Capitulo 10
Meus dias seguiam na toada de sempre, muito trabalho e as outras áreas da vida completamente mornas. Na realidade estava ainda mais envolvida com o trabalho, inclusive meus fins de semana eram passados com os olhos grudados na tela de um computador. A única diferença era que vez ou outra era surpreendida por lembranças que me tiravam do eixo. Estava em mais um desses momentos...
-Acorda, Sabrina! - Alonguei meus braços e pescoço e ouvi estalidos. Definitivamente precisava voltar à prática de atividades físicas.
Levantei da minha cadeira e alcancei um angulo da janela do escritório que me permitia ver o por do sol. Lindo, alaranjado, um sonho. Embalada por tamanha beleza, viajei para minhas curtas férias e a casa linda em São Miguel, onde presenciara o por do sol mais impactante da minha vida. Já não era apenas o por do sol que permeava a minha mente, mas o sorriso de Fedra que era um sol brilhante...a risada...a cabeça para trás quando ria com vontade...o magnetismo dela...
-Ei...ei, quer casar comigo?
-Hmmm? Nem te vi entrar...
-Quer casar comigo?
-E pulamos todas as outras etapas? - Sorri.
-Oi? Não vais me chamar de doida? Estagiaria sem noção dos limites? A sério que entraste na minha onda? É hoje que aceitas sair comigo?
Ri da loucura acelerada da Catarina. Eu não revelaria, mas muitas vezes as piadas dela eram uma verdadeira lufada de ar fresco.
-A tua imagem contra essa luz é a coisa mais linda que vi hoje. No que pensavas, minha musa?
-No Saramago...
-Quem?
-Ah, deixa para lá...
-Nem pensar. Agora quero saber tudo dessa fofoca.
-Catarina, estás a brincar que nunca ouviste falar no Saramago. Garota, tu és da comunicação.
-Vagamente...acho...
-Ume escritor Português.
-E o que ele tem de interessante para estar na tua cabeça?
-Estava a pensar no que ele escreveu...é preciso sair da ilha, para ver a ilha...
-E o que viste fora da ilha? Musa, eu não sei ao certo o que é, mas voltaste meio estranha dessa viagem. Trombaste com uma deusa e caíste de amores? Correspondido? Claro, quem é que não quer morder essa tua boca e se perder nessa pele dourada...ah e o teu cheiro? Hmmm, que delícia...
-Meu Deus, quanto delírio. - Ri.
-Sem contar nessa aura de mistério...eu te desvendaria dos pés à cabeça. - Fez um gesto teatral e riu de si mesma.
-Catarina, não tens mais nada para fazer? Estagiária! Acho que preciso te lembrar desse detalhe a cada 5 minutos.
-O que tem de maravilhosa tem de...
-Olha...- Lancei-lhe meu olhar furioso e ela foi embora me mandando um beijo no ar.
Sozinha, e provavelmente enfeitiçada pelo por do sol, dei por mim deslizando o dedo pela tela do meu telefone até parar na troca de mensagem que com certeza já não aguentava mais ter os meus olhos em cima. A última mensagem datava de mais de duas semanas: Cheguei bem. Bjs. Em resposta a: A viagem foi boa?
Digitei uma mensagem que me pareceu idiota e foi imediatamente apagada. Eu não tinha nada para dizer...liguei à Glória. Era mais sensato. Tantas novidades...
"Ah, não sabes da última, outro dia experimentei uma aula de pilates com aparelhos?"
"Tu? Mas isso não é pratica e gente mole como eu?"
Rimos.
"Não mudei a minha opinião. Fiz por insistência da Fedra. Almoçamos juntas e ela me convidou para fazer uma aula experimental no ginásio que frequenta. Achei monótona, mas reconheço que surte efeito. Todo mundo com excelente figura, mas eu gosto mesmo é de força, peso, minha boa e velha musculação, crossfit e afins."
Fiquei com vontade de saber mais da Fedra, mas com a Glória nem precisaria me esforçar. Ela fala mais do que a boca.
"A Fedra está bem?"
"Está ótima! Disse que por liberação médica, está mais consistente nos treinos. Nessas práticas zens que vocês gostam e na corrida. Não tens falado com ela"
"Não..."
"Ah, claro. Tu vives perdida no teu próprio universo..."
"Eu é que sou assim...ela não..."
"Ah, meu amor. Vou te contar um segredo de milhões, eu já ouvi da boca dela muitas vezes que tudo flui quando há reciprocidade..."
***
Mais um dia, de uma sucessão deles, em que o único fato novo era que tinha madrugado para correr na praia. Sempre me exercitava no final do dia, ou pelo menos, vinha tentando ser mais consistente, mas a madrugada de um sono nada tranquilo, me levou a ver o nascer do sol. Em consequência dessa mudança de rotina, já estava há horas na empresa. Precisava de tempo para me dedicar aos meus trabalhos como freelancer, mas o escritório me consumia de tal maneira que não sobrava cérebro para mais nada.
