Capitulo 5
-A senhora tem por hábito sempre estar linda assim pela manhã? - Fedra sorriu.
-Bom dia! Obrigada pelo elogio, mas são os teus olhos. - Respondi com alguma naturalidade, mas a verdade é que gostei do elogio e ainda mais do brilho nos olhos dela.
Rimos juntas enquanto eu me acomodava no carro.
-Vamos para onde?
-São Miguel! Tinha certeza que já terias compromisso mais interessante para fazer nos teus últimos dias por cá, mas resolvi arriscar...
-Parece que a sorte estava do teu lado...- Sorri olhando diretamente nos olhos dela.
-Não causei nenhum alvoroço na dinâmica do teu dia?
-Não, de férias eu fico quieta e sem muitos compromissos. Tinha em mente apenas um mergulho no Tarrafal e um bom drink ao por do sol. - Omiti o almoço com a amiga de Lúcia, mas isso era irrelevante.
-Se tivermos sorte, a cachoeira está cheia e poderás nadar e o drink nós resolvemos sem problema. E mais tarde, eu posso deixar-te no Tarrafal. - Disse enquanto manobrava o carro.
O almoço com a amiga de Lúcia veio-me à mente, mas logo pensei em outra coisa. Eu evitava desagradar a minha amiga, mas não tinha a menor condição de trocar a companhia de Fedra que eu já conhecia e com quem me dava muito bem, por uma completa desconhecida. Enviei uma mensagem rápida informando da impossibilidade do almoço e assegurando que pegaria a encomenda antes de ir embora. Aproveitei para ver rapidamente o meu email profissional. Não conseguia ficar quieta...
-Tudo bem?
-Tudo! Não consigo desligar-me totalmente do trabalho...- Sacudi o telefone nas mãos e sorri.
-Tu não te tornaste uma senhora igual a esses jovens de hoje em dia?
-Como assim?
-Que vivem com a cara enfiada no telefone.
-Tenho alguns defeitos, mas desse não padeço. - Respondi entre risos.
-Ainda bem, já estava a pensar que tinhas vendido a alma.
-Que exagero! Peguei no telefone por 1 minuto. - Respondi com alguma indignação.
Ela riu às gargalhadas e eu não entendi nada, embora sentisse tentada a rir também.
-Era para te provocar sua doida. Esqueceste como sou? - E continuava a rir da minha cara de indignação.
-Ah, vá á merd*, Fedra!
E rimos juntas.
- Eu odiava essa tua mania porque eu sempre caía como uma besta. - Continuava a rir enquanto memórias invadiam minha mente.
-E depois? - Ela me olhava de forma provocante.
-Presta atenção na estrada! - Apontei a mão para a frente simulando uma seriedade que estava longe de ser real.
Mais gargalhadas.
-Está bem, depois eu passei a gostar dessa tua particularidade porque me mantinha sempre atenta.
-E mesmo assim...
-Quase sempre caía nas tuas provocações e rias da minha cara como fazes agora.
E continuamos a rir. Que sensação boa de desprendimento, leveza.
-Acho que acertei em cheio nessa minha ideia intempestiva de te convidar a vir comigo nessa aventura.
Ela não desviou o olhar da estrada, mas percebi que sorria. Eu tinha certeza que tomara a melhor decisão.
***
A viagem até Calheta, em São Miguel decorreu a maior parte do tempo em silêncio. Eu completamente relaxada e me deliciando com o cenário verdejante pelo caminho e ela vez ou outra, apesar da aparente calma, parecia se alterar com alguma coisa. Notava um toque mais acentuado no volante e algum suspiro mais forte. Entramos na cidade e eu fiquei admirada como tudo estava mais bonito.
-Wow! - Projetei a cabeça para fora da janela e abri os braços. - Está tudo tão colorido. Gostei!
-Tens fome?
-Muita! - Exagerei um pouco, mas meu estômago já reclamava atenção.
Sorrindo ela entrou por um caminho ladeado de muitas árvores. Em pouco tempo estávamos em frente a um lugar que aprecia uma estância ou um resort.
