Capitulo 6 - Prazeres vazios
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Ana
Sonhei com ela e foi tudo meio confuso na minha cabeça. Eu nem gostava de lembrar o sonho, mas não conseguia parar de pensar nele. Estávamos de volta no carro e enquanto ela repetia ‘Por favor’, com aquela voz cheia de sentimentos, ia chegando mais e mais perto até eu sentir sua respiração muito próxima e começar a tremer. Não me lembro se de medo ou de desejo.
Fui puxada do sonho com mãos no meu corpo, sondando, querendo. Gemi ainda meio dormindo. Será que era mais que sonho ou será que eu ainda estava no sonho? Eu me sentia meio tonta, como se estivesse bêbada. Acordei e tudo se tornou um pesadelo assim que senti um corpo pesado em cima de mim e uma boca rude. Era Victor e não havia nada de suave nele. Ele já estava sem camisa e tirava minha calcinha nesse momento. Deixei-o me beijar e me tocar até ele conseguir o que queria. Não sei o que pensava durante o sex*, só fechei os olhos e tentei acompanhar, no automático, seus movimentos. Ouvi seus gemidos em meu ouvido e senti as estocadas fortes dentro de mim pensando como eu não sentia prazer algum com aquilo. Na verdade, era meio incomodo. Senti o balançar do meu corpo enquanto eu olhava para o teto, às vezes, fechando os olhos e desejando que ele goz*sse logo. Eu não gostava de sex* e era rara às vezes em que eu sentia prazer com ele, mas hoje eu não estava com a mínima cabeça para aquilo, nem para fingir e muito menos para suportar. Ele não demorou muito a ter um orgasmo e caiu do meu lado na cama. Sua respiração estava pesada, eu ainda estava com as pernas meio abertas enquanto passava a mão por meus cabelos. Eu estava escondida em algum lugar dentro de mim. Passado um tempo ele olhou pra mim e disse:
-- Estava com saudades, querida? – Ele disse sorrindo com aqueles dentes brancos, mas que eu não achava bonito e não me fazia sorrir também. De mansinho arrastei meu corpo até o dele, afundei o rosto em seu peito e chorei sem saber o porquê daquilo. Acho que o assustei, não sei, mas ele me deixou chorando em seu peito e permaneceu paralisado. Talvez ele só estivesse receoso, não fiz questão de me recompor e ser extremamente racional como sempre, então só continuei chorando. Minhas lágrimas foram sumindo à medida que eu ia engolindo o choro aos pouquinhos. Assim que consegui conter o choro ele se levantou, foi pro banheiro e disse sem olhar para mim.
-- Deve ter tido um dia duro no trabalho, certo? Vou tomar banho e depois temos que ir jantar no seu pai.
E assim ele entrou no banho, sem dizer mais nada ou sequer um beijinho de consolo no alto da cabeça. Fiquei na cama sozinha enquanto ele tomava banho, desejando poder sumir.
Não entendia em nada o porquê eu estava assim... Com raiva, magoada, com medo e já estava cansada de repetir isso para mim mesma. Mas não importava o quanto eu estava exausta desse assunto por hoje, porque eu sempre voltava nele: Lara; ela estava gravada em meus pensamentos. Mesmo quando eu não me esforçava para lembrar, ela aparecia nos meus sonhos e era tudo culpa daquele sorriso. Eu me sentia tão morta, ultimamente, quando ela não estava perto. E por que ficar com Victor me pareceu pior do que geralmente era? Lembrei do sonho, principalmente do seu rosto tão próximo ao meu e tive a sensação mais agridoce do mundo. Eu chegava a ficar vermelha quando me lembrava do quase beijo, sentia uma vergonha interna, meu corpo chegava a ficar quente, como se alguém pudesse escutar meus pensamentos, e acabava sentindo raiva de mim mesma. Aí eu ficava triste e frustrada por não ter terminado o sonho, queria voltar no tempo e que o Victor atrasasse 2 minutos que fosse só para concretizar o beijo. Minha boca encheu d’água quando fechei os olhos e senti quase como se fosse real sua respiração em meu rosto, e aí sem perceber, minha imaginação louca completou o beijo e eu gemi, engolindo meu desejo a seco.
