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Negue se for capaz! por Jessy Mendes

Ver comentários: 8

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Palavras: 5137
Acessos: 785   |  Postado em: 24/07/2024

Capitulo 8 - Pagar pra ver?

.

 

Lara

 

Outro dia chegou, sem nenhuma mudança até agora, porque ela ainda não conversou comigo. Passou pelo corredor, pegou as anotações de sempre com Vanessa, entrou pra sua sala e eu não soube nada mais sobre ela. Eu estava no limite da minha angustia, mas se ela estava me evitando, eu não correria atrás dela. Maldita hora que me assumi! Me xinguei um milhão de vezes! Ela dissera que eu não perderia o emprego, de fato ela não me despediu, mas a distância estava me matando. Ia acabar sendo despedida de qualquer jeito por distração, falta de concentração no trabalho ou impulso, pois uma hora eu não ia aguentar e beijaria ela! Já estava tudo fodido, mesmo. Atrapalhando um dos momentos em que eu estava tentando ler a mesma linha pela décima vez, ela abriu a porta da sua sala, passou direto por mim com um andar duro e deu pra perceber que ela estava diferente, meio triste e com um olhar determinado ao mesmo tempo. Remexi a bunda na cadeira, eu não estava aguentando mais! Olhei a vista pela janela tentando buscar alguma sanidade e suspirei. Passei a mão no cabelo, olhei em volta, reparando que ainda era cedo e quase não tinha ninguém naquele andar. Mandei tudo pro espaço, me levantei e fui atrás dela. Antes que eu pudesse alcançá-la, ela entrou na sala de reuniões e encostou a porta. O que estava acontecendo? Com quem ela conversaria? Eu estava a um passo da loucura, não é mesmo? Aproveitando o embalo da minha loucura me escondi atrás de uma pilastra. Ainda era cedo, a maioria das pessoas ainda não tinha chegado, então me escondi e escutei.

 

 

Ana

 

Acordei pra outro dia com mais uma noite mal dormida. Sonhei com Lara novamente, ela quase me beijava e eu me deixava quase ser beijada. Que droga! Aquele sonho nunca se completaria? Ela nunca me beijaria? Ao mesmo tempo em que eu pensava isso, eu tentava excluir esse tipo de pensamento, justificando que eu só estava demais com ela na cabeça. A culpa me atingiu durante a madrugada. Ela achava que eu não estava conversando com ela por preconceito? Por não aceitar ela gostar de mulheres? Será que era isso? Mas era a única coisa plausível a se pensar. Cheguei a essa conclusão depois de relembrar todos os detalhes que vivemos esses dias. Se ela soubesse como lá no fundo o fato de ela gostar de mulher me fazia tremer. Lógico que eu não era preconceituosa, aquilo não tinha nada a ver, mas ainda sim preferia que ela pensasse isso. Pelo menos, assim, ela ficaria longe. Pois eu não tinha mais nenhuma força para resistir a ela. E quanto mais os dias passavam, eu não parecia estar ficando mais forte contra seus sorrisos ou contra seu jeito leve. Não era como se eu me acostumasse com sua ausência, porque já havia quatro dias que não conversávamos e na realidade eu me sentia mais fraca e vulnerável sem ela.

Enquanto tomava café, lembrei dos meus sonhos e de como eles me enchiam de desejo. Eu sempre acordava sensível, dobrava as pernas e tremia. Por Deus, eu era uma mulher racional, acima de tudo e estava na hora de começar a encarar as coisas, encarar a verdade, se de fato havia uma. Então vamos por partes. Eu sentia necessidade da sua presença, sentia falta das nossas conversas, da alegria que ela transmitia e do seu calor. Mas será que eu não estava confundindo as coisas? Talvez eu só estivesse carente de amizade, mas então porque aqueles sonhos me invadiam? E por que eles sempre me deixavam tremendo? Eu tinha que descobrir o que era, porque eu já não aguentava mais ficar sem sua presença! Eu não me lembrava de ficar tão triste assim por algo, havia muito tempo! Nunca havia saído mais cedo do trabalho, nunca me desconcentrei das minhas atividades e nunca odiei tanto o sex* com meu namorado. Não que eu achasse bom, mas também não odiava tanto assim, e nunca foi tão difícil conviver com ele como foi nesse fim de semana. E não foi nada agradável passar esse tempo todo pensando nela com a tal advogada, quase morrendo de raiva. Olhando o relógio toda hora, contando os minutos, mesmo sem confessar para mim mesma, só para que ela estivesse na empresa comigo e só comigo de novo. Fui trabalhar já sabendo que em algum momento eu iria procurá-la, mas primeiro, como eu já imaginava, meu pai me esperava. Entrei séria como sempre, fui pra minha sala e esperei o telefone tocar, o que não demorou muito.

