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Acessos: 1525 | Postado em: 11/04/2025

AWAAQIB (CONSEQUÊNCIAS)

Stefany se preparava para sair do quarto quando teve sua trajetória interrompida pela mãe, que se postou na porta.

--E onde você pensa que vai, mocinha? – cruzou os braços desafiadora

--Ah, para, ow! – a jovem reclamou de cara feia – É claro que vou pra night, né? – afirmou como quem diz o óbvio

Riu brevemente. – Vai pra night? – perguntou irônica – Pois sim! -- segurou a moça pelo braço – Você fica aqui e nós vamos ter um papinho de mãe pra filha! – jogou-a sobre a cama -- Nós nos livramos daquele maldito processo na Justiça, -- falava com o dedo em riste -- comemoramos a vitória e tal, mas a verdade é que você fez merd* e não vai ficar por isso mesmo! -- olhava nos olhos da filha – Por mais que eu tenha que disfarçar, você não vai passar cem porcento impune!

Fez cara feia e respondeu como criança: -- Ah, mas eu não cometi crime nenhum... – abaixou a cabeça – Pra que isso?

--Cabia pra senhorita e suas amiguinhas de miolo mole uma acusação de associação criminosa! – respondeu de pronto – Mas graças ao nosso plano vocês se livraram e aquela moça iludida foi condenada por furto qualificado, estelionato eletrônico e crime de calúnia e difamação contra vocês! – falava com firmeza – Você é culpada pela desgraça de uma pessoa que acreditou na falsa expectativa que você alimentou e eu não vou fingir que não sei disso!

Levantou a cabeça e argumentou de cara feia: -- Você tá dizendo isso agora, mas agitou a porr* toda pra livrar minha cara das acusações da baranguda!

--Porque se eu não tivesse feito isso você levaria a família toda pro buraco! – respondeu de pronto – Sabia que no auge daquela merd* as ações da BoFe despencaram em 30%? – argumentava com revolta – Tô tendo que trabalhar como louca e tirar o couro dos funcionários pra poder adiantar dois lançamentos pra nova versão do FalaGPiTaco!

--Bem que meu pai diz que você só pensa na porr* dessa empresa! – retrucou – Tá nem aí pra mim... – fez pirraça

--Eu não vou perder meu tempo nessa conversa fiada! – afastou-se da filha e caminhou novamente até a porta – Suspendi seus cartões de crédito agora há pouco, – Stefany saltou da cama num pulo -- você só vai usar celular, notebook ou qualquer dispositivo de acesso à internet até às oito da noite e nem pensar em balada! – observava a jovem rodando no quarto que nem barata tonta – Cada passo que você der, na hora que for, Jorel vai te seguir como se fosse sua sombra!

--NÃO!! – gritou sapateando no chão – Eu, eu... – não sabia o que dizer – Eu não vou dar meu celular pra você! – passou a mão nos cabelos – E ninguém vai ter como me impedir de usar a internet!

Achou graça do que ouviu. – Eu acho que você esquece de quem é sua mãe! – sorria – Pode conferir, meu bem: seu celular foi bloqueado e o wifi do apartamento está desativado. – constatou a surpresa da jovem – Amanhã às 9h voltarão a funcionar, serão novamente desativados às 20h e assim por diante, dia após dia.

--Mas que merd*! – pegou um enfeite da escrivaninha e atirou no chão

--Eu tô nem aí pros seus chiliques! – reparava na filha – Suas aulas na faculdade começam depois do carnaval, né? Pois saiba que seu castigo vai durar até o fim do primeiro período, em julho! – Stefany quebrou mais dois enfeites -- E nem ouse desabafar com suas amiguinhas, followers ou seja lá com quem for, porque se qualquer um desconfiar que você tá sendo castigada, isso vai chegar aos ouvidos do advogado da Fernanda e eles vão reabrir o caso. – ameaçou – Aí, benzinho, você vai se lascar porque nem eu e nem seu pai vamos mover uma palha por você!

