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O Peso do Azul por asuna

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Palavras: 5802
Acessos: 317   |  Postado em: 05/04/2025

Capítulo 11

 

Era sexta-feira à noite e eu presa naquela indecisão que antecede o salto. Sentada no balcão da cozinha, girava distraidamente o celular entre os dedos, como se o movimento constante pudesse dissipar o calor residual daquele instante. Mas não dissipava. A memória permanecia colada à pele, viva, pulsante.

Ignorar a sua presença quando outras pessoas estavam por perto era quase fácil. Chloe atraía a atenção como quem respira, sem esforço, sem intenção. Todos se viravam para ela, encantados, e eu refugiava-me nas sombras, protegida pelo fascínio alheio. Era a minha zona segura, a pausa tensa, o recuo, o fingimento. Todavia quando o mundo se calava e ficávamos apenas nós duas tudo desabava.

Não tinha ruído que abafasse o que me tremia por dentro. O espaço entre nós tornava-se estreito demais para o controlo, largo demais para a fuga. E a verdade, crua e incontornável, é que ela tinha razão, eu ia ter de ceder. Ia ter de marcar aquele maldito horário com ela para o projeto. Ia ter de sentar-me ali, frente a frente com a minha própria vulnerabilidade, disfarçada de tarefa académica.

Mas como é que se foca o pensamento num projeto quando o corpo inteiro implora por tudo o que não se pode dizer?

Eu já conheci distrações. Já soube o que era desejar. Porém Chloe, não era apenas uma distração. Era um sismo silencioso. Ela mexia em partes minhas que sempre mantive adormecidas.

A sua aproximação, o toque suave da sua respiração na minha pele, tão perto, tão íntimo, tão cruelmente contido, não me saíam do corpo. A forma como os seus olhos haviam descido até aos meus lábios, o modo como a quietude carregada entre nós se tornara densa, pronta a rebentar com o mais leve toque, tudo aquilo continuava a percorrer-me por dentro.

Havia desejo, sim. Um desejo antigo e novo ao mesmo tempo. Algo que me arranhava por dentro com fome e medo. Não era só físico, era existencial. Era o querer ser tocada, vista, compreendida inteira. Sem filtros. Sem fuga.

O conflito dentro de mim instalara-se, uma parte de mim ainda recuava, não por falta de vontade, mas por um eco antigo, entranhado. As palavras bíblicas sussurradas no fim das refeições, o peso do pecado gravado na carne como uma cicatriz invisível. A parte de mim que cresceu entre bancos de igreja e observações de julgamento ainda estremecia perante o que sentia. Ainda me fazia hesitar. Ainda me fazia corar sozinha no escuro, como se houvesse alguém a ver, a condenar, mesmo quando eu estava sozinha.

E, no entanto, o que mais doía, o que mais me inflamava até à raiva surda, era o facto de Chloe ter parado. De ter escolhido não me beijar. De ter sussurrado, em vez de ceder. De me deixar ali, estacionada num silêncio que quase era entrega, sem saber se a sua recusa era proteção ou provocação.

Uma parte de mim sentia-se uma idiota por ter acreditado, por um instante que fosse, que ela me iria beijar naquela sala. Que aquela troca de olhares, aquela ausência de som inundada de promessas, significava algo mais do que apenas um divertimento cruel. Outra parte de mim, a que ainda tremia, ainda desejava, ainda esperava, gritava por piedade, por algum sinal divino que me dissesse que eu não estava sozinha nesta tontura.

O corpo não esquecia, o calor, o arrepio, a vertigem. A vontade urgente de ceder.

E eu, ali, quieta, a fingir normalidade, a tentar encaixar-me de volta na rotina como se não tivesse estado prestes a dissolver-me inteira na respiração de outra mulher.

A tela acesa mostrava a última mensagem do meu pai, um simples “Vou ligar em breve”. As palavras pairavam como um lembrete amargo de uma vida que continuava a puxar-me para trás. Uma promessa adiada, talvez esquecida. E o mais estranho, o mais assustador, era perceber que eu já nem sabia se queria atender. Esperar aquela chamada era como ajoelhar-me diante de um veredito invisível. Naquele momento, eu já não sabia se queria ser julgada.

Amanda mexia uma panela no fogão. O cheiro a especiarias envolvia o espaço com um conforto que quase me emocionava. O som da colher contra o metal misturava-se ao zumbido do frigorífico, e por baixo de tudo isso, o som da minha própria respiração, irregular, inquieta.

— Jantar daqui a pouco, querida — expôs, sem desviar a concentração da comida, com aquela gentileza constante que me fazia sentir sempre um pouco mais segura do que achava merecer.

— Não estou com muita fome — murmurei, ainda fixada no dispositivo.

Ela não respondeu, contudo, o silêncio não era ausência, era escuta.

