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Negue se for capaz! por Jessy Mendes

Ver comentários: 2

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Palavras: 4467
Acessos: 634   |  Postado em: 24/07/2024

Capitulo 7 - Dias cinzentos

 

.

 

 

Segunda chegou arrastada, pelo menos pra mim. Não dormi direito e passei o domingo inteiro inquieta. Acordei mais cedo do que o normal, acabei chegando na esperando super adiantada e fiquei na minha sala esperando ela passar. As horas foram passando e nada dela, comecei a ficar angustiada e meu pescoço já estava doendo de tanto espichar para ver o corredor. Levantei diversas vezes para tomar água, café e olha que eu nem gostava muito disso.

Depois de quebrar a caneta no meio, decidi que não aguentava mais aquilo e fui na mesa da Vanessa perguntar se algo tinha acontecido quando escutei o barulho dos seus saltos. Senti meu coração martelar no mesmo ritmo, eu já era capaz de reconhecer aquele barulho em qualquer lugar. Perguntei alguma outra coisa sem noção pra Vanessa tentando disfarçar minha presença ali, quando vi um homem alto, forte, cabelos castanhos claros e lisos, muito bonito, por sinal, atrás de Ana.

Enquanto ela caminhava rumo à mesa da Vanessa, nossos olhares se encontraram rapidamente.

-- Leve os recados, anotações, tudo pra minha sala, por favor, Vanessa.

Passou por mim, só balançou a cabeça em um aceno rápido e entrou em sua sala com o cara. Olhei pra Vanessa com uma cara tipo 'o que foi será?', mas ela já estava arrumando uns papeis e não pareceu achar tão intrigante ou incomodo a postura da chefe. Acho que na verdade todos estavam acostumados a ver esse lado seco da Ana todos os dias. Mas para mim ela parecia triste, cansada e irritada. É... Talvez eu estivesse mesmo ficando mal acostumada, pensei enquanto encarava a porta fechada de sua sala. Mesmo sabendo que eu era uma mera funcionária e não tinha nenhuma importância na vida dela, eu me senti intrigada e irritada. Voltei pra minha sala e torci pra que ela me chamasse logo pra ir trabalhar com ela.

 

 

ANA

 

Acordei cedo e fiquei na cama quietinha pra não acordar o Victor. Eu não queria ter que arrumar outra desculpa pra não fazer sex* com ele hoje, também. Levantei devagar e fui tomar banho. Enquanto eu me esfregava comecei a pensar que eu não queria vê-la! Não queria saber como tinha sido o fim de semana dela, uma vez que, provavelmente, foi maravilhoso regado de sex* e risos! Eu juro, eu não queria vê-la mesmo, não queria saber nada disso e, entanto, eu só pensava nela. Estava contando os minutos para chegar na empresa. Já estava vestindo roupa quando Victor passou por mim resmungando e entrou no banheiro mal humorado, acho que ele não ficou muito feliz por eu não estar na cama quando ele acordou. Não tinha deixado ele me tocar mais nenhuma vez, apenas aquele primeiro dia quando fui pega de surpresa e ele não estava nada feliz com isso. Terminei de vestir roupa, tomei café e me preparei. A ideia de trabalhar sozinha e não ter Lara me distraindo ou seu calor ao meu redor, fazia tudo parecer pior.  Eu sei que trabalhei sem ela a vida inteira, mas foi muito fácil, não importando o quanto lutei, me acostumar com sua presença, seu charme e suavidade nos últimos dias.

-- Vamos? Meu voo é pra hoje ainda e já estamos atrasados.

 

Ele não estava conversando comigo direito, então suas palavras foram ríspidas. Nosso domingo não tinha sido melhor que nosso sábado. Acho que fomos dar umas voltas no shopping enquanto ele comprava algumas roupas e depois ele foi jogar bola com alguns amigos, chegando somente de madrugada. 

- Vamos.