-Aqui come-se muito bem. Vamos?
-Claro! Que lugar lindo. - Saltei do carro feliz da vida.
-La Villa, foi inaugurado há dois anos. Quando se quer paz, é o local ideal.
Comemos chocos grelhados divinos e eu bebi duas taças de um vinho verde estupendo. Fedra mal tocou no vinho, o que considerei um pecado de tão bom que era, mas dividiu comigo uma porção generosa de petit gateau.
-Definitivamente a paz e a excelente culinária moram aqui. - Concluí completamente em êxtase.
-Sabia que ias gostar. Precisava compensar-te depois de te arrastar para um programa sem graça.
-Oh meu Deus, quanto drama. Até parece que eu tinha coisa mais interessante para fazer...
-Não me esqueci dos teus planos de ir ao Tarrafal...
-Relaxa moça. A ocasião exige! - Fiz postura de meditação e caímos na gargalhada.
Fomos passear pelo hotel rural e eu fiquei ainda mais encantada. O lugar era enorme e havia muito espaço verde e com decorações perfeitas. Já sonhava com umas férias por ali, com certeza seria bem mais fácil do que ir ao Vietname.
-A casa da tua tia é longe daqui?
-É numa localidade não muito longe, mas fica bem afastada do centro. É numa colina e também é um lugar bem bonito, ainda mais agora com as chuvas. Quem costuma atender aos pedidos esdrúxulos da minha tia, é a minha mãe. A dona Gracelina viajou para umas merecidas férias e sobra para quem?
-O peso de ser filha única, coitada da minha amiga. - Gargalhei.
-Ainda lembras das nuances da minha família materna?
-Claro! Muitas tias, muitos primos, muita confusão, amor, exageros, muitos vivem fora...é isso?
-Meu Deus, excelente memória. - Sorriu. - Então, a minha tia Ana, que é a dona da casa, pediu que deixássemos tudo perfeito para receber uma amiga dela que vem passar dois dias por aqui. A casa deve ter uns três quatro se não me falha a memória, mas só preciso deixar um impecável.
-A tua tia que mora nos Estados Unidos...
-Isso e que daqui a dois meses virá para cá porque uma das filhas vai se casar.
-Ah, aquelas tuas primas com quem não tens muitas afinidades...
-Tu lembras de cada detalhe, mas sim, não tenho muita paciência...elas são americanas demais para o meu gosto.
Rimos muito.
-Uma delas vai casar e a festa será em Santo Antão porque a família do noivo é de lá.
-Já imagino o tamanho da festa...
-Não fazes a mínima ideia do exagero. A família inteira virá de todos os cantos desse mundo e sem contar que o tal noivo é o quarto de 5 irmãos. Coisas da minha família, intensidade e barulho não faltam.
Ri enquanto pensava na minha própria história que era exatamente o oposto. Faltava barulho e sobrava solidão.
-Acho melhor visitarmos a cachoeira antes de subir a colina. O que achas?
-Eu? Estou nas tuas mãos, faz de mim o que quiseres. - Ri alto diante da cara dela.
-Olha que isso é perigoso...
-Ai que medo. - Saí pulando como uma criança. -Preciso vestir meu fato de banho. Estou doida para nadar!
***
Na cachoeira eu devo ter regressado aos meus 10 anos de idade. Há muito tempo não me sentia tão feliz e despida de qualquer filtro social. Pulei nas pedras até quase ralar os pés, tomei jatos de água fria na cabeça e nadei até me faltarem forças. Não sabia que precisava tanto de um momento assim. A natureza tem esse poder de me revigorar, mas ultimamente, sempre alegando falta de tempo, limitava a dar um mergulho de cinco minutos no mar e isso quando não aparecia alguma coisa a desviar-me. Tenho a certeza que perdi a noção do tempo e a qualquer momento seria retirada do meu deleite. Fedra nem chegou perto da água, o que considerei um absurdo. Eu não sei se estava inventando coisas, ainda mais que não nos víamos há bastante tempo, mas às vezes eu tinha impressão que ela estava angustiada. Poderia dizer que ela tentava disfarçar muito bem, mas notava-se alguma aflição no olhar, nos gestos das mãos.
