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Negue se for capaz! por Jessy Mendes

Ver comentários: 7

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Palavras: 4120
Acessos: 768   |  Postado em: 01/08/2024

Capitulo 9 - Uma troca

.

 

Lara

 

Passei a noite inteira analisando papeis e documentos, uma vez que agora eu trabalhava sozinha. Finalizei algumas coisas, melhorei outras, tive dúvidas com várias coisas, senti vontade de ligar para Ana toda hora, mas consegui terminar tudo sozinha. Senti orgulho de mim, comi alguma coisinha, porque a hora que eu sempre sentia mais fome era de madrugada e acabei indo dormir tarde. Eu quis me afundar no trabalho, porque nada melhor que encher a cabeça disso para não pensar em mais nada. Eu não queria pensar na dispensa dela, não queria pensar em como seria agora.

Eu estava tão chateada, sério. Decidi que não valia a pena ficar sofrendo assim, eu sempre fui racional e sempre soube que todo sentimento, se não alimentado, uma hora passa. Com Ana não seria diferente, ela não alimentou a amizade que dei para ela. Ao contrario, foi grossa e maldosa a todo o momento. Eu não queria mais suas palavras repetindo como marteladas na minha cabeça. Dormi pouco, acordei e fui trabalhar. Já tinha quase dois meses que eu estava na empresa e os últimos dias haviam passado assim, desde que ela resolveu dar a louca. Eu estava cansada, mas ainda bem que hoje eu podia chegar um pouquinho mais tarde, na verdade eu nem precisaria passar lá. Teria uma reunião com alguns sócios para discutir assuntos financeiros. Responsabilidade que antes era da Ana e agora eram minhas, uma vez que o Sr. Peter tinha me encarregado delas. Só iria passar lá pra entregar alguns papeis para que ela olhasse e assinasse.

Assim que cheguei passei na minha sala, peguei algumas coisas, vi se tinha algum recado e fui rumo a sua. Eu me sentia meio no automático, sabe? Acho que ela tinha me machucado mais do que eu percebi por esses dias. Vanessa me deixou ir direto para a sala dela, ela já nem me anunciava mais. Mas bati na porta e esperei, apesar de tudo, eu já conheci um pouco a peça suficiente para saber que ela não gostava de ser interrompida sem avisos. Senti meu coração palpitar, era inevitável. Não importava o tamanho da mágoa que ela fazia em meu peito, o que eu sentia por ela e eu nem sabia o que eu sentia por ela, mas fosse o que fosse, era maior do que tudo. Respirei fundo quando ela disse:

-- Entra.

Acho que ela não me esperava, porque primeiro me olhou meio na dúvida, meio espantada. Mas depois espantada fiquei eu quando ela sorriu. Um sorriso tão verdadeiro e disse meu nome, como se nada tivesse acontecido ontem. Aquela mulher só podia ser louca e pior, queria me deixar louca também. Tentei segurar meu coração e o impulso de sorrir de volta.

-- Oi Lara. - Que voz doce e que sorriso! Maldito sorriso lindo! Ela queria me matar ou me enlouquecer? Falasse logo! Eu queria muito sorrir de volta, brincar, mas depois de ontem eu me sentia tão... Estranha, sei lá. Eu estava com medo, muito medo, pois se eu baixasse a guarda e voltasse a ser como antes, rapidinho ela teria outro ataque de humor e faria tudo de novo. Brincaria comigo, depois me trataria mal e eu iria ficar sozinha, chorando de novo. Não dava, eu estava cansada disso. Preferi agir com cautela e seriedade. Uma coisa sobre mim, pra mim não existia meio termo. Era oito ou oitenta e sempre foi assim em tudo na minha vida! Ou era muito boa em uma matéria na escola ou era muito ruim. Ou eu sabia fazia algo ou não sabia. E ou eu me dava 100% para alguém ou não dava nada. Ela não queria tanto ser a chefona? Pois é.

-- Bom dia, Dona Ana. Desculpa incomodar, eu só vim trazer alguns papéis que você me passou e agora, precisam da sua assinatura. – Fui direta, eu só queria sair dali antes que meu muro contra ela, feito de papel, desabasse.