Entramos no carro mudos e saímos calados. Fiquei apreensiva assim que chegamos na empresa e fui direto pra minha sala recitando um 'não vou olhar pra dentro da sala dela, não vou!’. Mas minhas preces nunca davam muito certo, pois na mesa da minha secretária lá estava ela, tão linda quanto me lembrava e, falando assim, nem parecia que fiquei sem vê-la apenas um dia. Vestida hoje com uma roupa social de cores claras, o sol batia nela e refletia com todo esplendor. Não sei por que, mas tive a impressão que ela apareceu como um sol na minha vida. Aquele pensamento me atravessou como um raio, de onde eu tinha tirado aquilo? Mas com Lara era assim, onde ela entrava uma luz ia junto, incrível. Não era a toa que ela conquistou tão rápido meu pai e um cargo tão bom na empresa. Ela se virou pra mim com aqueles olhos que demonstravam tantas coisas e ao mesmo tempo não me diziam nada. Desviei o olhar, rapidamente, já balançada com a intensidade daqueles olhos e pedi para que Vanessa mandasse todos os recados pra minha sala, evitando qualquer janela de conversa que pudesse surgir. Balancei a cabeça em um aceno rápido, tentando não ser grossa, mas mostrar que ela era somente uma funcionária qualquer e corri pra minha sala com Victor na minha cola. Não, ela não era somente uma funcionária para mim e nunca seria. Assim que entramos e fechei a porta, ele assobiou.

-- Uau, quem é aquela parada ali fora?!

 

Eu ainda estava meio tremendo pelo encontro inesperado com ela, quando olhei pra ele como quem não entendia bem sua pergunta. O encarei séria, que cara era aquela? Ele não tinha ética no emprego? Respeito comigo? Eu tinha entendido bem?

-- A nova funcionária que meu pai escolheu, por quê? – Fingi desinteresse.

-- Ah, tinha que ser seu pai. Nunca vi mais bonita, que boca... – Seus olhos brilharam de um jeito horrível. - Tenho que dar parabéns pessoalmente pra ele.

-- Eu acho que no mínimo você deveria ter alguma ética, ela trabalha para nós e segundo, eu sou sua namorada, não? – Tive que respirar fundo para não perder a cabeça, acabei jogando uma pasta cheia de documentos, com muita força em cima da mesa.

-- Você quer me falar agora que é minha namorada? Não vi você se lembrar disso durante todo o fim de semana!

-- Eu estava cansada! – Levantei os olhos para ele.

-- Eu que estou cansado das suas frescuras, seu pai tem toda razão. Eu deveria ver que você não é o suficiente pra mim! Tenho mesmo que sair reparando e querendo outras, já que você não me satisfaz! – ele cuspiu as palavras.

-- Só porque eu não abri as pernas pra você me comer esse fim de semana, você se acha no direito de falar assim? Vai se foder, Victor! Pode ir que nem um cachorrinho então atrás de quem você quiser e, por favor, feche a porta! O prazer será todo meu. – E com isso sentei, puxei os documentos para mais perto e tentei ver o que era aquilo. Nós dois já estávamos muito alterados e eu não queria briga!

-- Você sabe muito bem que você está presa a mim, querida! Não importa quem eu coma ou o que eu faça e você devia me agradecer por isso. Seu pai te mataria se você me largasse ou você se esqueceu que nosso casamento é o mesmo que a união das empresas? Meu pai também tem grande parte aqui, queridinha. - ele foi murmurando, chegando muito perto e eu senti nojo do seu hálito. Rangi os dentes de raiva, mas o que poderia eu falar? Engoli cada resposta mal criada presa na garganta, a seco.

-- Isso! Você sabe que não tem nada que possa falar ou fazer. Então, eu acho melhor você aprender a abrir as pernas pra mim, direitinho, e começar a me satisfazer antes que eu vá foder com a novata gostosa!

