Capitulo 9 - Quase
Giovana
Ontem à noite tive a certeza de que Olivia quer me enlouquecer, já não basta eu ter começado a pensar o dia todo nela, ela ainda tem que aparecer na minha frente com aquele mini Short, mostrando aquele corpo perfeito.
Hoje acordei e fui fazer meus exercícios, ela acha que não a vi atrás do vidro da porta janela da sacada, mas lá estava ela me espionando. Hoje minha cólica sumiu, graças a Deus é só esperar os dias da minha menstruação passar e estarei livre por mais um mês.
Depois de tomar meu café sozinha na cozinha, lhe enviei uma mensagem avisando que sairia mais cedo, não expliquei o motivo, porque não sei como explicar que irei encontrar Paula logo cedo. Acho que não tem como explicar que preciso trans*r com minha amiga para aliviar a situação dela. Unicamente dela, já que eu não tenho como aproveitar muito o momento, pelo menos não como eu gostaria, estando no sinal vermelho.
Na verdade, é fácil demais satisfazer Paula, e não demorou quase nada para isso, então apenas dei o que ela queria e problema resolvido.
Pouquíssimas pessoas sabem do nosso rolo, como é algo que não acontece com muita frequência é mais fácil manter em segredo. Valentina não é muito a favor disso, segundo ela, eu tenho capacidade de achar coisa melhor. Eu não discordo, mas para mim é uma trans* fácil, então não tem o porquê não aceitar e quando surge outras oportunidades eu também aproveito.
Agora estou na biblioteca, no meu cantinho silencioso, aproveitando meu intervalo até ter que ir para a aula, vim para cá logo depois de finalizar meu trabalho na floricultura. Além de mim, há dois garotos sentados na mesa ao lado fazendo algum trabalho da faculdade, normalmente as pessoas não se demoram nessa sessão, então sei que logo eles irão embora e ficarei sozinha.
- Você viu hoje a professora Olivia? – Fala um deles fechando o livro e o caderno a sua frente.
- A de culinária contemporânea e tendências? – O nerd a sua frente parece confuso.
Tento disfarçar para não perceberem que estou ouvindo a conversa, mas é inevitável quando ouço o nome dela.
- Sim – Confirmou arrumando os materiais em sua mochila.
- Eu vim direto para cá, não vi ninguém ainda pelo Campus.
- Está ainda mais gostosa, hoje ela está com uma camisa mais decotada e está uma delícia. Pena que ela não me dá uma chance – Se lamentou e minha vontade foi de socar a boca dele.
- Você é iludido se acha que ela vai te dar moral e não deveria falar assim dela, é nossa professora – O outro o repreende.
- Não sou iludido, ela ainda vai cair na minha rede.
Quando me levanto para ir até onde os garotos estão, eles já não estão mais em suas cadeiras, estão prontos para sair.
- Vamos para aula e para de palhaçada.
O playboy dá ouvidos ao seu colega e eles saem em direção a porta. Nesse momento percebo que minha mão está fechada e os nós dos meus dedos estão esbranquiçados de tão apertado que os fecho. Esse babaca teve sorte que saiu antes de eu conseguir falar com ele.
Volto a me sentar e me concentrar na matéria que estou tentando estudar.
- Sabia que iria te encontrar aqui.
Ouço a voz de Valentina e dou um pulo na cadeira onde estou, essa garota ainda vai me matar do coração.
- Caralh* Valentina – Levo a mão ao peito – O dia que eu morrer por conta dos seus sustos e você ir chorar no meu velório eu volto para lhe assombrar.
- Não fala assim comigo – Bate em meu braço – Para você é Val, nada com esse papinho de Valentina e pare de falar besteira.
- Você vai se sentar ou ficar aí em pé me olhando com essa cara de besta?
- Giovana, Giovana, você está perdendo a noção do perigo comigo, até eu meter a mão nessa sua carinha de anjo – Ela se senta à minha frente – Você já viu o painel de avisos?
