Bom dia, leitoras!
Espero que gostem desse capítulo!
Não deixem de comentar!
Capitulo 13 – Quando estamos juntas
Sofia
O que eu queria que ela fizesse?
Queria que ele nunca tivesse entrado na vida dela, queria que ele não tivesse estragado tudo. Puta que pariu, eu nem o conhecia direito, mas já o odiava tanto.
Na verdade, o problema não era ela, era ele.
Meus Deus, me sinto tão ridícula. Como eu posso ser tão egoísta? Como eu me recusava em vê-la feliz? Porque, bem, eu não sabia de muita coisa, mas ela deveria estar feliz com ele, não? Se não fosse por isso, por que estariam juntos? Não pode ser só para agradar a minha mãe, me nego a acreditar naquilo, por mais que tenha sido exatamente isso o que acabei de sugerir para ela, lá embaixo.
E eu não acredito que ela tenha mesmo insinuado que só estou com a Emma para provocar a minha mãe, ou pior ainda, para não sobrar!? Logo ela que faz tudo para agradar, sem falar que aparentemente é ela quem não consegue ficar sozinha, não eu.
Ah, mas se ela acha isso mesmo, que se foda, eu não vou aguentar esse jantar sozinha, não mesmo! Pego o meu celular de cima do meu criado mudo e começo a digitar uma mensagem:
“Oi, Em, tudo bem?
Espero que essa mensagem não tenha te acordado.
Mas queria te perguntar se você topa vir aqui em casa no sábado à noite.
Minha mãe vai fazer um jantar para aquela amiga dela que você conheceu hoje, e para o namorado dela.”
Reviro os olhos ao terminar de digitar aquilo.
Merd*.
O que eu fiz?
Não posso deixar a Emma ir nesse jantar, não posso fazer isso com ela, já vai ser um desastre o suficiente sem que esteja aqui, fora que ela vai descobri que a tal “amiga da minha mãe” se chama Júlia.
Corro para apagar tudo o que escrevi, até que a última coisa que poderia desejar nesse momento acontece:
Ela visualiza a mensagem.
porr*.
"Emma está digitando..."
Meu coração dispara de um jeito absurdo.
"Claro [emoji sorrindo]"
Ela responde
Mas que merd*.
Como eu consigo ferrar ainda mais com tudo sempre? Acho que é um dom nato. Devo ter herdado isso da minha mãe.
Meu deus, eu já disse que eu me odeio??
A minha vida está tão, mas tão caótica, que nem parece que falta menos de uma semana para o meu aniversário. Acho que tinha até esquecido, diferente do ano passado que até festa eu fiz e até de fantasia eu tinha ido. Eu estava tão animada, pensando que passaria na faculdade de Cinema e que aquele seria só o início de uma vida maravilhosa, perfeita mesmo.
Me lembro de não ter convidado quase ninguém de fora – o que é bastante óbvio, quem eu convidaria? – mas meu pai estava mais presente naquela época e não tão ausente como ele anda ultimamente, mais envolvido com o trabalho do que com qualquer outra coisa. Mas eu não posso culpá-lo, como eu poderia? Acho que eu faria exatamente a mesma coisa se tivesse uma esposa como a Dona Marta. Na verdade, eu já faço isso, e nem sou casada com ela. E também... eu tinha a Júlia. Aquele aniversário foi o início da melhor fase da nossa amizade.
Agora nada parecia fazer mais sentido.
Estou ficando um ano mais distante do meu sonho de ser diretora, ainda moro com os pais, em especial com a mãe, que é onde mora o problema. Eu mal consigo me entender com a Júlia e agora ainda vai ter a porcaria desse jantar.
É... definitivamente, não tenho muito o que comemorar esse ano.
xxx
– Que horas vai ser esse jantar amanhã mesmo? – A Emma pergunta enquanto guarda as suas coisas e se prepara para fechar o seu posto de Salva-Vidas.
– Às 20h. Mas... você não precisa ir, se não quiser.
Não sei como pude achar – mesmo que por um breve momento de insanidade total – que mais alguém poderia caber naquele jantar. Só que agora eu também não podia simplesmente chegar e dizer “eu não quero mais que você vá para a porr* do jantar que eu mesma te convidei.”
Então desde ontem fiquei pensando em alguma maneira delicada de “desconvidá-la”. Mas ainda não tinha chego em nenhuma solução boa o suficiente.