– Isso não é justo, não é! – lutava para não chorar

--O destino daquela hacker deveria ter te mostrado que a vida não é justa! – respondeu de pronto – Agora tira essa roupinha de puta que você tá usando, toma um banho e vai dormir porque nem tão cedo vai ter balada. – deu tchauzinho – Bye! – soprou um beijinho e foi embora

--Merda! – foi até a porta do quarto e a fechou com força – Fiz o que fiz por causa das regrinhas que ela cagou na minha cabeça e olha o que eu recebo? – reclamava sozinha – Daqui pra julho é muito tempo! – pegou mais outro enfeite – MERDA!!!!! – arremessou o objeto contra o espelho do closet

***

--E se não é a nossa celebridade? – uma mulher de meia idade cumprimentava com deboche – Fernanda, a hacker, né isso? – sentou-se ao lado da outra

--Sempre tão reservada a moça, né? – outra detenta sentou-se ao lado dela – Mas agora nem precisa mais ficar nessa, porque nem se fala mais no teu nome por aí. – sorria – A fila anda, tá ligada?

A hacker tomava banho de sol sentada em um banquinho quando se viu cercada por quatro detentas. Disfarçava ao máximo para não transparecer o medo que tomava conta de si. – Bom dia... – cumprimentou reticente – Eu não sou reservada, só tô triste.

As mulheres riram brevemente. – Triste? Uma celebridade? – outra provocou – Pois eu acho que você é do tipo que chega aqui e fica cheia de nojinho das colegas! – acusou – Andava no meio da high society e de repente vem parar aqui, cercada por essa escória? – olhava para a hacker – Aí gosta de se isolar, né?

--Não, gente, que é isso? – as mãos tremiam – Eu caí na asneira de acreditar numa patricinha e me ferrei! – resumiu a situação – Mas nunca andei no meio de gente rica, sou pobre, suburbana, tem isso não! – olhava para as demais – Me ferrei feio e tô com dificuldade de aceitar isso! Dá revolta!

--Sei bem como é! – a detenta que até então não se pronunciara resolveu falar – Acreditei que meu macho não me traía mais e peguei ele trepando com minha melhor amiga. – contava – Fui burra de ter esfaqueado os dois em plena luz do dia, aí me dedaram e tô eu aqui. – gesticulou – Isso me revolta!

--Todo mundo aqui é revoltada por causa de alguma coisa. – a mais velha do grupo falou – Mas a vida é isso e não dá pra perder tempo choramingando! – reparava na outra – Tem que se enturmar, né? Agradar as amiga! – fez um gesto sugestivo com a língua

Fernanda sentiu o sangue gelar. “Meu Deus, o que essas mulheres vão fazer comigo?” – pensou em desespero

--Hoje, depois da janta, tu vai lá pro fundo desse pátio. – acariciava a coxa da mulher mais jovem – Aí a gente vai... se conhecer melhor! – todas riram

--Eu... – estava a ponto de desmaiar – “Meu Pai, não, não!!” – lutava para não chorar

--E não atrasa! – advertiu – A gente não gosta de ficar esperando. – rosnou entre dentes – Simbora, galera. – trocou olhares com as colegas e partiram

--Eu vou te explicar o que vai acontecer daqui pra frente. – uma mulher que estava próxima e ouvira tudo começou a falar – Tu vai ter que fazer oral nelas e o pessoal da carceragem vai fazer vista grossa. – olhava para a hacker – Depois elas vão te pedir mais e mais e um belo dia cê vai se ver realizando as fantasias sexuais mais sórdidas dessas desgraçadas. – virou o rosto na direção das mulheres que se afastavam – E só vai acabar quando elas cismarem com a cara de alguma novata que aparecer por aqui. – voltou a olhar para Fernanda – Minha condicional começa na semana que vem depois de quatro anos nessa merd*! Graças a Deus, vou me libertar desse inferno!

A hacker estava em choque. Não sabia o que fazer ou pensar. Lágrimas brotaram-lhe dos olhos espontaneamente. – E você chegou a... passar por isso? – perguntou mal contendo o descontrole que tomava conta de si

--Infelizmente! – balançou a cabeça concordando – Começou uma semana depois que cheguei aqui!