A cachoeira não estava cheia de gente, mas havia um grupo mais animado de jovens e com uma caixa de som com música animada. Uma música em particular tocava no modo repeat e fui convidada a dançar por um rapaz alto e muito bonito. Talvez inebriada pelo clima de férias, não pestanejei e aceitei dançar com desconhecidos. Eramos 6 em cima de uma rocha enorme dançando (Besame, de Ellah Barbosa) em looping. Que delícia!
Pela posição do sol, percebi que já tinha passado algum tempo. Olhei para Fedra que permanecia à sombra e ela me fez um sinal.
-Só para te lembrar que ainda temos um compromisso lá mais para cima. - Sorriu.
-Não me esqueci, mas é que na minha terra não tem cachoeira e eu estou maluca. - Sorri com meu sorriso que sempre me ajudava.
-Confesso que é tentador ficar aqui, ainda mais com essa visão da senhora como se fosse uma criança -Sorriu e eu ri. - Mas se eu não realizar minha tarefa, minha mãe vai ficar desesperada e não quero nada disso. Ela faz tudo por essa irmã e...
-Sim, estás certa. Só um mergulho? O último, prometo. Tu não vens?
Nem esperei a resposta e pulei na água. Dois minutos depois estava à frente dela pingando água.
-Tira-me uma foto, por favor. - Implorei.
-Ah Sabrina, eu não sei tirar foto. - Reclamou.
-Claro que sabes! Já estou na pose. Olha esse sol, pelo amor de Deus, preciso de uma lembrança desse momento.
-Se ficarem feias, não quero reclamações.
Fiz charme, mil poses e ela não desviava telefone da minha figura. Aproximei-me sorrindo e fiz uma careta para a lente.
-Ah, chega Sabrina! Precisamos mesmo ir, além de ver a casa e deixar as coisas em ordem, ainda tenho que te levar ao Tarrafal e detesto essas estradas à noite.
-Esquece Tarrafal. - Segurei-a pelo cotovelo. - Já me diverti como não fazia há bastante tempo e melhor ainda, fazendo algo diferente e que não estava nos planos. Muito obrigada. Vamos ver a casa da tia Ana? - sorri e ela fez uma expressão que eu não soube decifrar.
***
-Juro que não é inveja, mas eu queria que essa casa fosse minha. - Estava totalmente deslumbrada.
-E vive fechada, não é um desperdício?
-Mas ela não te empresta?
-Sim...eu é que não me lembro que há um paraíso escondido nos confins de São Miguel.
-E toda equipada...e esse silêncio? Ah, mas não há nada mais bonito do que as escadas da entrada. Eu ficaria horas sentada ali com a mente vazia e alma em paz. Mas qual o nosso papel aqui? A casa está perfeita...
-Ah, e achas que eu não contrataria alguém para limpar? Só vim verificar se está tudo em ordem.
Fartei-me de rir. Claro, fazia mais sentido. Se eu bem me lembrava, a praticidade era uma característica forte de Fedra.
-Preciso tirar esse fato de banho molhado antes de ajudar em qualquer coisa.
-A casa de banho é no final do corredor, esteja à vontade.
-E essas mil caixas? - Desviei o olhar para um dos cómodos da casa.
-Ah, benvinda ao mundo da tia Ana. Ela envia tudo dos Estados Unidos, tudo que possas imaginar. Vês essas caixas alaranjadas? Essas são coisas para o casamento e não chego nem perto.
-Ah, tem wedding escrito. - Ri alto.
-Pois...
-Tantas assim?
-Imagina se ela é exagerada...
Gargalhadas altas.
Depois de arrumar um dos quartos da casa para a visita da tia Ana, fomos sentar na escadaria da entrada da casa. Eu estava apaixonada pela casa, mas nada superava aquele deck em forma de escada, toda de madeira. Que paz! Lembrava vagamente a casa da minha avó...lembranças...lembranças...
-Já disse que estou encantada por esse lugar? - Perguntei de olhos fechados enquanto sentia o sol bater na minha face. A golden hour naquele lugar era um encanto à parte.