De tudo o que ele disse, aquela última parte foi a que mais me fez sentir vontade de voar no pescoço dele! A imagem dele com ela, beijando e tocando me deu nojo e ódio, uma raiva que quase transbordava pelos meus olhos. Ele se afastou, arrumou o terno, saiu e bateu a porta. Assim que me vi sozinha a raiva, finalmente, transbordou. Eu estava morta de ciúmes, eu só não sabia de quem. Pensava que era ciúmes dele, mas eu não me importava dele ficar com outras mulheres, nunca importei, mas eu o mataria se ele ficasse com ela! Agora ele tinha saído e vai que foi atrás dela? Ela daria bola para ele? Ela disse que não ficava com homem, mas nunca dizia nunca. Senti raiva de mim, raiva dela, raiva de mim, ciúmes dela! Eu iria enlouquecer se continuasse assim, mas um dia lá na frente eu entenderia.

 

 

 

Lara

Escutei alguns sons meio abafados, vozes em tom algo, mas não dava para escutar direito. Desde que ela atravessou aquela porta e se trancou lá dentro, eu não consegui tirar os olhos de sua sala. Esperei que ela saísse e que chamasse Vanessa, me chamasse ou simplesmente aparecesse. Meu coração já estava pra lá de aflito e minhas pernas já estavam formigando, pois elas estavam em um tique nervoso frenético. Vi quando a porta se abriu e o homem saiu de lá, tentando parecer bem, mas aparentemente alterado. Nem vi quando levantei e fui em direção a sala dela, com passos rápidos. Eu iria roubá-la e levá-la pra bem longe se aquele infeliz, fosse ele quem fosse, tivesse feito algo. Por mais que eu soubesse que ela não era mulher de se abalar fácil, ela parecia tão frágil hoje. Fui parada por uma voz.

-- Tem certeza que vai entrar aqui menina? - Vanessa me olhou com uma cara de quem avisa.

-- Por quê? – Eu não entendia o porquê da pergunta, só queria entrar logo naquela sala.

-- Ela acabou de brigar com o namorado, provavelmente, porque ele saiu todo nervoso.

Meu estomago revirou, aquela informação não tinha me caído bem.

-- Ele... Esse cara é namorado dela?

-- Sim. Futuro noivo... Não sabia? – Ela me perguntou com uma cara de quem me contava algo muito óbvio.

-- Não... Não sabia. Por que brigaram? – Pensando bem, eu estava tão afundada em Ana que nunca havia parado para saber quem era seu namorado. Que mancada.

-- Não tenho a mínima ideia, mas me manteria longe se fosse você. A dona Ana tem nervos complicados...

 

Ela disse isso como quem não se importa, mas seu olhar mostrava que o humor de ano afetava a todos, principalmente ela por ser sua secretária. Senti pena dela, ela era uma boa pessoa e excelente funcionária. Infelizmente, Ana nunca foi fácil com os funcionários, em geral. Fiquei parada com os pés colados no chão, encarando aquela porta sem realmente vê-la e comecei a sentir pena de mim por estar me metendo nisso. Depois veio um misto de raiva, porque sim, ela tinha nervos complicadíssimos, os quais dificultavam e bagunçavam minha vida, totalmente, mas ainda sim...

-- Vou entrar... – Eu disse, ela deu os ombros e me lançou um último olhar como quem diz: 'te avisei'.

-- Boa sorte.

 

Eu precisaria mesmo. Engoli seco, assenti com a cabeça e fui. Bati na porta e não esperei resposta, o ‘toc toc’ foi apenas uma maneira de avisar que eu estava entrando e entrei. Eu quase precisei de um babador, ela era muito linda, e precisei mais ainda me segurar para não correr até ela. Ela estava virada pra janela, de costas pra mim, com uma saia social colada no corpo. Já comentei como eu adorava as pernas dela? Pois é, eu adorava! Me senti uma criança com muito medo e muito receio. Sua mão estava no rosto, como quem tenta segurar um espirro ou o choro. Eu queria tocá-la, desesperadamente. Eu queria protegê-la. Alguém mais além de mim conseguia ver o qual frágil aquele ser de concreto era? Fechei a porta e falei numa voz arrastada, como se eu fosse capaz de sentir sua dor.