-- Ana, seu pai te espera na sala de reuniões.

-- Obrigada, Vanessa, já estou indo.

 

Fui de cabeça erguida e passos firmes, eu já sabia o que viria. Antes ia de cabeça baixa, pronta para aguentar tudo caladinha, mas agora alguma coisa havia mudado! Eu não estava feliz. Estava magoada, irritada e queria que ele soubesse disso! Entrei e fiquei parada perto da porta já na defensiva, apenas apoiei na mesma e fiquei ali, nem fiz questão de fechá-la. Se ele viesse com fogo, eu já estava perto da saída. Ele ficou me encarando e eu de volta sem dizer uma palavra sequer. Fiquei lá, firme, até onde eu desse conta. Ele suspirou, retirou os óculos de leitura e disse com aquela voz grossa, que podia ser atrativa muitas vezes ou como um chicote em outras. Ela era um chicote agora.

-- Já fiquei sabendo das últimas. – E suspirou parecendo cansadíssimo! Mas eu também estava cansada - Não sei mais o que fazer com você, Ana... - Continuei calada. Ele olhou pra mim e ficamos assim por um tempo.

-- Eu não o amo. – Criei coragem não sei de onde e disse. Não havia nada além para ser dito. Sua resposta veio como um facão.

-- Isso não nos interessa! Se amor existisse sua mãe nunca teria nos abandonado! – E lá estava ele tocando meu ponto fraco. - Eu faço tudo pra você, tudo! Te dei um bom cargo, arrumei um namorado excelente, mas você só me da trabalho e desgosto! Não me lembro um momento em que não precisei brigar com você!

 

Abaixei a cabeça, não tinha como não fazer isso. Eu lá, deixando Lara quebrar todos os muros dentro de mim, tão cega que esqueci que o amor não existe, meu pai estava certo. Se ele existisse minha mãe não teria me abandonado. Engoli o choro junto com o grito e disse:

-- Eu... Sinto muito. - Talvez eu não sentisse tanto assim, não por ele. Mas talvez eu sentisse sim, até demais.

-- Sente muito? Você vai sentir muito quando perder tudo, Ana! Um homem gosta de alguém que dê a ele o que ele precisa! E se você é igual sua mãe e não sabe satisfazer um, então você não serve pra nada! Será que além de não saber trabalhar e lidar com as pessoas, você ainda não sabe satisfazer um homem? Não é possível que o sangue ruim da sua mãe corra nas suas veias! - Ele já estava vermelho de raiva e meus olhos já estavam marejados.

-- Eu... – Eu não sabia o que dizer, pois aquilo tudo tinha me atingido, em cheio. Seria o suficiente para que eu saísse chorando dali e aceitasse tudo o que ele dizia, mas não, havia alguma coisa mudada dentro de mim. -- Eu não quero mais isso! Quero respirar, preciso viver minha vida um pouco! Eu quero viver!

Eu já estava desesperada quando ele caminhou até onde eu estava, chegou bem perto de mim e disse.

-- O casamento vai ser marcado! Antes do tempo, se for preciso. Eu sou seu pai, te dei comida e te criei quando a vadia da sua mãe não te quis. Tenho que te olhar todo dia e ver o reflexo dela em você. Então não quero desculpas. Vou mandar uma bonificação ao Victor para tentar compensar os seus erros, e eu não quero mais sonhar em ter outra discussão como essa de novo. Coloque um sorriso na cara, se arrume, satisfaça seu namorado, case-se com ele e aumente nossos lucros da empresa com essa fusão. Será que é demais um pai pedir isso? Pelo amor de Deus! Depois de toda vergonha... – Mas ele não completou a frase, apenas voltou para sua cadeira, se sentou e ficou respirando rápido com a mão na cabeça.