Senti alguma coisa formigando entre minhas pernas, bem naquele lugarzinho e não era a ardência causada pelo sex* feito há pouco tempo. Levei a mão até esse ponto, inconscientemente, acho que mordi meu lábio inferior quando senti um choque percorrer meu corpo como nunca havia sentido antes. Abri os olhos e me vi de pernas cruzadas. Tudo aquilo aconteceu em um segundo, mas me pareceu uma eternidade. Virei na cama e afundei a cara no travesseiro. Eu queria uma mãe, um pai, uma amiga ou alguém para conversar!
Queria ela! Fosse com ou sem tortinha de morango. Comecei a sorrir lembrando aquele dia. O riso foi morrendo e comecei a gritar em silêncio com o rosto afundado nos lençóis de raiva de mim! Que tipo de pensamentos era aqueles? Eu deveria estar chocada, contrariada ou sei lá. Na verdade, eu não deveria estar nem ligando, pois não mudava em nada sua opção sexual para mim! Eu só era a patroa dela e pronto. O que ela fazia fora da empresa não me interessava desde que ela fizesse um bom serviço ali dentro. Escutei o chuveiro sendo desligado e tentei me recompor alisando o rosto. Respirei fundo algumas vezes e olhei as horas no celular, pois eu não queria me atrasar no encontro com meu pai. Quanto antes eu chegasse, mais cedo eu iria embora. Comecei a apertar qualquer tecla do aparelho e acabei parando na agenda, bem no nome dela. Senti vontade de apertar o botãozinho verde que efetuava a chamava e senti meu dedo até tremendo. Eu podia ligar para ela como sua chefe, não podia? Mas eu ia falar o que? Busquei um milhão de desculpas e não encontrei nenhuma boa o suficiente, então joguei o celular pro outro lado da cama e fui me arrumar.
Lara
Comecei a me arrumar e estava sentindo um baita calor. Eu era calorenta desde pequena e quase nunca sentia o frio que, geralmente, todo mundo sentia. Enquanto me arrumava peguei o celular de tempo em tempo, tentando criar coragem e ligar pra ela nem que fosse pra perguntar se estava tudo bem. Mas eu não era de correr atrás de ninguém, fosse quem fosse. Mas no fundo eu sabia que eu não ligava porque era orgulhosa e sim porque eu era medrosa! Eu ia falar o que? Vai que ela nem quisesse mais falar comigo? Tentei me convencer que no fundo eu estava correndo atrás do meu emprego, mas não consegui convencer nem a mim mesma. Peguei minha bolsa, joguei o celular dentro e fui encontrar o pessoal.
Estacionei o carro ali perto e fui procurando o Lucas no meio daquele tanto de gente. Visualizei o alto da sua cabeça com aquele cabelo muito preto e percebi como a mesa já estava formada. Ao seu lado havia um rapaz muito bonito, alto, cabelo também preto e com ombros largos. Ele não era daqueles bombadões de academia e isso era bom, imaginei o quanto ele deveria ser alto em pé. Do lado dele se encontrava uma mulher muito bonita, loira, com lábios cheios e que jogou os cabelos pro lado assim que cheguei à mesa, me olhando. Havia também outros quatro caras, o que me pareceu ser dois casais. Aquilo estava mais me parecendo um encontro de casais e, aparentemente, só faltava eu pra completar aquele plano maligno. Mirei Lucas com os olhos, abri os braços e dei um sorriso.
-- Oi, gatinha! Você está atrasada... - Ele se levantou pra me dar um beijo.
-- Eu sei. – Disse ainda meio abafada pelo abraço. Depois soltei dele e me virei para a mesa. – Desculpem a demora e oi pra todo mundo. – Cumprimentei com meu melhor sorriso. Percebi com a loira me encarava e fiquei até meio receosa do que ela pensaria de mim, já que eu vestia roupas tão simples. Eu não conhecia aquele bar ainda e pelo visto o pessoal usava esporte fino. Eu só tinha vestido um jeans qualquer, uma blusinha branca por baixo, uma camiseta larga e xadrez verde por cima e uma bota não muito alta, pois imaginei que não cairia bem calçar meus tênis. Mas tudo bem, estava do meu jeito básico favorito. Nem tinha arrumado o cabelo, tão pouco. Eu tinha acabado de lavá-lo e ele sempre ficava meio cheio quando secava ao vento. Meu cabelo era liso, mas não daqueles escorridos. Era daqueles lisos levemente ondulados, para não dizer em outras palavras, liso rebelde. Lucas começou a apresentar um por um presente na mesa. Ele quase deu um pulinho quando chegou no...
