--Stefany! – uma jovem corria para alcançar a outra no estacionamento – Stefany! – chamava com insistência – Espera, por favor?

 

Olhou para trás desconfiada. “Quem é essa gorda sem graça correndo atrás de mim?” – não reconhecia – O que foi? – parou diante do veículo

 

--Desculpa te abordar assim, mas faz tempo que eu buscava um momento pra gente conversar! – parou esbaforida ao lado da moça – Aff! – respirou fundo e se empinou toda  – Meu nome é Fernanda, sou monitora de matemática do segundo ano, programadora, hacker do bem e sua fã! – estendeu a mão para cumprimentar – Te sigo no LivrodasFuças e no Fuçagram! – segurou a mão de Stefany com firmeza -- Lá meu nick é Deanna, -- falava com empolgação – uma homenagem a Adeanna Cooke, uma ex-modelo e hacker que ficou conhecida por usar suas habilidades para expor sites de revenge porn e proteger vítimas de exploração! – sorria como assistente de mágico

 

--Ah, tá. – desvencilhou-se da outra – Legal, né? – deu um sorriso forçado – Agora dá licença que eu tenho um monte de coisa pra fazer. – destravou o alarme do carro e se preparou para entrar – “Que mala!” – pensou contrariada ao abrir a porta

 

Ficou sem graça, mas continuou insistindo. – Olha, eu queria muito a chance de fazer uma entrevista pra trabalhar na BoFe! – segurou a porta do carro – Eu aceito qualquer coisa, até varrer o chão ou servir cafezinho! – implorava com o olhar – Fala com a sua mãe? Se ela topar me entrevistar eu garanto que...

 

--Garota, eu vou te situar na realidade: -- forçou a porta para Fernanda soltá-la – geral quer trabalhar na BoFe e a minha mãe não tá disponível pra ficar entrevistando qualquer um. – soprou um beijinho, entrou no carro e partiu

 

A hacker acompanhou o veículo com o olhar e suspirou decepcionada.

 

***

 

--Ah, mãe, eu não assumi compromisso com ninguém de que ia pruma facul, tá ligada? – entrava no quarto a passos firmes – Muito menos uma cheia de viadagem igual essa que você quer que eu vá! – falava revoltada – E você tá em casa tão cedo por que, tá faltando trabalho lá na BoFe? – jogou a bolsa sobre a cama e abriu o closet – Daqui a pouco eu vou pra balada e não quero você aqui pra me encher a porr* do saco enquanto isso!

 

--Veja lá como fala comigo, Stefany! –parou ao lado da filha e a segurou pelo braço – Não sou uma das suas amiguinhas e tampouco dos seus followers, que acham bonitinho tudo que você faz! – encarou a jovem – Eu vim mais cedo pra casa pra gente ter uma conversinha séria e você vai me ouvir, querendo ou não! – falou em tom mais alto

 

--Senão o que, vai me bater? – desvencilhou-se – Não ferra, tá? – seguiu para o banheiro da suíte

 

--Senão corto cada um dos seus cartões de crédito, o carro, confisco seu celular e ainda coloco Jorel pra te seguir por todo lugar que vá! – referia-se ao motorista da família – E seu pai vai concordar com tudo isso, tenha certeza! – cruzou os braços – Até porque ele é muito menos tolerante com os seus arroubos juvenis e surtos de lesbianismo do que eu! -- aguardou a reação

 

Parou no meio do caminho, respirou fundo e virou-se de frente para a mãe. – O que você quer afinal, senhora Yesmin? – perguntou debochada – Fala logo de uma vez pra poupar o seu precioso tempo e o meu!

 

--De tudo que você falou, taí a única coisa que eu concordei: -- aproximou-se de Stefany mais uma vez – meu tempo é realmente precioso e o seu deveria ser também. – olhava nos olhos – Suas notas estão péssimas, só que se você meter a cara nos estudos ainda pode ser que passe de ano, mesmo que de raspão. – avaliava as reações da jovem – E você vai ter que estudar em dobro, porque vai prestar o vestibular pra Faculdade Ecumênica no curso que desejar. – falava com firmeza -- Pelo ANÊIM você não tem chance!