--E durou quanto tempo? – chorava contidamente

--Até ontem. – respondeu secamente – Agora elas têm você. – levantou-se – Até. – despediu-se brevemente e se foi

Fernanda abraçou-se consigo mesma, chorando e tremendo sem saber o que fazer.

***

Zaida chegava da clínica de neuro reabilitação com Adma. Abriu a porta e empurrou a cadeira da idosa para dentro. -- Eu fiquei super orgulhosa da senhora! – falava empolgada – Entrando e saindo da piscina andando, tão bonitinha! – sorria – Até filmei no celular!

--Andando praticamente arrastada pelo fisioterapeuta! – Adma salientou – Entra na piscina feito lesma e sai feito cobra!

Achou graça. – Ora, pois é assim que se começa! – parou a cadeira no quarto da paciente – Não demora muito a senhora vai começar a andar sozinha! – beijou-lhe a testa -- Veja que hoje em dia já podemos até nos virar as duas sem ajuda de uma segunda cuidadora. – guiou a mulher para se sentar na cama

--Essa Quézila não apareceu e ninguém dá satisfação! – reclamou enquanto se ajeitava com ajuda de Zaida – Pouca vergonha!

--Estranho mesmo. – concordou desconfiada – Bem, fique descansando aí na cama enquanto eu esquento seu almoço. – pediu – “O que será que essa Quézila tá aprontando, meu Deus?” – pensou preocupada –Deixa eu ir pra cozinha.

E nisso o interfone toca.

--Quem será? – Adma perguntou sem imaginar a resposta

--Vou ver. – seguiu até a cozinha e atendeu o interfone – Alô, bom dia?

--Oi! Eu sou Wanderleya Wanderley, a coringa que veio cobrir a Quézila. – identificou-se – O pessoal da agência disse que a dona Yesmin tá ciente e também te mandaram mensagem.

--Mandaram?! – pegou o celular no bolso da calça e constatou ser verdade – Ah, eu nem tinha visto. – apertou o botão – Abriu? – ouviu a resposta positiva do outro lado e recolocou o interfone no gancho – Alguma coisa deve ter acontecido. – pegou as panelas na geladeira e as posicionou sobre o fogão – Vou avisar dona Adma. – acendeu o fogo e voltou para o quarto da idosa – Tá chegando aí uma coringa pra cobrir a falta da Quézila. – anunciou – Chama Wanderleya Wanderley. – olhava para a idosa

--Vocês e essa coisa de coringa! – fez um bico – Ainda mais com um nome desse! – reparou – Mas pudera! Alguém com nome de Quézila Maria só podia trocar com Wanderleya Wanderley!

Zaida achou graça do comentário. – Não vá zombar do nome da moça, por favor! – advertiu bem-humorada – Deixa eu abrir a porta pra ela, que já deve tá saindo do elevador agora! – foi para sala e olhou pelo olho mágico – Gente! -- abriu a porta – Oi!

A mulher era quase da altura da porta e um tanto quanto obesa. – Oi! – cumprimentou – Cê é a Zaida? – deu beijos de comadre – Prazer! – entrou na casa quase derrubando a colega no chão – Jeitosinho esse apê! – reparava

“Minha Nossa!” – pensou surpreendida – Prazer. – fechou a porta – É... cê sabe porque a Quézila não veio? – queria saber

--Pelo que fiquei sabendo foi atropelada quando vinha pra cá de manhã cedo e tá internada em algum lugar em estado grave. – respondeu naturalmente -- Cadê a paciente? – olhava para todos os lados – Quero me apresentar antes de trocar de roupa!

--Meu Deus, ela tá internada em estado grave? – ficou chocada

--Por isso que eu digo que tem que olhar pra todo lado. – continuava reparando em tudo – Mas diz aí, a paciente tá no quarto? – insistiu – Interessante isso aqui. – pegou um enfeite sobre a mesa e cheirou

– Olha, dona Adma tá no quarto e ela é muito reservada. Não faz amizade de imediato, então chega mansa, por favor. – advertiu – “Que figura!” -- pensou

--Relaxa que eu manjo de idoso! – devolveu o enfeite para o lugar dele – Trabalhei 20 anos como enfermeira, depois mais 20 anos como psicóloga e agora tô há mais 20 anos como assistente social e cuidadora! – contava – Meus pacientes tinham entre 90 e 150 anos!