Foi então que Piper entrou, como uma lufada de ar fresco a atravessar um cômodo demasiado quieto.

— Estás com um ar maravilhoso, Maya — anunciou, encostando-se ao balcão com teatralidade. — Sério. A tua expressão está ótima, um misto entre tragédia grega e drama indie francês. Se adicionarmos um cigarro e chuva a bater na janela, temos a curta-metragem do ano.

Soltei um suspiro e bloqueei o celular. O gesto foi automático, mas interiormente, era uma pequena renúncia. Ou uma tentativa de me afastar, ainda que por segundos, daquela constante vigilância de quem eu deveria ser.

— Isso era suposto tranquilizar-me? — ripostei, revirando os olhos, embora um sorriso teimasse em espreitar.

— Claro que não. Sou crítica, não terapeuta. Estou a ser sincera. Isto é arte viva. Aliás, podíamos eternizar este momento: “Retrato de uma jovem à beira de um colapso existencial.” — Fingiu ponderar. — Título alternativo: “Esperando por Deus Pai (versão literal).”

Amanda disfarçou um sorriso enquanto mexia o estufado. Piper, imune a qualquer censura, espreitou a panela com um esgar negativo.

— Lentilhas. Claro. Tens noção de que se ficarmos aqui, o nosso destino é partilhar leguminosas e ouvir a minha mãe fazer comparações entre a queda do Império Romano e a crise climática?

— Piper. — Advertiu Amanda com um tom sereno, no entanto a filha não se deteve.

— O que foi? Estou a ser honesta. Gosto de ti, mãe, mas há dias em que preciso de uma sexta-feira onde o meu maior dilema seja escolher entre batatas fritas com ou sem extra queijo.

— Vais sair? — perguntei, num tom quase indiferente, apenas para preencher o espaço.

Esta não vacilou.

— Mais do que isso, vou levar-te comigo.

Ergui uma sobrancelha.

— Como?

— Sim, tu. Precisamos de te resgatar deste abismo existencial, dessa espiral de espera messiânica e celulares silenciosos. Desde que chegaste que não me lembro de uma única vez em que tenhas saído à noite. Vamos assistir ao jogo do Ethan e depois talvez passemos por um café perto da praia. Boa música, conversa fluida, más escolhas em dose mínima. Nada que não se resolva com uma boa desculpa no dia seguinte. — Piscou-me o olho com um sorriso atrevido, como se a noite fosse uma conspiração só nossa.

Fiz um esforço para manter a minha expressão seria, todavia falhei.

— Piper — advertiu novamente Amanda, um certo misto de censura e resignação.

Esta ignorou-a, fazendo uma careta de desafio antes de se inclinar na minha direção, os olhos cravados nos meus com uma mistura de ternura e provocação.

— Escuta, Maya. Desde que chegaste eu nunca te vi a dizer um palavrão com convicção. Nunca te vi beber um café depois das oito, nem rir de uma má decisão. Isso não te inquieta?

— Eu já cometi erros.

— Quais?

Abri a boca, mas logo a fechei. Uma memória surgiu na minha mente como um relâmpago. Porém não disse nada.

Os lábios da ruiva curvaram-se triunfantes.

— Sabes o que isso quer dizer, não sabes?

— Que sou previsível?

— Que precisas, urgentemente, de sair comigo. É uma questão de saúde mental. A tua. E um pouco da minha também. Quero muito ver-te a viver.

O celular continuava ali, a brilhar intermitente com a mesma notificação, como um farol que em vez de guiar, prendia. E, por uma noite, talvez eu não quisesse ser guiada por nada. Nem por fé, nem por expectativa, nem por medo. Talvez quisesse só existir.

Suspirei. Estendi o braço, empurrei o dispositivo para o centro do balcão. Longe o suficiente para não o ouvir vibrar. Longe o suficiente para, por uma noite, ser apenas eu.

— Está bem. Vamos.

Piper abriu um sorriso de estrela de rock prestes a entrar em palco.

— Finalmente. Bem-vinda ao meu mundo. Prometo que é mais divertido do que parece. E só marginalmente ilegal.

Revirei os olhos.

— Não exageres.

— Exagerar é o meu talento. Agora mexe-te, antes que mudes de ideias e antes que a minha mãe comece a citar mitos sumérios.

Ela agarrou a minha mão com uma leveza decidida. E eu deixei que ela me puxasse. Sem resistir.

O frio da noite colava-se à pele como um sussurro cortante enquanto Piper acelerava pela estrada costeira. Eu estava agarrada a ela, os braços em torno da sua cintura, sentindo o rugido do motor vibrar através do meu corpo como um pulso estranho e vivo. Nunca tinha andado de moto antes, e o nó no meu estômago oscilava entre medo e adrenalina. Talvez fosse os dois. Ou talvez fosse outra coisa, o desassossego de quem, pela primeira vez, não queria parar para pensar.

