reprovar, Malika tenta enquadrá-la como se fosse uma criança levada, impondo limites e castigos como quem educa uma filha. Isso cria uma dinâmica curiosa: de um lado, Nazira busca aventura, liberdade e até paixões desastradas; do outro, Malika a puxa de volta para o colo da moralidade e do cuidado, como se dissesse: “Você ainda não sabe se virar sozinha”.

Essa relação evidencia um contraste afetivo e simbólico: Nazira parece adulta apenas nos desejos, mas infantil na forma de lidar com as consequências; Malika, já idosa, assume paradoxalmente o papel de mãe zelosa, disciplinadora e espiritualizada. É uma inversão de papéis que provoca tanto humor quanto reflexão: até que ponto tratamos o outro como criança porque ele de fato não amadureceu — ou porque nós mesmos temos dificuldade em enxergá-lo como igual?

Esse começo de capítulo, apesar de parecer leve, termina meio comédia. Mesmo nesse desastre amoroso, um trote bem dado desse pimba e confusões, as relações ainda giram ao redor das necessidades : cuidado e limites, mas o riso sempre vem como refresco para a dureza da vida.

Tenho notado Za, muito séria, mas acredito, que por suas experiências, tendo que cuidar-se sozinha, amadureceu mais rápido e também, muito cuidadosa em como se expressa. Perdeu parte de uma etapa que deveria ser mais gradual. Então, percebemos essa atitude que tem me deixado meio aborrecida, espero que ele se solte mais…

Eu abordei no capítulo anterior sobre a medicação, mas agora farei de forma mais leve, porém sempre cuidadosa.

Nem dizer que essa parte teve um humor tragicômico: Primeiro, dona Adma que acaba entrando numa confusão, tudo por causa da combinação desastrosa de remédios com procedimentos estéticos. Zaida, sempre sensata e racional, explica que as interações com certos medicamentos é algo importante na hora de saber como atuar, o que vai aplicar em um, enquanto Patrícia tenta justificar a colega Wanderleya, que claramente não tinha noção do tamanho da encrenca que armou. Definitivamente, tragédia grega! kkkk

Adma “rebolando nua pela casa” e gritando palavrões é muito cómico, (Jasin, zuando da própria vida ou quase , sempre bom, levar na brincadeira depois da tragédia), mas também deixa uma mensagem: como pequenas imprudências podem escalar para situações graves. Assim, interpretei, dado que sempre deixa entrelinhas uma mensagem. O improviso de dar quetiapina para acalmá-la é visto como solução rápida, mas é um ótimo meio para nos fazer refletir sobre a importância do uso responsável de medicamentos, não é só “dar um remedinho” que tudo se resolve. :)

Temos comédia em excesso, personagens desastrados e diálogos engraçados. Porém, existe um fundo de verdade: os riscos da automedicação, a falta de informação em saúde e o quanto confiar em pessoas sem preparo pode colocar em risco a dignidade e até a vida de alguém vulnerável. A graça da cena faz rir, mas nos convida a pensar sobre responsabilidade e cuidado.( Talvez, essa seja parte minha, acho importante abordar, posto que há pessoas aqui que por sofrerem tanto, possam ter ideias ... .há muita gente anónima que não conhecemos os seus traumas…)

A esperança de Fernanda e a cautela da mãe são dois pontos importantes aqui… Enquanto a filha vibra com a proximidade da liberdade e já planeja novos caminhos, como escrever em um blog e reconstruir a vida, a mãe representa o chamado à prudência, lembrando que cada passo precisa ser dado com responsabilidade, mas já sabemos como se comporta Fernanda, ainda tem muito o que aprender e muito descrente sobre algumas coisas e cegamente crente por otras…um mal juízo, mas a tensão é natural: quem esteve preso deseja correr contra o tempo, recuperar o que perdeu; quem olha de fora sabe que a pressa pode ser inimiga . O gesto de escrever memórias é simbólico, é uma forma de dar sentido ao passado, de não deixar que a experiência se perca ou se repita. Eu mesmo tenho um rsrs.