 

--Puta que pariu! – passou a mão nos cabelos e deu uma volta breve pelo quarto – Por que tudo isso agora, hein? – não entendia – Não tava nos meus planos passar o resto do ano me matando de estudar! – reclamou – Eu não quero ser CEO da BoFe, não quero ser engenheira que nem você, não quero ser médica que nem meu pai, que merd*! – falava rapidamente – Eu quero ser influencer e não preciso de diploma pra isso! – retrucou

 

Deu um suspiro profundo. – Entende uma coisa, minha filha: -- gesticulou brevemente -- um diploma universitário, especialmente de uma boa faculdade, muda muita coisa, inclusive pra quem quer ser uma influencer de peso. – buscava convencê-la – Eu nem tô te cobrando pra encarar uma Federal e tô disposta a, mais uma vez, pagar mensalidade cara pra você estudar. – passou uma das mãos nos cabelos da jovem – Além do mais, tenho planos pra você que respeitam os seus desejos. – maneirou o tom de voz – Quero que use de suas influências com os jovens pra promover um produto da BoFe que vamos liberar pra testes com o público. – sorriu – Infelizmente não vai sair em 6 meses como planejei, mas vai sair!

 

--E o que tem a ver isso com me matar de estudar? – continuava sem entender – Eu podia promover tuas parada sem ter que me ferrar por causa delas! – retrucou

 

--O que tem a ver é que eu quero ver você minimamente encaminhada na vida, além de querer contar com sua ajuda pra promover o projeto que será o maior da minha carreira! – falava com empolgação – E não vai dar muito certo se você continuar sendo uma influencer amadora. – deu um beijinho na testa da jovem – Então temos uma escolha a fazer: -- admirava o rosto da filha – ou você aceita e tudo vai dar bom ou você recusa e tudo vai dar ruim, porque vai ficar sem dinheiro, sem internet e sem liberdade. – caminhou até a porta do quarto e se preparou para sair – A escolha é sua, honey! – soprou um beijinho e partiu

 

--Puta que pariu! – cruzou os braços contrariada

 

***

 

--As-Salamu Alaikum! (Que a paz esteja convosco!) – Zaida saudou animada ao chegar no quarto da idosa -- Com licença, dona Adma? – pediu respeitosamente ao entrar – Boa noite! – sorria – E você deve ser a Patrícia, né? – cumprimentou a colega – Prazer, Zaida. – estendeu a mão

 

--Prazer. – apertou brevemente a mão da colega – “Então é essa aí a tal?” – pensou enquanto reparava a mulher

 

--FAZ ALGUMA COISA QUE MINHAS COSTAS ESTÃO ARDENDO! – ordenou – ANDA! – estava mal-humorada – PATRÍCIA RESOLVE NADA! – reclamou

 

--Vamos virá-la de lado e passar o óleo? – falou com a colega –De repente abrir a fralda também pra ventilar o bumbum. – propôs – Não precisa gritar, dona Adma, faremos o que a senhora precisa.  – respondeu com tranquilidade

 

--Ela tava de lado agora mesmo. – movimentava-se para fazer o que a outra sugeriu – Marcilene e Cleide tinham colocado, mas ela pediu pra virar de barriga pra cima de novo.

 

--Mas agora vai dar certo, né, dona Adma? – buscou deixá-la numa posição confortável – Pega a perna dela por ali, Patrícia. – pediu – Pronto! – sorria – Aprovou? – a idosa não respondeu – Não reclamou, deduzo que sim! – brincou -- Então quer dizer que a senhora me quis como sua cuidadora? – segurou uma das mãos dela e a beijou – Saiba que fiquei muito feliz com isso!

 

--Só porque você não é tão chata como as outras. – respondeu sem muita graça

 

--Humpf! – Patrícia fez um bico discreto – “Quero ver até quando vai essa puxação de saco aí!” – pensou – Zaida, eu hoje cheguei um pouquinho mais cedo e ainda não comi. Fica com ela pra eu fazer meu lanche? – pediu

 

--Se dona Adma não se incomodar. – olhou para a idosa – Pode ser?