Fechei os olhos por instantes, tentando acalmar o coração que batia como se fugisse de algo. A velocidade, o vento contra o rosto, a ausência de chão firme, tudo parecia demasiado livre, demasiado imprevisível. E ainda assim, estranhamente certo. Era como se o mundo tivesse perdido os contornos rígidos de sempre e se abrisse num espaço onde eu, finalmente, podia respirar.

Se ainda estivesse em casa, provavelmente estaria sentada no sofá, a rever passagens sublinhadas da Bíblia, ou a ouvir o meu pai citar versículos com o tom de quem acredita que amor se mede em obediência. Talvez a responder mensagens educadas do grupo de jovens da minha cidade, dizendo que estava entusiasmada para o próximo retiro espiritual, quando na verdade tudo dentro de mim se sentia à deriva.

No entanto agora, naquela estrada escura, naquela moto que parecia desafiar o próprio juízo, com o mar invisível ao meu lado e a lua a projetar-se como uma promessa distante, eu sentia outra coisa. Uma vertigem crua. Um impulso sem nome. Algo que não era fé, nem culpa, nem medo. Era só meu.

Algo que o meu pai nunca aprovaria.

Apertei ainda mais os braços ao redor da sua cintura. O frio já não parecia tão agressivo. Talvez porque, pela primeira vez, eu não estivesse a resistir-lhe.

— Relaxa, Maya! — gritou por cima do rugido do vento. — Se caíres, prometo que te apanho depois!

— Isso não é nada tranquilizador! — Protestei de volta, apertando-a ainda mais, meio assustada, meio a rir-me.

Senti a sua risada vibrar-me no peito através do capacete. Como se adivinhasse o efeito que tinha sobre mim, acelerou só mais um pouco.

Eventualmente, reduziu a velocidade e virou para uma rua mais iluminada. O cheiro da cidade chegou primeiro, uma mistura quente de comida de rua, maresia e a antecipação elétrica das noites de sexta-feira. O parque de estacionamento surgiu diante de nós como um pequeno caos organizado, com grupos de pessoas a caminhar em direção ao recinto desportivo, embalados por conversas animadas e gargalhadas fáceis. A atmosfera era leve, informal, quase doméstica.

A ruiva estacionou com destreza, desligando a moto num gesto fluido, como se já conhecesse todos os cantos. A noite parecia assentar-lhe bem, pousada nos seus ombros com a mesma confiança displicente com que usava as palavras.

— Vês? Chegámos inteiras. — disse, batendo-me levemente no braço com aquela expressão de quem sabe que vencer o medo dos outros é um dos seus superpoderes. Retirou o capacete e sacudiu os cabelos ruivos com um exagero teatral.

Desci da moto com menos elegância do que gostaria, as pernas a trair-me ligeiramente.  Tirei o capacete com lentidão, como se o simples gesto exigisse coragem. Inspirei fundo. O ar trazia sal, ruído, vida. E alguma coisa em mim começava a abrir espaço para esse caos.

— Devias ter avisado que ia parecer que estava prestes a morrer — murmurei, sem conseguir conter o sorriso trémulo.

— E arruinar a experiência? Nunca. — Piscou-me o olho, estendendo a mão para pegar no meu capacete. — Além disso, tu tens essa expressão de menina tranquila, mas eu sei. Aí dentro mora uma incendiária.

— Essa sou eu — suspirei, com ironia. — Um poço de imprudência.

— A sério. — A sua voz suavizou. Por um instante, pareceu mesmo séria. — Estou orgulhosa. Já saíste da tua zona de conforto. Agora só falta sobreviver a noventa minutos vendo o Ethan correr atrás de uma bola. — Fez uma pausa breve. — Mas antes disso, vamos comprar alguma coisa para comer.

O recinto estava envolto por grades metálicas e luzes altas. As bancadas de cimento recebiam os espectadores. O som abafado do apito soou à distância, seguido por palmas e assobios dispersos.

Subimos os degraus lado a lado, esta guiou-me com naturalidade até uma fila central, onde já estavam Noah e Amber, sentados com latas de refrigerante nas mãos e expressão relaxada. Noah levantou-se de imediato ao ver-nos.

— Olha quem decidiu viver um pouco. — Analisou levemente. Cumprimentou Piper com um toque de punhos. Fitando-me brevemente, com curiosidade. — Bem-vinda à sexta-feira louca, Maya.

— Obrigada. Acho. — Sorri, tentando ajustar-me à vibração daquele cenário.

Noah olhou de lado na direção da ruiva, semicerrando os olhos, como quem está a tentar resolver um mistério antigo.

— Sério agora, como é que a convenceste?

Esta lançou-lhe um típico sorriso vitorioso, ajeitando o cabelo com exagero.

— Ninguém resiste ao meu charme. É científico. Devia dar palestras sobre isso.