Quando Valentina fala em meter a mão na minha cara, ela nunca está só brincando, ela realmente me bate quando a irrito demais, ou melhor, tenta me bater, porque é algo que sempre consigo impedir e vira piada entre a gente.
- Não vi nada ainda, algo importante? – Mantenho meus olhos no livro.
- Vão começar a enviar os e-mails para as pessoas aprovadas para a viagem desse ano – Explica.
- Que viagem? – Viro a página.
- A conferência internacional de gastronomia – Fala animada.
- Hum! – Não dou a mínima.
- Você não está feliz com a possibilidade de irmos? – Fala incrédula.
- Na verdade, não – Viro outra página.
- Você está doente ou está doida?
- Nenhum dos dois, se eu for uma das escolhidas desse ano, não poderei ir, vou começar meu estágio e tem o trabalho também – Explico.
- Ai meu Deus, como você é besta – Não a encaro, mas sei que ela revira os olhos – Os alunos que forem escolhidos recebem liberação das horas de estágio, e sobre o trabalho também recebemos uma carta para justificar a falta.
Nesse momento a olho, sendo assim a situação muda. A conferência internacional de gastronomia acontece um ano em cada país da América do Sul, e esse ano será no Brasil, então a universidade vai escolher 6 alunos do último semestre para serem acompanhados por 2 professores.
Os alunos serão escolhidos pelas notas, e não posso dizer com certeza, mas sei que tem grande possibilidade de Valentina e eu estarmos dentro. Seria uma grande oportunidade. Caramba.
- Você está falando sério? – Fecho o livro para poder focar totalmente na minha amiga.
- É claro que estou – Ela demonstra sua animação – Os E-mails provavelmente chegarão no máximo até segunda ou terça feira.
- Bom, sendo assim vamos torcer para que sejamos escolhidas.
- Seremos, minha cara amiga, seremos – Ela segura minha mão me dando apoio – Mas agora vamos para a aula antes que percamos o horário.
Guardo minhas coisas na minha mochila e saímos da biblioteca, mas não demorou nem dois minutos até eu dar um esbarrão em alguém, estava tão distraída conversando com Val que não vi que alguém se aproximava.
Meus olhos seguiram para todas as folhas e livros espalhados pelo chão. Droga.
- Anda com a cabeça no mundo da lua, garota?
Eu conheço essa voz, conheço muito bem.
Olivia.
- Que eu saiba ela permanece em cima do meu pescoço professora – Retruco.
- Não é o que parece, precisa prestar mais atenção por onde anda – Ela se abaixa para recolher suas coisas.
- E a senhora poderia fazer o mesmo – Me abaixo também – Já que também não me viu.
Ela para um segundo de recolher suas coisas e me encara, seu olhar fixo no meu, seu rosto está um pouco vermelho e sua respiração acelerada, sinal de que está brava. Droga. Preciso aprender a controlar minha língua.
- Desculpa – Sussurro e volto a juntar as coisas e ela faz o mesmo.
Em pouco tempo, tudo estava recolhido e ela se levantou e quando vou fazer o mesmo posso notar o porquê aquele babaca estava falando dela. Foi mais forte que eu, mas meus olhos percorreram seu corpo inteiro.
Primeiro vi seus saltos, o que não me surpreende em nada, já que ela vive com eles, depois meus olhos seguiram para sua calça jeans de lavagem clara colada ao seu corpo, retratando bem suas pernas e bunda, e quando consigo me levantar por completo, minha atenção é seguida para seu decote. Caralh*. Ela está com uma blusa preta também colada, e que possui um decote em V bem generoso.
Sinto um cutucão em minha costela e olho para minha amiga, então percebo que estava encarando os seios da minha professora descaradamente e as duas estão me julgando muito.
- Bom, foi mal aí professora – Valentina quebra o silencio, mas o olhar de Olivia ainda está nos meus – Estávamos falando sobre a conferência e a anta da minha amiga não deve ter visto a senhora.
