Capitulo 8 - Noite de cinema
Olivia
Era perceptível que aquela garota não estava bem hoje em minha aula, mas o que mais me deixou irritada é ela achar que fez o certo. Giovana cometeu erros que tenho certeza de que não cometeria se estivesse sem dor, mas sua afronta sempre será um problema entre nós duas, pois é algo que não aceito e ela não consegue controlar.
Estou agora na mesma cafeteria de domingo, combinei com Gabriela de encontrá-la aqui para conversarmos um pouco. Preciso da minha amiga, de jogar conversa fora, e fazer algo que não envolva pensar nessa menina.
- Está me esperando a muito tempo? – Sua voz me tira do transe.
- Não, faz apenas uns 5 minutos que cheguei.
Me levanto e cumprimento minha amiga. Gabriela tem um abraço acolhedor e hoje eu confesso que preciso dele, então aproveito o momento para prolongar um pouquinho do tempo em seus braços. Depois disso, pedimos dois cafés, que logo foi entregue em nossa mesa.
- Que carinha é essa? – Questiona, já me conhecendo – Você só prolonga o abraço quando tem besteira demais nessa cabecinha.
Ela me lança um sorriso terno, e se senta à minha frente. As vezes odeio o tanto que ela me conhece, como sabe me ler a ponto de saber o que se passa sem eu ao menos abrir a boca.
- Apenas pensamentos e encrencas para resolver – Dou de ombro.
- Que pensamentos? – Ela tenta me fazer aprofundar no assunto.
- Será que quando a gente era jovem, éramos tão teimosas? – Divago.
- Eu não sei se eu era, mas você – Solta uma risada nostálgica – Com toda certeza. Mas por que está pensando sobre isso?
- Eu não era tão teimosa assim – Rebato – Principalmente na faculdade.
- Olivia, você discutiu com o professor porque disse que não fazia sentido ter aula...
- Não me faz lembrar daquele dia – A interrompo – Que ainda me irrito só de pensar naquele professor babaca.
- Ele realmente era, mas isso não quer dizer que naquela ocasião você estava certa.
- Tá bom, eu já entendi – Respondo contrariada.
- Vamos, desembucha – Ela coloca os cotovelos sobre a mesa para me olhar com mais atenção – Sei que seu questionamento não deve ter nada a ver com o teu professor antigo.
- Só tenho pensado em como jovens são teimosos – Me faço de desentendida.
- Jovens? Ou alguma jovem em específico? – Levanta a sobrancelha.
- Jovens. Dou aula para jovens então sei como eles são. Tenho uma filha que logo se tornará uma, e eu juro que se ela for tão afrontosa como a... – Paro de falar quando vejo que ia dizer o nome dela.
- A? pode dar nome aos bois – Ela se recosta em sua cadeira – Se vamos ter uma conversa sobre “jovens” pelo menos que eu saiba a quem você se refere. Sei que essa preocupação não tem nada a ver com sua filha que tem 13 anos.
Respiro fundo. Ela está certa, se eu quero ter essa conversa, preciso ser clara.
- É só que estou tendo uns probleminhas com uma aluna.
- Giovana? – Ela é certeira.
- Como você sabe? – A olho espantada
- Eu não sabia, mas chutei – Sorri travessa – E acertei na mosca. Você não costuma falar sobre suas alunas, nem as que já teve problemas graves de assédio, e desde que conheci a Giovana, o nome dela não sai da sua boa, e pelo jeito dos seus pensamentos. E também, a Valentina pode ter comentado algo sobre estar nesse exato momento ajudando a amiga que teve um dia difícil e complicações na aula de hoje. Você tem algo a ver com isso?
- Eu não – Falo apressadamente – E as complicações na aula foram porque ela não fez um bom trabalho e estava totalmente desatenta, preciso fazer meu trabalho como professora e não passar a mão na cabeça dela só porque está ficando em minha casa.
- Calma – Ela segura minha mão por cima da mesa – Não estou te acusando e nem falando que deve pegar leve com ela, mas sabemos que você é bem exigente, e que...
Ela para de falar, como se pensasse nas palavras certas para usar, ela tem essa mania de não querer me machucar, de sempre procurar a melhor forma de falar as coisas.
- Eu só quero saber o que está se passando por essa cabecinha – Continua.