 

--Vá! – fez um gesto para a outra cuidadora, que saiu do quarto rapidamente – Também não gosta dessa! – confidenciou

 

Acabou achando graça. – E de mim, a senhora gosta? – pegou o óleo e começou a aplicar nas costas da idosa – Já que não sou tão chata...

 

--Não gosta de nenhuma! – fez birra

 

Achou graça novamente. – Ok... – terminou de passar o óleo – Vamos abrir essa fralda pra ventilar esse bumbunzinho? – abriu os adesivos e parou diante da libanesa – Eu queria lhe agradecer pelo que fez por mim. – massageava-lhe o pescoço – Qual a sua cor preferida?

 

Estranhou a pergunta. – Lilás. – respondeu simplesmente

 

--Então no próximo plantão chego aqui com um presente lilás pra senhora. – continuava massageando – Acho até que já sei o que vai ser. – pausou brevemente – Quando nos conhecemos eu disse que gostava de conversar e eu adoro conhecer as pessoas que estou cuidando. – dizia a verdade – Por que não me conta sua história? Quem é Adma Zahia? – perguntou interessada

 

--Uma camela velha! – respondeu de pronto

 

--Ah, isso eu duvido! – começou a massagear-lhe os ombros – Então vou lhe falar de mim. – decidiu – Meu nome é Zaida Al-Bassam, sou filha única, órfã de pai e vivi uns anos com uns tios que me ajudaram a estudar. – contava – Tenho 30 anos, sou cuidadora desde os 20, moro na Rocinha e sou casada com uma pessoa completamente doida mas que é um amorzinho na minha vida. – pensava em Vivi – E essa é minha história!

 

Prestava atenção no que ouvia. – E sua maama? – observou – Não falou dela.

 

Deu um suspiro profundo. – Maama não aprova minhas escolhas de vida e rompeu comigo por causa disso. Não nos vemos há 12 anos...

 

Estranhou a resposta, mas não fez perguntas. -- História sem graça é a sua!

 

Riu brevemente. – Minha vida é simples, mas tô satisfeita com o que tenho. – dizia a verdade – Agora vamos lá. Sua vez! – piscou para Adma

 

“Ela parece ser boa pessoa!” – pensou -- “Que mal há se eu falar de vida? E ninguém nunca quer conversar comigo. Já que ela quer...” – considerou – Eu nasci em Beirute há 80 anos atrás, numa família de classe médio alta que trabalhava com comércio. – começou a falar de si – O clã de baba também tinha tradição de fabricar instrumentos de madeira e por isso desde cedo me via cercada de artistas, poetas...—relembrava – A música logo me interessou e aos 13 anos comecei a cantar no coral do igreja ortodoxa.

 

--Nossa, que lindo! – sorriu interessada – Então a senhora é uma artista? Que honra!

 

Patrícia voltou para o quarto nessa hora e não fez comentários.

 

--Eu virou artista! – respondeu de pronto – Aos 18 anos gravou primeiro disco e aos 21 dançou em filme. Dança do ventre. – lembrava – Aos 24 era grande personalidade do mundo árabe, conhecida e admirada em vários países da região.

 

--Gente! – ficou pasma – E como a senhora veio parar no Brasil? – queria saber – Depois eu quero saber direitinho dos seus discos, dos filmes... – empolgou-se – Quero conhecer tudo!

 

“Humpf, que kaôzinho brabo!” – Patrícia pensou – “A véia esclerosou, isso sim!” – olhava para Adma – É mesmo, que legal, né? – comentou mal disfarçando a descrença

 

--Aos 26 conheci empresário brasileiro que tentava fazer negócios no Líbano. – pensava no ex marido -- Larguei tudo por ele, logo casamos, veio pra Brasil, teve filha aos 28 e aos 50 ele me trocou por garota de metade de idade minha. – rememorou com mágoa – É isso.

 

--Homens... – Patrícia resmungou – O meu me largou quando nosso filho tava com 5 anos. – comentou de cara feia – Canalha, desgraçado!