Mas, vamos pensar aqui…a verdadeira prisão de Fernanda não é a física, mas a psicológica. A liberdade sem consciência, não existe, então para que algo mude, devemos nos reformar…a famosa reforma íntima que muitos não entendem ou preferem não aplicar…melhor viver na dor atual, pois sabemos como lidar, ao contrário, ao criarmos uma nova percepção, a transformação é dolorosa, pois nesse ínterim, temos que desconstruir e construir um novo eu e criar novos padrões, defesas, meios para lidar com situações novas que nos causa incertidumbre e ninguém quer sofrer mais, ainda que ser temperal…como diz no livro “ Reforma íntima Sem martírio “de Wanderley de Oliveira – Pelo espírito de Ermance Defaux, o irmão, Paulo de Tarso : “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço?” Serve para nós ante a resistência de cambiar e para outros contextos…deixo como uma reflexao…

Na parte de Vivi, vemos, mais uma vez, como nossa trambiqueira está mais vulnerável a cada dia pelos pensamentos negativos e influências externas que ameaçam sua paz. Vemos um sofrimento íntimo e violência sutil, costumo chamar violência invisível, muito comum nas famílias: Vivinácia fragilizada física — prostrada, sem apetite, quase entregue — e essa fragilidade emocional que a torna vulnerável diante das influências de espíritos obsessores. Podemos observar como o sofrimento interior não é apenas um estado passivo: ele altera percepções,sensações, traz ressentimentos e abre espaço para pensamentos venenosos — reais ou induzidos — que corroem vínculos e minam a empatia. Ela deixou o intruso ganhar e nem notou e mesmo Baixa de energía, gostaria que aparecesse essa pessoa da infância para orientá-la, poi há um perigo moral e espiritual que ronda Vivinácia há muito tempo, guiada por mágoas que a impedem de agir corretamente, um risco de estagnação. Pois é isso que vejo nela, Existe uma contradição, não é mesmo? Liberdade vs. Aprisionamento, sendo a prisão tanto externa quanto interna…social e íntima! O dinheiro é o principal e pee, muitos não saibam, a missão mais difícil não é o da pobreza, é o da riqueza….é fácil nos corromper com ele…todos somos corruptíveis, só necessitamos das circunstâncias que nos motiva,bem, segundo o filósofo midiático, Sérgio Cortella. Será?Vai de cada um saber….

O abandono e rejeição, essa falta de apoio torna uma pessoa suscetível a “más companhias”, sejam pessoas que a manipulem, sejam idéias autodestrutivas. Vejo a entrega fácil ao sono profundo após tomar remédios como símbolo de perda de vigilância — física, emocional e moral — e isso funciona como alerta.

O final dessa parte, o espírito de hierarquia inferior no diálogo espiritual, me deixa muito apenada por Vivi. Vivi está doente e tá mais inerte ainda…mais frágil…pela ótica kardecista, como dito no comentário anterior…essa cena é perfeita com o que a doutrina aborda sobre que os espíritos inferiores são atraídos por pensamentos e sentimentos negativos que geram vibrações baixas, permitindo com facilidade estabelecer um vínculo psíquico perfeito,em certos casos, uns mais fortes que outros, pois isso tudo vai debilitando nossa energia, trazendo doença, cansaços, tristeza, potencializando mágoas. Terreno fértil para processos obsessivos. Pois sobre isso que expõe Jasin nessa parte, Vivi sendo sugada e certamente ficando doente em algum momento, isso tudo como consequência de suas ações sem consciência e , claro, ninguém é atraído se não tem os mesmos instintos morais. Ela sabe que não está certo, mas não sabe o que trará isso para ela ou , até os demais…necessita orientação espiritual urgente para fortalecer sua fé e valores. Com ela ajudando pessoas sem cobrar, orando e com pensamentos mais edificantes, diminuiria consideravelmente suas consequências e não sofreria tanto “en el más allá”…pois, ainda que nos redimirmos(pedimos perdão) do que fizemos na mesma encarnação, o mesmo não exenta ninguém das leis divinas, vai ter que reparar….só ameniza, se tiver merecimento. Pois um mal feito, não pode ser recuperado, passados não voltam pras pessoas prejudicadas na via atual…perdoar não é fácil, pode levar uma vida inteira.é uma lei criada por Deus, ele não pode interferir algo que ele mesmo criou e por ser misericordioso e bom, ele nos deu livre arbítrio, foi um presente…, ainda assim, sendo justo e bom, nao muda, mas se tiver esforço, se pode modificar ou não estender o pagamento…sem juros, assim penso. Como sempre é dito pelos espíritos superiores. O perdão não exenta o poder da lei divina, “ninguém tem esse poder, isso é presunção, ela reparará todo o mal praticado. Perdão é o único presente que você entrega, mas quem ganha é voce”…e Vivi vai passar por isso…