-- Ana... – Eu não sabia o que dizer, mas queria que ela entendesse tudo que eu sentia aquele momento, com a simples menção do seu nome.

Ela fungou e meu coração ficou mais apertado ainda. Depois ela suspirou, limpou o rosto muito disfarçadamente e falou numa voz arrastada.

-- Ninguém te chamou aqui, Lara. Não me lembro de ter te chamado. – Nossa! Aquela doeu. Abaixei a cabeça triste.

-- Eu sei. Ninguém me chamou. – Mal completei a frase e ela disse.

-- Então, o que faz aqui? – Ela ergueu a cabeça como quem busca ar.

-- Vim... – Busquei alguma coisa em minha mente, algum caso em aberto, alguma transição comercial, mas eu não tinha nenhuma desculpa agora, então escolhi pela verdade. - Vim saber se você está bem... – Não disse mais nada além daquilo, pois era a verdade em estado puro e simples. Ela soluçou e eu dei um passo pra frente. Ela colocou a mão na boca de novo segurando o choro e eu esperei rua resposta, que foi cortante.

-- Não te pago um salário pra isso... – Acho que talvez um tapa não teria doído tanto.

-- Sei que não... – O que responder em um caso desses? Minha voz saiu baixa e em tom doloroso. Hoje ela estava cruel e infelizmente, suas palavras tinham um poder enorme sobre mim, eu descobri. E o pior era que eu não tinha nenhum controle sobre isso.

-- Pode ir para sua sala, não vou precisar de você aqui hoje. - Ela limpou a garganta e disse em uma voz seca. Mas eu não sairia dali enquanto não visse seu rosto, enquanto ela não virasse pra mim. Suspirei também antes de dizer.

-- Por que isso tudo, Ana? O que foi?

-- Já te dispensei. Agora, por favor, pode trabalhar na sua sala hoje, sozinha.

-- Eu... - Eu não tinha o que falar, no entanto muita coisa estava presa na minha garganta. Várias coisas passaram em minha cabeça. Por que ela estava me mandando trabalhar sozinha? Ela não me queria mais perto dela só porque eu gostava de mulheres ou era outra coisa? O meu medo do meu final de semana inteiro tornaria realidade e ela me afastaria? -- Isso tudo é por causa da briga com seu namorado ou alguma coisa pessoal comigo? - não queria acreditar que seu preconceito tivesse falado mais alto ao final.

-- Lara, - Ela fez outra pausa. - Eu não estou com paciência hoje pra carência de ninguém! – Carência? Como assim? Eu estava preocupada e ela vinha me falar de carência? Não entendi muito bem onde ela queria chegar com aquele comentário, mas me senti explodindo de dor, de raiva, mágoa, de tudo! Aqui estava eu de cabeça baixa, deixando ela ser grossa desde que cheguei, por puro capricho dela.

-- Desculpa se eu, como sou, maculo seu mundinho rico e perfeito, Srta. Ana. Também não vou ter paciência com seu preconceito. – Acho que fiquei meio cega de raiva, só me lembro de caminhar até a porta e antes de sair, falei. Dessa vez sem raiva na voz.

-- Esperava bem mais de você, sinceramente... - Ela se virou pra mim bem nessa hora. Vi seus olhos vermelhos e me arrependi de tudo que disse, no mesmo instante. Mas ainda sim, a mágoa estava ali sufocando nós duas naquela sala. Olhei aqueles olhos, lindos, mas triste uma última vez, fechei a porta e quis chorar também.

Fechei a porta e fiquei segurando ou quem sabe, me apoiando na maçaneta por um tempo de olhos fechados.

-- Você está bem? - Vanessa me perguntou preocupada. Imaginei que minha cara não devia estar das melhores. Minha boca estava seca, emudeci os lábios, passei a mão no rosto e dei um sorriso sem graça.

