Toda Loucura É Pouca
Quarta semana:
— Que mundinho pequeno, hein Isabela? — Zoe disse já apontando uma arma para a detetive, que prontamente apontou também sua arma.
— Arre, pra que tanta pistola, ninguém vai atirar em ninguém não! — Decretou Mariam.
— Vocês duas estão juntas nisso? Você se fez de moça do interior para me seduzir e me emboscar junto dessa detetive de meia tigela? — Disse Zoe. — É vingança que você quer, Isa?
— Pode parar esse trem aí! Até ansdionte eu era mulher séria e trabalhadeira, nunca tinha visto as fuças de nenhuma de vocês duas! E quem veio toda serelepe pra cima de mim foi você, viu rapariga?
— Deixe Mariam fora disso, Brit, meu acerto de contas é com você.
— Vocês são um casal?
— Por quê, tá com ciúmes? — Provocou Isabela.
— Ciúmes? Esqueceu que eu que te dei o fora?
Isabela trincou os dentes e voltou a erguer a arma.
— Olha, né por nada não, mas acho que esse bololô aí não vai se resolver tão cedo, acho melhor vocês duas trocarem os números do telefone e depois mandar uns áudios bem longos no zap. — Mariam se aproximou do ouvido de Isabela e sussurrou. — Vumbora daqui, estamos no meio do mato na casa de um bandidão.
— Só vou embora daqui depois que a Brit me contar porque me traiu e me denunciou.
— Meu Deus, continua tão ingênua… — Riu a ex-Zoe.
— Eu te amava de verdade, por que fez isso comigo?
— Ela também é bandidona, tá na cara que ela usou você, uai! — Respondeu Mariam.
— Até a caipira é mais esperta que você, Isa. Graças às informações que arranquei de você, subi de posição dentro da nossa organização, agora sou o braço direito de Marechal.
— Tá vendo? Ela fez nós duas de besta. Agora vamos picar a mula daqui, fazendo o favor.
— Ninguém vai a lugar algum. — Bradou Zoe.
— Tem gaio não, dona mulher gato, a gente não vai denunciar nada pra ninguém, só queremos ir pra casa mesmo, não tem bobiça da nossa parte.
Zoe deu alguns passos rápidos até Mariam e se colocou atrás dela, apontando a arma em sua cabeça e passando o braço em sua frente.
— Isabela, jogue sua arma para mim, senão atiro nela.
— Já disse para deixá-la fora disso!
— Arre égua! Ela tá falando sério!
A porta abre-se abruptamente assustando todas.
— Rania?? — Se apavora Mariam ao ver a amiga. — Que cê tá fazendo aqui??
— Amiga!!
— Achei essa mulher espiando pela janela… Zoe, o que está acontecendo aqui? — Estranha Marechal ao ver a cena dentro daquele quarto.
— Essas duas estão de conluio, temos que dar um fim nelas, e nessa outra que chegou também. — Disse Zoe.
— Ninguém rela a mão em minha comadre! — Bradou Mariam.
— Zoe, essa ali não é a policial que você namorava? Você me disse que não tinha mais nada com ela, mentiu para mim? — Trovejou Marechal, um homem de aparentes cinquenta anos, careca e barrigudo.
— Claro que não! Você tem que acreditar em mim!
— Mulher, que trem doido é esse? — Rania chorava abraçada à amiga, que ainda tinha uma arma apontada para sua cabeça.
— Nem te conto, essa intojada da mulher gato é ex da sherlock holmes, parece que botou chifre e tudo, babado forte.
— Estou atrapalhando algo? — Marechal perguntou a elas.
— Moço, deixa a gente ir embora, somos tudo gente do bem, da roça, a gente nem usa drogas. — Pedia Rania.
— Não tô entendendo mais nada, vou buscar corda para amarrar vocês todas.
Quando o traficante se dirigia à porta, eis que ela se abre abruptamente novamente.
— Pai?? — Gritou assustada Isabela.
— Ninguém se mexe! — Ordenou o policial aposentado, com seu farto bigode e uma arma.
Marechal foi para cima do policial e se engalfinharam rolando pelo chão, depois de acertar alguns socos no traficante o deixando zonzo, o bigodudo se levantou e foi logo fugindo dali.
— Vamos meninas! Temos que fugir daqui!
Todas as quatro mulheres correram daquela casa nos fundos da propriedade, logo os capangas começaram a atirar e Zoe desistiu de pegar sua moto, continuando a fuga com os outros, o policial aposentado também desistiu de seu carro já alvejado de inúmeras balas, só restava o carro de Isabela mais ao longe.
Os cinco entraram correndo no carro, Isabela no volante, seu pai ao lado, Zoe, Mariam e Rania no banco de trás de um Fiat Mobi.
— Ai! A mulher gato tá em cima do meu braço! — Gritou Rania.
— E você tá pisando no meu pé! Vai para o lado!
— Hey! Não tem espaço aqui também! Arreda aí! — Defendeu-se Mariam. — Tô mais espremida que uva no cacho!
