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o nosso recomeco (EM REVISAO) por nath.rodriguess

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Palavras: 5248
Acessos: 2274   |  Postado em: 07/10/2024

capitulo quinze: decisoes

 

CAPÍTULO 15. DEPOIS

            Acordei antes de Fê e das meninas, já sentindo o cheiro do aroma da cafeteira timer. Toda vez que eu lembrava da noite passada, um frio percorria minha espinha. Um arrepio gostoso. Memórias deliciosas com a minha ruiva.

            Isso pode soar meio cafajeste, mas é impossível não fazer uma comparação entre as duas – com Fernanda, havia o novo. O diferente. Uma entrega cuidadosa, quente. O jeito que ela me chamou de “amor”, como se eu ocupasse esse lugar não só na cama, mas na vida. Já com Beatriz, era outra coisa. Fogo, mas que deixava cinzas. Era paixão, mas uma paixão com culpa, raiva, sede. O gosto do proibido. Tipo de tesão que machuca depois, irracional.

            E eu estava cansada.

            Peguei uma xícara, sentei na bancada. Desbloqueio a tela do celular e para a minha surpresa, duas mensagens da demônia.

            *Beatriz Duarte*

            - Anna, não desiste de mim, por favor. Não fica com ela, isso me dói tanto! Te ver com outra pessoa que não seja eu, ver alguém ocupando meu lugar me deixa de uma forma que você nem imagina.

            Em seguida, a outra:

            *Beatriz Duarte*

            - me encontra, eu vou estar no Rio essa semana, preciso falar com você. Vamos conversar?

            Não respondo as mensagens e tomo mais um gole da xícara de café.

            “O dia começou bem, graças a Deus” — penso ironicamente.

            Bruna aparece na cozinha com o cabelo bagunçado e eu decido implicar com ela, sorrindo maliciosamente.

            — Bom dia para a mais nova sapatão do pedaço! — Dou uma risada

            — Cala a boca, Anna. O “B” do LGBT não é de biscoito. — ela se finge de brava

            — Conte-me tudo e não me esconda nada.  

            — A gente transou... — pausa dramática — na sua cozinha.

            Ok, disso eu já sabia.

            — E depois... no sofá da sala. E depois... no chuveiro.

            Ela olha para mim com rubor, mas encara o chão e fica em silêncio. Para essa baixinha ficar em silêncio, estava acontecendo uma confusão na sua cabeça. A envolvo em um abraço e ela retribui. Forte. Começa a chorar baixinho, eu sabia o que era aquilo: a descoberta da sexualidade.

            Maria Fernanda chega na cozinha e me olha com um ponto de interrogação na testa quando vê Bruna chorando, faço um sinal para que ela se aproxime. Ela toca o ombro de Bruna em uma tentativa de suavizar o que ela está sentindo.

            — Bru, o que aconteceu? — pergunta preocupada

            — Oi, Fê... eu acho que tô... meio confusa, eu não sei. Não sei mais quem eu sou nesse momento.

            — Você se arrependeu?

            — Não...

            — Foi ruim?

            — Não, foi bom, mas isso é o que me deixa mais confusa ainda.

            Fernanda se senta na bancada, segura as mãos dela e a fita.

            — Ei, olha para mim.

            Bruna a encara com lágrimas nos olhos.

            — Eu sei o que você está sentindo. Quando descobri minha sexualidade, eu tive muitas dúvidas. Isso eu tinha 14 anos, mais ou menos. Fui me conhecendo, descobrindo, escrevendo, lendo muito. Eu mergulhava em pessoas para saber se era mesmo isso que eu queria e o que eu sentia. — ela faz uma pausa, esperando Bruna assentir para continuar — Eu conheci pessoas boas, eu conheci pessoas que não foram tão legais assim, eu descobri o sex*, perdi minha virgindade aos 15 com um cara bem mais velho do que eu, pois eu estava muito confusa. Foi péssimo.

            A olho surpresa, ela me olha com vergonha, mas continua mesmo assim.