 

--NÃO QUERO MAIS FICAR DE LADO, VIRA EU, VIRA EU! – Adma repentinamente começou a gritar

 

--Calma, fique calma... – Zaida falava enquanto fazia o que lhe foi pedido – Vamos continuar conversando pra distrair a mente? – movimentava a paciente junto com a colega

 

--Não tem mais conversa! – a idosa respondeu chorosa – Meu pescoço dói muito! – reclamou

 

--Vamos fazer massagem nele de novo. – olhou para a outra – Patrícia, faz massagem nos pés dela, por favor? – pediu

 

Não gostou da ideia, mas atendeu. – Daqui a pouco é a hora dos remédios dela pra dormir, aí convém ficar quietinha, né?

 

--Até onde eu saiba ela não dorme. – olhou para a colega – E nossa obrigação é ficar com ela enquanto precisar.

 

Adma gostou do que ouviu. Sentiu-se acolhida.

 

***

 

--Pegou a lista em cima da mesa? – Malika perguntou – Presta atenção por onde passa com esse carrinho pra não quebrar a roda de novo! – advertiu – Você come carrinho de feira!

 

--Esses carrinhos de hoje em dia são muito fuleiros. Por qualquer coisinha se desmancham que nem Transformers! – Nazira apertou o botão do elevador

 

--Sei... – fez um bico

 

Quando a porta se abriu, Nazira gelou. “Ai, meu Deus!” – arregalou os olhos – “O nerd!” – entrou no elevador dando um pulo ligeiro – Oi, bom dia! – sorria para o homem – Que a força esteja com você! – fez uma alusão ao filme Starwars

 

Malika deduziu quem seria aquele e entrou no elevador desconfiada. – Bom dia. – cumprimentou também

 

--Bom dia. – o homem respondeu mecanicamente sem tirar os olhos do celular

 

Ao chegar no térreo o homem desceu rapidamente sem se despedir e partiu a passos rápidos.

 

--Tchau! – Nazira acenou ao sair do elevador – Ai... – suspirou – Viu que homão, dona Malika? – sorria embevecida – E parece interessado por mim!

 

Achou graça do que ouviu. – Ah, é! – saiu do elevador também – Tão interessado que se perguntar se quem falou com ele é preta, branca, roxa ou amarela, ele não sabe responder. – seguiam em direção à rua – Além do que, saiu sem se despedir.

 

--Ele é tímido. – apertou o botão da portaria para saírem – E cadê o porteiro quando se precisa dele, hein? – olhava para todos os lados – “Tem que saber se já descobriu o nome do nerd!” – pensou

 

--Tanto o porteiro quanto o zelador desse prédio vivem sumindo! – Malika respondeu ao saírem – E o síndico não vê isso aí! – colocou a bolsinha debaixo do braço – Sultan é gato e some bem menos que eles! – falava de seu animal de estimação

 

“Nossa, ele já vai longe!” – Nazira observava o homem que seguia com pressa – “Sabendo que ele sai pra trabalhar por essa hora tenho sempre que dar um jeito de fazer alguma coisa fora nesse horário!” -- planejou

 

***

 

--Hum, mas ela tá tão cheirosa! – agarrou a mulher pela cintura sem que ela esperasse – Tão gostosa... – mordicou-lhe a orelha – Larga esses trem pra lá e vem dar uma atenção pra sua esposa, minha delícia! – virou-a de frente para si e a beijou

 

--Ai, Vivi, tem tanta roupa pra lavar... – respondeu sorrindo e com os olhos fechados – Cê sabe que tem plantão hoje de novo e eu nem descansei direito... – beijou-a – Para, vai? – desvencilhou-se dengosa – Depois que eu acabar aqui quero ver se tiro um cochilo rápido. – virou-se de frente para o tanquinho mais uma vez

 

--Poxa, minha querida, a gente faz amor tão pouco! – reclamou cruzando os braços – Parece até que somos um casal de velha! – fez cara feia

 

--Nossa vida é puxada, meu bem. – respondeu enquanto esfregava a roupa – Atualmente eu só tenho dona Adma pra cuidar, mas ela não dorme. Eu fico bem cansada. – justificava-se – E você raramente tá em casa a essa hora, então a gente desencontra muito. – olhou rapidamente para a mulher – É só nos filmes e nas histórias de ficção que os casais pobres têm tempo de sobra pra ficar fazendo amor toda hora.