-Hum-hum e é gratificante ver-te tão feliz.
-Nem imaginas o tamanho da minha felicidade...- Permaneci de olhos fechados.
-Naquele tempo não me lembro de fazermos esse tipo de coisas...lembro-me de muita diversão noturna, de me acompanhares nas pistas de dança...
-Naquele tempo? Fedra, assim parecemos duas caquéticas. Ah para...temos muito tempo ainda para fazer tanta coisa.
-Tempo...
Ficamos em silêncio por instantes. Eu não pensava em nada, apenas me deliciava com aquele momento. Abri os olhos e observei que Fedra estava de pé e mais uma vez tive a impressão que ela estava apreensiva. Os ombros tensos e não parava de esfregar uma mão na outra.
-Está tudo bem? - não consegui ignorar o que estava diante dos meus olhos.
Nesse instante, o telefone dela tocou e a cena que se desenrolou diante dos meus olhos pareceu-me fora de sequência. Ela correu para a mesa onde o aparelho estava e não conseguiu segurá-lo entre as mãos. Corri para segurá-lo antes que se espatifasse no chão e entreguei-o nas mãos trémulas dela. Depois de respirar fundo, ela atendeu. Sem saber muito bem como agir, saí de perto e fui sentar-me no inicio da escadaria.
Alguma coisa não estava bem, nada bem. Apesar de toda a nossa aventura, dos sorrisos e risos, eu notava uma apreensão nos olhos, nos gestos e até no tom de voz. Sempre muito discreta, eu sempre esperava que as pessoas me contassem as coisas, jamais me imiscuía na vida dos meus amigos. Com ela, era ainda mais delicado porque não nos víamos há bastante tempo e eu não sabia mais que lugar eu ocupava. Para ser sincera nem contava vê-la e muito menos me conectar assim...percebi-me com uma sensação angustiante no peito exatamente por não saber como agir. Poderia ser paranoia minha, mas o aperto no meu coração não costumava me enganar...
Estava absorta nos meus devaneios que não notei quando ela se sentou do meu lado, até que um suspiro mais forte chamou a minha atenção. Olhei para as mãos dela e mais uma vez pude constatar que tremiam. Por instinto, segurei-as entre as minhas. Não entendi a necessidade de proteger aquele ser, ainda mais que nem sabia de quê.
-Queres conversar? - Perguntei no tom mais doce que consegui imprimir à minha voz.
-Estou desesperada! - Soltou o ar para longe e não me olhava nos olhos. - Eu já passei por isso outras vezes e nunca foi tão angustiante. Eu sinto que...- A voz dela falhou e vi lágrimas brotarem de seus olhos.
Abracei-a e aquela mulher tão forte e altiva, de repente parecia uma criança indefesa. Ela deixou-se ficar e o corpo todo tremia. Estreitei ainda mais o abraço e beijei-lhe o topo da cabeça.
-Preciso ver o email...já deve estar lá, mas se ela ligar é porque esse inferno terá voltado...- A voz saía entrecortada e ela tinha dificuldade em respirar.
-Quem vai ligar? Estás a falar de quê? - Eu precisava entender para tentar de alguma forma ajudá-la a superar aquele mal-estar.
Fez-se um silêncio que gritava e eu tive a sensação que ela se encolhia ainda mais nos meus braços.
-Eu tive câncer de mama ...estou em remissão há quase três anos, mas ultimamente eu...
A voz dela soava estranha, parecia de outra pessoa. Era uma mistura de medo, apreensão e derrota...talvez. Ela ficou em silêncio e eu sem saber o que dizer ou fazer, permaneci como estava.
-Eu estou bem...estava bem até que há pouco tempo comecei a sentir uma angustia, dores de cabeça, uma sensação estranha de que meu corpo quer me dizer alguma coisa. O câncer ensinou-me a prestar atenção ao meu corpo e sei que alguma coisa não está bem...fiz meus exames de controlo...os resultados têm sido bons...alívio apesar do medo constante. Não, não é constante porque há dias em que nem me lembro que já passei por esse desespero, mas a cada exame a agonia é a mesma. Agora que eu sei o que é, tenho dúvidas se terei forças para aguentar mais uma batalha...