Estou com dúvida se você nos mostrará seu arrependimento ainda encarnada ou aprofundará, já desencarnada.Temos, segundo uma comentadora anónima 11 quartas ou 12.Acho bom não acelerar como o TAO, vai estender para janeiro?Há muitas lacunas para preencher ainda…. Na verdade, sinto, certa falta dessa temática, a qual gosto muito! Digo, ler sobre desencarnados se reformando…já impende o povo de fazer o que não convém rs. Mas somos presunçosos, egoístas e orgulhosos e cometemos os mesmo erros, “mas nossa palavra de ordem é recomecar”

(Oxente, mas a expressão usada não é essa…rsrs. Contudo, é típico de Stef….

Assim é “ trampa” contratar uma fazenda de cliques, mas é o que o pessoal tá fazendo…quem tem meios para o mesmo.)

(Oh, minha querida, vá mesmo nao…tá cheia de “ rapariga” por aí!!( falando sobre Stef ver Za na casa da Gidda)

“Eu to velho mais dou caldo”…morri!!

É, vemos porque não devemos misturar medicamentos, baixamos as exigências a qual a repressão está submetida e creu….mesmo porque ainda não entendemos a relação desse trio com esses sentimientos….nada contra idades, mas é meio peculiar…rs. Mas tudo tem uma explicacao…espero que tenha uma boa!! Estou bastante exigente…mas rindo muito, por isso, nem vou analisar, só vou curtir e imaginar dona Adma tarando Za e ela evitando como pode rsrs. Mas do beijo não conseguiu rsrs. Ainda bem que ninguém chegou)

Vemos que Yes min não é de ferro, estava bastante preocupada com as repercussões de manter-se forte na reunião e agora, anda recebendo fogo, por isso ela não esperava, mas deveria ter, dado com quem estava tratando…claro que irão fazer de tudo para desacreditar e ganhar vantagem. Ou está com eles ou te detonam….

Rogério como sempre competente e coerente com seus feedbacks…)

(Esse diálogo entre Yesmin traz um olhar bastante realista sobre o cenário atual da tecnologia e da geopolítica, misturando ficção e fatos possíveis. Nos mostra como a inovação tecnológica se entrelaça com a geopolítica global. A disputa pelo domínio da IA não é só econômica, mas estratégica, envolvendo energia, semicondutores e infraestrutura crítica. A “BoF”e, empresa brasileira liderada por uma mulher(nesse caso uma criação da autora, mas diríamos que não) simboliza a ousadia de países periféricos na corrida tecnológica, enfrentando forças globais consolidadas. Fazendo uma reflexão, o texto lembra que coragem, visão e resiliência são essenciais para inovar em meio a pressões externas , preconceitos de gênero e rupturas de padroes…

Tive que ler algo sobre isso para entender melhor a parte política…sabe que nao meu forte, mas entendi. Li uns estudos sobre council on foreign relations e a UNESCO, mas não colocarei aqui. Mas é tudo estratégia militar, não só económica e comercial. Acho que você comentou algo sobre o mesmo. Acho que como tudo ao nosso redor desde sempre…porém, como dito, a ficção aqui serve como lente para discutir o real: países periféricos que desenvolvem tecnologia de ponta podem enfrentar barreiras invisíveis e pressões externas significativas. Ficou embolado, pois não tenho domínio do asunto…)(Concordo ... .ninguém é confiável,mas…álias, cade Carmém Miranda? Rs

Sempre perdemos, Yesmin, sempre, de uma forma ou de outra, escolha com cuidado….ou elabore algo novo

Com certeza, ela e maama são os pontos fracos…

Me mata o portugués de dona Adma rrs, mas ela é tão fofa e carinhosa, tudo que Stef necessita! Ótima ouvinte e conselheira. Experiência e sabedoria não lhe faltam. Mas porque noto que você tem exagerado nos erros de gênero e proposições de forma mais escancarada depois que notei que a Dona Adma se confundia? Achava melhor mais sútil, mas tudo bem, esse não ficou ruim.

Uma das cenas mais lindas para mim,esse momento de gidda e Stef!!

rindo mt….tarada kkkkk

Não to podendo com esse capítulo!)