-- Sim, claro. - Ela sabia que não, mas só deu um sorriso solidário e caminhei pra minha sala.

 

ANA

 

Assim que Victor saiu da sala eu senti as lágrimas transbordando. Nunca me senti tão mal, tão impotente, como um objeto ou tão sozinha. Eu não tinha ninguém e a pessoa que eu mais queria agora do meu lado, me fazendo rir, eu estava proibida de sequer pensar. Me senti tão morta, às vezes tudo que eu queria era ser uma mulher normal, sabe? Sair com os amigos, rir, errar e não ter tanta responsabilidade nas costas. Fiquei com nojo da minha vida. Alguém bateu na porta interrompendo meus pensamentos, despertando ainda mais meu ódio. Eu não queria conversar com ninguém e se fosse Vanessa, ela não se atreveria a entrar se eu não respondesse. Então continuei olhando pra janela, onde eu gostaria de ter asas e sair voando quando alguém abriu a porta. Reconheci além dos passos, a respiração e me senti quente, automaticamente. Não, eu não podia e aquilo não estava acontecendo! Não queria ela ali. Eu estava frágil e ela deveria ir embora, antes que eu me jogasse em seus braços e chorasse. Antes que ela quebrasse todas as minhas barreiras, como vinha fazendo todo dia desde que apareceu em minha vida, e eu não tinha mais forças pra mantê-las firmes. Escutei sua voz e foi como se me tocasse.

-- Ana...

Não aguentei e soluce, por Deus, eu não era de ferro. Tentei tanto prender o choro que quase fui sufocada por ele. Será que ela não percebia que eu não podia? Não podia me dar ao luxo de querer viver, porque eu tinha que viver em função da empresa e não podia fazer isso com meu pai. Minha mãe já o abandonara uma vez e não podia fazer o mesmo. E ela estava tornando o meu fardo muito mais pesado, me fazendo querer me livrar dele, com sua mania de tornar tudo mais leve enquanto estava por perto. Eu precisava que ela me odiasse, para que não houvesse sorrisos quando ela entrasse na sala, para que não houvesse quebra de barreiras, para que não houvesse tortinhas, para que não houvesse leveza e calma quando eu sentisse o cheiro do seu perfume. De fato, eu precisava que ela me odiasse, mas era tudo que eu não queria.

 

-- Ninguém te chamou aqui, Lara. Não me lembro de ter te chamado. – Será que ela perceberia a quantidade de dor em minha voz ao falar assim?

-- Eu sei. Ninguém me chamou. – Pareceu uma criança triste falando. Eu precisava ser rápida.

-- Então, o que faz aqui? – Busquei ar e levantei a cabeça como se as lágrimas pudessem voltar para dentro. ‘Vai embora!’ Era tudo o que eu pensava, ‘eu não tenho forças hoje pra lutar contra sua luz, Lara, então vai embora!’

-- Vim... - ela gaguejou e eu fiquei curiosa por sua resposta. - Vim saber se você está bem... – Ela despejou as palavras. Sua voz soou preocupada, mansa e pesarosa. Solucei e tentei sufocar o choro de novo. Não me lembro da última vez que alguém se preocupou comigo daquele jeito. Na verdade, ninguém nunca se preocupava comigo, porém havia tanta preocupação em sua voz que eu quis ceder, mas não podia.

-- Não te pago um salário pra isso... – Me cortou por dentro dizer aquilo

-- Sei que não... - machucada, ela estava começando a ficar machucada. Era perceptível em sua voz e eu quis gritar, porque aquilo doía em mim! Muito mais que qualquer sensação que já tive antes ao machucar meu pai ou o Victor. E eu nunca me preocupei em machucar um funcionário antes.

-- Pode ir para sua sala, não vou precisar de você aqui hoje.  – ‘’Vai, Lara.’’ Eu não queria machucar mais ela, não podia! E eu nunca poderia ficar no mesmo lugar que ela hoje. Seria como resistir à água no deserto. Precisava que ela fosse e não aparecesse ali tão cedo.