 

Pra quem visse aquela cena de fora ele pareceria indignado! Como se eu realmente fosse à filha ingrata e tivesse acabado com ele. Mas será que alguém poderia olhar pra mim e ver o que eu estava sentindo? Que a acabada ali, era eu?

-- Eu... Pai... – Eu quase nunca o chamava de pai, mas naquele momento eu imploraria para ter uma vida, se fosse preciso.

-- Não quero mais ouvir sua voz hoje, Ana. Já chega. Se você não mudar seu jeito, vou dar seu cargo para a Lara. Pelo visto é uma mulher de muitas qualidades e sabe como agradar o público. Agora feche a porta.

Solucei com suas palavras, sem sentir vergonha ou medo por demonstrar minhas fraquezas. Fiquei olhando pra ele com as mãos fechadas, coladas no corpo de dor e ódio. Mas para ele era como se eu já não estivesse mais ali. Atravessei a porta, enxuguei as lágrimas e quando olhei para frente, a pessoa que eu mais queria ver, mas mais temia encontrar estava na minha frente ao lado de uma pilastra e de boca aberta!

 

 

 

Lara

 

Eu não acreditava no que estava ouvindo e meus dentes rangiam de raiva. Filho de uma puta! Lucas havia me dito que ele era grosso com ela, mas nunca imaginei que ela fosse assim! Ou que ela fosse tão submissa a ele, tão presa. Agora eu entendia suas mudanças de humor. Ela só queria voar, viver, mas não podia, porque sempre que ela estava pra alçar voo, seu pai e o seu namorado vinham amarrar suas asas. Eu queria colocar ela num manto e levá-la embora, para que nenhum dos dois visse ela novamente! Mais do que nunca eu queria fazê-la rir e se sentir viva. Queria levar ela para longe dali. Enquanto eu estava muito boquiaberta pra me mover um centímetro sequer, a porta se abriu. Ela me encarou. Primeiramente, assustada. Depois seu olhar se transformou e ela ficou na defensiva.

-- O que você está fazendo aqui?!

-- Eu...  – Pensa rápido, pensa rápido! Mas não tinha jeito, eu estava ferrada! -- Ana.... -- suspirei seu nome. Eu não conseguia ser racional naquele momento, só queria abraçá-la. Tentei me aproximar e ela colocou a mão entre nós.

-- Você estava ouvindo? Atrás da porta?! – Sim, amigas, eu estava numa enrascada!

-- Não, claro que não. Eu... – Estava me sentindo a maior idiota!

-- Sua mentirosa! - Ela quase gritou e eu corri para tampar sua boca com minha mão.

-- Shiiiu... Sua louca! Seu pai vai ouvir seus gritos, só me escuta. -- minha mão ainda estava em sua boca e seus olhos estavam arregalados. Acho que o susto com minha atitude foi muito grande, porque ela se calou. Meu desejo por ter seu corpo tão colado assim no meu, foi a mil, mas eu não podia pensar nisso agora. A coisa era séria.

-- Vai ficar caladinha? - ela me fuzilou com os olhos. Eu tentei segurar, eu juro, mas acabei rindo. -- Olha, eu vim te procurar para saber se ia precisar de mim hoje, quando escutei a voz do seu pai alterada, eu juro que não era a minha intenção ouvir, mas... – fiz uma pausa. -- Sim, eu ouvi a conversa de vocês! Eu sinto muito. – Soltei ela devagar.

Será que ela não percebia que eu só queria cuidar dela? Escutá-la e fazê-la sorrir? Ela arrumou sua roupa, me olhou com a cara mais feia do mundo e saiu pisando forte. Fui seguindo-a. Ela entrou em sua sala e ainda com aquele bico enorme me deu uma olhada.

-- Não sei o qual gostosona você pensa que é, mas você não tem o direito de entrar na minha vida assim!

 

“Não me acho gostosona, Ana, mas se você achar, eu me dou para você agora!” pensei. Olha, hoje não era dia de brincadeiras, porque a mulher estava uma fera. Segurei meu comentário, mas acabei soltando outra coisa, sem perceber

-- Como se você deixasse alguém entrar na sua vida! - De novo ela me fuzilou e fiquei apreensiva com sua possível resposta. Depois seu olhar mudou e não consegui decifrá-lo. Ai, eu ia apaixonar desse jeito, eu juro.