- Tantas coisas – Suspiro – Confesso que essa menina está me tirando do sério, ela é afrontosa, respondona, mas sei que tem um grande potencial, se ela se deixar ser ensinada, ela tem um futuro muito promissor.
- Acho que ela te tira tanto do sério porque é muito parecida com você na idade dela.
Ela é direta mais uma vez.
- Ela poderia ser mais parecida comigo só nas coisas boas.
- Poderia, mas não é – Se aproxima novamente – É só isso que tem te preocupado? A forma que ela é parecida com você?
- Não – Encaro minhas mãos.
Entrar nesse assunto com Gabriela, é como admitir em voz alta tudo que tenho tentado negar para mim mesma. É admitir em voz alta que ver aquela garota só de shorts e top de academia no jardim da minha casa, ou só de blusão em seu quarto, ou o jeito que ela me olha estando em minha casa, tem mexido comigo de uma forma que não deve ser a correta.
- O que mais? – Ela fala com a voz paciente – Você sabe que pode me contar tudo.
- Você promete que não vai falar nada com a Valentina né? – Me lembro da outra garota.
- Claro que não Olivia, o que tenho com a Valentina não interfere na nossa amizade, o que conversamos aqui ficará somente entre nós.
- Ok – Respiro tentando reorganizar meus pensamentos e ver um jeito de explicar melhor – O problema é que ela estar ficando lá em casa, está mexendo com minha cabeça. Ontem eu acordei e fui tomar meu café na sacada de trás, e ela estava lá fazendo exercícios.
- E o que tem de mais nisso? – Questiona confusa.
- Tem que ela é linda, Gabriela – Respondo como se fosse a maior confissão da minha vida – E desde que você falou aquela merd* sobre eu tirar o atraso com ela, eu não consegui mais olhar ela sem ser dessa forma.
- Ei, eu só falei a verdade, ainda acho isso – Ela bebe do seu café, com a cara mais cínica possível.
- Você está louca? – A olho incrédula.
- Por quê?
- Porque ela é minha aluna.
- Ainda não vi o problema. Vocês não são de maiores? Isso de professor não poder se envolver com aluno é do tempo do maiô de bolinha Olivia, e você sabe disso, só está colocando problema onde não tem.
- Domingo eu fui buscar a Aurora na casa da Pietra e a Giovana estava junto.
- E? o que aquela mulher fez? – Gabriela não gosta nem de ouvir o nome de Pietra.
- Nós brigamos. Aurora andou respondendo para a namorada dela, e como sempre, ela acha que eu não estou dando educação para a menina – Começo a explicar.
- Você sabe que isso não é verdade. Aquela mulher é louca – Começa a se irritar.
- Sim, eu sei – Tento acalmá-la – E apenas me defendi e defendi a minha filha, mas ai ela viu a Giovana e achou que ela é minha namorada.
Gabriela solta uma gargalhada, aposto como daria de tudo para ver a cara de Pietra.
- E o que você falou sobre isso? – Tenta se controlar na risada.
- Nada – Dou de ombros.
- Como assim? Não disse que era sua aluna?
- Não – Bebo um gole do meu café tentando tomar junto coragem para falar o resto – Eu a deixei pensar que somos namoradas, no fim eu gostei que ela pensou isso, mas...
- Continua – Me encoraja.
- Eu gostei do jeito que a Pietra ficou, porque é a primeira vez que ela “me vê com alguém” – Faço aspas na última parte da frase – E ontem, quando vi Giovana no jardim, começamos a conversar e meio que eu entrei na onda dela e me deixei levar.
- Aconteceu algo? – Me pergunta curiosa.
- Não – Falo com pressa – E nem vai acontecer Gabriela, foca na história.
- Ai! que chatice Olivia – Se recosta em sua cadeira bufando.
- Quando voltei para meu quarto para me arrumar depois da conversa, Pietra me ligou para me dizer que não vai pegar a Aurora esse fim de semana, mas que vai buscá-la para jantar na sexta – Me irrito só em lembrar daquele telefonema – Depois começou a falar sobre eu estar “namorando” novamente, que eu deveria ter vergonha de estar com alguém mais nova desse jeito e todo o Blábláblá.
- Ainda não entendi o que Pietra tem a ver com o que você e Giovana conversaram.