-- Bem, esse é o Maurício! - E deu um sorriso que entregava tudo. Pelo menos ele estava feliz.
-- Prazer, Maurício, é bom finalmente te conhecer. - apertei sua mão. Mas o cara se levantou, me deu um abraço rápido e um beijo no rosto.
-- É um prazer, finalmente, te conhecer também. Você não é nada menos do que ele descreveu.
Não teve como não ficar sem graça com esse comentário, mas Lucas interrompeu meu momento de timidez e disse:
-- E essa Lara é a Fran, ela trabalha com o Mau algumas vezes ou outra, não é, Mau? – Eu já tinha olhava para ela, mas dessa vez reparei bem e me perguntei se ela gostava mesmo de mulher, porque não parecia. Lésbica ou não, ela era muito sensual e bonita. Virei pra ela com meu sorriso arteiro e disse:
-- Prazer, Fran, tudo bem? - Apertei sua mão com segurança, de um modo suave, mas forte, não apertado. Ela se levantou e trocamos um beijo no rosto.
-- Tudo bem e você?
-- Melhor agora com uma mesa tão bacana assim.
-- Que bom! Adorei sua camiseta...
-- Ah, Obrigada. É uma camiseta simples, mas uma das minhas favoritas. Eu estaria sendo rude se dissesse que em você gostei do ‘pacote’ inteiro?
Acenei com a mão e puxei a cadeira para que ela se sentasse. Sim, eu sabia ser direta e sem vergonha também. Ela pareceu gostar do meu comentário, porque riu e eu percebi como a única cadeira vaga era ao lado dela. Assim que me sentei pedi um suco com bastante gelo e açúcar, como eu adorava. Eu não curtia bebidas alcoólicas e havia poucas que eu bebericava. Logo me enturmei com todos e começamos a falar bobeiras. Fui conhecendo e me soltando com cada um aos poucos. Conforme o papo ia se tornando mais leve, a lembrança de Ana foi ficando no fundo da minha cabeça.
-- Ele te chama de Mau sempre? – perguntei rindo para o Maurício. Achei esse 'Mau' tão estranho e fofo.
-- Sim, acredite. O tempo todo e para compensar eu o chamo de Lulu.
-- Lulu???!! - Bati na mesa de tanto rir. Tentando reverter à situação Lucas disse.
-- Só nos momentos íntimos, tá bom?! – E deu um tapinha no braço do amado. - Seu bobinho, não vai na onda dessa malandra!
Dei uma piscadinha pro Mau e bebi mais um pouco do meu suco quando Fran colocou a mão em minha coxa, quase como quem não quer nada além de se apoiar mais pra frente.
-- E você? O que conta pra gente? - Virei pra ela, remexi na cadeira, fiquei mais próxima e disse.
-- Eu nada, mas tenho certeza que você tem muitas coisas interessantes.
E a olhei de cima em baixo, deixando claro com meus olhos o sentido daquele comentário. Ela que entendesse isso como quisesse, fosse como quem quer sex* ou só quer puxar papo. Eu não estava afim de um romance hoje e pra falar a verdade eu sentia meio que me forçando a querer ela, a sentir tesão. Não que ela fosse feia, nada disso. Era só que eu me sentia meio assexuada essa noite. Aquela conversa com Ana me deixou tensa, sei lá. Mas ela deu um sorriso como quem entende a indireta e a aceita. Continuamos a conversar e fui fazendo perguntas conforme ela ia contando mais sobre sua vida. Quando dei por mim já era tarde da noite, faltando poucas horas para amanhecer. Não consegui segurar e bocejei.
-- Estou sendo muito chata? – Ela perguntou mal me esperando fechar a boca, será que ela ficou chateada? Tentei arrumar a coisa toda.
-- Jamais, desculpe. Acordei cedo pra trabalhar hoje, só isso. Não estou tão acostumada assim a ficar acordada até tarde, desde... Nossa, faz muito tempo que não fico na rua até de madrugada. Desculpe.