O rapaz soltou uma gargalhada curta, abanando a cabeça com fingida exasperação.

— Eu acho que tem mais a ver com a tua persistência — comentei, num tom seco, contudo divertido. — Daquela que beira o insuportável.

Ela encarou-me, fingindo-se ofendida, uma mão dramaticamente pousada no peito.

— Insuportável? Que rude. Estou a tentar salvar-te da monotonia, e é assim que me agradeces?

— Com sinceridade. — Acrescentei, segurando o riso.

Noah sacudiu a cabeça.

— Isto vai ser divertido. Estou a prever pelo menos uma crise existencial até ao intervalo.

— Só uma? — retorquiu Piper. — Que desilusão. Eu trouxe uma novata emocionalmente reprimida, não uma mascote.

— Ainda bem que não te levas demasiado a sério — murmurei, fingindo rever os meus próprios pensamentos.

— Só às segundas-feiras. — respondeu com um encolher de ombros. — Sextas são para o caos leve.

Amber, ainda com os olhos semicerrados, ergueu a cabeça na nossa direção.

— Nossa, hoje estás demais, Pips.

— Sempre. — respondeu ela, orgulhosa. — Tenho uma reputação a manter.

— E tens. — disse Noah, esticando as pernas e cruzando os braços atrás da cabeça. — A última vez que nos arrastaste para uma “noite leve”, acabámos a fugir de um segurança e tu tentavas convencer um DJ que sabias fazer scratch.

— Eu sabia! — defendeu-se, erguendo um dedo no ar. — Tecnicamente, o gira-discos é que não colaborou.

— Claro que sim. — Murmurou Amber, sem sequer mudar a expressão.

Soltei uma risada breve.

— E tu, Maya? — perguntou Noah, virando-se um pouco para mim. — Qual foi a coisa mais fora da tua zona de conforto que já fizeste?

A ruiva ergueu logo a mão.

— A resposta certa é: sair comigo hoje.

— Ainda não passou tempo suficiente para avaliar — repliquei, com um meio sorriso. — Pergunta-me daqui a umas horas.

— Justo. — disse o rapaz, levantando as mãos em sinal de trégua. — Mas fica o aviso, estar connosco é como assinar um contrato invisível de aventuras aleatórias. Sem cláusulas de saída.

— Isso deveria vir com um manual de instruções. — Comentei, num tom pensativo.

— Vem. — disse Piper, piscando o olho. — Chama-se “improviso”.

Deixei-me cair no banco com um sorriso discreto, ainda a digerir aquela leveza irreverente que parecia envolvê-los a todos.

À minha volta, o ambiente pulsava com uma energia que me era estranha, mas não hostil. O barulho das bancadas, os gritos dos jogadores, os assobios do treinador, tudo criava uma vibração crua, viva, quase elétrica. Uma realidade distante da rotina abafada a que eu estava habituada.

Ali, ninguém esperava que eu dissesse a coisa certa. Ninguém me observava em nome de uma moral superior. E isso, por si só, já era uma espécie de liberdade.

O jogo já tinha começado.

Ethan corria com energia controlada. Os cabelos castanhos colavam-se-lhe à testa, a camisola vermelha moldava-lhe o corpo esguio com as marcas do esforço. Os seus movimentos eram decididos, mas não agressivos. Tinha uma cadência estranha, concentrada, atenta. Como se estivesse sempre a tentar fazer tudo exatamente como deve ser. Quase comovente, na sua entrega.

Durante as aulas, ele passava despercebido. O tipo de rapaz que preferia os cantos da biblioteca, o som confortável das páginas, o abrigo discreto dos intervalos. Partilhávamos esse canto invisível, sem grandes palavras. A troca de livros. Um aceno breve. Uma presença calma. Até aqui, ele era só isso para mim, o rapaz tímido do refeitório, das aulas de literatura.

Mas ali, em campo, conseguia outra coisa.

Ele orientava os colegas, gesticulava, gritava instruções. Não era autoritário, no entanto a voz saía firme. Os outros ouviam-no. E ele parecia saber o que fazer com essa relevância. Não com vaidade, contudo com responsabilidade. Como se tivesse descoberto naquele espaço uma versão de si mesmo mais sólida, menos hesitante. Como se naquele campo lhe fosse permitido ser inteiro.

Talvez tenha sido isso que me prendeu.

O contraste. A revelação. A constatação de que, às vezes, as pessoas são mais do que os lugares onde as encontramos.

— Impressionada? — questionou Piper, com a voz baixa, mas o seu rosto denunciava o tom provocador.

Desviei a atenção do campo, tentando disfarçar o interesse que, sem me dar conta, já se prolongava há minutos.

— Só surpresa — admiti, num sussurro sincero.

— Ele é capitão desde o semestre passado — acrescentou, num tom despreocupado, como quem partilha um detalhe trivial.

— Nunca imaginaria que gostava de jogar.