            — Dois dias depois, eu fiz sex* pela primeira vez com uma mulher. Eu tinha 15, você tem 25. Você é muito mais madura do que a Maria Fernanda de 15 e vai descobrir quem você é, mas agora nesse momento, você precisa olhar pra dentro de você e conhecer essa nova Bruna, tá bom? E não precisa se rotular, nem se culpar. Você é uma mulher, maior de idade, dona do seu nariz, foi lá e fez algo que te deu vontade. Então não se lamenta, combinado?

            Olho para minha ruiva com admiração e surpresa, ela pisca para mim e Bruna olha para nós duas.

            — Esse momento é difícil, mas seria muito pior se vocês não estivessem aqui, se eu tivesse acordado sozinha e encarasse toda essa situação.

            — Andressa já foi? — Fê pergunta

            — Já sim, ela almoça com os pais todo domingo, não podia se atrasar.

            — Então toma um café conosco para você nos contar como foi? Se você se sentir à vontade para isso, é claro. Quer conversar? — Maria Fernanda pergunta

            — Tá bom, mas a Anna vai fazer meu café fitness.

            Reviro os olhos.

            Enquanto fazia o tal “café fitness” da Bruna, que consistia em ovos mexidos com queijo branco e café com canela, ela papeava com Fernanda sobre o que eu julgava ser nossa noite, pois pelos gritinhos de Bruna durante a conversa e sua tentativa fracassada de gesticular sex* entre duas mulheres, era o que parecia ser.

            — Estão falando sobre o quê? — pergunto, só para ter certeza.

            — Nada, amor. — Fê deixa escapar de novo e eu dou um sorriso na direção dela.

            — Ai, que bonitinho! Gente, vocês já estão assim? Fazem um casal muito bonito, o namoro sai quando?

            — Bruna! — A repreendo

            — O namoro sai quando sua amiga perceber que eu sou o amor da vida dela. — Fernanda pisca pra mim e eu faço uma cara de “você me paga mais tarde”

            — Fê, eu já disse que te amo hoje? — Bruna diz, sorrindo em cumplicidade com Fernanda.

            Nosso café da manhã aconteceu entre provocações e implicâncias entre Bruna e eu, mas não falei nada que a pudesse magoar, aquela descoberta da bissexualidade “do nada”, em apenas um dia, tinha sido demais para a cabeça dela.

            — E então? Vai nos contar sobre a sua noite? — pergunto

            — Então... nós ficamos conversando na sala, e eu acabei contando pra ela que tinha ficado com uma mulher pela primeira vez. Falei como estava me sentindo e tudo mais. — Ela gesticulava muito, os olhos brilhando e as bochechas coradas, mas com muita animação ao mesmo tempo. — Aí ela me olhou e disse: “Você está pronta pra ficar com uma mulher pela segunda vez?” E ainda completou que sentia muito por não ter sido a primeira.

            Ela deu uma risadinha nervosa.

            — E então, a gente se beijou. Ali mesmo, na sala.

            Eu a encarei surpresa, não imaginava que Andressa ia ser tão rápida.

            — Quando vimos que vocês estavam naquela vibe também... Gente! — Ela se virou para mim e Fernanda, com as mãos no rosto. — Uma pausa aqui: vocês já se viram se beijando? Sério! É um espetáculo. É aesthetic demais! Eu shippo muito, meu Deus!

            Revirei os olhos, enquanto ela voltava ao foco da própria história.

— Enfim... Andressa achou que vocês iam se empolgar e me levou pra cozinha. Ela se sentou na pia e ficou me olhando daquele jeito. A gente conversou sobre o trabalho, sobre você, Anna — me lançou um olhar cúmplice —, sobre os milhares de defeitos da Anna e sobre um monte de coisa.

            — Ei! — a interrompo, semicerrando os olhos.

Ela riu e levantou as mãos, como quem se rende.

— Mas a gente se beijava o tempo todo. Ela me provocava... parecia que sabia onde tocar, como tocar. Meus pontos fracos, sabe? Me desarmou em segundos. E... eu dei pra ela. — disse, quase sussurrando, com um ar entre surpresa e confissão.

— Depois, voltamos pra sala, mas vocês já tinham sumido. Eu... não consegui ficar só com aquilo da cozinha. Fui eu quem começou de novo. Por isso estou tão confusa.