-- Tudo bem, não é incomodo algum. Porque você não senta? - Meu queixo iria cair, sério. Ela deu o sorriso mais convidativo e lindo que eu já tinha visto. Mas não, não e não! Eu não ia cair nessa, eu não podia. Não queria mais outras noites mal dormidas, não queria mais pouca comida no meu prato e dias nublados, mesmo quando estava sol lá fora. Ela era louca, era melhor assim. Eu sabia que me odiaria mais tarde por não me abrir de novo com ela, mas isso uma hora ia passar. Agora me abrir para ela, seria o mesmo que ficar nessa montanha russa, uma hora bem e outra mal a vida inteira. Limpei a garganta, me segurei e fui firme.

-- Desculpe, hoje tenho uma reunião com algum dos nossos sócios. Tenho que ir, mas obrigada mesmo assim.

-- Ah... – Ela disse em uma voz meio... Desapontada? Mas enfim, eu soube e tive a certeza de que eu me sentiria tão arrependida mais tarde, que o dia seria nublado de qualquer jeito. --Você volta ainda hoje?

Porque ela estava me perguntando aquilo? OK, ela era minha chefe e eu tinha que dar satisfações a ela, eu sabia disso. Idiota! Mas porque ela tinha que perguntar com aquela voz? Eu já me sentia cansada, mais ainda com aquela briga interna entre vai ou fica.

-- Não, não volto hoje. – E me bateu aquela tristeza sem fim! Viu? Eu não podia ficar perto dela, era pesado e doloroso. Se ela ao menos soubesse o quanto eu queria ela e não podia ter. Jesus! Eu não acredito que tinha confessado aquilo! Queria me dar um tapa na cabeça!

-- Ah, OK. Boa reunião.

Assenti com a cabeça e ela me encarou profundamente. Parecia que queria dizer alguma coisa com aquele olhar, mas desde a primeira vez que vi essa mulher, ela representava um mistério cheio de loucuras para mim. E eu estava exausta de tanto bater cabeça tentando entendê-la, e ao mesmo tempo ela era como uma droga. Eu sabia que aquilo não era bom, mas eu já estava extremamente viciada. Encarei ela de volta. Ana era linda, tanto fisicamente como emocionalmente. Ela parecia ser uma pessoa tão boa quando queria ser. Poderíamos tanto, mas tanto, ser amigas. Se não fosse meu desejo, escondidinho ali no meio e seu jeito de querer se esconder do mundo, nós poderíamos dividir o mesmo espaço e ser feliz. O que você quer me dizer com esse olhar, Ana? Continuamos nos encarando e resolvi colocar um ponto final naquilo. Se nós continuássemos daquele jeito, meu olhar já estava bailando entre seus olhos e lábios e eu iria beijar ela! Eu vivia querendo beijá-la e isso não era bom, porque eu já estava fazendo apostas, comigo mesma de até quando aguentaria não fazê-lo!

-- Boa tarde, Ana. Até mais.

Sai de lá como se toda a cor do dia tivesse ficado naquela sala. Fui até o bebedor e virei dois copos d’água. Ah, eu ia ficar bem, gente. Uma hora meu carrinho funcionava, nem que fosse no tranco e eu saia fora dessa. Baguncei o cabelo, como eu sempre fazia quando estava muito nervosa, muito feliz, com muito medo, na verdade eu bagunçava o cabelo todo tempo, mas principalmente quando eu estava nervosa. Fui pra tal reunião tentando me lembrar, depois daquele momento tenso, qual era o assunto da reunião mesmo?

 

 

 

 

 

 

Lara

 

 

Os dias não estavam correndo, estavam voando, pelo menos para mim. Acordei sem vontade nenhuma de levantar da cama, ultimamente eu estava assim, mas acho que o pior estava passando. Aquela sensação de total vazio, de ficar a madrugada inteira com a cabeça doendo de tanto pensar. Eu já tinha passado desses estágios e estava conformada, ela era só minha chefe e não passaria disso. Noticias ruins a parte, havia uma boa. A reunião que eu havia participado recentemente tinha sido maravilhosa. Cheguei lá, apresentei nosso trabalho, falei o que tinha que ser falado e conseguimos acertar as coisas conforme as necessidades da empresa. Depois voltei para casa feliz, porém desanimada. Cheguei, comi, tomei meu banho que a cada dia estava mais demorado e fiquei na internet como sempre.