Ela falava entre lágrimas e eu a apertava e enchia de beijos na cabeça. Era a única coisa que me sentia apta a fazer. Meu coração experimentava uma emoção diferente, sensação de picadas de leve, que o murchavam...
Eu já tinha sido informada do câncer dela pela Glória, mas preferi não dizer nada. Tive a impressão que ela precisava falar e eu sempre fui boa ouvinte.
-Carcinoma ductal invasivo...eu acho que nunca mais vou esquecer essas palavras...- Respirou profundamente.
A única coisa que eu sabia era que carcinoma significava câncer, o resto para mim era latim. Continuei focada no que ela dizia e a amparando como me era permitido.
-Ainda não era altura de fazer os meus exames de controlo, mas com minhas queixas e com exames de rotina não apresentando nada conclusivo, minha médica sugeriu que fizéssemos exames mais específicos e...eu vi que havia alguns que eu infelizmente já conheço bem...
Mais um momento de silêncio e ela cada vez mais encolhida nos meus braços. A posição em que estava sentada já se tornava desconfortável, mas não mexi um músculo.
-Já deve estar tudo no meu email...falta-me coragem para conferir...já me apelidaram de corajosa, mas agora não consigo...eu tenho pavor de ler alguma coisa e...-Ela quase se engasgou nos soluços e num rompante corri para dentro e peguei um copo de água. Devo ter sido bem rápida porque pareceu-me que ela não percebeu a minha ausência. Nos meus braços, bebeu a água toda em pequenos goles.
-Se tiver alguma anomalia, a médica de Portugal vai me ligar. Os resultados dos exames mais específicos vêm de lá...
Entendi o desespero cada vez que o telefone dela tocava. Deixei que ela falasse tudo o que lhe vinha à cabeça. Muitas vezes não fazia qualquer sentido ou então eram coisas que eu não entendia, mas ouvia e continuava dando suporte da forma que me cabia. Não me sabia capaz de tamanha conexão e muito menos de absorção sem julgamento. Não me deixei atropelar pela minha necessidade de entender as coisas e nem tive a atitude normal de emitir opinião. Claro que pensei que ela deveria abrir logo o email, mas essa seria uma atitude minha. Eu prefiro sempre saber de tudo para poder agir, mas eu nunca tive um câncer...
Já escurecia quando ela se mexeu nas minhas pernas. Ouvi um longo suspiro, a cabeça dela moveu-se e nossos olhos se encontraram. Os dela vermelhos e temerosos e os meus tomara que acolhedores. Me conectei com ela de uma forma que não me parecia possível, não com alguém que não via há tanto tempo. Era um sentimento bom, afeto...amizade...querer bem...sei lá. Não queria que nada a deixasse triste...
-Talvez a atitude mais sensata fosse abrir o email...o que achas? O telefone não tocou...
Sorri tentando ser encorajadora, mas claramente eu não sabia o que estava a fazer. Obedecia uma espécie de instinto que vinha do recanto mais profundo da minha alma. Estiquei uma das minhas mãos e peguei o telefone dela que estava uns degraus acima. Entreguei-o nas mãos dela e notei que as minhas também tremiam. Entrelaçamos as nossas mãos e o aparelho ficou espremido entre dedos e mãos. Pareceu-me quase uma prece silenciosa... Ela estava bem. Tudo estava bem.
Ela sentou-se no meio das minhas pernas e começou a mexer no telefone. Eu olhei para o céu e senti meu coração acelerar. Não sei quanto tempo passou até que ouvi um grito que me causou mais uma enxurrada de emoções novas. De repente ela estava de pé e eu cambaleei para perto. Minhas pernas tremiam e meu coração ziguezagueava no peito me deixando tonta. Mais um grito e esse pareceu-me de alívio, mas eu não tinha mais discernimento algum...