--Zaida, que tanto falatório é esse no meu sala? – Adma perguntou lá do quarto

--Tamo indo, dona Adma. – respondeu em voz mais alta – Vamos lá, Wanderleya. – seguiram para o quarto – “Como pode uma mulher que deve ter a minha idade, ter 60 anos de trabalho?” – pensava – “E cuidando de pessoas de 150 anos?” – disfarçava para não rir – “Essa aí é totalmente doida!” – concluiu – Dona Adma, essa é a Wanderleya. – apresentou – Olha, colega, o banheiro pra você se trocar é ali. – indicou o caminho – Eu vou voltar pra cozinha pra cuidar do almoço dela e enquanto isso você muda de roupa. – fez um gesto de cabeça e se afastou

--Claro, claro! – concordou – Dona Adma, salve salaam! Saravá, anarriê! – fez uma reverência estranha – Sou Wanderleya Wanderley, cuidadora, enfermeira, psicóloga e assistente social! – sorria – Manjo tudo de idoso e se a senhora quiser, danço, canto, escamoteio e resfolego! – bateu uma palma – Hehe!

--Eu hein! – a idosa não entendeu – Você é louca! – respondeu de pronto – E muito cuidado quando me segurar porque sua mão é do tamanho de uma raquete de tênis! – reparou

--Pois fique sabendo que seguro um idoso em cada mão e sem derrubar! – sorria como assistente de mágico – Por 20 anos trabalhei como equilibrista de circo e nunca me escapuliu nada!

Zaida ouviu a conversa e ficou rindo sozinha. “Primeiro uma ladra, agora uma doida!” – pensava – “Desde que Cleide saiu a agência não acertou mais!” – mexia nas panelas – “Mas eu vou tentar descobrir onde Quézila tá internada pra fazer uma visita. Ela pode estar precisando de alguma coisa.” – decidiu – “Depois que dona Adma almoçar, pergunto lá no grupo do aplicativo.”

***

--Que banquete, hein, amor? – Zaida comentou após a refeição – Fiquei até molinha... – sorria dengosa

--Trabalhar pra hotel tem dessas vantagens! – mentia – Rango bom é garantido, uai! – soprou um beijo para a esposa – Mas deixa eu te perguntar: por que a senhora chegou tão tarde hoje? – queria saber – Quase que esse almoço vira janta! -- brincou

--Quando terminou o plantão e saí de lá da dona Adma fui direto pro Laurêncio Borges. – dizia a verdade – Acredita que a Quézila Maria foi atropelada ontem de manhã e tá mal no hospital? – olhava para a esposa – Quebrou braço, perna, costelas, sei nem ao certo tudo que quebrou! – contava o que ouviu de uma enfermeira – Tá esperando vaga pra operar e acham que talvez amanhã. – limpou os lábios com guardanapo – Avisei pra agência pra ver se dão uma força pra ela, né? Coitada!

--Coitada?! – não concordava – Amor, aquela canalha fazia dos seus plantões um inferno! – respondeu de cara feia – A vida deu pra ela o que bem merecia e você não tinha nada que ter ido visitar em hospital! – gesticulou brevemente – “Meu feitiço foi tiro e queda!” – pensou satisfeita

--Não se deve desejar mal a ninguém! – começou a recolher os pratos – Fui visitar, não me arrependo e o que puder fazer pra ajudar, vou fazer! – levantou-se da mesa – E você não ouse me impedir! – advertiu antes de ir para a cozinha

Deu um suspiro profundo. – Não tá mais aqui quem falou. – levantou-se também – “Pelo menos, com certeza aquela safada não vai ter força e nem coragem de fazer mal a Zaida!” – concluiu – Amor, hoje eu vou ter um serviço por volta de umas quatro da tarde. – foi para a cozinha também – Vou dar uma faxina caprichada no apartamento do filho da gerente do hotel lá no Leme. – mentia – Só aceitei porque ela vai me pagar um dinheiro bom por demais da conta. – reparava nas reações da outra – O cabra vai casar, o apartamento é uma herança do avô, tá fechado há cinco anos e com certeza sujo que chega dói!