-- Eu NÃO quero que você entre em minha vida! Já parou pra pensar nisso?!

Senti algo zunindo dentro do meu ouvido e o sangue bombeando muito rápido por minhas veias. Não era essa a resposta eu não esperava. Ela me desarmou ali, muito mais rápido do que eu a tinha desarmado em nossa última conversa. Eu não tinha resposta para aquilo, não tinha ar, não tinha nada. Ela tinha acabado de dizer que não me queria em sua vida, de forma clara! O que eu faria agora? Eu só queria sair dali e ficar sentadinha afundada em alguma cadeira.

-- Eu... -- Não falei nada, falaria o que, gente? Quando a mulher que te embaralha a cabeça dá uma resposta dessas, o que a gente faz? Abaixei a cabeça, virei de costas pra ela, abri a porta e fui embora.

 

 

 

ANA

 

Assim que abri a porta e dei de cara com aquele ser, primeiramente eu quis gritar. Depois quis bater nela, mas ao mesmo tempo, abraçá-la e chorar. Ninguém nunca me trouxe tantos sentimentos confusos e opostos ao mesmo tempo. Levei um baita susto assim que percebi que ela tinha escutado tudo. Eu não queria que ninguém soubesse, muito menos, que ela soubesse o que havia por debaixo dessa máscara. Eu não queria que ela soubesse da minha vergonha, das minhas tristezas e das minhas fraquezas. Senti raiva, ódio e medo ao mesmo tempo! Já não bastavam as chicotadas do meu pai, ela tinha que me atazanar hoje também?

-- O que você está fazendo aqui?! – Ah, eu também queria bater nela, pelo caos que ela estava fazendo na minha cabeça e na minha vida. Desde que ela chegou, trazendo cor para minha vida, já morta e dominada, eu só escuto humilhação do meu pai e do meu namorado.

-- Eu... – Ela fez uma pausa. Depois suspirou meu nome de uma forma que me encheu de desejo. Desejo de abraçá-la e principalmente de beijá-la. -- Ana.... - No meio de tanto ódio, eu senti desejo! Oh, meu Deus. Eu queria chorar, porque não entendia, mas queria entender! Talvez eu só precisasse aceitar o que eu não aceitava, mas estava gravado dentro de mim e estampado na minha cara. Ela tentou se aproximar dando um passo em minha direção e coloquei a mão na frente do corpo para impedi-la. Acredite, aquele pequeno passo seria minha grande perdição, se eu permitisse.

-- Você estava ouvindo? Atrás da porta?! - Eu queria, mais do que tudo, que ela me dissesse que acabou de chegar e que não havia escutado nada. Assim poderíamos continuar nossas vidas, normalmente. Eu sendo a chefe, durona, e ela a boa funcionária.

-- Não, claro que não. Eu... – Ela negava, mas estava na cara!

-- Sua mentirosa! - Gritei! Além de sem limites, ela era péssima mentirosa! Aaargh, menina maluca! Eu ia matá-la por me ver em situações tão baixas! Lá estava ela, pulando o muro da barreira que eu lutava todo santo dia pra construir!

-- Shiiiu... Sua louca! Seu pai vai ouvir seus gritos, só me escuta. – E assim, ela tapou minha boca com a mão! ELA TAPOU MINHA BOCA COM A MÃO! Dá pra acreditar nisso? Eu estava paralisada, em choque! Senti desejo de novo, droga! Mas também senti um desejo diferente, o de morder a mão dela até sangrar.

-- Vai ficar caladinha? - Fuzilei ela com os olhos. Por um acaso havia outra opção? Ela deu uma risada e eu senti mais vontade ainda de mordê-la. Eu me sentia duplamente humilhada. Não me lembro de ter chorado tanto em minha vida como nessas últimas semanas e a culpa era toda dela. - Olha, eu vim te procurar para saber se ia precisar de mim hoje, quando escutei a voz do seu pai alterada, eu juro que não era a minha intenção ouvir, mas... Sim, eu ouvi a conversa de vocês! Eu sinto muito.