-Tem outras coisas aqui, mas o mais importante é isso- Ela tremia ao me mostrar a tela de telefone, mas eu não via e muito menos entendia nada. - Olha, "Ausência de sinais de recidiva". - Repetiu 3 vezes e eu sem saber concretamente o que significava, mas ciente de que era coisa boa.
-O tumor não voltou! Sabrina, o tumor não voltou. Estou bem, está tudo bem.
Ela abraçou-me tão forte que quase caí para trás. Minhas pernas não fraquejaram e acolhi-a no melhor abraço. Foi minha vez de deixar lágrimas quentes descerem pela minha face. Não sabia se ria, se chorava e ela me apertava cada vez mais forte. Vi-me beijando todos os cantos dela que estavam ao alcance dos meus lábios. Beijos com lágrimas e uma sensação de alívio como se o resultado fosse de um exame meu...
-Vamos celebrar! - Gritou ela dentro do meu abraço.
-Vamos!
Fim do capítulo
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mtereza
Em: 07/09/2025
Que maravilha que intenso esse capítulo Nadine como sempre mexendo com as emoções
Nadine Helgenberger
Em: 07/09/2025
Autora da história
Muito obrigada.
Bjs
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MalluBlues
Em: 19/08/2025
Ótimo capítulo! Que lindo que Fedra está bem. Mais ainda que está em boa companhia.
Nadine Helgenberger
Em: 24/08/2025
Autora da história
Muito obrigada.
Bjs
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brunafinzicontini
Em: 18/08/2025
Querida Nadine,
Antes de mais nada, quero dizer que fiquei muito feliz com seu retorno! Sua escrita, como você sabe, sempre me fascinou! Você tem uma criatividade impressionante - sabe como criar uma história e como descrevê-la com perfeição, sem descuidar de detalhe algum. Tudo é perfeito - o enredo, a ambientação, nem da música você se esquece. Depois que deu a sua pausa, nem mais entrei aqui no Lettera para ler coisa alguma, tanto que até esqueci a senha para poder vir fazer meus comentários. Só agora voltei, depois de receber nova senha.
"Depois eu te conto", como não podia deixar de ser, já está me prendendo a atenção - e vem de um jeitinho bem diferente das suas criações anteriores. Você sabe inovar - mas sua heroína principal vem muito parecida com você (pelo menos aos meus olhos...). Sabrina é um amor! Vamos à celebração, enquanto ainda celebro aqui a sua volta! (Mais uma vez você comprova ser uma verdadeira Fênix, como já disse anteriormente...)
Grande abraço,
Bruna
Nadine Helgenberger
Em: 24/08/2025
Autora da história
Olá Bruna :)
Salve Salve o meu signo solar que me permite ser tão atenta aos detalhes ;)
Graças a Deus que eu sei inovar, imagina o que seria a vida de um escritor que não soubesse se reinventar.
A Sabrina é parecida comigo? Talvez na profissão...de resto não sei mesmo. Eu sou beeeeeem mais ligada do que ela rsrsrs Sim, ela é maravilhosa e um prato cheio das melhores iguarias para mim enquanto autora, adoro dar vida às nuances dela.
Bjs e muito obrigada.
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Gaya
Em: 18/08/2025
Olá minha Diva amada!
Uauuuuuuuuuu! Capítulo extraordinário!
Admito que fiquei feliz com minha lógica certeira! rsrsrs
Imensurável a reconexão entre essas duas mulheres magníficas, que no meu entendimento, podem ser as protagonistas da sua trama.
Não temi o resultado que estava a deixar a Freda apreensiva e angustiada, conhecer a sua escrita me deixou convicta de que ficaria tudo bem, só menos naquele momento.
Lindooooo o comportamento da Sabrina, soube ler o comportamento da Freda percebendo que alguma coisa estava a acontecer e respeitou, mesmo cogitando que poderia estar relacionado a patologia que F havia feito tratamento. O acolhimento silencioso da Sabrina foi bálsamo para F.
Sabe Nadine, ouso a cogitar por sua descrição concernente ao comportamento de F, que ela também já tevê ou ainda tem, mas não admite nem à ela mesma, um crush pela Sabrina.