— Talvez não goste. Mas é bom nisso. E às vezes isso basta.

Fiquei a saborear as palavras. Havia uma verdade simples ali. Pensei em como tantas vezes fazemos bem aquilo que nunca escolhemos. Como às vezes nos tornamos competentes em viver uma versão de nós que nem sabemos se é nossa, só porque se espera. Porque é mais fácil corresponder do que contrariar.

Voltei a observa-lo.

Possuía método nos seus movimentos, um foco quase matemático na forma como lia o jogo. Como se cada jogada fosse uma equação a resolver. Como se estivesse sempre à procura do espaço certo, do tempo exato, da decisão mais eficiente. A sua entrega não era impulsiva, nem emocional, era contida, quase disciplinada. Como se estivesse a cumprir uma missão silenciosa que só ele entendia.

Algo inquietantemente familiar.

Aquela busca por exatidão. Aquela tentativa constante de preencher um molde invisível. A pressa sussurrada de corresponder a uma expectativa que talvez nem lhe pertencesse por inteiro.

O jogo terminou com um grito coletivo das bancadas. Ethan marcara dois golos, o segundo mesmo nos minutos finais. A vitória foi recebida com palmas entusiásticas e alguma euforia entre os colegas. Ele não celebrou com exuberância. Limitou-se a acenar discretamente, os ombros tensos, como quem encara o reconhecimento com o mesmo cuidado com que encara tudo o resto, sem excessos.

Piper conversava animadamente com Noah e Amber, o corpo meio virado para trás, os gestos exagerados como se encenasse uma versão alternativa dos melhores momentos do jogo. Eu permanecia quieta, o foco ainda fixo no campo vazio, agora invadido por jogadores que se abraçavam e recolhiam os seus pertences.

Subitamente aconteceu.

De forma quase automática, involuntária, os meus olhos percorreram o recinto à procura dela.

Talvez fosse o hábito. Talvez fosse o desejo de a ver ali. Uma parte de mim, silenciosa e teimosa, insistia em procurar por aquela silhueta familiar, mesmo quando o coração sabia que não a encontraria. E isso, doeu mais do que esperava.

— Bom, Maya — a voz de Piper puxou-me de volta a realidade. — Nós decidimos que vamos até um bar aqui perto. Ambiente tranquilo, nada pesado. Música decente, bebidas mornas e conversas questionáveis. Vais adorar.

Assenti lentamente, ainda com os pensamentos meio presos no vazio do campo.

— Tudo bem.

***

O bar era pequeno, com luzes quentes penduradas em fios cruzados no teto e mesas de madeira gastas que pareciam ter memórias próprias. O som de um jazz improvisado misturava-se ao burburinho das conversas e ao tilintar de copos. Piper e Noah riam de algo que eu não ouvira. Amber bebia algo translúcido com gelo, absorta na tela do celular, indiferente ao mundo à sua volta.

Eu estava ali.

Corpo presente, alma em suspensão. Como se a minha pele ocupasse a cadeira, contudo o resto de mim estivesse espalhado por pontos onde ninguém naquela sala poderia chegar. Tinha uma névoa a atravessar-me por dentro, espessa, húmida, feita de lembranças que não sabiam morrer. O quase-beijo. Aquele instante antes de ceder. A ausência dela logo a seguir. E tudo o que ficou por acontecer.

Uma parte de mim ainda corria, sem saber se fugia de Chloe ou de mim mesma. Sem saber o que era mais assustador, desejá-la ou permitir-me ser desejada por ela.

Foi nesse instante, entre um gole distraído de água com gás e uma tentativa frustrada de me focar na conversa, que uma voz suave se fez ouvir do meu lado.

— Estás tão deslocada como pareces, ou é só impressão minha?

Virei-me, apanhada de surpresa.

Ethan estava ali, com o cabelo ainda húmido do banho. Os olhos, sempre serenos, tinham agora um brilho diferente. Um toque de ironia contida, como quem decide, por uma vez, não se esconder.

Não consegui evitar. Sorri. Um sorriso que me escapou antes de o conseguir travar.

— Acho que estou pior do que pareço, na verdade. — Confessei, num tom baixo, quase cúmplice.

Ele sentou-se do meu lado, mantendo uma distância respeitosa. Fitou o balcão por um momento antes de prosseguir.

— É sempre estranho, no início. Ficar no meio de gente que parece saber exatamente onde pertence.

— E tu sabes? — perguntei, num impulso, antes de poder medir as palavras.

Ele vacilou, depois riu, um som breve, despretensioso, como se fosse mais para si do que para mim.

— Nem por isso. Mas às vezes, fingir que sim ajuda. Como por exemplo em campo. Se correr na direção certa e gritar com convicção, os outros acham que tenho tudo sob controlo.

— E tens?

Voltou-se para mim, os olhos a pousarem nos meus com uma franqueza invulgar.