- Com a conversa, nada, mas ela me fez pensar no que aconteceu antes, eu me deixei levar e não agi corretamente, não posso entrar na onda daquela garota sabendo que não vou corresponder qualquer investida, mesmo ela não tendo investido em nada, me entende?
- Entendo, e concordo – Ela pensa nas palavras de novo – Se você realmente pensa em não corresponder “caso” – Faz o sinal de aspas – Ela invista em você, não deve iludir a menina. Mas não concordo com essa sua ladainha de não poder corresponder.
- Eu não quero me envolver com ninguém – Sou direta.
- Você não precisa se envolver, pode ter só algo casual. Apenas sex* – Tenta argumentar.
- E você acha que eu tenho tempo e psicológico para algo casual? – Reviro os olhos.
- Tá, você tem um ponto – Sorri – Mas você poderia ao menos tentar Olivia, não é nenhum crime e você mesma disse que a garota é linda, é só evitar pensar no depois.
- Você não entende – Desisto de explicar.
- Realmente não tem como entender, porque não tem o que entender, você só está com medo de se envolver com ela porque desde que se conheceram ela não se jogou aos seus pés como as outras alunas fazem para chamar sua atenção, e isso te assusta porque pode evoluir a algo a mais, e você está fugindo.
- Não estou – Retruco.
- Está – Ela volta a ser direta – Porque é isso que você faz quando está assustada. É apenas uma garota Olivia, não quer dizer que se você trans*r com ela vai ter que se casar, e mesmo se você quiser fazer isso futuramente, ninguém tem nada a ver com sua vida, nem sua ex, nem seu trabalho e nem ninguém.
- Ela é tão enigmática – Falo mais para mim do que para ela.
- Isso te assusta ou te fascina?
- Os dois – Confesso.
Realmente me assusta na mesma proporção que me fascina.
- Você não parou para pensar nenhuma vez se ela tem pegada? – Me provoca – Se vocês poderiam dar certo na cama?
- Gabriela – A repreendo incrédula – Você só pode estar louca.
Ela gargalha mais uma vez. Nitidamente tirando onda com a minha cara.
- Ah, fala a verdade, só estamos nós duas aqui – Abre os braços indicando o lugar.
- Tá, talvez – Escondo o rosto nas mãos.
- Eu sabia – Ela bate com a palma da mão na mesa para reforçar sua afirmação.
- Quando vi ela naquele jardim, com os braços e o abdômen nu, muitas coisas se passaram em minha cabeça e por isso que me deixei levar.
- Acho que você tem que deixá-la te levar para cama e descobrir.
- Você não está me ajudando – A repreendo.
- Estou sim, você que não está me levando a sério.
******
Quando chego em casa com as crianças, vou para a cozinha para organizar as coisas para nossa noite de cinema. Toda quarta feira arrumarmos a sala para assistirmos um filme juntos (cada semana uma pessoa escolhe o filme) e nos enchemos de besteira, é o nosso momento família.
As crianças subiram para seus quartos para tomarem banho e colocarem seus pijamas, eu farei o mesmo depois de organizar tudo.
Faço a pipoca e a despejo em dois grandes potes, um com estampas de dragões (para Theo) e um lilás sem estampas (para Aurora, ela diz que está grande para coisas de crianças). Preparo uma bandeja com quatro copos e refrigerante e sigo para a sala.
Abro o sofá, fazendo-o virar uma cama, e espalho as almofadas por ele e o cobertor que eu já tinha pegado no quarto quando levei Theo ao seu quarto, por mais que o clima esteja quente, eu gosto de ligar o ar-condicionado e deixar bem fresquinho. Ligo para a pizzaria e peço uma pizza Pepperoni e uma de abacaxi com canela.
Depois de organizar tudo subo para meu quarto para tomar meu banho. Quando entro na ducha, a conversa com Gabriela volta a minha mente, ela só pode estar ficando louca em achar que devo ficar com Giovana só por sex*. Só de pensar naquela garota meu corpo todo esquenta, é impossível não lembrar daqueles braços fortes, imaginá-los ao redor do meu corpo.
Suas mãos caminhando pelo meu corpo, e de repente é como se ela estivesse no banho comigo, atrás de mim, pressionando meu corpo contra o seu, sinto seus beijos pelo meu ombro, ela afasta meu cabelo para poder subir com sua boca para meu pescoço. Suas mãos não largam meu corpo, fazendo a trilha certa até meus seios e os apertando com a força necessária para me deixar louca. Sinto uma pressão no meio das minhas pernas, sei que quero goz*r, e é isso que farei. Levo minha mão até o ponto que precisa de atenção, sei o que esses toques causam em mim.