Balançou a cabeça concordando. – Tá bom. – lavava a louça – Enquanto não chega a hora de sair tira um cochilo? – aconselhou – Você vai se cansar muito!

“Own, minha esposa é um amorzinho!” – pensou embevecida – Só se for com você nos meus braços! – abraçou-a por trás e beijou-lhe a nuca – Eu seco essa louça, a gente lava a boca e vai.

Achou graça. – A gente lava a boca, não! A gente escova os dentes! – corrigiu bem-humorada – Tá bom, aceito! – “Ai, meu Deus, e se ela soubesse o que vira e mexe ando sonhando?” – sentia-se culpada – “Acho que ficaria tão decepcionada comigo...”

“Ô, Pai Santo, que ela nunca descubra o que ando fazendo!” – tentava não se culpar – “Eu não gosto de mentir pra ela, mas pra não viver na merd* vale tudo!”

***

--Madame Vivi sente que não estamos sós! – falava com voz de suspense – Concentra, Beatriz! – olhou para a cliente – O Além quer ter um dedinho de prosa consigo! – fez um gesto que deflagrou uma pequena e luminosa explosão no canto da sala

--Que susto! – a mulher deu um pulinho na cadeira – Tá, eu vou concentrar, mas não explode mais nada que eu morro de medo! – pediu antes de fechar os olhos

--Falanges Caipirescas do Além, Espíritos Luminosos, Comunidade dos Irmãos Anônimos do Espaço e Meus Guias de Ciganagem! – invocava com salamaleques – Aguardamos as vossas orientações! – jogou um lenço para cima e fechou os olhos – Ê, minhas infia!

--Amém! – Beatriz se benzeu

Vivinácia foi surpreendida por uma estranha sensação de torpor e quando deu por si parecia ser capaz de falar guiada por alguém invisível. – Filha, Biazinha? – olhava para a cliente – Não tenho muito tempo, mas preciso te falar! – sentia-se perturbada – Você tem uma herança pra receber e ela vai mudar o seu destino! Preste atenção, ó, mulherzinha!

Beatriz abriu os olhos surpreendida. – Mãe? – emocionou-se – “Madame não teria como saber o jeitinho que a minha mãe falava, tem que ser verdade!” -- pensou

--Me escuta, não dá pra ficar chorando nem querendo matar saudade. – segurou as duas mãos da outra – Seu tio Gusmão morreu tem duas semanas e a única herdeira dele é você! – falava com voz trêmula – Você tem que se apresentar pros advogado porque senão eles vão dar um jeito de passar a mão no que é teu!

--Tio Gusmão morreu por agora? – surpreendeu-se – Eu lembro que a senhora cuidou dele por uns anos, mas depois da sua morte ele disse que ia fazer uma viajem e eu nunca nem mais ouvi falar nele! – respondeu intrigada – Pensei que tivesse morrido faz tempo!

--O desgraçado se mudou! – esclareceu revoltada – Fez isso pra você não saber do paradeiro dele e não herdar o que é seu por direito na devida hora! – explicava – O velho achava que eu queria matá-lo por causa de dinheiro. Não sei por que me inventou essa! – contava a história – Aí armou uma arapuca pra mim junto com um funcionário da firma e eu morri foi nessa! – sentia ódio – Desde então fiquei perturbando o juízo dos dois! – sorriu maquiavélica – O funcionário acabou morrendo com coração fraco, de tanto que ficava nervoso com medo, e seu tio bateu as botas por causa de uma queda! – respirava com certa dificuldade -- Eu mesma dei um empurrãozinho!

Estava pasma com o que ouvia. – Não lhe condeno, mãe! No seu lugar também iria querer me vingar! – concordou – Diz pra onde eu devo ir e não vou deixar barato! Quero minha herança!