— Bru... — a chamo — você é minha melhor amiga, jamais ia brigar com você por isso. Minha casa é a sua casa, contanto que eu não veja o que vocês duas estão fazendo, pois poupe-me dos detalhes visuais, podem continuar se encontrando aqui, caso queiram continuar. Sei que a sua casa com seus pais e sobrinho não vai ser legal e eu não sei como é a vida da Andressa, mas ela mora com a irmã, que é chatíssima. Já conheci a peça. — reviro os olhos.

— E vocês duas? — Bruna sorri fazendo um gesto abrindo e juntando os dedos médio e indicador, simulando uma tesoura.

— O papo é sobre você e não sobre mim — pisco pra ela, já querendo mudar de assunto, pois eu sabia que ela ia me deixar envergonhada na frente da Fê.

Assim que tomamos café, as duas se despediram. Eu fiquei sozinha com os meus pensamentos e o meu telefone com duas mensagens não respondidas. Aproveitei para tomar um banho e ir devolver o carro à locadora, queria tirar aquilo da minha cabeça de uma vez por todas. Pensei em Fê e tudo que a gente estava vivendo até agora, em como ela era inteligente, linda, carinhosa... o que me deixava triste é que eu não conseguia ser dela por inteira, ainda nutria sentimentos por outra pessoa e eu, sinceramente, achava que Fê era incrível demais para merecer algo pela metade.

Voltei para casa imaginando como seria o dia de amanhã. Eu e Dra. Baldez juntas. Estava animadíssima, feliz. Na vida profissional, estava plenamente realizada. Na vida pessoal, estava completamente dividida.

✂✂✂✂

            Cheguei ao escritório pontualmente às 7h, minha sorte era que eu morava há apenas seis estações do meu trabalho e não peguei metrô cheio por muito tempo. Chegando no trabalho, fui olhando tudo ao meu redor e cumprimentando as pessoas. Recebendo as boas-vindas e alguns elogios de como eu estava bonita na festa.

            Fui direto para a copa procurar um café para tomar, como uma boa “cafeinada”. Eu já havia tomado café em casa, mas café nunca é demais e eu queria começar o dia com energia. Olhei para o celular e havia mais uma mensagem de Beatriz.

            *Beatriz Duarte*

            - Estou indo no seu escritório hoje, sei que não quer me ver, mas Kevin quer conversar com você.

            Se eu pudesse rosnar nesse momento, eu rosnaria. Era só o que me faltava. Decido responder a mensagem:

            Anna Florence | adv:

            - Que horas ele vem para eu não estar aqui? E por qual motivo quer falar comigo, já que Roberto e ele são amigos? O Robertoo pode ver qualquer coisa do processo dele a hora que ele quiser, não tenho interesse em prolongar esse vínculo. Essa situação me faz mal, será que você não percebe?

 

*Beatriz Duarte*

- Kevin quer falar com você, eu não tenho nada a ver com isso. Estou indo pq é de praxe que eu o acompanhe em seus negócios.  

*Anna Florence – adv*

- Ah, sei. Você é a esposa troféu, já entendi.  

*Beatriz Duarte*

- Não me ofenda, Anna. Você não sabe nada sobre mim pq nunca quer me ouvir.

Xingo um palavrão e automaticamente meu humor muda, logo cedo ela já estava me irritando. Eu não estava nem um pouco a fim de receber o corno arrogante para falar sobre algo que eu tenho nenhuma intenção de saber.

— Ei, está tudo bem? – Maria Fernanda pergunta, nem a notei chegando.

— Oi – tento disfarçar

— Está tudo bem? – ela repete a pergunta

— Beatriz está me mandando mensagens desde ontem e eu não a respondi, mas hoje já de manhã me mandou mensagem dizendo que vem com o marido aqui, diz ela que ele quer falar comigo.

— Hm – murmura – E isso te afetou tanto assim?

— Sim, me afeta. Quanto mais eu quero estar longe, mais ela quer ficar perto e eu não quero mais esse jogo.

— Então vamos fazer o seguinte...