-Liguei-te para tomarmos um café e ninguém atendeu.
A Lúcia entrou no seu rompante habitual.
-Fui ao térreo ver uma informação na sala de dados...
-Estás muito ocupada?
Meu telefone vibrou provocando-me um sobressalto. Virei a tela e rapidamente voltei a colocar o aparelho em algum canto da minha mesa. Não era nada de especial...
-É impressão minha ou estás um bocado aérea? - Perguntou com os braços cruzados.
-Dormi mal...muito pouco...
-Tenho pensado bastante...conheceste alguém na Praia?
Revirei os olhos e voltei a concentrar-me na tela do computador.
-Eu acho que até já sei onde foi isso...
Ela não desistia.
-Só pode ser alguém próximo daquela tua amiga doida...
-Estás doida, Lúcia?
-Mas não estou mesmo, desde que voltaste estás noutra galáxia, adiaste o regresso...eu te conheço quando estás apaixonada. Já te esqueceste que acompanhei toda a odisseia com a Raquel. Só não inventa de cair de amores por outra hétero, já sabemos como termina.
Bufei sem paciência, mas nada parecia demovê-la.
-É uma amiga da descompensada?
-Quem é descompensada? - Meu humor alterou-se.
-Ah, não te magoes, mas aquela Glória é meio estranha...
-Quem tem de gostar dela sou eu e gosto muito.
-Hmmm que hoje ela está afiada. - Ela encarou-me com uma postura que me situou do meu lugar.
-Desculpa...é a TPM. - Tentei me redimir.
-Vamos focar no que é importante: não te importas de revisar esse documento? Sabes que só confio em ti. - O tom de voz agora parecia veludo.
-Precisas para já?
-Se puder ser...eu sei que tens outras demandas, mas juntas nós arrasamos. - Piscou o olho. - Já enviei para o teu computador.
-Vou fazer o meu melhor!
-Cuidado com as héteros, Sabrina. -Provocou.
-Tenho de fazer a revisão do artigo e acredito que isso é mais importante do que a minha hipotética vida amorosa.
- Saindo pela tangente, não fosse ela eximia nessa arte. Bom trabalho.
Saiu da sala no mesmo rompante que entrara. Encarei o documento físico enquanto abria o ficheiro eletrónico. Depois de algumas respirações, admiti que Lúcia estava certa, mais uma vez. Precisava tirar aquela mulher da minha cabeça. Que grande talento para escolher pessoas erradas, porr*.
-E lá vou eu rever esse documento inteiro...tomara que não tenha que refazê-lo.
Resignada, enfiei a cara no trabalho.
***
A caminho de casa, depois de mais um dia estafante, decidi desviar em direção ao ginásio que frequentava esporadicamente. Para ser honesta, não aparecia por lá há meses. Precisava voltar a fazer alguma coisa para o meu corpo, ou minha mente colapsaria. A sensação de inadequação não me largava e com ela vinham outros tantos sentimentos confusos, que sim, ou gastava energia, ou enlouqueceria. Colhidas as informações e com minha reentrada acertada, conversava com um instrutor quando vi a Tânia, amiga da Glória, saindo de uma das salas de aula. Num impulso que não reconheci, gritei o nome dela. Não gostava assim tanto dela e não costumo ser expansiva a esse ponto...precisava gastar energia, para ontem.
Saímos de lá e fomos comer alguma coisa enquanto colocávamos os assuntos em dia. Eu ouvia mais do que outra coisa, até que movida sabe-se lá por que força, ou desespero, comecei a falar das minhas angústias repentinas.
-Entendo bem o que estás a viver. No inicio do ano eu estava completamente desajustada. Trabalhando demais, não conseguia desacelerar, minhas relações ruindo por falta de manutenção e uma amiga sugeriu-me terapia. Achei perda de tempo e não dei seguimento, até que quase surtei com a minha mãe. Ali eu percebi que tinha perdido o controlo...
-Já pensei em fazer, mas entre o pensar e o agir...
Rimos.
-Olha, Sabrina, eu sou outra pessoa. Tem me ajudado em todas as áreas...eu não conseguia manter nenhuma relação afetiva. Tinha bloqueios que eu nem sabia que existiam.
-Eu não sei explicar o que sinto, mas é uma espécie de...é como se faltasse alguma coisa que eu não faço ideia do que seja. Ando sem paciência para as pessoas...- Sorri me sentindo constrangida.
-Não te martirizes. Eu estava assim, ou pior. Queres o contato da minha terapeuta?
-Sim. - Não estava convicta de nada, mas não custava nada tentar.