- Ei – Desvio o olhar para a minha direita – Você está tentando me ajudar ou só aproveitando para me xingar?
- Aceito suas desculpas Valentina – A professora sorri e resolve me ignorar falando com minha amiga – Vocês receberam o E-mail?
- Ainda não, mas pelo que eu soube eles vão enviar a partir de amanhã, então tudo pode acontecer – Falou animada.
- Mas tenho quase certeza de que a senhorita estará entre os escolhidos, suas notas são boas – Olivia continua a me ignorar.
- Será? Ai professora não me dê ainda mais esperança – Suspira.
- Apenas estou dizendo a verdade – Sorriu em direção a Valentina.
Ela não parou de sorrir para a minha amiga, fingindo que não existo. Qual é a dela, hem?
- Vocês não participam das escolhas? Ou sabem quem está na lista? – Val prolonga o assunto.
- Infelizmente não, caso contrário, pode ter certeza de que você seria uma das minhas indicações.
Não consigo evitar o descontentamento, bufo como um touro bravo.
- Algum problema? – Me encara séria.
- Nenhum, podem continuar conversando como se eu não estivesse aqui, está super maneiro ouvir a conversa de vocês.
- Giovana – Me repreende minha amiga – Se você nos der licença professora, vamos seguir para a sala, daqui a pouco começa nossa aula e não queremos lhe atrasar.
- Fique tranquila, sua amiga já me atrasou o suficiente me atropelando, mas também preciso ir – Suspira – Lhe desejo boa sorte com a vaga, até mais.
Ela segue seu caminho nos deixando para trás.
Depois da aula eu voltei na biblioteca para pegar mais alguns livros para o trabalho que o professor passou na aula de hoje e agora estou indo para casa. Nesse momento está se armando uma tempestade, só espero conseguir chegar em casa a tempo de não me molhar.
Quando entro, ouço um barulho de risadas na cozinha e Olivia está subindo as escadas sorrindo, isso quer dizer que as suas crias estão nessa gargalhada toda. Vou até lá e os encontros sentados à mesa com seus materiais escolares espalhados, sinal de que estão fazendo as lições de casa.
- Oi Gigi, você chegou da escolinha – O pequeno homenzinho se animou ao me ver.
- Oi carinha – Me aproximo dele e o cumprimento bagunçando seu cabelo.
- A Olola e eu estamos fazendo nossas tarefinhas, você quer se sentar aqui com a gente? – Me pergunta com olhos pidões.
- Claro – Concordo – Mas tem certeza de que você está fazendo as tarefas ou só está atrapalhando sua irmã? Eu ouvi sua risada assim que entrei nessa casa.
Não olho diretamente para Aurora, pois sei que com ela tenho que ir com mais calma, mas pela minha visão periférica consigo ver que ela sorri.
- A mama subiu para tomar banho e me deixou aqui cheio de tarefas sozinho – Faz sua melhor cara de cachorrinho abandonado.
- Que mama cruel você tem, né? – Entro em sua brincadeira, sento-me na cadeira ao seu lado e me arrisco em olhar para a menina, piscando em sua direção.
- Sim, ela é muito cruel comigo – Ele vem para o meu colo e traz seu livro de atividades junto – Você pode me ajudar?
- Claro, vejamos o que temos que fazer – Puxo seu livro para mais perto – Hum! Está aprendendo o alfabeto, você já conhece as letrinhas?
- Sim, já sei que o T é de Theo, A de Olola, O de mama.
Ia me explicando como se fizesse algum sentido o que ele dizia, e na verdade fazia, sendo que o A é de Aurora e sua mama se chama Olivia, na cabecinha dele tudo estava correto.
A atividade consiste em ter que pintar todas as letras que aparecia no quadro ali desenhado, nesse quadro tinha algumas letras, alguns números e alguns sinais matemáticos, como o sinal de mais e de menos.
- Então vamos começar, você precisa pintar todas as letrinhas, qual cor você quer começar?
- Vermelho, é a minha cor preferida – Ele se empolga.