-- Que isso, eu entendo. Já são mais de quatro da manhã e ficar só sentada aqui é chato, né? – Ela alisou minha coxa.
-- Um pouquinho, sim. – Fui sincera e ri sem graça. - Acho que já vou embora. Todo mundo é muito legal, mas estou meio cansada.
-- Ah... - Ela pareceu mesmo desapontada agora. Eu deveria chamar ela pra sair ou algo assim, não? Um motel? Sua casa ou a minha? Mas ainda sim, eu não sentia muita vontade não. Na verdade, nenhuma. Mas ela era muito gata pra desperdiçar assim e eu sabia o porquê no fundo eu não queria. Era por causa da Ana, mas de que adiantaria ir para minha casa e ficar afundada na cama pensando nela?
-- Quer uma carona? Eu te levo em casa, se precisar, você veio de que?
-- Com o Mau... - E deu uma piscadinha pra ele, que em resposta piscou de volta para ela. Então já era um plano praticamente armado desde o começo, imaginei.
-- OK. Vamos então? – Ela prontamente disse que sim.
Nos despedimos do pessoal, mas não sem antes marcar um outro rodada para algum dia qualquer. Dei um abraço apertado no Lucas antes de ir.
-- Gatinho, ele é ótimo e lindo. Vai embora também esquentar alguns lençóis. Quero sair mais vezes com vocês dois.
-- Ain, que bom! Já estamos quase indo também, daqui a pouco. Você parece meio longe hoje? Tá tudo bem? A Fran não é bonita o suficiente ou você que é frouxa?
Ele me encheu de perguntas. Não tinha como não sorrir.
-- Ela é linda, seu besta. E sim, estou só com a cabeça cheia de... – Mas ele não me deixou completar a frase me deu um tapa bem dado na cabeça.
-- Cheia do que não deve, tenho certeza! Esqueça ela, Lara. Você tem uma gata nas mãos essa noite. Esquece isso e divirta-se!
Pensei em lhe contar rapidamente o que aconteceu hoje mais cedo, mas preferi não. Conversaria com ele depois, porque agora não adiantaria de nada mesmo, ainda mais na frente de todos.
-- Certo, claro. Se divirta também. Me liga qualquer coisa ou nos vemos segunda! Almoço juntos, OK?
- Claro. Beijos, gatinha. – Sim, nos tínhamos a mania boba de chamar um ao outro de ‘gatinho’ e ‘gatinha’, só pra zoar. - Se cuida, ein?
- Pode deixar. – Respondi e me virei para o cara ao seu lado. - Mau... Vou te chamar só de Mau agora, viu? Foi um prazer! – Ele se levantou e me deu um abraço de urso, sério, chegou a doer as costelas.
-- O prazer foi todo meu, lindinha. – Ele disse e sussurrou no meu ouvido. – Lu conversou comigo, espero que não se importe, mas só digo uma coisa: Fran é linda, mas não faça nada que seu coração não queira, OK?
E não é que eu quis ficar naquele peito enorme e chorar que nem um bebê? Antes que as lágrimas começassem a cair, comecei a rir da situação. Eu nem o conhecia e ele já estava me decifrando? Acenei com a cabeça sem coragem de abrir a boca e me entregar. Procurei Fran com os olhos, ela já tinha se despedido de todo mundo e esperava. Mau me deu uma ultima piscadela antes de irmos embora.
Dentro do carro enquanto colocávamos o cinto de segurança perguntei onde ela morava e liguei o som pra distrair o clima. Eu não sabia o que fazer, acreditem. Eu estava cansada, não queria gastar energia indo pra um motel e trans*ndo o resto da noite, mas também queria muito, pelo menos tentar me divertir com ela. Ela me disse seu endereço e eu comentei.
-- Sou novata aqui na cidade, então você vai me guiando às vezes, pode ser?
-- Claro.
Eu não queria parecer grossa, nem mal educada e nem desinteressada. Olha eu só queria que ficasse tudo bem com a Ana, sabe? Só isso, eu juro! Fomos conversando amenidades pelo caminho e chegando na porta do seu apartamento, desliguei o carro meio receosa.