-Já que vamos frequentar o mesmo ginásio, poderíamos nos ver de vez em quando. O que achas? Sinto que não simpatizas muito comigo, mas que tal surpreendermos a Glória.
Rimos muito e eu levei a minha mão à face para tentar disfarçar o rubor. Que vergonha!
-Tenho uma rotina corrida, mas vamos sim marcar um almoço, jantar, o que preferires. -Sorri simpática.
-Começa a terapia que vais ver esse discurso mudar. Eu não tinha tempo para nada, agora o que não me falta é tempo para mim.
Tempo para mim...pareceu-me quase uma miragem...
***
Eu encarava o telefone na palma da minha mão, como se ele pudesse responder às minhas indagações. Desde mais cedo tentava falar com o meu pai e para não variar, ele não atendia. Há semanas que não sabia dele. Provavelmente tinha herdado essa minha veia desprendida dele...
Eu sabia que provavelmente ele estava bem melhor do que eu, ainda assim não conseguia apenas deixar para lá e que ele ligasse quando lhe desse na cabeça. Já até imagino o teor da mensagem de retorno...estava a velejar, Sabrina...ou ainda, estávamos num castelo nas montanhas e lá não tinha rede... mais do mesmo e eu nunca me acostumava.
-Ai de mim se algum dia precisar mesmo da ajuda desse homem para alguma coisa...- Meu peito contraiu, mas eu precisava aprender a lidar com o pai que me calhara na vida...
Não tinha lembranças claras da vida com a minha mãe, mas o fato de serem um casal apaixonado com uma filhinha a tiracolo, essa era bem vívida na minha memória. Soltei o ar para aliviar o peito. Lembrei da terapeuta da Tânia e sim, ligaria mais tarde para ver se tinha vaga para mim...
-Serviço de entrega!
Fui tirada dos meus devaneios pela entrada espirituosa de Catarina no meu espaço de trabalho.
-Hmm, agora entregas almoços a consultoras assoberbadas?
Rimos.
-A essa hora e ainda sem comer? Ah, se namorasses comigo...
Ri às gargalhadas. Essa menina era meu alívio cómico.
-Perdi a hora...eu morro de tesão quando o trabalho me desafia e esqueço do resto...
-Porr*, guarda esse tesão todo para uma mulher...para mim...
-Catarina...- Fingi que a repreendia, mas a verdade era que ela me fazia rir. - E por onde andavas que hoje ainda não tinhas aparecido por aqui?
-Nãooooo, ela notou minha ausência. - Fez mais uma pose teatral.
-Grite mais alto que perdes o estágio em dois minutos.
Ela riu e eu tentei manter uma postura séria. Não adiantou de nada, porque ela sentou-se à minha frente como quem tinha todo o tempo do mundo.
-Hoje trabalhei bastante. Fui acompanhar a chefe na apresentação da proposta ao CEO da Marina Get Away. Ela deu um show. Eu tenho uma queda vertiginosa por mulher sexy, inteligente, mandona e que se sobressai. Ai, meu Deus, que loucura. Ela mencionou no carro que passou a noite toda a trabalhar, mas que no final deu tudo certo. Tudo certo? A mulher deu um show e a diretoria lá ficou toda babando.
-Hmmm...
-Para minha sorte, tu és low profile, porque as outras características todas te assentam como uma luva. Se fosses exibida, eu já estaria casada. Ah e sem contar que tu és exatamente o meu tipo, linda sem fazer qualquer esforço. Sabes que és lindíssima, não sabes?
-Não fazia a mínima ideia!
Rimos juntas até que a coloquei para fora do meu cubículo. Que menina espaçosa.
***
O cheiro de chá de gengibre em ebulição invadia o meu apartamento, enquanto deitada no sofá meu pensamento vagava da mensagem do meu pai ao meu primeiro dia na terapia. Meu pai demorou 4 dias a responder e como sempre, estava algures...
"Estamos a velejar pelo mediterrâneo e acabamos de parar na Córsega. Em dois dias seguimos para o Chipre. Abraço, D.
As respostas dele tinham sempre um quê de, não quero ser incomodado. Da sensação inominável causada pelo desapego do meu pai, desviei o pensamento para a minha sessão com a terapeuta. Anos atrás já tinha feito terapia e à época, colhi muitos benefícios. Melhor período da minha vida adulta...quando morei na Praia...sentia-me segura na minha pele, viva...foi quando conheci a Fedra...
O cheiro de chá de gengibre me trouxe à realidade. Ah, comecei a apreciar esse chá depois do meu regresso das férias...um por do sol majestoso numa vila do interior, uma casa perfeita e a melhor companhia e que adora chá de gengibre...lembranças...lembranças...
-Corra mulher ou ainda queimas o chá...e quem queima chama, Sabrina?