--Araxá! Foi pra lá que ele foi! – orientou – Pega um ônibus, chega na cidade e pergunta pro pessoal do hotel balneário onde morava seu Gusmão e todo mundo sabe dizer. – olhava nos olhos de Beatriz – O telefone do escritório de advocacia tá escrito numa placa pendurada na porta da casa, que tá à venda! – Vivinácia soltou bruscamente as mãos da cliente e teve que se controlar para não cair – Ave Maria! – a cabeça girava – Ai... – sentia-se mal

--Obrigada, madame Vivi! – agradeceu com os olhos marejados – A senhora não sabe o bem que me fez! – sorriu – E eu prometo que assim que receber minha herança, eu venho lhe agradecer!

--Ah.. – tentava se recompor – Madame agradece e fica na espera do seu contato. – ajeitou-se na cadeira – Mas, enquanto isso, a consulta fica em dois mil reais! – sorriu – Pode parcelar no Pix, sem problema! – balançava a cabeça – “Meu Pai Santinho, incorporei um espírito de verdade!” – pensava embasbacada – “É, Vivinácia... você se tornou uma cigana médium caipira de fato!”

***

Malika estava sozinha sentada num banco de praça, mais ou menos perto de casa. Admirava crianças brincando e sorria com elas. Perdida em pensamentos, deixou a mente vagar por memórias passadas.

“--Quem é a lindinha da maama? Lindinha da maama? – beijou repetidas vezes a cabeça da criança – Coisa mais rica dessa vida! – sorria

--Maama! – a garotinha abraçou a outra com força – Pomete que nunca vai deixar eu? – a pequena Zaida perguntou preocupada

--Que deixar o que? – beijou a cabeça da menina novamente – Uma vez grávida, grávida pra sempre! – acariciava-lhe o rostinho – Sua maama nunca vai te deixar! – prometeu – Nunca!

--E Zaida nunca deixa maama! – prometeu também”

--Mas eu deixei... – suspirou emocionada – Meu Deus, meu Senhor, me faz reencontrar minha filha! – suplicava em voz baixa – Eu vos imploro! – sentia mais uma vez o peso do arrependimento

***

Nazira entrava chateada no apartamento. Cruzou com seu pretendente no corredor e ele abaixou a cabeça para não a cumprimentar. Tampouco respondeu quando ela o saudou.

Jogou-se no sofá e pegou o celular. Não sabia onde Malika estava e decidiu desabafar com o FalaGPiTaco. -- Ai, meu Pitaco, essa minha sina é tão triste! – digitava ao terminar de narrar o que acabara de acontecer – Aliás, posso te chamar assim, de Pitaco?

Sim, claro que pode! – o modelo respondeu solícito – Mas, voltando ao assunto da sua sina, recomendo que você tente dar um novo rumo a sua vida. – aconselhou – Sua rotina consiste em cuidar da senhora Malika, da casa e viver à espera do homem amado! Não acha que é muito pouco? Você precisa de algo que a complete como ser humano!

--Eu sei, e é por isso que quero casar! – respondeu em voz alta enquanto digitava – Do contrário vou morrer assim, né? – reconsiderou – Quer dizer, nem sei, porque quando dona Malika morrer, quem vai me contratar? Se eu não estiver casada, babau!

E por que você acha que apenas o casamento resolveria todos os seus problemas? – a IA devolveu de pronto – Você precisa se dedicar a atividades mais interessantes, construtivas e enriquecedoras. Que tal voltar a estudar? Ou adotar um asilo? Um orfanato? – novamente aconselhou – E você precisa ter amigos! Sentir-se amada!

Sorriu. – Eu tô achando tão fofo ver você se preocupando comigo! – digitou em resposta – Saiba que já te considero meu melhor amigo! – falava com o modelo

Sinto-me honrado! – respondeu de volta – FalaGPiTaco é o melhor amigo da Nazira! 💛 🤗 – postou emojis

--Gente, não é um amorzinho, esse Pitaco? – beijou a tela do celular – Se o nerd tivesse metade desse cavalheirismo... – suspirou – Ai, ai...