 

--E você nem liga que a gente não tenha esse tempo, né? – continuava reclamando – Não dá nem tchum! – observava a cuidadora

 

--É claro que eu me importo. – parou de lavar roupa e olhou para a esposa – Mas infelizmente hoje não dá.

 

“Ser pobre é uma merd*!” – pensou revoltada – Tá bom, Zaida. Não tá mais aqui quem falou. – saiu da cozinha de cara feia – “Depois ela não entende porque eu apronto das minhas como madame Vivi!” – pensava insatisfeita – “Isso é vida? Uma ralando de dia como diarista, a outra ralando de noite como cuidadora e depois nem tem dinheiro suficiente pra poder relaxar um pouco e poder trepar!” – foi até o quarto e abriu o armário – “Não, isso não é vida!” – pegou a primeira roupa que encontrou – “É uma merd*!”

 

--Vivi? – ouviu o barulho da porta da sala se abrir e fechar – Vivi? – correu para ver e percebeu que a diarista havia saído – Nem pra me dizer pra onde ia... – lamentou – Deixa eu voltar pra estender a roupa. – retornou para a cozinha

 

“Eu vou aceitar a proposta daquela dona de Bonsucesso!” – Vivinácia pensava resoluta – “Trabalhar de cigana no terreiro falso dela pode me render um bom dinheirinho extra!” – descia as escadas com pressa – “Tomara que ela ainda esteja interessada em mim!”

 

***

 

--DEITA EU DE BARRIGA PRA CIMA DE NOVO! – Adma gritava – DEITA EU! – estava nervosa – SERÁ POSSÍVEL QUE SÓ ZAIDA SABE DEITAR EU DE LADO?? – reclamava – CADÊ VOCÊS, MALDITAS?? -- berrou

 

--Essa tal de Zaida entrou outro dia e a véia já é toda por ela! – Marcilene reclamava enquanto terminava de comer um pão – Tudo é só ela que sabe fazer!

 

--Claro! A mulher é a maior puxa saco da velha, alimenta um monte de maus costumes! – Cleide bebeu um gole de café – Aí dá nisso! – deu uma mordida no pão

 

--DEITA EU DE BARRIGA PRA CIMA DE NOVO, MALDITAS!! – continuava berrando

 

--Tamo indo! – Cleide respondeu enquanto ainda lanchava calmamente – Tamo indo! – mentia

 

Marcilene sequer se deu ao trabalho de responder.

 

“Desgraçadas! Eu chamo e elas não atendem!” – Adma pensava revoltada – “Vou falar pra Yesmin contratar Zaida por 24h ao invés de 12!” – decidiu – CADÊ VOCÊS, MALDITAS?? – gritou novamente

 

***

 

--Ah, ah, ah!! – uma jovem gemia alto em abandono – Ai, não para, não para! – pedia com os olhos fechados

 

Stefany devorava o sex* da parceira com lábios e língua famintos, levando-a ao orgasmo em poucos minutos.

 

--Cê é muito foda... – sentia os lábios da amante seguindo por seu corpo até se deterem em um dos seios – Pena que não quer ser minha namorada... – fez um dengo

 

--Para com isso, Lu. – mordiscou-lhe o bico do seio direito – Eu não tô a fim de pousar de namorada de ninguém... – seguiu uma trilha de beijos até o pescoço da outra – E você também gosta muito de uma putaria... – sussurrou no ouvido – Que nem eu... – beijou-a nos lábios

 

--Isso é verdade... – riram juntas – Mas olha só... – segurou a jovem pelo queixo – A gente não tá se arriscando muito de trepar na sua casa mesmo depois daquela prensa que a tua mãe te deu? – perguntou preocupada – Tudo bem que teu pai viajou por causa do tal congresso, mas Yesmin tá na área, né? – beijou-a rapidamente