Hoje já fazia quase uma semana que nós não conversávamos direito. Eu tinha perdido a noção dos dias, das datas e das horas, mas meu coração se lembrava de quanto tempo eu estava longe dela. O tempo estava voando. Eu não conseguia me lembrar em que ponto tudo desandou. Estávamos caminhando para o caminho certo desde o começo, sem cobranças, sem pedir nada uma da outra e de repente tudo virou de cabeça pra baixo. Já arrumada fui trabalhar e eu já sabia como seria o dia sentada na minha sala vazia, fazendo meu trabalho. Assim que cheguei fui direto para o meu cantinho, eu nem ficava mais fazendo hora na porta da sala dela, não adiantaria em nada, nós não conversaríamos mais, mesmo. Eu sabia que seria só pra me machucar insistir naquilo. Eu fazia tudo no automático agora, lia aqueles papeis, mudava algumas coisas, assinava outras, mas pouco tempo depois que cheguei fui chamada na sala de reuniões pelo Sr. Peter.

 

 

Ana

 

 

Fiquei sabendo logo de manhã, assim que pisei na empresa, que a primeira reunião da Lara com nossos sócios havia sido um sucesso. Eles a adoraram, e quem não adorava? Com aquele corpo, qualquer homem ficaria babando e com aquele sorriso, bem... Com aquele sorriso qualquer um ou uma ficaria babando nela. Os próprios sócios tinham ligado para o meu pai parabenizando-o pela nova funcionária e além disse para dizer que estavam plenamente satisfeitos com os acordos e o modo que ela lidou com eles. A menina fazia milagres, não havia dúvidas quanto a isso. E não era isso que ela tinha feito com minha vida? Onde eu iria querer sair, ir à boate GLS, desistir do meu relacionamento e jogar tudo pro alto? Viu, era um milagre acompanhado de muita tragédia, mas... Enfim. Fui chamada na sala de reuniões logo cedo, onde meu pai já se encontrava.

-- Bom dia. – Eu disse. Éramos sempre tão formais e secos.

-- Bom dia. – Ele disse sem olhar para mim. - Chamei você aqui, porque você foi a instrutora de Lara desde que ela chegou aqui, e recebi uma ligação maravilhosa dos nossos sócios, ontem mesmo, elogiando seu desempenho. Quero dar os parabéns pessoalmente para ela.

-- OK. - Eu já sabia o quanto ela tinha se saído bem, e se ele queria dar parabéns pra ela pessoalmente para ela, que assim fosse. Eu não estava ali pra dar opiniões e se eu desse, elas não importariam de nada. Mas o que eu ganharia com o sucesso de Lara? Nada! Nem parabéns por ter ajudado ela, por tê-la instruído, mesmo eu sabendo que o mérito era todo dela, com razão. Ela bateu na porta poucos minutos depois. Assim que ela abriu aquela porta, meu coração deu um pulo no peito e congelou tudo ao mesmo tempo. Seria sempre assim? Tentei disfarçar fingindo desinteresse quando ela falou:

-- Sim, Sr. Peter, tudo bem? - nossos olhares se encontraram e essa troca me pareceu mais intensa do que nunca. Ela pareceu assustada pelo fato de eu estar ali, como se não me esperasse e nossos olhares ficaram presos por mais algum tempo. Desviei o olhar e dei um passo pro lado, para que ela entrasse. Ela pigarreou e se virou para o meu pai com cara de quem não entendia nada. Seu olhar parecia meio amedrontado. Imaginei se ela estaria pensando que seria mandada embora. Talvez até me xingando mentalmente achando que eu tinha contado sua opção para o meu pai e agora ela seria despedida. Mas meu pai não deixou aquele olhar no rosto dela por muito tempo, pois ele se levantou e pegou sua mão.

-- Tudo ótimo, querida. Os sócios da reunião de ontem me ligaram para dizer coisas esplêndidas sobre você. Eles ficaram maravilhados e eu a cada dia estou mais também. Queria apenas agradecer, pessoalmente. Meus parabéns.

Ela primeiro arregalou os olhos, depois olhou pros lados como quem não entendia o que estava acontecendo, aí acho que a ficha dela caiu e ela sorriu. Um sorriso grandão e imaginei se ela estava orgulhosa de si mesmo, pois eu com certeza estava dela. Esses sócios em particular, jamais tinham elogiado ninguém, nem eu mesma.

-- Muito Obrigada, Sr.

-- Eu que agradeço! Era de alguém assim que estávamos precisando. Você é a menina de ouro da empresa.

-- Estou apenas fazendo meu trabalho. - Ali estava seu sorriso, enchendo a sala novamente. Era tão lindo que eu nem consegui ficar meio enciumada por ela ser a menina de ouro que eu nunca fui. Será que alguém tinha a mínima ideia de que sorriso era aquele? De como chegava até a gente em ondas?

-- Ora, Ora. Muito bom... Tem algo a mais que você precise? Qualquer coisa é só falar.