- Mama! – A voz de Aurora me traz de volta a realidade.
- Droga – Sussurro com o susto que levei.
Eu não acredito que acabei de fazer o que eu fiz, ou na verdade, tentei fazer. Se não fosse minha filha me chamar, eu iria mesmo me masturbar pensando nela?
- Oi filha? – Me lembro que ela está aguardando uma resposta.
- Só para avisar a senhora que o Theo e eu estamos prontos e te esperamos lá embaixo.
- Ok, podem ir escolhendo o filme.
Desligo o chuveiro e pego a toalha para me secar, quando paro em frente ao espelho vejo meu rosto vermelho, sinal de quem estava prestes a terminar o que tinha começado. Droga. Droga. Mil vezes droga.
Abro a torneira com água fria e jogo em meu rosto para ver se dá uma aliviada na tensão e no tesão. Coloco meu conjunto de dormir, que é uma bermuda de cetim curta e uma blusa de alcinha do mesmo tecido, ambos na cor vermelha. Como o dia está calor, esse vai servir perfeitamente.
Desço as escadas e dou de cara com a causa dos meus pensamentos insanos sentada no sofá com meu filho em seu colo mostrando os dragões em seu pijama.
- Esse pijama foi minha vovó que me deu no meu último aniversário – Ele explica.
- É muito legal, acho que quero um assim também – Ela sorri para ele de uma forma doce.
- Sério? A gente pode comprar um para você igualzinho o meu – Ele está maravilhado com a possibilidade – Não é mama?
Nesse momento a jovem percebe minha presença e seu sorriso murcha, provavelmente ainda está chateada com o dia de hoje. É a primeira vez que vejo a interação dela com Theo de uma forma tão espontânea e leve, parece gostar e ter jeito com criança.
- Podemos sim filho, se ela quiser e se acharmos um do tamanho dela – Me aproximo deles e me sento na beirada do sofá.
- Você quer? – Ele olha com os olhos esperançosos em direção a ela.
- Podemos ver, carinha – Ela passa a mão nos cabelos curtos de meu filho.
- Você vai assistir o filme com a gente? Hoje eu que escolho – Se aproxima mais dela e coloca a mãozinha em volta da boca como se contasse um segredo – E se quiser eu posso deixar você escolher qual vamos assistir.
Ela solta um sorriso simples, mas terno e olha em minha direção, deixando o sorriso morrer logo em seguida. Ela ainda está chateada com algo que nem sei o que fiz de errado.
- Hoje eu preciso me deitar, a Gi tá com um pouco de dor e precisa descansar – Tenta explicar.
- Você pode descansar aqui do meu ladinho - Ele sai do colo dela e corre para o meio do sofá que é onde ele gosta de se deitar e bate com a mão em seu lado esquerdo, indicando onde ela ficaria. Meu coração acelerou – E a mama pode pegar um remédio para você, onde é a dor?
- Aqui – Ela coloca a mão sobre seu ventre, me deixando entender que está com cólica.
- Mama, temos remédio para a dor da Gigi? – Ele arregala seus olhinhos em minha direção.
Percebo a cara de espanto da mais nova com o novo apelido, confesso que também não esperava por essa.
- Temos – Me levanto pronta para ir buscar na cozinha – Você pode ir colocar uma roupa mais confortável e voltar para assistir ao filme com a gente.
Ela me encara e não diz nada, apenas desce seu olhar pelo meu corpo até chegar nas minhas coxas, e só então me lembro que meu conjunto de dormir é curtíssimo. Ela balança a cabeça em uma singela concordância e sai em direção ao seu quarto.
Como sei que ela vai precisar de alguns minutos para estar pronta, resolvo pegar uma bolsa de água quente além do remédio, sei que isso vai ajudar a dor passar um pouco mais rápido.
Volto para sala e não demora muito para ela estar de volta também. Ela está como naquele dia, com um blusão que vai até o meio de suas coxas, sem mangas, deixando seu braço tatuado em destaque, e ao deitar-se, dá para ver que está com um micro shorts por baixo.