-- Por que isso tudo, Ana? O que foi?

Senti dor naquela voz outra vez, mas o que eu falaria? ‘Você está virando meu mundo de cabeça pra baixo? Eu penso em você todo tempo e não entendo o porquê disso.’’ ‘Eu quero sua presença todo tempo como nunca quis a de ninguém? Não quero que você saia com advogadas ou com pessoas como o Victor, porque descobri que sou egoísta e quero os sorrisos só pra mim?’’ ‘Porque meu pai não está nem aí pra mim, desde que eu permaneça firme no acordo e nesse namoro, o qual eu não sou feliz? Porque preciso satisfazer um homem que só pensa em si mesmo e sou tão prisioneira dele quanto dos negócios.’’ ‘Pago até hoje pelo fato de minha mãe ter nós abandonado e não consigo fazer sex* com meu namorado porque a imagem de você com outro alguém não me sai da cabeça!’’ Não, eu não podia dizer nenhuma daquelas coisas, então disse:

-- Já te dispensei. Agora, por favor, pode trabalhar na sua sala hoje, sozinha.

-- Eu... - ela começou falando, mas respirou fundo antes de continuar. -- Isso tudo é por causa da briga com seu namorado ou alguma coisa pessoal comigo? – O que ela queria dizer com aquilo? Não entendi muito bem, só sabia que por Deus, se ela continuasse, eu ia desabar. A situação estava ficando urgente.

-- Lara, eu não estou com paciência hoje pra carência de ninguém! – Disse sem pensar, porque na verdade eu queria dizer. ‘Lara, eu não tenho força hoje para lutar contra esse turbilhão de coisas que estou sentindo, muito menos contra o que você me faz sentir.

Ouvi sua respiração ficar pesada atrás de mim quando ela disse.

-- Desculpa se eu, como sou, maculo seu mundinho rico e perfeito, Srta. Ana. Também não vou ter paciência com seu preconceito. - Ela falou muito rápido praticamente cuspindo cada palavra. Assim que elas me atingiram, eu tremi. Preconceito? Que preconceito? Sobre o que ela estava falando??! Abri a boca para perguntar o que ela queria dizer com aquilo, já estava prestes a me virar quando escutei ela abrir a porta. Paralisei ali por um segundo quando ela disse:

-- Esperava bem mais de você, sinceramente... – Sem pensar, virei e encarei ela. O que estava acontecendo ali? Eu não sabia do que ela estava falando e não entendia o que estava passando dentro de mim. Só queria que ela olhasse dentro dos meus olhos e visse a confusão, a loucura, e a dor que eles emanavam. Queria pedir socorro, queria pedir que ela ficasse ali comigo. Queria dizer muita coisa enquanto olhava pra ela, no entanto ela fechou a porta e se foi.

Sentei na cadeira e quis ser sugada por qualquer buraco. Tentei segurar ao máximo o choro, mas não dava. Não bastava o inferno que o final de semana tinha sido, eu ainda brigava com ela? Eu não queria brigar com ela, eu a queria, constantemente em minha vida! Mas por que tinha que ser tudo tão complicado e difícil? Eu chorava e chorava. Minha vontade era de sair correndo, lhe pedir desculpas e abraçá-la, mas eu não podia fazer isso. Quanto mais perto dela eu ficava, mais eu me afastava de todo o peso que eu devia carregar. Eu não entendia porque tinha que ser assim, e entendia muito menos o que estava acontecendo dentro de mim. Eu precisava de um tempo pra pensar, analisar e entender toda a loucura que estava acontecendo na minha vida. Liguei pra Vanessa dizendo que não queria ser interrompida em nenhum momento, por ninguém. caminhei até o sofazinho no canto da sala e me deitei.

