Capitulo 47
O resto do dia parecia um teste de resistência. Bianca passou a manhã inteira pulando de sala em sala como quem tentava ganhar um reality show de "Esconde-esconde: versão universitária". Sempre um passo à frente. Ou, pelo menos, tentando estar. Ela desviava de corredores, se escondia atrás de bebedouros e fingia atender ligações imaginárias com uma habilidade que deixaria qualquer atriz de novela das nove no chinelo.
Enquanto isso, Luísa aparecia. Em todos os lugares. No corredor do prédio D. Na fila do RU — lugar que Bianca tinha certeza de que Luísa não tinha o hábito de colocar os sapatos de grife com frequência. Até no elevador — que Bianca, claro, evitou na velocidade da luz com um "esqueci minha carteira!" digno de Oscar.
Às 14h30, Bianca já estava exausta. Ana, por outro lado, só observava o circo pegar fogo com um saquinho de pipoca metafórico e aquele sorrisinho debochado.
— Isso não é fuga, é coreografia, Bia — disse ela, enquanto as duas se escondiam atrás de uma pilastra estratégica. — Daqui a pouco você entra no TikTok com o tutorial: “Como driblar sua quase-namorada em 5 passos fáceis”.
— Eu não tô fugindo, só… só tô evitando um confronto desnecessário — Bianca murmurou, espiando discretamente para ver se Luísa ainda estava por ali. Estava. Claro que estava. Parada do outro lado do pátio, com uma prancheta na mão e aquela cara mais cínica e lindinha do mundo todinho de “O que tá acontecendo com você?”. Bianca fingiu não ver.
— Você vai ter que falar com ela uma hora ou outra — Ana avisou, mastigando um chiclete. — Ou vai querer continuar jogando "pega-pega emocional" pro resto do semestre? Porque, se bem me lembro, a gostosona era boa de pegação!
Bianca não respondeu. Porque, naquele momento, Luísa olhou diretamente pra ela. Não de um jeito casual. Não de um jeito "nossa, você também tá aqui?". Não. Aquele olhar era intencional. Um pedido mudo. Uma pergunta silenciosa que dizia: "O que tá acontecendo com você?"
Bianca engoliu seco e simplesmente virou de costas.
Às 16h, Bianca estava sentada no fundo da biblioteca fingindo estudar. O livro aberto na frente dela poderia muito bem estar em latim antigo, porque ela não registrava nada. Na tela do celular, uma notificação:
Luísa: "A gente precisa conversar. Não sei o que tá acontecendo, mas queria entender. Agora!"
Bianca encarou a mensagem como se fosse um enigma impossível. Responder? Ignorar? Mandar um GIF de um gato se escondendo num cobertor?
Ela bloqueou a tela do celular. Deixaria pra depois.
O problema era que o “depois” tava chegando rápido.
Fim do capítulo
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