Estendo o comprimido em sua direção com o copo d’agua, ela o toma logo em seguida, e já estendo a bolsa e ela se surpreende, sussurrando um leve obrigada.
- Hora do show, minhas meninas – Meu filho pula entre Giovana e eu – Eu quero assistir Como Treinar o Seu Dragão. Pode ser?
- Hoje é seu dia de escolher, filho, pode ser qual você querer.
- Pode ser esse? – Ele olha em direção a Giovana.
- Pode sim carinha – Confirma.
Procurei o filme no streaming e dou o play. Aurora não quis se deitar com a gente no sofá grande, então se deitou no sofá pequeno. Theo se aconchegou em meus braços, ficando entre Giovana e eu.
A campainha toca e eu fui buscar as pizzas. Os três estão vidrados no filme, apenas desviam a atenção quando abro a caixa e cada um pegou um pedaço.
Depois de todos alimentados, continuamos nossa noite do cinema.
- Gigi, chega mais perto, você está muito longe – Meu filho estende a mãozinha em direção a ela, sua voz estava manhosa, sinal que já está com sono.
Ela se aproxima um pouco mais, me dando a possibilidade de sentir seu perfume. Minha mente volta para meu banheiro, para o que eu estava preste a fazer.
- Assim está bom carinha? – Ela começa um leve carinho em suas costas.
- Perfeito – Ele responde em um sussurro.
Após 40 minutos de filme sinto o corpo de Theo ficar pesado, sinal de que ele dormiu, e olho para o lado me deparando com Aurora dormindo também.
- Acho que o sono venceu – A voz da minha aluna se sobressai ao filme, mas não me encara.
- É sempre assim, eles chegam cansados da escola e não aguentam ver o filme todo – Continuo o carinho pelas mechas do cabelo de Theo.
- Ele estava tão empolgado com o filme – Ela levanta a mão para acariciar ele também e esbarra na minha.
- Ele já o viu milhares de vezes, já sabemos de cor e salteado – Disfarço e tiro minha mão de junto da sua.
- Entendi, foi novo só para mim então – Ela sorri de lado.
- Então devo lhe deixar prestar atenção – Me levanto do sofá fazendo um esforço para não acordar o pequeno – Vou levá-lo para a cama e depois venho chamar Aurora, você pode continuar aí.
- Quer que eu a leve? – Se oferece.
- Acho que é melhor não, se ela acordar e ver você a carregando ou no quarto dela sem ela permitir, vai dar problema – Me preparo para pegá-lo.
- Ah – Suspirou.
Subo com meu filho em meus braços e não demoro para colocá-lo na cama e me certificar de que está seguro e confortável. Ligo o abajur ao lado de sua cama e lhe beijo a testa. Encosto a porta e sigo para a sala para chamar minha filha para ir para a cama.
Aurora não gosta que entrem em seu espaço pessoal, seja eu ou qualquer outra pessoa, principalmente outras pessoas. Por isso que não a carrego em meu colo quando está dormindo, primeiro que já não consigo mais com o tamanho e peso dela, e segundo que sei que ela pode se assustar caso acorde.
Depois de ajudar minha filha que estava sonolenta, desço para terminar o filme.
Giovana desvia rapidamente o olhar da televisão quando eu me sento no sofá, ela se afasta mais para a outra ponta, voltando ao local inicial.
Quando o letreiro do filme sobe, indicando o fim, me espreguiço para esticar meus músculos, o cansaço do dia me pegou de jeito, só percebo que minha blusa subiu até a metade da minha barriga quando vejo os olhos da mais nova vidrada nela.
- Desculpa – Volto rapidamente para minha postura normal – Mas o dia foi cansativo.
Deito-me no sofá e abraço a almoçada que estava ao meu lado.
- Eu que o diga – Posso sentir a raiva em sua voz.
- Normalmente os dias são cansativos para crianças birrentas mesmo – A provoco.
- Ah cala a boca – Ela bufa e tenta se levantar do sofá, mas eu a empeço segurando em seu pulso.
- Não precisa ficar assim – Ela olha para onde minha mão estava a segurando – Fique mais um pouco.
- Olha, eu realmente estou sem paciência hoje – Me encara nos olhos – E se for para você ficar tirando onda com a minha cara eu prefiro ir para a cama.
Sua voz é firme, e isso me deixa inesperadamente quente, minha mente me trai e me leva de novo para meu banho. Droga. Droga. Mil vezes droga.