Quando um escuta esse tipo de frase: te vejo como irmãzinha e vc tá ligadona…é feio! Mas, Stef, tudo tem uma primeira vez..vc fez mts choraram, n é razão, mas um dia acontece…mas o importante que o primeiro xonamento foi por uma pessoa digna e que te declinou com moral e sensibilidade…vc nao pode ficar irritada…ela é mais fácil de lidar para vc, a dor n é tão latente como a tristeza sem chateacao…vc tá acostumada a pessoas reativas…

Exato ... .se for com Fernanda, melhor! Seria algo lindo…autora, vc mostrando uma Stef linda de morrer, dentro dos padrões sociais contra Fe, longe dos padrões sociais sem falar que ela odeia Stef rsrs. Seria demais! Kkkk)

Isso…esmola, jamais, sobra de ninguém ,nunca. Unilateral, nunca!!

Mas odeio essa frase carioca” vida que segue! Rsrs….só digo!!

Resolvi focar no final, mas,claro, tive que deixar minha marca registrada antes….já sabíamos que passaria algo desse tipo com Luzia e que o obsessor deixaria rolar solto, mas vamos ao foco sobre a autoimagem que Fernanda tem sobre ela e o fato de achar que um chega alto pelo que somos, é, claro que ajuda, mas a atitude tb…acho que a resposta sobre se Yesmin fosse como ela, Yesmin chegaria, tinha meio para isso, ainda que confesso que deve ter fechado mts acordos por meios sexuais, mas não só por isso, agora, quero bordar de uma maneira mais séria. Enquanto foi esfaqueada e está caída no chão, ferida e achando que se via morrer, relembra tudo pelo qual passou, lembrando de forma que nos toca, comovendo com seu sofrimento ,sofrendo bullying. Todos sofremos por alguma discriminacao, mas cada um é diferente e lida com uma forma diferente, alguns superam, outros vivem vítimas , no caso dela da gordofobia. Mas a pressão social de pertencer ao exigente padrão estético e encaixar são experiências esmagadoras que deixam cicatrizes que demoram a curar, de tão profunda. Ela é responsável de como nos auto percebemos e com isso como será nossa autoestima. Nesse caso, é importante uma rede de apoio. Mas a percepcao corporal de um é algo muito difícil de aceitar. Ter uma criação positiva e que se sinta amado e acolhido mesmo quando fora dos padrões que não somos, nos dá forças. Aclarar que realmente pobre, negro, no Brasil, primeiro leva surra e dps perguntam……..digo, já que vivo na Argentina…entao, ficamos aquí com os pobres e extrangeiros…mas pobres e alguns estrangeiros(braileiro é rei aquí rs, baiano mais!), já que os negros aqui sao mínimos…vi muito poucos…conto no dedo….

Sobre como ela e sua saída, como vê Yesmin. Ela tem esperança, com a liberdade, vem um novo começo, Yesmin tá nem aí, que seja conveniente para ela tá ótimo, até Stef pedindo, uniu o útil ao agradável. Só um pode criar a própria esperança e recomecar…podemos nos inspirar, ter certo apoio, mas esperar.

Esqueci, Yesmin teve que se esforçar mais que todos,mulheres sempre tem…e se somos a minoria, sendo mulher ou tendo algo por fora diferente do que esperam…mais, entao Fé, nem tudo é a beleza….sei que vê assim, por tudo que passou… passei por algo diferente, mas até que não morra, não devemos desistir, as vezes tropeçamos, mas sempre levantamos e continuamos a subir a montanha mesmo escorregando…. Encontraremos um espaço para colocar o pé e subir. É arriscado, às vezes não temos corda, nos ralamos, mas, nos seguramos, paramos, e quando a dor é tão grande que ficar se torna insuportável, tentamos mais uma vez….

Refletindo pessoalmente, vejo a realidade de Fernanda muito próximo a da minha esposa, porém, minha esposa trabalhou sua autoestima e se sou sincera, é mais confiante que eu, não é que n fique triste por nao poder emagrecer, ma suponho que se amigou e ninguém faz mais bullyng com ela, Fernanda é mais sensível e ainda não achou sua força! Entendo que o julgamento constante e, por vezes, silencioso são dolorosos, principalmente quando vem em forma de brincadeira como vimos nas lembranças dela…por trás de cada risada, existe depreciação. Existe uma luta constante entre Fernanda entre ser aceita como é e lutar por seu espaço. Ela compensou estudando sendo a melhor, pois é o que fazemos quando nos vemos diminuída por algo, tentando ser a melhor em outra coisa e diminui um pouco o sofrimento…é meio o que faço com o esporte e aqui, me esforço, dou o meu melhor e o meu melhor é para mim, não para o outro!! Mas isso se aprende com os anos….