— Depende do dia. — disse, com um encolher de ombros leve. — E do que está em jogo.

Mantive o contato visual por mais tempo do que seria considerado normal. Obtinha algo de familiar na sua calma, como se me estendesse a mão sem realmente o fazer. Não era o mesmo Ethan da biblioteca, o rapaz de voz baixa e passos silenciosos, que se escondia atrás de livros e evitava troca de olhares. Aqui, agora, havia uma leveza diferente. Um à vontade tímido, mas honesto.

— És diferente fora da biblioteca. — Murmurei, inclinando-me ligeiramente.

Ele ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Diferente como?

— Mais, visível. — Ri. — Lá pareces uma sombra com livros. Aqui pareces alguém que existe.

Ethan gargalhou, dessa vez com gosto.

— Acho que sou os dois. A sombra e o tipo que existe. A biblioteca é o meu local seguro. Aqui é só uma espécie de treino. Ensaiar outras versões de mim. Entender quais me servem.

Olhei para ele, curiosa.

— E há alguma dessas versões que gostes mais?

Ethan soltou uma nova gargalhada, aquela que começa no peito e sobe, leve, sem esforço.

Depois, inclinou-se ligeiramente para o lado, como se partilhasse um segredo só comigo

— Eu te desafio a descobrir. — Sussurrou com uma suavidade inesperada.

Fiquei sem resposta. Não porque não houvesse o que dizer, mas porque algo na sua voz, na forma como não me exigia nada, apenas me oferecia a hipótese me tocou de um jeito inesperado.

Aquele espaço respirava ao nosso redor, naquela tranquilidade caótica dos lugares pequenos.

Ethan permanecia do meu lado, curvado ligeiramente sobre o copo de água com gás como se aquilo fosse suficiente. E, de certa forma, era. A sua presença não me pesava. Era como uma lareira discreta, não impunha calor, todavia impedia que o frio se instalasse por completo.

— Então — murmurou, com um leve toque de hesitação. — O que te trouxe até aqui? Esta noite, digo. Não pareces o tipo de pessoa que sai para assistir a uma partida de futebol e depois acaba num bar.

— Não sou. — Respondi com honestidade. — Mas acho que precisava de estar em qualquer parte que não fosse, dentro da minha cabeça.

Assentiu devagar, os olhos fixos no copo, como se lesse nas bolhas algo que o ajudasse a compreender melhor o mundo.

— Às vezes, só precisamos de um ambiente onde o barulho de fora abafe o de dentro. — Expôs, num tom tranquilo.

Observei-o com surpresa pela precisão. Pela forma como parecia encontrar as palavras certas sem esforço.

— E isso resulta contigo?

Este sorriu de lado, sem me encarar mim.

— Às vezes. Outras, o silêncio acaba por encontrar-me mesmo no meio da multidão.

— E o que fazes quando isso acontece?

Ele ergueu o rosto, desta vez fixando-se em mim com uma franqueza serena.

— Tento não fugir. — respondeu. — Ficar quieto e ouvir. Às vezes, o que mais assusta é exatamente o que precisamos de considerar.

As suas palavras ficaram suspensas no ar, como se ecoassem num espaço só nosso. Permaneci, nesse pequeno refúgio de entendimento partilhado, onde nada era exigido e tudo era possível.

A cumplicidade pairou entre nós por um momento. E talvez fosse ali que a noite terminaria, com aquela sensação morna de uma conversa partilhada num espaço improvável, se não fosse a súbita mudança na vibração do ar.

Foi subtil.

Quase impercetível. Como um arrepio coletivo, uma corrente invisível a atravessar a sala. Um desvio de olhares. Um silêncio rápido, mas carregado de significado. Do tipo que se instala quando alguém que não devia estar naquele local, entra.

Virei o rosto na direção da porta, antes mesmo de ter consciência disso. Como se o meu corpo soubesse antes de mim.

Mesmo entre o movimento constante do bar, entre as risadas, os corpos, os copos erguidos, ela destacava-se. O cabelo solto caía-lhe pelos ombros com aquele descuido intencional. Casaco escuro, postura relaxada, porém os olhos, estes percorriam o ambiente com um interesse que fingia distração. Como se procurassem, porém não quisessem admitir.

Acompanhava-a duas garotas. Uma delas pareceu-me vagamente familiar, embora, vista apenas de perfil, não conseguisse precisar de onde a conhecia. A outra era estranha, no entanto tinha nela uma proximidade com Chloe que não precisava de explicações. Era visível na forma como caminhavam, na linguagem silenciosa dos corpos.

O meu coração falhou uma batida. Depois outra.

O meu corpo reagiu antes da razão.