-- Hum... Você se divertiu? Desculpe qualquer coisa. Muita complicação no trabalho hoje e... – Disparei a falar sem ver.
-- Tudo bem, relaxa. Eu gostei muito e você foi tudo que o Lu prometeu, só ficou uma coisinha mais pra descobrir... - e colocou a mão na minha coxa de novo. Ah, eu não aguentaria aquela tentação, mesmo. Foda-se a Ana. Ela tava lá no bem bom com o namorado dela de qualquer maneira.
-- Ah é? O que? – Sussurrei chegando mais perto dela. Nossos rostos ficaram muito próximos, ela riu e apertou mais ainda minha coxa.
-- Vamos dar um jeito de tirar essa dúvida, não?
E com isso ela diminuiu a distância entre nossos lábios e colou sua boca na minha. O beijo foi sensual e quente. A palavra tesão encheu o carro e não tinha espaço pra outra coisa. Primeiro coloquei a mão por trás do seu cabelo, segurei firme e dei uma puxadinha de leve. Depois fui viajando com minhas mãos, alisando seu corpo dos lados, subindo e descendo. Passei muito rápido e de leve nos seios apenas para deixá-la arrepiada. Alisei, apertei suas coxas e voltei minhas mãos para seu cabelo. Ela fazia o mesmo, no mesmo ritmo. Conforme o clima foi esquentando enfiei a mão por debaixo da blusa, fui direta. Senti seus seios cheios, grandes o suficiente, por cima do sutiã. Ela me apertou contra si mais ainda. Coloquei os dedos por debaixo da peça apertada e senti o bico endurecido, ela gem*u. Desceu os beijos pelo meu pescoço e foi mordendo. Suspirei, geralmente eu adorava mordida no pescoço, mas hoje eu não estava com tanta vontade assim, por mais que estivesse, sei lá.
-- Vamos entrar? - Ela disse enquanto tentava tirar minha blusa xadrez. Parei tudo que estava fazendo e a olhei. Ia ou não ia? Eu já sabia como aquilo iria terminar, eu não daria conta do recado ou algo do tipo, mas sou teimosa.
-- Vamos!
Fechei o carro e entramos em seu apartamento. Olhei pra ela dentro do elevador mais uma vez e ela riu. Na minha cabeça o nome Ana soou forte, muito alto. Aquilo não podia estar acontecendo, ai meu Deus, mas estava. Fran destrancou a fechadura apressada, fechou a porta atrás de nós e tentei tirar aquele outro ser da minha cabeça enquanto jogava Fran na parede, me tornando, de repente, meio selvagem. Beijei seu pescoço, sua nuca e seus ombros com muita vontade. Tirei sua blusa e joguei longe, pressionando-a contra a parede mais ainda. Ela foi me guiando até o quarto enquanto eu abria o zíper da sua calça e tentava tirar seu sutiã. Assim que chegamos ao quarto sentei em sua cama, a puxei de modo que ficasse em pé de frente pra mim e comecei a beijar os seios, sugando-os com fome. Ela não se parecia em nada com Ana, mas naquele momento com os olhos fechados, eu desejei profundamente que fosse. Ela afundou as mãos no meu cabelo me puxando para mais perto e colocou a cabeça pra trás mordendo os lábios, gem*ndo. Fui descendo a boca, desci até a barriga e mordi ali com força várias vezes. Levantei e a joguei na cama. A beijei, apalpei e apertei forte seu corpo com minhas mãos, ajoelhei de frente pra ela e tirei seus jeans com sua calcinha indo junto. Ela me olhou com os olhos brilhando e disse:
-- Me come, gatinha. Bem selvagem, assim...
Bom, ela podia ser advogada e toda fina na mesa, mas era visivelmente safada na cama. Eu não fiz nada demais, apenas abri suas pernas e afundei minha língua ali. Eu não queria fazer amor com ela, não queria sentir seu corpo debaixo do meu, nada disso. Então fui direto ao ponto. Ela gem*u mais ainda e me apertou contra seu sex* quanto mais eu lambia e ch*pava. Não pensei em nada enquanto ela se contorcia e dizia
-- Vou goz*r... Continua.