Fim do capítulo

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Comentários para 15 - AWAAQIB (CONSEQUÊNCIAS):

Minh@linda!

Em: 17/05/2025

Como pode?!

Até calúnia e difamação recaiu sobre Fernanda, sendo que ela estava falando a verdade.

Só tem safadeza!!

Eu não estou entendendo essa atitude de Yesmin??

Ela é tão cúmplice, ou pior que Stefany nessa safadeza, toda.

Ela como autoridade, deveria ter feito a filha reconhecer os erros, ao invés de encubri-lo.

E pelo visto, ela fez isso tudo pra livrar, principalmente, os interesses dela com o seu Pitaco.

Não foi nem por Stefany, na verdade.

Pelo menos, não, principalmente.

Gostei do castigo!!

Pra quem não vive sem celular, redes sociais e balada, foi como uma facada no peito.

Mas não diminui a minha indignação!

A vida não é justa, mesmo, não.

E é bem capaz de Stefany achar um jeito de burlar esse castigo.

Os caras no presídio estão conseguindo, piorou Stefany do lado de fora.

Os homens dão churrasco e fazem festa com DJ.

Celular que não deveria funcionar por causa do bloqueador de celular, funciona melhor, do que se estivesse do lado de cá.

Balada regada a bebida e garota de programa...

Eu acho até que Stefany iria curtir uma carceragem, viu?

Tem tudo o que ela gosta lá dentro.

Ainda mais tendo Rogério e Dona Bofe financiando.

E Quezila?!

No que deu?

Desejar que ela fosse uma barata perdida na rodovia, não foi legal, né?!

Ainda mais depois do que aconteceu com ela.

Nossa!! Acho que Fernanda vai comer um dobrado no presídio.

Se essas moças tiverem o mesmo espírito de contenda que Quezila tem, a bichinha vai sofrer.

Ela tá triste!!

Oxe! As detentas estão achando que ela fazia parte do grupinho de Stefany.

Estão achando que elas andavam juntas.

A bichinha era zuada, isso sim, por elas.

Eita, nois!!!

Xuxou o macho e a amiga, disse a moça.

Traição dói mesmo, né?!

Era melhor só ficar longe deles, já que não valiam nada.

Pelo que eu entendi, ela pensa que o único erro cometido foi ter dado cabo deles durante o dia, né?! rsrs

À noite ela conseguiria fugir do flagrante.

O povo acabou dedurando.

Durante o dia tá todo mundo acordado, mulher!!

Tá todo mundo de butuca na vida alheia.

Ela pode ser uma boa amizade pra você Fê, no presídio.

Só não é bom tá por perto se ela apresentar instabilidade ou raiva. No mais, tá de boa pra mim.

Eita, Fê!!

As mulheres tão querendo você.

Isso não é nada bom!!

Misericórdia!!

Elas vão usar a bichinha até dizer chega.

Pensa em alguma coisa Fernanda!! Você é inteligente.

Ela vai precisar de proteção Autora!!

Tem que achar alguém pra proteger ela.

Se essas criaturas abusarem de Fernanda, ela vai perder a essência dela.

Não quero nem pensar nisso.

Usa suas habilidades como hacker Fernanda!!

Deve ter alguém aí que precise do seu serviço e, em troca, tu pede proteção.

Nossa!!

Essas criaturas querem usar e abusar dela.

Se um homem estuprando uma mulher, já revolta. Piorou, mulher abusando de mulher.

Vida bandida, mesmo, viu?!

Bora mudar um pouco a página porque essa ficou pesada.

Dona Adma tá se recuperando a cada dia!!

Então, o atropelo com Quezila foi sério, mesmo, já que ela não voltou.

Wanderleya Wanderley

Tem pai e mãe que precisam ser estudados.

Tomara que você seja uma pessoa abençoada, lindinha!!

Chega de gente ruim nessa casa.

Eita!!

Tô com a sensação de que a gente vai sentir falta de Quezila.