 

GAROTA SEM VERGONHA! Foi a única coisa que pensei enquanto ela me soltava devagar. Arrumei as roupas no corpo e sai rumo a minha sala. Ela que me aguardasse. Lá dentro eu iria gritar sim com ela! Ela me seguiu ainda com aquele sorrisinho na cara. Eu não sabia se chorava, gritava ou ria. Ela e uma criança arteira eram a mesma coisa. Ela parou na porta e encarei ela com todo o ódio que eu estava, sem grandes efeitos contra aquele risinho. Ela era linda, mas porque eu estava achando ela linda naquele momento? Eu a odiava por entrar na minha vida e fazer toda essa merd*! Comecei a despejar tudo em cima dela.

-- Não sei o qual gostosona você pensa que é, mas você não tem o direito de entrar na minha vida assim! – Ela sorriu de um jeito quase que debochado, mas depois respondeu em um tom baixo e sério.

-- Como se você deixasse alguém entrar na sua vida!

Minha boca, que já estava aberta e pronta pra despejar tudo, se fechou. Perdi o ar, será que ela tinha ideia do que estava fazendo comigo? Foi só vê-la, escutá-la rindo, sentir seu toque, seu corpo tão próximo enquanto tampava minha boca que percebi que não estava mais tão abalada pelas palavras do meu pai. Ela fazia tudo desaparecer, fácil assim. Infeliz! Eu queria abraçá-la, sorrir e falar: ‘Você com seu jeito malandro pulou a barreira que nos separava e já faz parte dos meus pensamentos, dos meus sonhos e da minha vida, Lara. Só você não vê isso?’ Mas claro que isso nunca aconteceria e só de pensar nesse nunca, eu já ficava prestes a chorar de novo. Isso estava ficando chato e eu estava exausta disso. Foi como se todo cansaço tivesse vindo nesse exato momento e eu queria me deixar ir, mergulhar, derrubar os muros. Mas me lembrei de toda conversa com meu pai há poucos minutos e apenas disse:

-- Eu NÃO quero que você entre em minha vida! Já parou pra pensar nisso?! – Completei a frase, mentalmente: ‘Mas você já está nela!’

Não tinha como negar que a vida era muito mais fácil antes dela, pois era estável e previsível. Mas, ela apareceu e trouxe consigo junto com a bagagem, o caos e um sorriso lindo. Ela gaguejou, seus olhos brilharam, mas não de um jeito bom e sim como se fossem se encher de lágrimas. Ela tinha entendido tudo errado, percebi tarde demais.

-- Eu... – Mas ela não completou a frase.

Fiquei parada enquanto ela virava de costas cabisbaixa e ia embora levando com ela todo o brilho daquela sala. Me joguei na cadeira, ela não tinha escutado? Eu era uma prisioneira dentro da minha própria vida! Não podia viver como ela e muito menos podia viver com ela! Então era melhor mantê-la afastada para não cair em tentação, porque eu não conseguia mais lutar contra o que sentia. Se eu pudesse permanecer perto dela, sem deixar todas minhas paredes cair, eu ficaria, mas aquilo não era possível. Eu não podia, mas eu queria, queria tanto... E ia deixá-la ir.

Depois dessa manhã intensa, finalmente me permiti chorar. Depois de tanto chorar, pensar, odiar minha vida e chorar mais um pouco, eu tinha poucas certezas. Uma delas? Eu odiava meu pai, odiava minha vida, odiava meu namorado, odiava minha fraqueza, odiava tudo. Mas.... Eu acho que, apesar do pouco tempo, eu estava apaixonada. Cheguei a essa conclusão porque eu amava cada momento em que houvesse a presença ou o nome Lara no meio. E entre tantas coisas que eu sabia, nada adiantava, porque eu não via nenhuma solução pra minha vida.

 

 

Ana

 

Outro dia chegou como era esperado que chegasse. Acordei sem nenhuma vontade de trabalhar, não tinha mais graça se Lara não dividiria a sala comigo, mas eu tinha que continuar com a minha vida. Passei a madrugada toda pensando em como ela deveria estar magoada comigo e com minhas palavras. Ultimamente eu só a tinha machucado, eu me odiava por isso. Cheguei cedo e uma parte de mim justificava isso, com o fato de que eu precisava adiantar o trabalho atrasado de ontem. O outro lado queria tanto vê-la. Parecia que quanto mais a gente brigava, quanto mais nos afastávamos, mais próxima eu queria estar dela. Maior era a necessidade de tê-la em minha vida, assim como o medo de perdê-la.