Porém, devemos ser empáticos com todos, não julgar e se não podemos, ficamos calados, pois não sabemos que efeito causam nossas palabras…nem todo trauma podemos ver…sao silenciosas, mas quando uma pessoa tem sobrepeso, devemos ser cuidadosos. A validação e o apoio fazem toda a diferença, pois o amor e respeito é algo grandioso e todos nós merecemos ser vistos pelo que somos!!

Esse é meu comentário final. E quero comentar que acho muito sem noção uma pessoa LGBTQA+ sendo racista, gordofóbico ou entre eles : transfóbicos ou contra pessoa neurodivergente. Sem falar em relacao os originários ou chamar alguém de “ tabareu” porque não teve estudo ... .qualquer forma de descriminacao não deve ser fomentada..xenofobia, nunca!!

É isso…deixo meu protesto e comentário…espero seja do seu agrado, eu acho que ficou decente, porém, um pouco sério demais, M@linda deixa mais descontraído, suponho que tenho ficado muito séria nos comentarios ou sempre fui…17 páginas do Word kkkkk

Beijos e desculpe a demora…mas duas pessoas me falaram que devo pensar em mim ... .então, resolvi isso, pese que para mim, seja duro…Deus sempre coloca alguém, primeiro Ka, agora, M@ para que consiga manter firme minha escolha. Um não pode se sacrificar sozinho….

Uma música que me acalma, espero que goste…sua maama sente muita dor a ponto de não poder escutar? Dedico a ela…

https://www.youtube.com/watch?v=knO6HPyKnBM&list=RDknO6HPyKnBM&start_radio=1

Para vc: https://youtu.be/7I4_qsY-Uhg?si=Ntr0wCZkChxNXWgx

PS: Tive que corrigir pelo Gmail de forma manual, se tiver algo em español desculpe, ele pode mudar seme ter percebido e minha mente satura.

Obrigada, M@LINDA, para vc!

Fico-vos, obrigada, fico obrigada perante vos, fico vinculada perante vos, fico comprometida…. veja o vídeo e entenderá minha gratidão!!

https://www.youtube.com/watch?v=bBRzA9zlguQ

Minh@linda! Em: 12/10/2025
Postadooooo!!!
Dormi muito hoje, Laila rsrs
Já li os comentários e fiquei emocionada.
Sua amizade também, me faz muito bem. Obrigada!!!!!
Você me faz sair da casinha com suas loucuras kkkkkk

Solitudine Em: 12/10/2025 Autora da história
Olá querida Lailikii e Minha Linda! Que dupla!!!

Que alegria imensa ler um comentário tão sensível, profundo e cheio de afeto! Além de tudo, super trabalhado no melhor estilo Laileska Psique! É um presente ter amigas leitoras como você, que mergulham nas nuances das personagens, percebem as camadas de humor e dor, e ainda refletem sobre os temas mais delicados com tanta empatia e cuidado. Senti cada palavra sua como um abraço generoso e te agradeço por dedicar tanto tempo, atenção e emoção à história.

Olha, vou aproveitar e dizer: some não! Você pode se cuidar e continuar lendo. Não são coisas excludentes!

Mas, voltando, você captou com muita precisão o coração do conto: o contraste entre liberdade e aprisionamento, o humor que nasce da tragédia cotidiana, e a ternura que sobrevive mesmo entre as quedas. Suas observações sobre personagens como Malika, Nazira, Vivi, Fernanda, Stefany e tantas outras, mostram que o que escrevo chegou aonde eu mais desejava: ao espaço onde a ficção toca a vida real, com suas contradições e esperanças.

Obrigada por partilhar suas reflexões, suas vivências e até suas músicas; foi um gesto lindo e cheio de alma. Digo total verdade quando escrevo que cada comentário seu é lido com carinho e respeito, e que suas percepções ajudam a dar fôlego à história e à autora caipira que vos responde. Continue acompanhando, rindo, questionando, chorando junto porque é nessa troca que o conto realmente vive.

É nessa troca que uma parte de mim vive!

Um beijo enorme, com gratidão e ternura.

Um beijos caipiresco!
Sol

A CUIDADORA por Solitudine

FERNANDA

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