 

Ela olhou para mim ainda muda do outro lado da sala. Olhou pra mim com toda a tristeza e mágoa que carregava. Virou pro meu pai e disse, me surpreendendo totalmente.

-- Só queria dizer que se não fosse a Ana me treinando com toda sua paciência e dedicação – Se virou pra mim e ficou me olhando, aquele olhar extremamente intenso que me faz tremer. Continuei parada séria, onde estava. - Eu provavelmente não estaria aqui hoje recebendo esses parabéns. Então eu acho que essa felicidade e esse agradecimento todo devem ser para ela também. - Se virou novamente ao meu pai e continuou. - O Sr. Tem uma filha maravilhosa e incrível! Eu vejo isso com muita clareza e espero que todos também vejam.

 

Tinha coisa mais linda do que aquilo? Mesmo com todo ressentimento por mim, olha o que ela falava. Eu sabia que ela estava dizendo aquilo pelo episodio que ela tinha escutado meu pai acabando comigo e aquilo era meio que uma indireta para ele. Mas mesmo assim, eu queria abraçá-la, queria sorrir de orelha a orelha. Mas meu pai estava ali e mais do que nunca eu devia manter a pose, então apenas assenti com a cabeça e dei um pequeno sorriso. Meu pai ficou calado, olhando pra ela. Remexeu na cadeira, começou a arrumar alguns papeis e disse.

-- Muito bem, pode ir Lara. Meus parabéns mais uma vez. – Naquele mesmo tom seco de sempre.

 

Ela ainda ficou olhando perplexa para ele por alguns segundos, depois assentiu, agradeceu, olhou pra mim uma ultima vez e saiu. Fiquei olhando pra porta ainda boquiaberta e querendo sair atrás dela.

-- Não sei o que você fez com essa garota, não me interessa. Só espero que continue assim, para que outros tenham uma visão sua como ela tem. Talvez ela que é boazinha demais, porque nunca vi ninguém elogiar você antes... De qualquer maneira, melhore essa cara. Pode ir, preciso trabalhar.

 

Tudo bem, não precisa ficar triste por mim, eu já estava acostumada com ele me tratando assim. Eu não estava nem aí para ele, porque eu me sentia andando nas nuvens com a lembrança das palavras dela, o olhar e o sorriso. Parecia fazer uma eternidade desde que eu não a via sorrindo. Eu queria confessar uma coisa: eu não aguentava mais aquela situação. Não aguentava mais ficar me segurando desde que ela apareceu em minha vida, não aguentava mais ficar sem seus sorrisos, suas gracinhas e ter que conviver só com aquele olhar sério e aquela voz seca. Vou falar outra coisa, quando essa menina queria fazer todos sorrirem, ela ia e fazia como ninguém. Mas quando ela queria machucar ou ser seca, ela também fazia isso muito bem. Seu olhar quase me matava a cada vez que pousava sobre mim. Eu tinha sido idiota, eu sei. Tive que perder aquele calor para perceber o quanto minha vida era fria e sem graça. Agora eu estava pagando o preço, nada mais justo. Eu precisava voltar a conversar com ela, de alguma maneira, pois sábado estava chegando e eu queria muito ela lá, precisava que ela fosse. Passei ontem a noite toda fantasiando coisas que nunca sequer sonhei. E um beijo aconteceu, na minha imaginação. O melhor ou o pior de tudo, é que não foi tão abominável quanto pensei que seria, visualizar eu e ela, juntas. Depois do primeiro beijo outras várias cenas vieram de mansinho me perturbar a noite toda.

 

 

Lara

 

Cheguei à sala de reunião e bati na porta antes de entrar. Por mais que ele fosse muito agradável comigo, eu sabia como o Sr. Peter era chato. E eu estava com medo, pois não tinha a mínima ideia do que ele queria. Será que alguém tinha ligado pra reclamar de mim sobre a reunião? Minha briga com Ana havia me deixando abalada e tive medo de que não tivesse escondido isso tão bem assim ou ter deixado transparecer mal humor, sei lá. Já entrei receosa e disse:

-- Sim, Sr. Peter, tudo bem? – Mal coloquei o pé na sala e a vi no cantinho da sala, toda de preto, linda de morrer, mas o que ela estava fazendo ali? Será que iam me despedir? Que ela foi reclamar pro pai sobre mim, sobre nós? Olhei bem pra ela, principalmente com receoso dela ter contado algo, mas também queria que ela sentisse minha mágoa com ela através daquele olhar e tentei encontrar explicação para o que acontecia nos olhos dela quando ele falou.