— Vocês podem parar de brigar aí atrás? Tô tentando dirigir e me desviar dos tiros! E ainda por cima começou a chover!
Um dos tiros atingiu o pneu do carro, o fazendo girar na estrada e sair na direção de uma plantação de milho, saía fumaça pelo capô.
— Abandonar o carro! — Gritou Isabela.
— Ai minha Nossa Senhora da Pamonha! — Desesperou-se Mariam.
Correram milharal adentro debaixo da chuva, chegando até uma rodovia movimentada.
— Será que passa cata-jeca aqui? — Perguntou Rania.
— Que raios é cata-jeca? — Perguntou Zoe.
— Ônibus.
— Deve passar, vamos ficar aqui pedindo carona até aparecer algum ônibus, e torcer para não aparecer nenhum capanga do Marechal. — Disse Isabela.
Meia-hora depois, um ônibus parou para o quinteto, Zoe estendeu a mão para Isabela, que seguiu com ela de mãos dadas, os outros três entraram logo depois e sentaram lado a lado no último banco.
— Ce viu o que eu vi? — Sussurrou Mariam para Rania. — A gata e a rata tão juntas de novo?
— Mas não tinha rolado uma desavença miserenta entre elas?
— Coisa feia, corno e tudo.
— Olha lá, tão se pegando. — Disse Mariam apontando com o queixo na direção do banco onde estava o casal.
— Minha filha não toma juízo mesmo. — A voz grave do pai de Isabela fez as mulheres lembrarem da presença dele ali ao lado delas.
— Essa quenga destruiu a vida da sua filha e agora tá de sem-vergonchice com essa rilienta de novo? — Disse Rania.
— Isabela é apaixonada por Brit, nunca a esqueceu, mesmo depois de tudo.
— Ô tristeza.
— E eu aqui, mais ensopada que gia no brejo, dentro de um ônibus depois de quase tomar tiro, sem mulher gato nem mulher jaguatirica, que situação, amiga… — Desabafava Mariam.
— Pelo menos vamos ter história pra contar quando chegarmos em casa. — Riu.
— Passando por isso nessa idade… Que vergonheira.
— Mas vocês são jovens, é bom viver umas aventuras. — Disse o ex-policial.
— Agradecida pela parte do jovem. — Respondeu Rania.
— São casadas?
— Largamos nossos respectivos trastes.
Rania passou o restante da viagem conversando com o pai de Isabela com animação. E Mariam segurou vela para os dois casais.
— Tá ocupado? — Perguntou uma mulher de longos cabelos negros de aparentes quarenta anos.
— Tá não, moça. — Mariam deu passagem à mulher, que sentou ao seu lado.
— Como está sua noite? — Perguntou após se acomodar.
— Nem te conto. — Riu. — Nem te conto.
Fim do capítulo
Foi uma experiência incrível dividir esse desafio com Jasin Solitudine! Me diverti muito escrevendo as peripécias de Mariam e Rania, espero que vocês tenham gosta de nossas maluquices :)
Obrigada Jasin!
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Eu nunca havia participado de um Desafio do Lettera. Fazer isso ao lado de Cristiane Schwinden e trazendo um tema leve e descontraído foi muito divertido. A cada capítulo a gente jogava um contexto para a outra continuar e foi um desafio a mais; muito prazeroso sem dúvida!
Espero que vocês tenham gostado e suavizado as durezas da vida com algumas risadas.
Cristiane, obrigada por manter esse espaço de fala e sonhos tão massa que é o Lettera. A caipira é muito grata por tudo. Foi uma experiência deliciosa. Espero que venham outras!
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Diderot Dalambert
Em: 13/03/2025
Vamos fazer um abaixo assinado virtual pra esse conto continuar??
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Minh@linda!
Em: 10/03/2025
As Caipiras são sempre mais espertas kkkkk
Isabela curte um amor bandido, fazer o quê?
Que pena que acabou!
Vcs arrasaram!!
Não seria nada mau essa estória se prolongar mais um pouquinho rsrs
Cristiane Schwinden
Em: 17/03/2025
Obrigada por ler! As caipiras se safaram sem nem um arranhão! Uma delas até arranjou namorado hahahahaha
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Zaha
Em: 09/03/2025
Crissssss,
Que capítulo incrível!! Eu ri pacas, nossa senhora!! kkkkkkkkkk
" Cata-jeca" me matou! hhahahahha
"Tô mais espremida que uva no cacho!" Muito engracado tb.
Me diverti muito lendo cada capítulo que Sol e vcs escreveram. Foram muito criativas e cada uma com seu vocabulário caipiresco específico!!
Espero ver mais de vcs futuramente!!!
Beijos
Cristiane Schwinden
Em: 17/03/2025
Obrigada pelo apoio! Foi uma diversão escrever as peripécias de Mariam e Rania, o enredo central surgiu da mente criativa de Jasin, e fui no embalo!
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