Ri de mim mesma enquanto procurava um pegador para não me queimar. Meu telefone vibrou sobre a bancada e passei meu olho rapidamente pela tela enquanto pegava na chaleira.
-Aiiiiii, que merd*!- Queimei a ponta dos meus dedos.
Desliguei o fogo e olhei para a tela mais uma vez sem acreditar. Meu coração batia na garganta e o calor na ponta dos meus dedos era brincadeira diante do fogo que me queimou o corpo todo.
Era uma mensagem da Fedra. Bloqueei a tela sem ler. Respirei fundo e me senti uma idiota, uma adolescente de mais de 40 anos. Não estava à espera...ou estava? Se calhar, vivia por isso...
Servi-me de uma chávena de chá e sentada no sofá, abri a mensagem.
"Encontrei essa foto no meu telefone. As coisas que me obrigas a fazer... até que não me saí mal como fotógrafa. Pensei em ti... como estás?"
Li e reli sei lá quantas vezes...minha foto na cachoeira...nas pedras, contra a luz alaranjada do sol...molhada...livre...sorrindo...feliz...instantes de pura felicidade perdidos algures no tempo...
Escrevi algumas respostas e apaguei todas. Se ela estivesse agarrada ao telefone diria que sou doida...
Pensei no tempo...no que ela dizia sobre não o desperdiçar por que pode ser a última oportunidade...pensei nela...só penso nela...com mãos trémulas e olhos marejados respondi:
"Roubaste-me um sorriso. Não sei se te perdoo por isso."
A resposta dela veio no segundo seguinte:
"Então já não estou tão má como fotógrafa, se consegui esse efeito. Tenho sentido saudades dos nossos dias mágicos..."
Meu sorriso poderia facilmente ser comparado a um sol brilhante de um dia de verão...
Fim do capítulo
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brunafinzicontini
Em: 14/09/2025
Até que enfim... Por que demoraram tanto a se comunicar?
Estou muito feliz por não colocar o ponto final da história neste capítulo, como disseste ter imaginado... Por favor, continua! Deixa que as duas se entreguem como ambas merecem... A terapêuta tem muito a trabalhar com Sabrina! E esse pai velejador ainda deve muito a essa pobre filha carente! Catarina ajuda um bocado, não é? E quem é a chefe sexy, inteligente e mandona? Lúcia não me pareceu assim...
Grande abraço e boa semana.
Bruna
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mtereza
Em: 13/09/2025
45 minutos de avião até que é perto pensei que elas moravam mais distantes dar para dar uma fugida em uma sexta a noite e retornar no domingo a no rsrsr . Vai ter o pov. de Fedra ? curiosa pela visão dela . Bjs Nadine
Nadine Helgenberger
Em: 17/09/2025
Autora da história
Ah minha querida, a distância é curta, mas os transportes aéreos na minha terra são caóticos, além de caríssimo kkkkkk, tudo bem que a Fedra está numa boa posição na carreira e deve ter dinheiro, mas Sabrina, apesar de não ganhar mal, tem toda uma questão com dinheiro...mas elas darão um jeito ;)
Vai ter sim a perspetiva de Fedra, só que diferente...aguarde e verás ;)
Muito obrigada por comentar.
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MalluBlues
Em: 12/09/2025
Oba! Que as duas se entendam e fiquem juntas! Logo. Fedra e Gloria não tem férias não? Bora fazer esse reencontro acontecer. Fedra merece tanto ser feliz.
Nadine Helgenberger
Em: 17/09/2025
Autora da história
Fedra e Sabrina...e todo o ser de bem desse mundo rsrsrs
Bjs e muito obrigada por comentar.
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NovaAqui
Em: 10/09/2025
Que gostei da estagiária! As Catarinas são essenciais para deixar o dia mais leve
Como Sabrina ficou esse tempo todo sem falar com Fedra! É uma falta de absurdo!
Ainda bem que Fedra achou essa foto para iniciar um diálogo!
Nadine Helgenberger
Em: 11/09/2025
Autora da história
Catarina é TUDO kkkkk
Sabrina é peculiar...acho que ela ficou à espera que a outra desenvolvesse alguma coisa e a outra ficou à espera da mesma coisa. Sem contar que não se viam há muito tempo e de repente se reencontram e acontece esse vulcão...para a personalidade de Sabrina é normal ela se recolher, já Fedra, acho que foi na onda, ou resolver respeitar o silêncio da maluquinha rsrsrs
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Nadine Helgenberger Em: 17/09/2025 Autora da história
Sem ponto final...por enquanto rsrsrsrs
Catarina é o ar fresco dessa história rsrsrsrs
Mas é a Lúcia mesmo...muitas versões para a mesma mulher.
Muito obrigada por comentar.
Bjsss