-- Tudo ótimo, querida. Os sócios da reunião de ontem me ligaram para dizer coisas esplêndidas sobre você. Eles ficaram maravilhados e eu a cada dia estou mais também. Queria apenas agradecer, pessoalmente. Meus parabéns.

Eu tinha ouvido certo? Eles não iam me despedir? Ana não tinha ido reclamar para o pai dela? Eu nem acreditei no que eu tinha ouvido. Será que dava pra ele repetir? Tinham me elogiado! Olhei para os lados verificando se tudo estava no lugar correto, porque eu sentia tudo meio flutuando fora do lugar! Eu esperava outra coisa, não elogios. Olhei pra ela e ela continuava ali, do mesmo jeito. A ficha então caiu, eu não tinha feito nada errado, tudo estava bem. Eu fui boa no meu trabalho apesar de tudo. Senti orgulho de mim mesma, porque olha... Era cada homem feio e mal encarado ontem. Deus me livre. Sorri ao pensar nesse comentário.

 

-- Muito Obrigada, Sr.

-- Eu que agradeço! Era de alguém assim que estávamos precisando. Você é a menina de ouro da empresa.

-- Estou apenas fazendo meu trabalho. – E eu estava mesmo, mas era bom ser reconhecida e elogiada. Todo mundo gostava e comigo não era diferente. Eu ralava muito pra isso.

-- Ora, Ora. Muito bom... Tem algo a mais que você precise? Qualquer coisa é só falar.

Algo mais que eu precise? ‘‘Bem, eu queria muita coisa pra falar a verdade, e eu queria muito a sua filha, se o Sr. me permite dizer.’’ Foi com esse pensamento bobo que olhei pra ela e vi seu rosto. Eu sentia e no fundo sabia que não importava o quanto eu diga 'eu não me importo', eu me importava. Meus sentimentos a parte, me lembrei da parte dela nessa história. Ele havia sido extremamente grosso com ela e eu não tinha me esquecido disso. Ele reconhecia todo mundo menos essa pessoa maravilhosa que estava ali linda, parada em frente à janela com o sol batendo. Eu queria poder saber desenhar para eternizá-la ali, bem assim. Eu ainda estava magoada com ela, mas eu ia tentar dar uma liçãozinha nele com sutileza.

 

-- Só queria dizer que se não fosse a Ana me treinando com toda sua paciência e dedicação – me virei pra ela, olhei bem fundo para demonstrar que eu diferente de todo mundo, me importava com ela, com seus detalhes e com sua pessoa. -- Eu provavelmente não estaria aqui hoje recebendo esses parabéns. Então eu acho que essa felicidade e esse agradecimento todo devem ser para ela também.  -- Me virei novamente pra ele, primeiro pra não me perder no olhar dela e segundo pra reparar se ele estava prestando atenção no que eu estava querendo gritara pra ele. -- O Sr. Tem uma filha maravilhosa e incrível! Eu vejo isso com muita clareza e espero que todos também vejam.

 

Sim, senhoras. Ela fazia o que fazia comigo, eu estava magoada e ferida, mas ainda sim eu a achava maravilhosa. Quem não acha? Aquele corpinho todo escultural. Mas brincadeiras ao lado, uma parte de mim sabia que aquilo tudo era somente uma armadura, muito bem soldada para se proteger e aguentar a vida que ela levava. Aquele gelo era somente um modo de suportar a repressão que vivia. Eu nunca me esqueceria do que escutei e apesar de tudo não me esqueceria de como eu gostaria de protegê-la. O velho se remexeu na cadeira, imaginei se talvez meu tapa o tenha acertado, mas ele fingiu que nada aconteceu e começou a olhar alguns papeis. Olhei pra Ana que assentiu com a cabeça e sorriu rapidamente, me lembrou um sorriso de criança, cúmplice e doce. Tão pequeno, mas que demonstrava tudo isso para mim.

-- Muito bem, pode ir, Lara. Meus parabéns mais uma vez. – Naquele mesmo tom seco de sempre.

Eu queria mandá-lo deixar de ser burro, mas não tinha mais a ser feito. Agradeci e fui pra minha sala, receosa de deixar Ana ali sozinha com aquele monstro, mas o que eu poderia fazer? Caminhei pelos corredores ainda lembrando dela e xingando aquele velho turrão quando escuto uma voz ao longe.