 

 

Lara

 

 

Eu nem lembro como passei o dia. Eu me sentia tão cansada, exausta para falar a verdade. O almoço passou, a tarde passou, a noite foi se aproximando e ela não apareceu mais. Eu não conseguia ler uma linha do que estava em minha frente, mas fiz todo esforço do mundo para afastar algumas lágrimas que surgiam de vez em quando. Eu não sabia o que estava acontecendo com ela, só sabia que ela tinha sido extremamente grossa e idiota! Mas eu sabia muito menos o que estava acontecendo comigo. Senti meu coração bater na boca quando ela saiu, já com sua bolsa nas mãos e não voltou. Ela passou como um raio e sumiu pelo corredor. Ela estava aparentemente bem, mas não havia conseguido ver seu rosto direito. Ela abriu a porta, passou correndo pelo corredor e assim se foi. E lá estava eu, acabada! Não consegui me concentrar no trabalho o dia inteiro, meu almoço com o Lucas foi desastroso, ele percebeu minha agonia, mas graças a Deus preferiu não insistir no assunto 'Ana' e ficou falando do Mau. Eu não tinha o que falar sobre ela, se nem minha cabeça conseguia organizar um pensamento decente sobre aquilo tudo. Arrumei minhas coisas e fui embora, pelo menos eu tinha cumprido o esperado do dia. Dirigi distraidamente, pensando em milhares de coisas, mas todos os meus pensamentos só tinham uma pessoa. Eu tinha que superar esse amor platônico e continuar minha vida normalmente, apesar do poder que ela tinha sobre mim. Eu tinha que reencontrar minha vida, em algum lugar, uma vez que eu não podia me perder na dela.

 

 

ANA

 

 

Sai um pouco mais cedo do escritório, minha cabeça não estava naqueles papeis e muito não estava naqueles telefonemas. Victor foi embora sem se despedir e no fundo nem me importei, mas já imaginava a briga que viria amanhã do meu pai, com certeza. Queria chegar em casa, tomar um banho e relaxar. Não havia saído da minha sala o dia inteiro, receosa de encontrar Lara pelos corredores e acabar abraçando-a ou pior, desabando a chorar. Sai da minha toca praticamente correndo e fui pra casa. Assim que cheguei fui tomar um banho, tirar esse peso que estava me consumindo. Fechei os olhos, deixei a água escorrer e sem querer lembrei o sonho e do quase beijei. Abri os olhos assustada e decidi que já bastava de banho por hoje! Comi alguma coisinha e fui pra internet tentar me distrair. Assim que entrei no MSN ela estava online, eu nunca dava meu e-mail pra nenhum funcionário, mas ela trabalhava em conjunto comigo, então eu passei. Mas também, vou confessar, eu gostava de conversar com ela! Às vezes estávamos uma do lado da outra, a poucos metros de distância e ela me mandava alguma dúvida ou fazia tremer minha janela. Eu sempre sorria e ela sorria de volta! Aquela lembrança fez outro sorriso em meu rosto surgir e não resisti. Abri sua janela! De principio só pra ver sua foto, aqueles cabelos jogados para o lado e o sorriso grande estampado. Sorri mais uma vez, era incrível como uma simples foto já me fazia suspirar e ao mesmo tempo me trazia calma. Digitei 'Oi', apaguei, depois digitei 'você está aí?' e apaguei de novo, digitei, 'conseguiu trabalhar sozinha hoje?' e de novo apaguei. Fechei o notebook completamente frustrada e fui tentar dormir!

 

 

.

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi, meninas, tudo bem? Quem aí está sentindo quer mais capítulos e vai ajudar a autora com comentários que aquecem o coração??? <3


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Comentários para 7 - Capitulo 7 - Dias cinzentos:
S2 jack S2
S2 jack S2

Em: 24/07/2024


Eu só consigo sentir pena da Ana...


Responder

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Booksreaders
Booksreaders

Em: 24/07/2024

Finalmente chegou hehe, estava aguardando a semana toda.laughing

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