Cheguei com a respiração já presa no peito, olhei e vi que ela ainda não tinha chegado. Soltei o ar com força! Eu não podia encontrá-la, mas era tudo o que eu queria. Sabe quando você sabe que não pode fazer algo, mas morre de vontade de fazê-lo? Então, eu me sentia assim. Uma criança fazendo o que não devia, mas eu estava me segurando.

Comecei a trabalhar, pelo menos a tentar, para ver se o tempo passava mais rápido, quando escutei uma batida na porta, estranhei. Eu não esperava ninguém e Vanessa não havia me comunicou nada.

-- Entra. – Eu disse.

Assim que a porta abriu meu coração acelerou. Eu até sentia minhas pupilas dilatarem. Não tinha mais como negar, nem se eu quisesse. Como eu poderia? Ninguém fazia isso com meu coração em tão pouquíssimo tempo. Ninguém nunca me fez sentir assim. Sorri ao vê-la e sorri para ela, não consegui segurar.

-- Oi, Lara. – Mas pela primeira vez, ela não sorriu de volta. Aainda estava magoada, era visível. Seus olhos estavam tristes, duros e sérios. Ela também parecia cansada, como quem não dorme direito, em nada parecida com a Lara de sempre. Seu tom de voz foi seco quando falou comigo. Eu tentei manter a postura, mas eu queria abraçá-la e fazê-la esquecer daquilo. Toda a indiferença que eu deveria ter com ela, foi por ralo abaixo. Sabe quando você só começa a dar valor quando perde?

-- Bom dia Dona Ana. Desculpa incomodar, eu só vim trazer alguns papéis que você me passou e agora precisam da sua assinatura.

-- Tudo bem, não é incomodo algum. – Eu não queria que ela fosse embora e ficássemos assim. Sorri para ela. Ah, se ela soubesse o quanto me deixava feliz vê-la. – Por que você não senta? – Remexi na cadeira. Eu estava nervosa. Ansiosa para que ela aceitasse, para que se sentasse e ficasse tudo bem. Ela pareceu se chocar com o convite. Um segundo depois piscou, limpou a garganta e disse séria.

-- Desculpe, hoje tenho uma reunião com algum dos nossos sócios. Tenho que ir, mas obrigada mesmo assim.

-- Ah... - eu me senti afundando na cadeira. Eu não queria ficar sem ela, mesmo que não estivéssemos na mesma sala, eu precisava dela pelo menos no mesmo prédio. - Você volta ainda hoje?

Comecei a mexer nos papéis que ela tinha me entregado tentando disfarçar, mas minhas mãos tremiam. Eu me sentia horrível. Será que eu só tinha começado a perceber que alguma coisa estava acontecendo e que eu precisava de sua presença, agora que a tinha machucado tanto e a perdido? Por favor, não!

-- Não, não volto hoje.

-- Ah, OK. Boa reunião. – Eu não sabia o que falar, porque havia muitas coisas que eu queria dizer. Ela assentiu com a cabeça. Olhei intensamente dentro daqueles olhos onde eu queria me perder, e queria que ela me encontrasse. Queria entender o que ela estava sentindo através deles. Ela me olhou também, com o mesmo olhar de dor, medo e seriedade. Me odiei, ainda mais por ter sido a responsável por isso.

-- Boa tarde, Ana. Até mais. – Ela disse. Senti minha bunda despregando da cadeira e quase correndo atrás dela, mas me segurei, porque eu tinha que me segurar.

Ela saiu da sala me deixando lá, sozinha.

 

Passei a tarde toda me martirizando, me culpando e consequentemente, me odiando por tê-la ‘expulsado’ da minha vida. Não almocei direito, pois eu só queria uma coisa: ligar para ela e pedir desculpas. Mas eu não sabia como agir nessa situação, tudo era novo pra mim e eu nem entendia o que estava acontecendo ainda. Eu só sabia que tinha de tomar alguma atitude, logo. Não tive mais noticias de Lara e a falta dela ali era insuportável, então decidi ir embora, mas em vez disso fiquei andando de carro pelos pontos da cidade e pensando sobre minha vida.