-- Hey, Gatinha! – Lucas me gritou da onde estava, na maquina de scanner. – Já fiquei sabendo das suas façanhas. Parabéns, ein? Nos falaremos mais tarde para sair e comemorar!

Sorri e confirmei com a cabeça, sem dizer nada. Eu estava feliz e ao mesmo tempo meio vazia. Eu não tinha ninguém com quem comemorar aquilo. O Lucas era super legal e eu já o adorava, seus amigos eram bacanas, mas alguma coisa me faltava. Talvez eu só me sentisse assim porque não gostava de ver Ana daquele jeito. Eu ficava meio sentimental e mole de vê-la sendo tratada pelo pai de tal maneira. Deve ser por isso que eu estava assim, meio carente e bobona.

 

 

Ana

 

As horas passaram e eu saí para o almoço, sozinha. Bons tempos quando almoçávamos juntas, senti saudade de almoçar com ela todos os dias, eu confesso. Almocei ainda com suas palavras rodando em minha cabeça. Ela tinha dito que me achava incrível e maravilhosa, acho que a ultima vez que ouvi isso foi no ensino médio, quando eu ainda tinha uma vida. Quando eu me arrumava, saía, fazia bagunça com as meninas e os meninos sempre diziam ' você está maravilhosa', tentando ganhar um beijinho no final da noite. Mas aquilo nunca surgiu nenhum efeito dentro de mim, nunca fez minha barriga tremer, juntamente com o resto do meu corpo. Era totalmente diferente do 'maravilhosa' da Lara. Me fez ficar bamba e dar pulos de alegria por dentro. Fiquei envergonhada, mas os efeitos daquele simples elogio em mim, me deixaram sem palavras. Quando fui pagar a conta, vi as tortinhas no balcão. Veio como uma bala as lembranças, recordei de todas tortinhas que ela havia me dado, de comermos no chão, de quando ela me disse que tinha achado a tortinha gostosa e pensou em mim e depois se embaralhou toda explicando. Lembrei de muitas coisas, eu sempre me lembrava.

-- 15 reais e 25 centavos, Srta. - disse a mocinha do balcão.

-- No cartão, por favor... - ela assentiu e começou a digitar na maquineta. Peguei a tortinha correndo e disse quase sem fôlego, mas sem fôlego porque, né? Era a ansiedade, o receio, era o turbilhão de sentimentos que ela me fazia sentir. - Essa também, cobra tudo junto.

 

Sai de lá rápido e custei a esperar os carros passarem para atravessar a rua. Eu tinha uma ideia e precisava colocá-la em prática. Perguntei a Vanessa se Lara já tinha chegado e ela me disse que não, então fui direito para a sala dela antes que ela chegasse do almoço, o que faltava pouco. Peguei um pedaço quadrado de papel para recados e escrevi:

' Uma tortinha de morango em troca de um sorriso? '

Eu não sabia o que escrever ou o que dizer, eu só sabia que precisava dela e dos sorrisos dela de volta. Deixei em cima da sua mesa e sai extremamente nervosa e ansiosa para saber sua reação.

 

 

.

Fim do capítulo

Notas finais:

Eii, meninas, tudo bem?

 

Não tenho como enviar uma tortinha de morango para vocês, mas que tal uma troca justa hahaha um novo capítulo postado em troca de comentários quentinhos de vocês?

 

beeijos <3


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Comentários para 9 - Capitulo 9 - Uma troca:
tagigomide
tagigomide

Em: 02/08/2024

 Cada dia mais viciada nessa história de Ana e Lara! Amdando sua escrita. Venha logo com seu próximo capítulo! ??

Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 02/08/2024

Estou adorando o rumo que a história está tomando...ansiosa para o próximo capítulo 

Responder

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S2 jack S2
S2 jack S2

Em: 02/08/2024

Estou adorando o rumo que a história está tomando...ansiosa para o próximo capítulo 

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 01/08/2024

Aí ai ai. Já tô ansiosa pra algo mais emocionante acontecer. Essas duas...química jorrando. E esse pai é muito chato. Volta logo.

Responder

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Booksreaders
Booksreaders

Em: 01/08/2024

Parabéns autora, ótimo capítulo! Onde está o próximo? Esse deixou gostinho de quero mais (como todos os outros). Abraços.

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edjane04
edjane04

Em: 01/08/2024

Não aguento ver elas brigadas :/

Responder

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SeiLá
SeiLá

Em: 01/08/2024

Kkkkk obrigada pelo capítulo autora, amando ler sua história, espero q dê tudo certo para as duas no futuro!

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