Ela não seria a primeira e tão pouco a última mulher a se auto sabotar! Coisas da vida! rsrsrs
Grande abraço minha DIVA!
PS: Concernente aos seus problemas nas articulações das mãos e ombros, permita-me dar-lhes uma dica: consiga óleo de ANDIROBA e faça massagem onde há os incômodos, as dores. Não sei onde moras, mas acredito que possas conseguir.
Também tenho no ombro esquerdo, mas no meu caso, mesmo aliviando os espamos de dor com os movimentos, terei que fazer cirurgia. Além da bursite, também fui "agraciada" com a tendinite! Affffff
Perdoe-me se fui invasiva!
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Gaya
Em: 18/08/2025
Olá minha Diva amada!
Uauuuuuuuuuu! Capítulo extraordinário!
Admito que fiquei feliz com minha lógica certeira! rsrsrs
Imensurável a reconexão entre essas duas mulheres magníficas, que no meu entendimento, podem ser as protagonistas da sua trama.
Não temi o resultado que estava a deixar a Freda apreensiva e angustiada, conhecer a sua escrita me deixou convicta de que ficaria tudo bem, só menos naquele momento.
Lindooooo o comportamento da Sabrina, soube ler o comportamento da Freda percebendo que alguma coisa estava a acontecer e respeitou, mesmo cogitando que poderia estar relacionado a patologia que F havia feito tratamento. O acolhimento silencioso da Sabrina foi bálsamo para F.
Sabe Nadine, ouso a cogitar por sua descrição concernente ao comportamento de F, que ela também já tevê ou ainda tem, mas não admite nem à ela mesma, um crush pela Sabrina.
Ela não seria a primeira e tão pouco a última mulher a se auto sabotar! Coisas da vida! rsrsrs
Grande abraço minha DIVA!
PS: Concernente aos seus problemas nas articulações das mãos e ombros, permita-me dar-lhes uma dica: consiga óleo de ANDIROBA e faça massagem onde há os incômodos, as dores. Não sei onde moras, mas acredito que possas conseguir.
Também tenho no ombro esquerdo, mas no meu caso, mesmo aliviando os espamos de dor com os movimentos, terei que fazer cirurgia. Além da bursite, também fui "agraciada" com a tendinite! Affffff
Perdoe-me se fui invasiva!
Nadine Helgenberger
Em: 24/08/2025
Autora da história
Estás boa de lógica! rsrs
Elas são as protagonistas e cada uma vai ter o seu arco próprio e maravilhoso. E lá se foi a short story kkkkkkkk. Podia terminar depois dessa passagem de Sabrina pela Praia, mas e tudo que vai na minha cabeça para elas? Acho um pecado não dar vida a tudo que pulsa em mim...um dia eu escrevo uma short...um dia rsrsrs
Vou pedir o óleo de andiroba em Portugal. Aqui não tem, mas lá, provavelmente sim. Oremos! rsrsrs
Bjs e muito obrigada
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HelOliveira
Em: 18/08/2025
Que tenso esse final.....mas o importante a notícia foi boa....quase gritei junto com ela...
Nadine Helgenberger
Em: 24/08/2025
Autora da história
Que bom que consegui transmitir toda a tensão do momento. Não estou tão enferrujada quanto acreditava rsrsrs
Bj e muito obrigada.
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NovaAqui
Em: 17/08/2025
Que difícil esse momento
Agora vem a comemoração
Espero que seja "A Comemoração" rsrs
Nadine Helgenberger
Em: 24/08/2025
Autora da história
Rsrsrs, não sei o que esperas da comemoração, mas a meu ver, flui bem ;)
Bj e muito obrigada
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cris05
Em: 17/08/2025
Meu Deus, Nadine, quase morri lendo o final do capítulo. Prendi a respiração e só soltei quando Fedra leu o e-mail. Que bom que tá tudo bem!
Você voltou com tudo hein, autora. Parabéns! Tô amando essa história.
Beijos
Nadine Helgenberger
Em: 24/08/2025
Autora da história
Muito obrigada!
Esse projeto vai ganhando mais amor da autora ;)
Beijos
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