Um sobressalto involuntário. Um calor esquisito a espalhar-se pelo peito. Um aperto no estômago que me anulava o apetite e a presença. A tranquilidade que Ethan me oferecera, ainda que discreta, desmoronou-se sem aviso. Como se a presença dela, mesmo sem um gesto, fosse capaz de reordenar todos os móveis do meu mundo interno.

Ela ainda não me tinha visto. Ou então, viu e escolheu não me encarar.

Contudo, bastava a hipótese de ser ignorada para que tudo se transformasse. O bar deixava de ser refúgio. A mesa deixava de ser conforto. Até a minha pele parecia já não me pertencer.

Foi nesse instante que Piper acenou, teatral como sempre, e a atenção de todos à volta pareceu oscilar. Então vi, a garota. Jude. Agora, com o rosto bem iluminado, a memória devolveu-me a imagem, os olhos escuros, o brilho do corredor naquela primeira noite na casa dos Walsh. Piper beijava-a com aquela intensidade despreocupada, os corpos colados contra a parede, como se o mundo à volta tivesse deixado de importar.

Ela sorriu ao presenciar-nos e aproximou-se sem hesitar, como se já nos conhecesse há muito tempo. Piper abriu espaço ao lado, puxando-a pela mão com uma naturalidade que dizia mais do que mil explicações. Jude encaixou-se no gesto como quem já o fizera muitas vezes.

— Estava a contar os minutos para isto — comentou, encostando o queixo ao ombro de da outra, com um riso contido.

— Eu disse que ias adorar a energia daqui — respondeu Piper, olhando-a com um brilho nos olhos que não parecia ser apenas entusiasmo pela noite. Possuía ternura. Cumplicidade. Intimidade.

Naquele instante, elas pareciam partilhar uma bolha invisível, uma linguagem própria, feita de toques subtis e contemplações cúmplices.

Chloe por sua vez hesitou.

Um segundo.

Apenas um.

No entanto foi o suficiente para eu captar a surpresa breve passar-lhe pelo rosto, a forma quase impercetível como arqueou uma sobrancelha, como se me ver ali alterasse algo no alinhamento das expectativas.

Depois recuperou o passo, disfarçando com a naturalidade treinada de quem aprendeu a esconder reações. Seguiu, com a outra do lado, o corpo descontraído, mas o olhar, esse não conseguiu disfarçar.

Aquele tom azul-turquesa, finalmente, encontrou o meu.

E naquele instante, o mundo encolheu.

A sala pareceu recuar. O som embaciou-se, como se alguém tivesse mergulhado a noite inteira debaixo de água. Ethan, ao meu lado, virou o rosto. Porém o meu foco já não conseguia fixar-se nele. Nem em mais nada.

Chloe segurou o contato visual.

Ficámos assim. Dois segundos? Três? Não sei. O tempo deixou de ter medida. Observei-a, incapaz de fingir desinteresse, e foi então que vi, o gesto.

Os dedos dela roçaram o braço da outra garota com leveza. Casual. Mas não inócuo. Um gesto pequeno, quase automático. No entanto, para mim, carregado de eletricidade. Um toque como tantos. Todavia não para mim. Para mim, foi uma cicatriz a reabrir.

Desviei os olhos rapidamente, como quem fecha um livro que não tem coragem de continuar a ler. Fingi focar-me na garrafa de água à minha frente, abrindo-a vagarosamente. Mas as mãos tremiam.

Sem aviso, os meus pensamentos, frágeis, em desalinho, foram interrompidos por Piper. Sendo Piper.

— Plebeus, façam as suas vénias, pois a realeza chegou. — disse, recostando-se na cadeira com um brilho trocista nos olhos, erguendo as mãos como se estivesse a apresentar uma performance.

A sua voz cortou o ar, e com ela, a tensão disfarçou-se num véu de sarcasmo.

Chloe riu.

Aquele riso.

Baixo, contido, com um fundo de ironia e algo mais, como se o mundo inteiro fosse um segredo do qual só ela conhecia o final.

— Ainda bem que manténs as formalidades, Pipe — respondeu, sentando-se com uma elegância descontraída, como se tivesse acabado de regressar ao cenário de onde nunca devia ter saído. — Seria um desgosto se começasses a perder o respeito por mim.

A outra garota soltou uma gargalhada breve e ocupou o espaço ao lado de Chloe, com a mesma confiança de quem sabe que será bem recebida. A mesa encheu-se. As conversas retomaram.

Mas eu? Eu só conseguia pensar numa coisa.

Ela estava mesmo ali. De frente para mim. E parecia tão tranquila.

Como se nada tivesse acontecido.

Como se aquele quase-beijo nunca tivesse existido.

E foi aí que algo se deslocou dentro de mim. Um eixo invisível, qualquer coisa a ranger, a perder o equilíbrio.

Não foi raiva imediata.

Foi uma espécie de calor abafado, uma sensação amarga que me subiu pelo estômago até à garganta. Um desconforto antigo, agora mais claro, humilhação.