Maria Fernanda se aproxima, para na minha frente e seu olhar é perigoso.

— Eu vou estar na minha sala, pois não sou obrigada a ver esse encosto. Quando esse abutre finalmente sair do meu local de trabalho, você me avisa.

— Você não tem que fazer isso, Fê. É ela quem não deveria estar aqui.

— Mas está, não é? Não pela empresa do marido, mas por você. – Sorri forçado – Boa sorte.

            Porr*.

            O dia começou ótimo. A visita do casal maravilha e agora, para completar o show, Fernanda sai brava comigo, como se eu tivesse aberto as portas do inferno de propósito. Que fase.

            Mas o que exatamente eu deveria ter feito? Colocado um crucifixo na porta do escritório? Acender incensos e jogar sal grosso na recepção? Eu já deixei claro para essa demônia que eu não queria aproximações.

            Observo Maria Fernanda com passos duros para lá e pra cá, segurando o impulso de bater a porta. Ótimo. Mais um ponto para Beatriz, que consegue me desestabilizar mesmo há quilômetros de distância. Palmas para ela.

             Reviro os olhos e me jogo na cadeira, tentando me concentrar no processo da Maximum Transportes. As ações subiram, o risco de falência foi embora, tudo lindo no papel. Então porque diabos ele vai aparecer com ela aqui?

            Minha vida pessoal parece a última novela das nove da Glória Perez. O que será que aquele corno quer comigo?

            Andressa vem em minha direção cheia de documentos na mão, me lança um olhar preocupado e se senta ao meu lado, em silêncio. Acho que ela está meio receosa de eu brigar com ela por ter trans*do com a minha melhor amiga na minha cozinha. E no meu banheiro. E na minha sala. Dou um bom dia, ela me olha tímida e retribui a gentileza em um volume quase inaudível. Continuo verificando o prazo de alguns processos, colocando as coisas em ordem para eu não me perder.  

— Obrigada. – Digo para Andressa

— Pelo quê? – ela responde arqueando uma sobrancelha

— Por você, Ralf e Fernanda terem feito meu trabalho tão bem que agora eu não tenho nem no que trabalhar – dou um sorriso

— Agradeça a Maria Fernanda, nós só assinamos e revisamos, mas todas as petições, recursos, contestações, foram feitas por ela.

— Ela vai ser uma advogada incrível, não é? – sorrio

— Sim, só falta passar na prova. Se estão juntas, você deveria ajudá-la. Afinal, você não sabe o que é ser somente bacharel em Direito, já saiu da faculdade advogada, passou de primeira.

— Acho que ela não está muito a fim de falar comigo hoje.

— Por qual motivo? Você aprontou? – pergunta

— Aquela ex vem aqui hoje e me mandou mensagens e eu fui sincera com ela, não escondi que ela viria e que estava mexida com a situação.  

— Mas o que ela vem fazer aqui?

— Eu não sei, ela disse que o marido quer falar comigo, mas dei uma olhada no processo dele e está tudo em ordem, não sei o motivo.

— Será que ele descobriu algo? – pergunta

— Não, caso contrário, já teria feito um escândalo e Beatriz não estaria tranquila.

Nesse momento, meu ramal toca e a secretária de Roberto diz que ele está me chamando na sala dele. A paz que eu já não tinha acabou, penso. Levanto-me e vou ao seu encontro, dou 3 batidas na porta e ele me pede para entrar.

— Dra Anna, bem-vinda de volta. – Sorri

— Obrigada, Dr Roberto. É bom estar de volta. – Retribuo o sorriso, mas estranhando seu bom humor.

— Eu te chamei aqui, pois a secretária da Dra Baldez acabou de me ligar, solicitando os seus serviços em um caso criminal. Você sobe para o 14º andar ainda hoje, parece que vão trabalhar juntas.

— Ela havia me falado sobre o assunto na festa, não achei que seria tão rápido.

— Como foi uma ordem direta, não pude recusar. Parece que ela está mesmo bem investida de trabalhar com você. Ofereci outros associados, mas ela foi bem direta quando falou seu nome. Está acontecendo alguma coisa? Além da assistente jurídica, decidiu jogar charme para a dona da empresa também? Não é assim que se cresce na carreira, Dra Anna.