Me veio a ideia de ligar para Andréa depois de alguns anos, minha melhor amiga em todo o ensino médio e faculdade. Talvez eu só estivesse carente de amiga, mas mesmo que eu sentisse algo diferente por Lara, seria bom encontrar outros rostos. Andréa foi calorosa como sempre depois de tentar atualizar as novidades, marcamos de nos encontrar em um barzinho junto com Naty e Carol. Costumávamos ser o quarteto inseparável da faculdade. Eu sentia tanta falta daquilo. Fui direto encontrá-las, nem passei em casa. Assim que cheguei abracei todas, eu as adorava. Andréa sempre foi minha melhor amiga, mas por algum motivo, eu me sentia mais confortável quando conversava com Naty. Acho que ela era mais louca e não me julgava tanto, então sempre que eu queria confessar algo, era nela que eu chegava. Abracei as três com muita saudade.

-- Suas sumidas! Quanto tempo, que saudade!

-- Você que só se enfia nessa empresa, Ana. Nós três estamos sempre nos encontrando! O que te deu pra sair assim? - disse Carol.

-- Algum tsunami passou na sua vida? – Naty brincou. Ah se elas soubessem que esse tsunami tinha o sorriso mais bonito do mundo. Fiquei vermelha só de lembrar.

-- Parem com isso meninas! Vocês adoram me zoar né? Estamos juntas – Abracei Dê que estava do meu lado. - E é o que importa. Mas me contem como vão as coisas! Você começa, Dê.

- Primeiro vamos pedir uma torre de chope. GARÇOM! – Gritou Naty. Eu disse que ela era louca.

 

E assim foi a noite toda. Cada uma comentou sobre o trabalho, família e de tudo um pouco. Eu sei que faz um tempo que não saio com elas, mas foi como se eu nunca tivesse partido. Depois de alguns chopes e a cabeça bem mais leve, falei o que estava preso há muito tempo na garganta. Eu estava louca de saudade delas, mas meu motivo também era outro...

-- Meninas, eu queria muito sair sábado.

-- Opa, na hora! – Não tinha como, eu sempre ria com cada comentário delas. Todas eram doidas! - pra onde?

-- Eu estava a fim de dançar... Muito – OK, eu não queria só dançar, mas como dizer que eu queria ir à uma boate gay?

-- Tem muitas boates boas aqui. Poderíamos ir naquela super fina e popular que tem altos gatos e abriu há pouco tempo. Podíamos levar a Ana pra conhecer lá, não é meninas? - falou Naty.

-- Claro, claro! Eu apoio! - concordou Carol.

-- Bom – Fiz uma pausa criando coragem para dizer. - Eu estava a fim de ir em uma boate... hum... Gay? - Eu estava com medo da reação delas, então fiz várias pausas e só propus a ideia em tom de pergunta. Mas eu precisava saber gente, o que realmente estava acontecendo comigo e já tinha tudo planejado de chamar Lara junto.

-- Boate gay, amiga?!! – Dê perguntou alto, talvez até meio assustada. Ela era como eu, meio recatada e bobona às vezes.

-- É... Gay. - Falei devagar pra que ela engolisse essa. Olhei para a expressão de todas na mesma, quando Naty sorriu e disse:

-- Por mim, OK. Sempre dá altos caras gatos e o som é muito bom!

Olhei pra ela curiosa. Viu porque eu sempre a procurava primeiro?

-- Você já foi em alguma? – Eu não sou nenhum bicho do mato, eu juro! Eu só nunca parei para pensar em uma vida, além da empresa, antes.

-- Claro que já, fofa! Quem nunca foi?! Hoje em dia é “normal”...

-- Normal? - Murmurei pra mim mesma. E sabe de uma coisa? Aquilo mexeu com cada pedacinho de mim, como se alimentasse minha esperança. Se minhas amigas achavam ‘normal’, porque eu teria medo de aceitar para mim mesma? Caso eu fosse bi ou homossexual.

-- Eu mais que topo! To querendo ir numa dessas tem tempos! Novos ares, pessoas novas... Quem sabe não rola algo novo também, né? - Olhei pra Dê super espantada. Ela ria com cara de custosa. E ela era daquelas garotas muito centradas na faculdade e por isso nós éramos melhores amigas, porque ela era igual a mim. Focada, daquelas que não olhavam pros lados ou tinham uma vida. As pessoas mudavam, realmente e me senti pequenininha.