- Perfeito, então vamos pintar de vermelho – O incentivo – Essa é uma letra? – Aponto no papel o número 2 desenhado.
- Não, esse é o número 2 – Coça a testa enquanto pensa.
- Muito bem, e esse? – Aponto para a letra S.
- Sim, esse é o S de sapo cururu.
- Então pode pintar – O espero terminar e depois indico no papel a letra M.
- Esse é o número 5 – Ele faz uma cara de sapeca quando o olho, incrédula, e sei que ele está tentando me enganar.
- Não acredito que um menino tão esperto não sabe que letra é essa – Faço cosquinha em sua barriguinha.
- Eu sei, eu sei – Fala tentando parar minhas cosquinhas.
- Então diga soldado, que letra é essa? – Dou uma pausa para ele responder.
- É o M de MAMAAA – Grita a última palavra.
Foi inevitável não rirmos junto com ele, Aurora estava participando também, isso deixou meu coração mais leve, ela parece ser uma menina muito legal, mas infelizmente não sei como me aproximar dela. Espero conseguir um dia.
- Que bagunça é essa na minha cozinha? – Nós três olhamos para onde vem a voz e vemos Olivia parada com a mão na cintura fingindo estar brava.
- A culpa foi dela.
- A culpa foi dele.
Theo e eu falamos ao mesmo tempo e apontamos um para o outro. Caímos na gargalhada novamente.
- A culpa foi dos dois – Ouvimos Aurora nos dedurar.
- Oh – Faço cara de espanto e levo a mão até o peito – Quer dizer que temos uma pequena traidora entre nós.
- É a Olola, Gigi – Aponta para a irmã – Ela está nos entregando para o inimigo.
- E o que devemos fazer soldado? – Me levanto da cadeira e o coloco no chão – Tínhamos uma mini espiã entre nós esse tempo todo, agora temos que castigá-la.
Vamos nos aproximando da filha mais velha de Olivia, e o pequeno parecia ler meus pensamentos e estar de acordo com meu plano.
- Só há uma coisa a fazer soldada – Ele dá um sorrisinho torto e levanta as mãos – GUERRA DE COSQUINHA.
E partimos para cima de sua irmã fazendo cosquinha nela, as risadas ecoaram pela cozinha mais uma vez, me afasto um pouco e deixo o pequeno soldado terminar a missão, não quero cruzar o limite da menina, mas vejo o quanto ela está envolvida e entregue ao momento de descontração.
Depois meus olhos seguem para a mais velha, e ela parece encantada com o que vê. Nesses poucos dias com a família Garcia, consegui entender como funciona a relação entre eles, a cumplicidade, o amor que eles sentem um pelos outros. É o tipo de relação que quero ter com meus filhos futuramente.
Nossos olhares se cruzam por mais tempo que o necessário, e mais uma vez vejo o quanto o sorriso dela é lindo, o quanto ELA é linda.
- Bom, crianças – A minha professora chama atenção de suas coisinhas – Já terminaram os deveres?
- Eu sim, mama – Aurora respondeu com orgulho – O Theo está quase terminando.
- Então você pode guardar suas coisas e subir para tomar banho, depois passo no seu quarto para lhe dar boa noite – Se aproximou de onde seu filho mais novo estava se sentando novamente – E você mocinho, trate de terminar logo que você está só me enrolando.
- Ok, mama – Pegou o lápis de colorir para terminar – Mas hoje a Gigi pode me colocar para dormir?
- Aí você precisa perguntar para ela – Faz um carinho em seu filho.
- Você pode, Gigi? – Me encarou com os olhos pidões novamente.
- Claro.
Em minutos, Theo terminou sua atividade e arrumou seus materiais também. Subimos para o segundo andar que é composto por um grande corredor, tendo três portas em um lado e duas no outro. Olivia me pede que eu siga para o quarto do pequeno enquanto ela vai até o da pequena se despedir.