— Como é que é? – pergunto incrédula – Deixa eu te falar uma coisa: a minha carreira sou eu quem faço e a faço muito bem, eu não preciso dormir com x ou y para mostrar o meu valor. Mostro o meu valor com números, que até então, foram bem satisfatórios. E segundo: quem eu durmo ou deixo de dormir, definitivamente, não é da sua conta. Não é porque é meu superior que pode falar dessa maneira comigo, ouviu bem?

— Você pode até subir para o 14º andar, mas seu trabalho aqui continua – esbravejou – Tenho 4 casos novos para você. Você ainda trabalha para mim e vai me respeitar.

— Quero que você saiba que o nome desse escritório é “Proetti-Baldez – Advogados Associados”, você ainda não está na cadeira de comando. Mas sim, trabalho pra você. Você é meu superior, sou ética. Porém, te respeitar é outra história. Meu respeito não é demandado, é merecido. Você não respeita a ninguém, só a si mesmo.

— Não interessa a quem você se reporta. Você vai tomar conta de todos esses casos, não vai repassar para ninguém. Me certificarei de deixar sua namoradinha bem ocupada. ­– sorriu diabolicamente

            Droga, droga, droga! Saio daquela sala pisando em ovos, a minha vida não poderia ser um pouco mais fácil, afinal? Eu não tinha uma pedra no sapato, tinha um pedregulho.

            — Dra Anna? – pergunta a secretária de Roberto ao me ver sair

— Sim?

— O Senhor Kevin lhe aguarda na sala de reuniões, ele veio lhe procurar e encaminhei-o para lá.

— Obrigada.

            Vou em direção à sala de reuniões, eu estava muito, muito, brava. O dia tinha como ficar pior?

— Kevin, a que devo a honra da sua visita? – chego e aperto sua mão, olho para Beatriz e dou um aperto de mão firme para ela – Sentem-se, por favor.

— Bom, Dra Anna. Vou ser direto: os resultados com a empresa foram muito satisfatórios e eu realmente gostaria que você tomasse a frente de tudo. Entregarei meu negócio em suas mãos, toda a documentação, papelada, tudo. Gostaria que você fosse a advogada da Maximum Transportes. Conversei com a minha esposa também, ela não se envolve muito nos meus negócios, mas se envolve na minha vida e ela apoia cem por cento essa decisão.

— Lamento, Kevin. Fui designada pela sócia diretora da empresa a participar de um caso que precisa urgentemente da minha atenção, vou trabalhar com a Dra Baldez na diretoria até o processo acabar e ainda terei os meus casos para dar conta.

 Beatriz me olha com um brilho no olhar, sorri e parece feliz por mim, mas ignoro.

— Posso te indicar uma pessoa que está preparada para lidar com Direito Societário e está finalizando sua pós-graduação nesse ramo, fora que é extremamente competente e quando estive fora, ficou acompanhando seu caso de perto para que nada desse errado. A Dra Andressa é uma ótima advogada. A não ser que queira continuar com Roberto.

— Infelizmente Roberto não poderá continuar comigo, pois vai ocupar o cargo de Advogado Master aqui. Não entendo sobre essas nomenclaturas de vocês advogados, ele me contou na festa de vocês, vai trabalhar diretamente com o dono da firma.

Como assim cargo de advogado master? Nem tem esse cargo aqui na empresa. Dou um sorriso amarelo, tentando disfarçar minha confusão mental.

            — Posso falar com a Dra Andressa e marcar uma reunião. Assim, vocês conversam melhor sobre o futuro da empresa.

— Ótimo, marque sim. Aguardarei o seu contato. Bom, eu já vou indo.

— Dra Anna, Beatriz me contou que vocês estudaram juntas, é verdade?

— Sim, mas faz muito tempo – sorri falsamente

Nos despedimos com um aperto de mão e Beatriz me fez um carinho quando apertou a minha, senti um arrepio, mas não dei confiança para os sentimentos naquele momento. Era muita informação para absorver. No caminho, encontramos Roberto e ele me olhou friamente. Parecia até que eu tinha feito algo ruim para ele, não conseguia entender o motivo de me odiar tanto.