-- Você teria coragem? - Carol perguntou. Mas não em tom espantado, como eu esperava que fosse, mas sim em um tom brincalhão, arteiro.

-- Claro que sim, oras! Eu tenho curiosidade, não vou ficar negando. - E bateu na mesa.

- UAU! – As outras duas disseram ao mesmo tempo! E eu comecei a rir muito, acho que já estava um pouco bêbada. Eu não bebia nada há muito tempo, vocês têm ideia disso?

Escondi atrás do meu copo de chope e quando vi tinha bebido tudo, de uma vez.

-- Então está marcado! Sábado vamos arrasar com a mulherada! - Naty era tão doida e sempre fazia brincadeira quanto a tudo! Ergueu o corpo e ofereceu um brinde a não sei o que, acho que ninguém entendeu muito bem, mas todas riram. Assim que desci meu copo na mesma, senti medo. Como eu iria chamá-la? Ela aceitaria? E se caso eu descobrisse que realmente queria ela de outro modo, o que eu faria? E a pergunta que me fazia tremer dos pés a cabeça: Mas e se ela não me quisesse? Não me achasse bonita o suficiente? E se estivesse demasiadamente amargurada comigo para sequer olhar pra mim novamente? Bom, não adiantava, uma vez que eu tinha escolhido pegar esse trem, por maior que agora fosse o medo, eu teria que ficar nele até o fim pra saber aonde iria chegar.

 

 

.

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi, meninas, tudo bem? Estou reparando que sempre as mesmas pessoas que comentam! Sou MUITOOOOOOOOOO GRATAAA a Booksreaders, Patty 321, s2 Jack s2, Martha, Jake! Mas poxa, são só elas que leem a história ou tem mais algumas mocinhas que estão curtindo aqui, mas com preguiça de vir ajudar essa autora?

 Bora exercitar esses dedos, sapatilhas! Importanteeeeee exercitá-los hahahahaha <3


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Comentários para 8 - Capitulo 8 - Pagar pra ver?:
Sem cadastro
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Em: 01/08/2024

Eitaaaa que eu estou ansiosa pra ver o que vai rolar nessa boate...Mas a Ana precisa tratar melhor a Lara, espero que ela comece a fazer isso, pq não tem amor que resista a ser saco de pancadas.

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patty-321
patty-321

Em: 27/07/2024

Ah essa Ana, mulher te joga. Que dureza: fazer o que os outros querem, viver atrás do pai amargurado. E a Lara já nem sabe o que pensar da Ana. Muito bom. Volta logo.

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Em: 26/07/2024

Oi Autora! Comecei a ler ontem e não consegui mais parar... como vou fazer no final de semana sem a história de Ana e Lara? Curiosa para saber como vão ser os próximos encontros dessas 2! Amando até aqui....parabens! História incrível! Ansiosa pelo dia que a Ana vai humilhar o pai dela! :)

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Lilian Santos
Lilian Santos

Em: 25/07/2024

Claro que não Autora, tem muita gente como eu que só lê rsrs 

Como a mente é uma esponja quando criança por que a Ana sofre abuso psicológico desde que nasceu e hoje é uma adulta que não sabe o tamanho da sua liberdade, e como tem gente assim como a Ana por aí.

Gosto muito dessa história, mas muda a vida da Ana mandando o pai e namorado para bem longe dela, pois se depender dela aiai 

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SeiLá
SeiLá

Em: 25/07/2024

Obrigada pelos capítulos autora!

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S2 jack S2
S2 jack S2

Em: 25/07/2024

Eitaaaa que eu estou ansiosa pra ver o que vai rolar nessa boate...Mas a Ana precisa tratar melhor a Lara, espero que ela comece a fazer isso, pq não tem amor que resista a ser saco de pancadas.

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edjane04
edjane04

Em: 24/07/2024

Tadinha da Ana, mas como pode passar pela cabeça dela que chamar a Lara para uma boate gay pode resolver as coisas? Ainda por cima Lara está chateada com ela

Ansiosa pra ver o que vai acontecer 

 

 

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Booksreaders
Booksreaders

Em: 24/07/2024

Amo esse romance. Ansiosa pelos próximos!!

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