- Calma – Recupero a fala depois de alguns segundos – Só queria saber se você está melhor, e relaxa garota, o que acontece na faculdade, fica na faculdade.
Ela parece pensar um pouco, mas depois se ajeita novamente no sofá, porém sua expressão ainda é séria e isso a deixa ainda mais atraente.
- E o que acontece nessa sala fica nessa sala? – Seu olhar permanece na televisão, mesmo não estando passando nada.
- Sim – Respondo em um fio de voz – Você não me respondeu se está melhor – Aponto para sua barriga.
- Estou, a bolsa com água quente ajudou muito – Leva sua mão até o local e eu tive vontade de fazer o mesmo.
Gabriela me paga por ficar colocando caraminhola em minha cabeça. Mas a quem eu quero enganar? Desde quando sou uma mulher influenciável? Eu sei que quero jogar a culpa para ela, mas desde que essa garota chegou atrasada em minha aula e me desafiou eu sabia que nada mais seria o mesmo.
- Algum problema? – Ouço sua voz me trazer de novo ao momento, e percebo que estava viajando.
- Não – Sinto meu rosto esquentar – Desculpa se você se ofendeu hoje na aula, mas era necessário.
- Eu sei – Ela encara sua mão em seu colo – Eu que devo pedir desculpa, você só estava fazendo seu trabalho e eu estragando tudo.
Em um ato calmo, ela se deita no sofá também ficando de frente para mim. Perto demais. Muito perto. A ponto de sentir seu perfume novamente e sentir sua respiração.
- Eu só quero que você saiba que o fato de eu ser um pouco dura em minhas aulas...
- Um pouco? – Ela em interrompe.
- Não se interrompe os mais velhos – A repreendo em tom de brincadeira – Sim, um pouco, porque vocês alunos merecem. Hoje você mereceu, e preciso que entenda que não vou aliviar para o seu lado só porque estamos mais próximas – Procuro pelos seus olhos.
- Eu não quero que faça isso – Ela se levanta e se apoia sobre o cotovelo direito – E quer dizer que estamos ficando mais próximas?
- Oh Deus, não dá de ter uma conversa séria com você.
Ouço sua gargalhada, já estou me acostumando com esse som, e admito que amo quando ela está solta assim.
- Podemos ter uma conversa séria sempre que quiser, mas confesso que não estou com saco para isso hoje. Admito que eu não deveria ter feito o que fiz na aula, lhe responder como fiz, você é minha professora lá dentro, e isso lhe torna minha superior, se fosse em uma cozinha não seria legal eu falar assim com minha chefe.
- Eu teria a demitido.
- Não duvido disso – Sua voz não passou de um sussurro – Mas você não respondeu minha pergunta.
- Qual?
- Estamos ficando mais próximas?
Nossos olhares travaram uma batalha, essa conversa tomou um rumo que eu não esperava, e não sei se estava preparada para falar algo muito comprometedor. Ela não desvia seu olhar, e não seria eu quem faria isso.
- Mais do que eu gostaria.
Fim do capítulo
Booom dia pessoal!!!!
Gostariam de ter uma noite de cinema assim??? Eu amaria hahaha
Pessoal, temos um grupo no whats para conversarmos sobre a história e possiveis novos lançamentos, quem quiser fazer parte, será sempre bem vinda. vou deixar aqui o link:
https://chat.whatsapp.com/Iw1NUWLzUZr9HlUGT8k1Tr?mode=ac_t
E quem quiser me acompanhar nas redes sociais, me siga no paloma.autora, vou amaaar ter vocês lá comigo.
Espero que a Leitura tenha te feito uma boa companhia. Até breve.
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Raquel Santiago
Em: 30/09/2025
A Olívia diz que não quer, mas ela é quem mais faz comentários provocadores para a Giovana. Kkkk
jake
Em: 27/08/2025
Eita que está esquentando... Parabéns pelo excelente trabalho...
Paloma Matias
Em: 28/08/2025
Autora da história
Muito obrigada
Paloma Matias
Em: 28/08/2025
Autora da história
Muito obrigada
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Joh olliveira
Em: 06/08/2025
Eita.
Autora volta logo aqui por favor. Próximo
Paloma Matias
Em: 07/08/2025
Autora da história
Seu pedido é uma ordem hahahahahaha
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