— Meu bem, preciso colocar as fofocas em dia com a Anna, você se importa se eu for na frente enquanto você fala com Roberto? Te espero no carro – diz Beatriz para seu marido

— Não, podem ir. Devo demorar um pouco, tenho que combinar com ele o golfe do final de semana.

— Então vamos? – ela se dirige a mim

— Vamos – respondo sem saída.

Caminhamos até o elevador e quando passei pelo saguão, Maria Fernanda estava conversando com um associado e nos olhou, seu olhar era triste e de decepção. 

Merda. Beatriz me paga.

Assim que entramos no elevador, havia algumas pessoas dentro e, instintivamente, fui para o fundo, tentando me afastar dela. Em vão. Ela parou bem à minha frente, de costas, como se soubesse exatamente o que estava fazendo. Os associados ao redor conversavam entre si, alheios a nós duas. E então, sutilmente, começou a se mover. Aquele corpo colado ao meu, o rebol*do lento, provocante. Sorriu, divertida, enquanto guiava minha mão até sua cintura e depois mais abaixo, até o centro de seu desejo. Meu coração disparou.

Queria recuar, fugir daquela situação absurda — mas a risada baixa e maliciosa dela, a adrenalina de estar sendo tocada ali, o risco, o desejo... tudo conspirava contra a razão.

Para a minha sorte, o elevador chegou à garagem. Me recompus, voltei a postura séria e caminhamos até o carro em silêncio. Quando chegamos na 4x4, seu olhar era carregado de intenção.

Examinei os vidros: de fora, não se via nada. De dentro, tudo era perfeitamente visível. Ela entrou logo em seguida, trancou a porta e me encarou com aquele sorriso malicioso que me desarmava.

Eu estava fodida.

— Enfim, sós.

­            — O que você quer, Bia? – pergunto

— Eu queria que você me escutasse. Mas antes, queria te entregar isso. – Abre sua bolsa e me entrega um envelope.

— O que é isso?

— Nossas lembranças – diz

— Eu não quero... para mim, acabou. Você deveria entender isso.

— É por causa daquela ruiva? – sua voz demonstra ciúme

— Não. É mais por minha causa do que por causa dela. Não me faz bem, eu não quero isso para mim. Você é casada, além do mais, todo seu passado te condena e eu não consigo lhe perdoar pelo que você fez, pode ter acontecido há onze anos, mas não significa que hoje doa menos. Ainda dói e muito.

— Anna, quando eu entrei naquele escritório e vi você, tudo aquilo que eu sentia há anos reacendeu. Seu jeito de me olhar, o seu carinho comigo, até no sex* você demonstra que me ama. Você me ama, Anna. Nem o nosso sex* é só sex* e você sabe disso. Eu só queria que você soubesse que eu largaria tudo só para estar com você. Eu largo Kevin, eu não me importo com ele, fica comigo, por favor.

— O que você sente por mim?

— Não tem nada que eu diga que vá te impressionar, Anna. Nenhuma palavra minha vai apagar o que eu te fiz passar. Eu sei disso. Dizer que te amo parece pouco… ou talvez você nem acredite mais. E tudo bem. Às vezes nem eu sei se você não acredita ou só não quer acreditar.

Ela suspira, seus olhos marejam e eu começo a enxergar um pouquinho de verdade ali.

— A verdade é que eu tô perdida. Estou fazendo as coisas no automático a tanto tempo... eu nunca te esqueci. Eu sempre pensei em você. Quando te reencontrei, acho que o destino quis me dar uma chance para eu voltar e tentar consertar as coisas.

— Eu vivo submetida às vontades da minha mãe, às pressões do Kevin. É como se não houvesse espaço pra mim, pra o que eu realmente quero. E agora... o que eu mais quero é você. Quero te beijar, te tocar, ficar com você. Sim, eu poderia te levar agora mesmo pra um impulso no banco de trás — e não vou mentir, a vontade é absurda —, mas o que eu sinto vai muito além disso.