Senti suas pernas começarem a tremer e logo depois ela deu um grito de satisfação. Sua respiração ainda estava pesada quando sai da posição em que estava e a olhei. Ela estava nua, muito bonita, suada e de olhos fechados, com as pernas ainda meio abertas. E eu ainda estava de roupa. Levantei, fui ao banheiro, lavei minhas mãos e depois fiquei olhando para ela mais um tempão; e por mais que a visão dela me despertasse desejo, eu não conseguia colocar aquilo em prática. O nome Ana não saia da minha cabeça. Peguei o celular no bolso. Eu não aguentava mais, iria ligar pra ela! Quando vi as horas. Meu deus, já eram 6:15 da manhã! Coloquei o celular no bolso de novo com raiva. Tinha até me esquecido que eu não estava em minha casa e muito menos sozinha quando a voz de Fran me trouxe a realidade.
-- O que foi, gatinha?
Lá estava uma baita loira nua na cama, me esperando e eu aqui sem tesão algum com medo de nunca mais conversar com a Ana. Eu queria me bater. Tentei sorrir
-- Nada. Só vim ver se tinha alguma ligação da minha mãe, ela ficou de ligar. - menti.
-- Oun, que fofo. Vem aqui pra mim te esquentar também, vem!
'Ela é linda, mas não faça nada que seu coração não queira, OK? ' Lembrei do Mau me dizendo isso. Eu não queria mais, não adiantava. Eu não estava sentindo nada, o tesão e a curiosidade tinham ido passear juntos e me deixado ali sozinha.
-- Eu... Eu preciso ir, Fran. Desculpe... – Eu não sabia como dizer aquilo, estava sem graça.
Ela suspirou, levantou da cama, caminhou até onde eu estava, deu um beijo na minha bochecha e disse:
-- Já entendi. Sua cabeça não está aqui hoje, nem esteve comigo a noite toda. Não sei o que te preocupa tanto, mas pode ir. Me liga, se quiser. - Pegou o celular no meu bolso, anotou seu número e me entregou. Me deu um leve beijo nos lábios e eu disse:
-- Obrigada. Me desculpe, sério. Eu não sei o que aconteceu também. Falhar na cama assim, acho que estou só cansada, não sei... – Mas ela colocou um dedo nos meus lábios me impedindo de continuar. Suspirei e fomos andando rumo à porta.
-- Gatinha, você não falhou em nada. Foi um dos orgasmos mais maravilhosos que já tive na vida, acredite. Você tem uma língua maravilhosa, sabe onde tocar direitinho na gente e tem mãozinhas muito ágeis. Eu adorei.
-- OK, ótimo, mas me desculpe mesmo assim. -- |Tentei sorrir para ela enquanto atravessava a porta e aguardava o elevador.
-- Me liga. - Ela disse.
Dei um beijo no seu rosto antes de entrar no elevador e me dei um tapa na testa assim que as portas se fecharam. 'Tá feliz agora?! An?!' perguntei a mim mesma. Eu tinha perdido uma noite de sex* por não conseguir tirar Ana da minha cabeça e eu nem podia ligar pra ela. Eu falaria o que? Nem eu sabia o que estava acontecendo comigo. Claramente eu não estava apaixonada por ela, por mais que a achasse linda, mas não importava, pois ela não estaria interessada. Devia estar nos braços quentes do seu amado. Dei um chute na roda do carro antes de entrar dentro dele, liguei meu rock de sempre e fui pra casa na esperança de que pelo menos minha mãe ou Elen, minha melhor amiga, estivesse na internet.
Cheguei em casa quase voando e corri para o computador. Olhei para o relógio e eram 7:30 da manhã, eu não estava com sono, minha cabeça estava a mil. Entrei na esperança de que Elen estivesse online, imaginando que horas deveriam ser na Itália, onde ela morava. Graças a Deus já era quase meio dia e ela estava online! Chamei ela quase correndo. Fofocas a parte, depois de dizer mil vezes o quanto sentia sua falta e a amava, comecei a dizer o que me atormentava. Contei tudo, desde meu primeiro dia de trabalho, o quanto Ana era bipolar e fechada em seu mundinho, do namorado, do pai dela e da noite com Fran. Ela riu muito como sempre fazia e por mais que, naquele momento parecesse irritante, sua risada de trovão sempre me acalmava. Ela era a pessoa mais linda do mundo pra mim, não havia a menor dúvida disso.