 

--Nada! – saiu de cima de Luiza e deitou-se ao lado dela – Minha mãe só chega tardão, ainda mais que ela tá toda pilhada por causa de um projeto aí. – passou a mão nos cabelos – Relaxa! – virou o rosto para o lado e sorriu

 

--E o que cê vai fazer afinal? – deitou-se de lado e apoiou a cabeça com uma das mãos – Se matar de estudar pra se dar bem na porr* toda? – queria saber – Sabe que eu nem te imagino fazendo isso? – riu brevemente

 

--Eu tô com umas ideias aí e se der certo vou meter você e a Tati nos meus rolos pra todo mundo se dar bem. – sorria maliciosa – Mas nós três vamos ter que fazer tipinho de aluna cabeçuda!

 

--Nós três?? – não entendeu – Cara, olha lá a merd* que você vai arrumar pra gente, hein? – preocupou-se

 

--Cê não quer passar de ano e deixar mamãe e papai orgulhosos? – perguntou insinuante – Confia em mim e fica sussa! – reclinou o corpo e beijou-a com desejo

 

***

 

--Eu nem acreditei quando vi seu recadinho no meu perfil! – Fernanda falava empolgada – Vim correndo pra não me atrasar! – sorria para sua musa – O que você quer falar comigo?

 

--Você disse que queria uma chance pra trabalhar na BoFe, não foi? – Stefany perguntou ao cruzar as pernas  – Tenho um serviço pra você e... – reclinou-se sobre a mesa da lanchonete – A depender do seu desempenho, as portas da BoFe podem se abrir pra você...

 

--Jura?? – perguntou empolgada – Me diz o que é que eu faço!

 

***

 

--Nosso FalaGPiTaco ainda está enfrentando desafios consideráveis pra manter uma compreensão de contexto e memória na interação natural com humanos. – o diretor de pesquisa em IA falava para a CEO – Além do treinamento com grandes volumes de dados exigir o processamento de uma quantidade massiva de informações, no que temos nos esforçado muito para não consumir recursos e tempo excessivos!

 

--Ainda não tomamos uma decisão fechada sobre quais frameworks e servidores vamos usar pra ficar treinando e rodando o modelo de forma definitiva. – a diretora de tecnologia complementou – Estamos trabalhando mas há boas possibilidades não exploradas.

 

--Também precisamos tornar as respostas do protótipo menos mecânicas. – o chefe de ciência de dados se manifestou – Ainda não conseguimos adaptar o tom e o estilo pra serem mais amigáveis e próximos da conversa humana. – gesticulou brevemente -- Isso vai exigir melhorias na forma como se interpreta e se gera um texto.

 

“Esses atrasos estão me irritando tanto!” – pensou contendo a fúria – “Respira, Yesmin, respira!” – aconselhava-se mentalmente – “E pensa na melhor estratégia pra seguir!” – respirou fundo e olhou para os demais – Vamos traçar um novo de plano de ação dividindo o protótipo em subsistemas que se interconectam! – levantou-se da cadeira – Também vamos precisar de mais dados pessoais anonimizados pra poder, inclusive, reduzir vieses e aproximar o modelo de um padrão mais humanizado! – pensava em possibilidades – Preciso tomar um café agora mas quero as senhoras e senhores na sala de guerra em 10 minutos! – decidiu

 

--Dona Yesmin, -- a secretária abriu a porta da sala timidamente – já é a quinta vez que a senhora sua mãe telefona pra poder falar de uma cuidadora.

 

Franziu o cenho. – Isso não é hora pra esse tipo de conversa! – respondeu de cara feia

 

--Por favor, me perdoe, mas ela quer porque quer que a senhora contrate uma tal de Zaida por 24 horas e diz que isso não pode mais esperar. – a secretária continuou

 

“Tenho que ter uma conversinha com essa mulher!” – pensava na cuidadora – “Quero entender porque maama de repente ficou tão encantada com ela!”

Fim do capítulo