Ela afaga o meu rosto e o meu coração vacila, então percebendo que estou prestando atenção nas suas palavras pela primeira vez, ela continua:

— Eu não quero só o seu corpo. Eu quero a sua vida. Quero ser a mulher ao seu lado. Quero te assumir, te amar sem precisar esconder. Quero te amar na sua casa, na sua cama. Em todos os lugares. E, mais do que isso, quero realizar os meus sonhos também. Quero fazer a minha faculdade, estudar o que eu amo, sem ouvir que é besteira, que é perda de tempo só porque tenho um “marido rico”. Eu não quero ser a mulher de ninguém. Eu quero ser sua. Só sua.

— Então por qual motivo chamou Andressa para um ménage com você e seu marido?

— Eu queria que ela te contasse, Anna. E eu não sinto prazer com Kevin, eu não consigo. Eu não gosto de homens, gosto de mulheres e estou em um relacionamento forçado, caso não tenha percebido – ela sorri fraco

— Você tem que se separar por você mesma, Beatriz. Não por mim, não por um sentimento que acha que sente.

— Anna, eu estou tão perdida... Quando finalmente decido o que eu quero, você não está disposta, isso é tão frustrante.

— Você não achou que depois de onze anos, você ia estalar os dedos e eu iria querer ser sua amante, né?

— Não, Anna. Não achei – suspira – Não imaginei que seria fácil te reconquistar, principalmente quando me deixou sozinha naquele hotel. Me senti um pouco usada, sabe? – ela dá um sorriso amarelo – Mas isso não quer dizer que eu não tenha merecido, pois eu te usei quando namorávamos. Você só deu o troco e eu ia fazer o quê? Mas quando eu te vi com aquela ruiva, o seu olhar para ela me chamou atenção, quando eu vi você abrindo a porta do carro pra ela eu senti inveja, eu confesso. Eu senti inveja dela, pois ela tem algo que eu sou capaz de nunca ter: além do seu amor, ser tratada com dignidade e respeito. E sabe o que me doeu? Quando eu fui atrás de você na varanda, você estava aos beijos com ela e aquilo acabou comigo. Foi como se você tivesse enfiado um punhal no meu peito e girasse.

— Não foi minha intenção fazer com que você se sentisse usada, Bia. Eu não fui lá com a intenção de revidar algo que você fez comigo no passado... eu fui na intenção de descobrir o que eu sentia e quando descobri, preferi me afastar.

— E o que você descobriu? – ela olha nos meus olhos

— Que eu ainda amo você, mas que não posso viver esse sentimento para sempre. Meu coração está estacionado há onze anos e eu não posso fazer isso comigo mesma, eu sofri muito por sua causa e eu não estou disposta a sofrer novamente. Eu não consegui me envolver sério com ninguém durante esses anos, só com... – paro de falar e uma lágrima teimosa insiste em cair.

— A ruiva? – pergunta

— Sim. Maria Fernanda está conseguindo mexer com meu coração e eu decidi dar uma chance para isso acontecer porque eu simplesmente cansei de sofrer por um amor que não vale a pena. Desculpa não poder corresponder no momento, mas eu tomei essa decisão e não vou voltar atrás.

Ela abaixa a cabeça e sinto que algumas lágrimas começam a surgir em seu rosto. É a minha deixa.

— Eu preciso ir, Bia... é melhor para todos que continue dessa forma. Não desiste de você, se você realmente quer se separar e correr atrás dos seus sonhos, das suas vontades, da sua vida, corre. Eu super apoio, que faculdade quer fazer?

— Biomedicina.

— Então vai atrás do seu sonho, você consegue. Sempre foi muito perspicaz.

Dou um beijo na testa dela, como uma forma de despedida. Ela me puxa para um abraço e eu a abraço de volta. Ficamos naquela posição alguns segundos.

— Anna... eu vou correr atrás dos meus sonhos sim, mas pode demorar o tempo que for... eu nunca vou desistir de você.