O quarto de Theo é o segundo à direita, ficando ao lado do de Aurora. Ao entrar, me deparo com um mundo à parte, parece que entrei no espaço. O quarto é todo decorado com o tema Astronauta.
- Gostou do meu quarto, Gigi? – Me pergunta esperançoso.
- Claro, pequeno – Olho mais uma vez ao meu redor – É muito maneiro.
Ao entrar no quarto, o banheiro fica logo a direita, criando um pequeno corredor. No espaço central do quarto está sua cama encostada em uma parede coberta por um papel de parede cheio de planetas, estrelas e pequenos foguetes. A cabeceira da cama é feita de madeira em tom azul, que ia até a metade da parede e de uma ponta a outra. Em um lado da cama há dois aparadores com abajur e livros de historinhas infantis, e do outro lado é onde está a janela coberta por uma cortina branca e azul.
Mas o que mais me chamou atenção foi o telescópio ao lado da janela, apontado para as estrelas. Um verdadeiro quarto dos sonhos.
A roupa de cama também era toda temática, e perfeitamente arrumado. Theo foi até a escrivaninha que ficava ao lado contrário da cama e colocou sua mochila ali.
- Eu amo os planetas e as estrelinhas – Voltou para perto de mim me explicando o porquê da decoração.
- É um ótimo gosto – O observo subir na cama – Você precisa de ajuda?
- Sim. Esse cobertor é muito pesado, uso ele só no inverno, então preciso tirá-lo para dormir somente com o lençol que está embaixo – Me orienta o que preciso tirar e onde colocar.
- Às vezes me assusta sua maturidade – Me aproximo dele depois de deixar as coisas ao lado da escrivaninha.
- Você se acostuma – Dá de ombros – Você pode contar uma historinha para mim?
Theo já aparenta estar com sono, então se acomodou melhor na cama, deitando-se de lado e colocando as duas mãozinhas embaixo da cabeça. Seus olhinhos já estão piscando mais lentamente.
Me sento ao seu lado e pego os livros perguntando qual ele queria, muito sabiamente escolheu “O Pequeno Príncipe”. Começo a ler e não demora dez minutos para ele já estar dormindo.
O cubro e me certifico que está tudo certo com ele, guardo o livro no lugar e quando vou desligar a luz do abajur ouço uma voz vindo da porta.
- Pode deixar acessa.
Olivia está escorada no batente da porta nos observando, não sei por quanto tempo ela está ali, mas provavelmente quis verificar se eu não estava fazendo nenhuma cagada.
- Está aí há muito tempo? – Pergunto ao passar por ela e fechar a porta.
- Tempo suficiente para ver que leva jeito com crianças – Responde enquanto seguimos para o andar de baixo.
- É fácil lidar com um garotinho tão bacana como Theo.
- Nem sempre – Sorri.
Voltamos para a cozinha e agora foi minha vez de colocar meus livros sobre a mesa e ver se ainda consigo me dedicar um pouco ao trabalho que preciso fazer.
- Você já comeu? – Me pergunta com a porta da geladeira aberta.
- Comi algo antes de passar na biblioteca para pegar esses livros – Aponto para o material que está a minha frente.
- Isso foi ao meio-dia? – Franze o cenho.
- Ah – Me lembro que nos esbarramos saindo da biblioteca – Eu voltei lá depois da aula.
- Pensei que fosse na hora do almoço, no momento que você estava sem freios – Provoca enquanto coloca a jarra de suco e algumas frutas sob a bancada da cozinha.
- Você deve estar se confundindo, você quem estava igual um caminhão desgovernado – Falo procurando a página do livro que tinha anotado ser importante.
- Você quem me atropelou – Insiste enquanto pica as frutas.
- Você deve já ter esquecido de como realmente aconteceu – Resolvo arriscar – Isso é normal para pessoas da sua idade.
Olivia para o que está fazendo e me olha com os olhos serrados.
- Na verdade, é bem típico de crianças fazerem arte e colocar a culpa nos coleguinhas – Volta a cortar as frutas – Mas no fim, os adultos sempre sabem de quem é a culpa.