-- Elen, para de rir e fala algo que preste!
- Mas prestar pra que? – Ela disse a nossa frase e eu completei.
- Prestar não presta pra nada! – E lá estava eu, rindo de novo.
-Isso mesmo! Eu acho que você devia agarrar ela, matar esse tesão todo e seguir sua vida, já que ela é gata.
- Ai, ai Elen, só você...
- Brincadeiras a parte, a única coisa que você pode fazer agora é esperar até segunda e ver como ela vai te tratar. Ou você passa óleo de peroba na cara e liga pra ela.
Eu não ligaria, eu sabia. Então eu teria que continuar esperando aflita.
Ana
Tomei banho, coloquei um vestido preto básico, um colar e pouca maquiagem. Não tinha porque me arrumar em noites como esta. Victor já me esperava pronto com sua calça social cinza e camiseta branca. Ele era muito bonito, não tinha como negar. Eu sabia que muitas mulheres dariam qualquer coisa pra estar no meu lugar e eu daria meu lugar a elas de graça.
-- Vamos?
Assenti e descemos até a garagem em silêncio. Assim que entramos no carro ele começou a comentar como estavam as coisas no RJ, na empresa, sobre os acordos e com iam as coisas sua família. Acho que murmurei algumas vezes, concordando com o que ele dizia. Chegamos muito rápido na casa do meu pai ou foi o que me pareceu. Ele mal estacionou o carro e meu pai veio o receber com um forte abraço.
-- Victor, meu filho!
-- Peter! Quanto tempo! Como vão as coisas?
-- Ótimas, venha... Separei um vinho especial pra você essa noite.
Meu pai não me deu um Oi, não olhou pra mim e muito menos, me deu um abraço. Acho que Victor era o filho homem que meu pai sempre sonhou em ter. Eu era mulher, ser inferior na cabeça dele e além de tudo, quase que uma versão mais jovem da minha mãe. Ele não devia gostar de olhar para mim e relembrar o erro que ele cometeu se casando com ela há muitos anos atrás. Viu? Eu ia ficar jogada a noite toda em um canto.
O tempo passou devagar e de forma torturante. Eles tomaram vinho, conversaram, riram e eu fiquei lá do mesmo jeito que cheguei. Durante o jantar começaram a falar sobre a empresa e marcaram de se reunir na segunda-feira de manhã. O voo de Victor para o rio sairia apenas de noite. De novo pensei muito na Lara, meu pensamento ia até ela sem nenhum esforço. Fiquei olhando as horas todo tempo e imaginando o que ela estaria fazendo cada vez que fiz isso. Minha imaginação não parava. Imaginava se ela já estaria na cama com a advogada, quantos sorrisos ela a tinha dado e quantos ela teria arrancado da fulana até aquele momento, enquanto eu estava aqui e não teria nada. O copo de vinho na minha mão continuava cheio enquanto eu o encarava, tristonha. Aparentemente Lara apareceu somente pra fazer um inferno em minha vida, porque as coisas nunca me pareceram tão ruim quanto agora. Os jantares na casa do meu pai nunca foram tão horríveis, sua indiferença nunca me doeu tanto, o sex* com Victor nunca foi tão detestável e o próprio Victor nunca me pareceu tão insuportável. Minha vida, toda minha vida, pareceu muito gelada comparada ao calor que Lara emanava. Se eu a visse agora bateria nela, daria uns bons socos por ter feito aquilo com minha vida. Ela fazia eu sentir falta de viver, mas viver de verdade e eu a odiava por isso. O jantar acabou depois do que me pareceu horas, assim como a conversa e a bebida também.
-- Vamos? Você parece muito cansada... Esquisita. – Eu sabia que ele não estava indo embora porque eu estava estranha, mas sim porque a bebida já tinha acabado. Concordei mesmo assim, mas meu pai entrou na conversa.
-- Deixa disso Victor, não se pode mimar as mulheres. Pegue mais um charuto. Ela é igual à mãe, as duas são esquisitas. - E riu de um jeito que me deu nojo. Eu estava começando a odiá-lo e a entender o porquê de minha mãe ter ido embora quanto mais os dias passavam. Afundei em um sofá qualquer enquanto ele acendia o charuto de Victor e começaram a conversar, de novo.