— Não desiste de você – pisco

Saio daquele carro me sentindo 10kg mais leve, pego o elevador para encarar duas feras: Roberto e Maria Fernanda. Confesso que eu estava com mais medo da segunda do que da primeira. Em matéria de trabalho, eu estava vacinada, mas em matéria de amor eu era absolutamente nova nisso

Subo e me dirijo ao meu cubículo, onde encontro Ralf puto com alguma coisa no telefone. Prefiro nem perguntar a ele sobre Maria Fernanda pois seria capaz de cuspir marimbondos em mim, resolvo perguntar à Andressa:

— Viu Maria Fernanda?

— Na sala dela. Absolutamente puta contigo, precisava mesmo sair com a sua ex sozinha daqui?

— Precisava. Apenas conversamos e eu dei um ponto final.

— Então fala isso pra Maria Fernanda, pois ela estava com uma carinha triste, deu dó. – ela me olha – Tem certeza que só conversaram? Não rolou mais nada?

— Tenho. Absoluta.

— Então vai lá conversar com a sua ruiva, mas se precisar de colete a prova de balas, tenho um aqui – ela finge que vai pegar algo debaixo da sua mesa, me aponta o dedo do meio e sorri, aponto o dedo do meio de volta e vou em passos largos à sala de Maria Fernanda.

Dou três batidas e ela pede para entrar. Fecho a porta e me encosto nela, mantendo uma distância segura. Coloco as mãos nos bolsos e ela resolve me olhar, mas só por dois segundos, pois voltou sua atenção às anotações que estava digitando no computador.

            — Oi. – Digo

— Oi – ela responde secamente – Precisa de alguma coisa, Dra Anna?

— Um minuto da sua atenção – respondo

— É tudo o que eu tenho, pois estou muito, muito, muito ocupada.

— Ok, não dá para ter essa conversa aqui. Podemos conversar mais tarde quando sairmos?

— Anna, eu não sei se é isso é apropriado. Eu não estou legal, me dá um tempo, por favor? – pede, sem me olhar.

— Tudo bem – suspiro – Posso te ligar mais tarde?

— Sabe o significado de tempo? – ela diz ríspida

­            — Tudo bem — respondo, engolindo a vontade de abraçá-la naquele momento

Saio por aquela porta e trombo com a secretária da Dra Baldez no corredor.

— Doutora Anna, estava lhe procurando! Sua sala já está pronta, pode subir para o 14º, a Dra Baldez te aguarda.

Dou um sorriso confuso.

Céus, eu vou ter uma sala?

 

Pelo menos uma boa notícia no meio do caos. 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Demorei, mas apareci! O que acharam da decisão da Anna? Acham que a Beatriz está disposta a mudar sua vida mesmo? 


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Comentários para 14 - capitulo quinze: decisoes:
Lea
Lea

Em: 06/01/2025

Essa Beatriz é mais falsa que nota de 3 Reais.

 

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 08/10/2024

 Vixe o dia foi tenso em Anna esse Roberto e Beatriz são secretários de Lúcifer misericórdia. 

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Socorro
Socorro

Em: 08/10/2024

Hahahah 

Eu não  confio na Anna, enquanto ela não se desprender desse "amor" pela  Beatriz, ela nao  pode se permitir ser feliz e fazer alguém feliz . pelo jeito esse encosto ainda vai dar trabalho.. 

Maria Fernanda caia fora ... prevejo sofrimento!!

essas duas se merecem!!! Afff 

 


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 09/10/2024 Autora da história
vcs esculhambando a Anna tá ótimo KKKKKKKKKKKKKK a gente escreve o personagem com tanto amor, mds


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Mmila
Mmila

Em: 07/10/2024

Só acho que a Anna tem que realmente reavaliar esse sentimento pela Beatriz. Dez anos esperando e sofrendo. Deu o tempo dela....

Partir pra outra que sabe que quer o bem dela.

Aguardando o próximo capítulo.

Semana que vem seria ótimo.

Só uma dica. :).


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 07/10/2024 Autora da história
Esse lenga lenga da Anna já deu, né? kkkkk nem eu aguento mais, porém, vocês verão que é necessário

Eu vou tentar postar por semana ou duas vezes na semana, ainda não consegui ajustar isso.


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