A sensação de ter sido feita espectadora de um jogo onde eu não sabia que era peça.

Porque Chloe puxara por mim.

Tinha-me desarmado com a forma como me estudava, concebido uma aproximação feita de intenções que nunca chegavam a ser ditas. Tinha criado um espaço íntimo, um momento suspenso, só para, agora, surgir com outra pessoa do lado, sorridente, intocável, íntima.

Não era só dor. Era frustração.

Era perceber que, mais uma vez, ela jogava com as sombras enquanto eu vivia nas consequências.

E, mesmo assim, ainda a deixava afetar-me.

Isso era novo para mim.

Eu não sabia o que fazer com aquilo. Com esse redemoinho silencioso que me puxava para dentro de mim mesma, enquanto tudo à volta se mantinha igual.

Nunca ninguém me tinha feito sentir assim, nem tão exposta, nem tão silenciosamente descartável.

Nunca ninguém me tinha tocado sem me tocar.

Nunca ninguém me tinha deixado com tanta coisa por dizer e tão poucas palavras para serem expressadas.

Naquele momento, ali sentada, entre copos meio cheios e sorrisos fáceis, percebi que já não se tratava dela.

Era sobre mim.

Sobre o que eu permitia.

Sobre o que eu deixava entrar.

E, sobretudo, sobre o que eu precisava aprender a deixar sair.

Então, respirei fundo.

Mordi o interior da bochecha, tentando conter a irritação que subia lentamente pela espinha. Queria manter-me digna. Queria não reagir. Só que ela sabia exatamente onde tocar. Presenciei o momento em que o seu corpo se inclinou na minha direção.

— O teu nível de prioridades é impressionante. — Comentou ela, com aquele sorriso leve, quase simpático, enquanto girava um copo aleatório entre os dedos. — Frequentar um bar em vez de marcar o horário do nosso projeto de fotografia. Acho que há aí uma certa revelação.

O comentário caiu com precisão cirúrgica. A frase dita em tom casual, embrulhada num verniz de normalidade, com a intenção cortante de sempre.

Era aquilo. Sempre o entretenimento.

Levantei os olhos devagar, sem pressa e remexi-me levemente na cadeira. Encarei-a.

— Não sabia que precisava de te detalhar todos os meus compromissos. — Lancei, num tom calmo, quase indiferente, porém firme o suficiente para deixar claro que algo em mim tinha mudado.

Chloe sustentou o contato visual, talvez à espera de outra versão minha. A que hesitava. A que recuava. A que tropeçava nas emoções.

Essa, já não estava sentada à mesa.

O sorriso da loira vacilou por um momento. Vi o milímetro de surpresa. O ligeiro puxar dos cantos da boca, como se não esperasse resposta. Ou pelo menos, não aquela.

Não desviei o olhar. Desta vez, fui eu quem segurou a pausa tensa.

Por dentro, tudo ainda tremia. Mas por fora?

Estava imóvel. Serena. Fria, até.

Pela primeira vez, o silêncio era meu. E nele, eu não me escondia. Eu escolhia. Talvez ela ainda me lesse. Mas, desta vez, não iria encontrar ninguém de joelhos.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Neste capítulo, Maya mergulha na adrenalina de uma nova experiência, e mais uma vez, percebe que o mundo é muito mais vasto e imprevisível do que lhe ensinaram.

Entre a tensão, a dúvida, o desejo, a mágoa e uma coragem silenciosa, ela começa a aprender, aos poucos, a escolher-se.

Maya ainda está no início dessa travessia, mas talvez, pela primeira vez, não esteja apenas a fugir, esteja, finalmente, a aprender a ficar. Com ela mesma.

O que acham que o próximo capítulo nos reserva?

Obrigada por acompanharem esta jornada!

Com carinho <3


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Comentários para 12 - Capítulo 11:
thays_
thays_

Em: 10/04/2025

E eis que Maya se depara com o sentimento doloroso do ciúmes. Chloe tem um ar de conquistadora, não fiquei surpresa por ela estar acompanhada. Contudo, acho que ela quem ficou surpresa com a reação de Maya. Acho muito interessante como tudo acontece e se constrói nas entrelinhas. Muito ansiosa para o momento em que tudo se torne as claras! 

Será que Ethan está interessado em Maya? Mal ele sabe que o coração dela já tem a cor azul rs

Até breve!


asuna

asuna Em: 10/04/2025 Autora da história
Chloe está habituada a ser observada, mas não necessariamente abalada.
Quanto ao Ethan… há coisas que não precisam ser ditas, e outras que os olhos fingem não notar.

No próximo capítulo, a noite continua, mas o clima muda. As palavras começam a ceder espaço às pausas. E as pausas bem, há pausas que dizem mais do que um beijo.

Mal posso esperar para saber o que vais achar.
Até breve e obrigada por estares tão dentro da história. :D


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