O tempo passou, mesmo que não parecesse ter passo pra mim e já era muito tarde quando nos despedimos. Antes de entrar no carro meu pai me disse:
-- Dê valor nesse rapaz Ana, pare de cara feia! Já te falei mil vezes, antes que ele perceba que é muito bom pra você! - Segurou minha cabeça entre as mãos e deu um tapinha no meu rosto como se aquilo fosse um carinho. Mas para mim aquilo era, claramente, um tapa.
Dentro do carro a única coisa que eu desejava era chegar logo em casa. Eu estava com ódio. Ódio do meu pai por ser um insensível que não sabe dar valor em mulher nenhuma, e por isso perdeu minha mãe para outro que sabia. Ódio da minha mãe por ter me abandonado, por nunca ter voltado para me tirar desse inferno e do Victor por ser tão bonito por fora, mas tão ignorante por dentro. Senti ódio de mim por não saber mais como levar e lidar com minha própria vida, e principalmente de Lara. Eu a odiava por tudo!
Chegando em casa falei que estava enjoada, que talvez fosse por algo que eu tinha comido e iria me deitar. Ele não entendeu, reclamou um bocado e foi ver TV na sala, ainda resmungando que custava a me ver e quando vinha eu ficava doente. Eu lá tinha culpa de ficar doente? Se eu realmente estivesse? Não respondi, apenas fui deitar, mesmo assim. Não tirei maquiagem, nem vesti o pijama. Já na cama, com a cabeça a mil, criei várias cenas de Lara com outra mulher na cama. Enquanto eu tentava pegar no sono, sem perceber como ou quando aquilo aconteceu, o rosto da tal advogada se transformou no meu. O corpo que ela tocava se transformou no meu. Bufei e coloquei o travesseiro em cima da cabeça, eu já estava toda descabelada. OK, vou ser madura então o suficiente para assumir que, talvez, eu sentisse algo que não deveria sentir, pelo fato de Lara ser gay. Mas aquilo devia ser só uma curiosidade de saber como era, de experimentar. Na verdade, eu só não queria perder a leveza que ela me trazia, não queria ela longe e por temer isso estava confundindo amizade com sex*. É, era isso! Dormi prometendo a mim mesma que odiaria Lara para o resto da vida e que daria um basta naquela situação antes que eu me afundasse ainda mais nisso.
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Fim do capítulo
Oiii, meninas! vocês foram maravilhosas comentando e mesmo viajando, tirei um tempinho pra vir postar pra vocês!!! Por favor, me digam o que estão achando! Conto com vocês, ein? <3
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Sem cadastro
Em: 24/07/2024
Estou adorando essa bagunça que a Lara fez na vida da Ana...ansiosa por mais!
Booksreaders
Em: 16/07/2024
Ansiosa para saber como ambas irão se comportar no trabalho... Até a próxima!
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patty-321
Em: 16/07/2024
Ana, Ana. Que vida de bosta ela tem. A Lara é a sua saída desse mundo cinza. Me lembrou Gap the séries , a Lady Sam vive num mundo cinza até se apaixonar pela Mon e seu brilhante sorriso. E a Lara é muito fofa e ainda acha que não tá apaixonada? Bobinhas. Volta logo, please. Bjs
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Marta Andrade dos Santos
Em: 15/07/2024
Acaita que dói menos Ana.
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S2 jack S2
Em: 15/07/2024
Estou adorando essa bagunça que a Lara fez na vida da Ana...ansiosa por mais!
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jake
Em: 15/07/2024
Olá obrigado mais uma vez por deixar um pouquinho do tempo e postar.Bom Ana vive uma vida em que o importante é se casar e dar ao pai o genro que será o presidente da empresa. Queria saber mais pq o Pai a despreza tanto quais foram os motivos?
Lara por sua vez está apaixonada e não consegue tirar Ana da cabeça acho que as duas deveriam ter uma conversa franca mas como ainda estamos no início da história isso deverá ser num futuro bem distante rsrsrs.
jake
Em: 15/07/2024
um pouquinho de tempo na sua agenda e vim postar.
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