Solto uma gargalhada, não dá para negar que sempre vamos ter nossas trocas de faíscas.
Minha professora sai de onde está e vem para a mesa, coloca uma pequena vasilha com as frutas picadas e dois garfos pequenos à minha frente junto com um copo de suco natural de laranja.
- Não é bom ficar muito tempo sem comer, coma nem que seja algumas frutas – Se senta ao meu lado.
- Obrigada – Agradeço antes de atacar as frutas.
Minha professora está com dois morangos na mão, e meus olhos seguem o movimento que ela faz ao levar um até a boca. Juro que não foi minha intenção, mas quando o a fruta foi mordida, se tornou totalmente inevitável não ficar hipnotizada quando uma gota do suco desce pelo seu queixo.
Me culpem, mas minha mente imaginou em fração de segundos, muitas coisas.
E as coisas pioraram quando ela passou o dedo para recolher o líquido e o lambeu. O ar simplesmente resolveu faltar, e a temperatura subiu muito.
Sem menos esperar, um clarão se fez presente pela casa e foi seguido pelo barulho do trovão, a tempestade de horas atrás resolveu cair agora.
Olivia se assusta e leva a mão ao peito, respira fundo e fica olhando fixo para a porta de vidro que dá para a sacada de trás da casa.
- Está tudo bem? – Pergunto quando vejo que ela não reage.
- Sim – Responde em um sussurro.
Por mais que ela tenha dito que está tudo bem eu não levo muito a sério, ela está meio pálida.
- Tem certeza? – Insisto.
Ela nada responde, apenas se levanta e vai até a bancada arrumar a pequena bagunça que fez minutos atrás.
Eu termino de comer as frutas e levo a vasilha até a pia, a chuva cai forte lá fora. Lavo o pouco de louça que tem ali e as seco, quando pretendo voltar para a mesa um novo estrondo se faz presente novamente, Olivia mais uma vez se assusta e acaba fazendo um movimento inesperado, esbarrando em mim quando passo atrás dela.
Para não cairmos, eu acabo me segurando nela, meus braços involuntariamente foram parar em sua cintura e os dela ao meu redor também. Não chegamos cair, conseguimos nos equilibrar, mas infelizmente estávamos próximas demais.
Minha atenção é fisgada pelos seus olhos castanhos, mas logo em seguida já estou encarando sua boca, imaginando qual o gosto de seus lábios carnudos. Ao retornar meu olhar ao seu, posso ver uma faísca de desejo. A puxo para mais perto, como se fosse possível tornar nossos corpos um só, e sem pensar muito aproximo meu rosto do seu.
- Desculpa – Se afasta rapidamente – Acabei me assustando com o trovão.
A mais velha tenta disfarçar seu desconforto terminando de guardar as coisas, e eu fico ali paralisada, sem conseguir assimilar muita coisa.
- Vou subir para ver se as crianças estão bem – Cria coragem para me encarar – Boa noite Giovana.
- Boa noite Olivia.
Ela se retira rapidamente, e eu permaneço aqui, imóvel, sem acreditar no que estava prestes a fazer, eu ia beijar minha professora sem pensar em mais nada, e o pior de tudo, é que estou frustrada por não ter terminado o ato.
Que merd*.
Fim do capítulo
Quem ai gritou QUASEEEEEEEEE?
E o que acharam desse momento de a Gio colocar o Theo para dormir??? Os dois são tão lindos juntos.
Torço para que estejam curtindo a história, deixem seus comentários!!!!
Espero que a leitura tenha te feito uma boa companhia. Até breve.
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Sem cadastro
Em: 30/09/2025
Tô amando a relação da Giovana com o Theo e com a Aurora. A tensão entre elas está crescendo rápido. Rsrs
Mmila
Em: 13/08/2025
Quase.........
Paloma Matias
Em: 13/08/2025
Autora da história
Bateu na trave kkkk
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