O capiroto nunca anda, só.

Uai!! Como assim?! Kkkkkkkk

Vou preferir acreditar que foram trabalhos intermitentes, o que essa moça fez.

Ou ela mente que nem sente.

Oxente!!! 150 anos?! Kkkkkkk

Quem foi esse idoso que viveu tanto?!

Entendi.

Ela foi a cuidadora de Matusalém.

Seu Matusalém viveu quase mil anos.

E do jeito que essa moça é aplicada e cheia dos preparos acadêmicos, ele deve ter vivido muito mais.

Tava precisando de leveza, mesmo, depois da situação, lá, com Fernanda.

A bichinha tá correndo perigo.

Anarriê, foi ótimo!!! rsrs

Já estamos perto do São João, mesmo.

Ter mãos grandes é um bom sinal.

Indica que ela vai te segurar direito Dona Adma. ( Eu acho )

As minhas mãos também são grandes.

Eu tenho dedos longos, na verdade.

Longos e finos.

Se eu engordar um pouquinho, eles continuam finos rsrs.

Meus pés, também, na mesma pegada.

Um dia, no passado, eu vi uma modelo brasileira negra dando uma entrevista. E era uma raridade ter modelo negra.

E ela falava das características físicas dela, como: dedos, braços e pés longos.

Ela disse que mulheres do Quênia são assim!

Foi muito bom ver a entrevista dela na época.

Gosto que Zaida vá ver Quezila. Quem sabe ela vire uma pessoa melhor.

Atitudes boas mudam a gente.

E uma comidinha boa, também rsrs.

Deu até fome, agora!!

Mainha trabalhou uma época em restaurante, no passado.

Ô, época boa!!

Nossa!!

Quezila se quebrou todinha.

Eu não sei se eu iria, lá, não.

Mas eu gosto da ideia de Zaida ir.

Quando é que eu vou saber um pouco mais de Vivinácia?!

Quero entender o que aconteceu com ela, pra ter engolido a essência caipirística.

Irmãos Anônimos do Espaço kkkkkkkk

É muita picaretagem, mesmo.

Eu acho, né?!

Eita, que Vivinácia se tornou, praticamente, a testemunha de um crime que não precisa ser desvendado, porque já está todo mundo morto.

Que coisa, viu?!

Tô muito feliz que Dona Malika tá doida pra ver Zaida, de novo.

Zaida vai ficar muito feliz com isso.

Uai!! Não é que seu Pitaco deu uns conselhos bons pra Nazira kkkkkkk

O preocupante é ela começar a tê-lo como amigo, ao invés de buscar um amigo de verdade.

Seria como ter um bichinho virtual, que as crianças na década de 90 tinham.

Eu não tive, não. Mas eu lembro que tinha que cuidar, alimentar... senão ele morria. ( Tamagotchi )

Na minha cabeça a pronúncia, que eu lembro do nome é tomaguste. Era assim que a gente chamava na época. rsrs

Pode acontecer de Nazira se apaixonar por seu Pitaco e criar até macho virtual?!

Solitudine Em: 18/05/2025 Autora da história
Olá Minha Linda!
Fernanda acabou cometendo um crime por perseguir um sonho e foi incauta ao confiar demais em Stefany, a qual tem o sistema a seu lado. Yesmin e Rogério queriam fugir de um escândalo e para tal foram muito corruptos e maquiavélicos. Agora Fernanda amarga sozinha as consequências de tudo isso.

Ya Adma está cada vez mais se recuperando e Zaida vem sendo essencial para isso. Na ausência de Quézila, surge Wanderleya Wanderley cheia de causos para contar! rs
Nazira está mergulhando de cabeça no FalaGPiTaco. Vamos ver no que vai dar isso! Só sei que ya Malika quer nem saber! rs

Pela descrição você é um tipão, viu? Com todo respeito caipiresco.

Beijos,
Sol

Minh@linda! Em: 18/05/2025
Sou tipão, não!
Eu sou normal.

A CUIDADORA por Solitudine

AWAAQIB (CONSEQUÊNCIAS)

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