– Ei, parece que alguém está de mau humor por aqui, né? Eu só perguntei que horas vai ser, não disse que não quero mais ir, Ma.
– Eu sei, mas... É que eu acho que fui meio idiota em te convidar, sabe? Quero dizer, vai ser aquele típico jantar em família... Com mãe, pai, irmão, madrinha, papagaio e tudo de chato que se tem direito. Vai ser uma chatice só.
E eu nem estava mentindo.
– Espera, ela é a sua madrinha? Não lembro de você ter me dito isso.
Ótimo.
– É porque ela não é... ela é a madrinha do meu irmão, na verdade.
– Não sabia que a sua mãe era tão nova.
Hã? Da onde ela tirou aquilo agora?
– Na verdade, a minha mãe me teve com uns trinta e cinco anos, e ela não ficou mais nova com o passar do tempo, Emma. – Rio.
– Ah, é que pela idade da amiga dela eu deduzi que...
– Ah, não, a... – Merd*, quase digo o seu nome.
Como se a Emma não fosse descobrir daqui um pouco mais de vinte e quatro horas, se eu não conseguir fazer ela mudar de ideia.
– Elas não têm a mesma idade. – Continuo. – Essa é a amiga mais nova da minha mãe. As duas têm uns dezoito anos de diferença.
– Ata... Ela é bem gata, né? Pena que não é do vale. – Ela diz, sorrindo.
O quê?
– Eu não pensei que tivesse reparado tanto nela assim. – Não sei de quem eu estava com mais ciúmes agora, se da Emma, ou da Júlia.
– Ah, Maria, você sabe, nós mulheres podemos até ser mais discretas, mas não somos cegas, né?
– Você vai, então? – Pergunto, sem mais nenhuma paciência.
– Eu não me importo que seja chato, Ma. Se você me chamou, deve ser por um bom motivo, e se o convite ainda estiver de pé...
O bom motivo: dar o troco na Júlia.
Ótimo, aquele jantar vai ser uma maravilha mesmo. Não que ainda restasse alguma dúvida disso.
xxx
Estou assistindo “How I Live Now” no meu notebook jurássico – aquele que tem entrada para CDs – enquanto seu lobo não vem, ou melhor, enquanto o Sr. Perfeito não vem.
Achei que era o filme ideal para essa noite, porque eu me sentia um pouco como a Daisy, arrancada do paraíso perfeito que era a minha vida com a Júlia antes da Terceira Guerra Mundial – mais conhecida como Clóvis – chegar e colocar em risco esse nosso pequeno refúgio de felicidade, até finalmente conseguir nos separar de vez.
Ok, devo admitir que foi uma péssima comparação, eu nem sei o que é estar em uma guerra de verdade, mas só eu sei o que estou sentindo, e não é nada bom.
Desde que cheguei da praia, subi para o meu quarto e não desci mais, e a intenção era essa mesmo, e se possível, permanecer assim. Eu até já tinha jantado em uma Hamburgueria com a Emma, assim que o turno dela acabou, tudo para não arriscar estar presente no momento em que ele chegar e para adiar ao máximo esse meu encontro com o “casal perfeito” do ano.
Amanhã eu daria um jeito de sumir até a hora do jantar, onde eu realmente não teria mais para onde fugir. Se ao menos eu não tivesse tido a ideia brilhante de convidar a Emma, eu poderia dar alguma desculpa qualquer e vazar. Porque, convenhamos, qual a minha relevância para essa porcaria? Ser a quase afilhada? Deixo escapar um sorriso melancólico. Só que agora ficou um pouco tarde demais, deveria ter pensado nisso antes.
Ouço vozes vindas do jardim e não consigo resistir à minha mórbida curiosidade. Vou até a minha janela, e percebo que minhas pernas estão tremendo.
Merd*, ele chegou.
A minha mãe caminha mais à frente, no nosso jardim, enquanto os dois lhe seguem, atrás. Eu não consigo enxergar tão bem daqui, mas consigo ver que ele está relativamente diferente do pouco que me lembrava. Realmente tinha tirado o bigode, não que isso fizesse muita diferença no quesito “beleza”, algo que passou bem longe dali, na minha opinião.
Olho com um pouco mais de calma, e percebo que ele está envolvendo a sua cintura com um de seus braços cumpridos, e sinto vontade de chorar. Eu nem sei ao certo porque eu me sentia daquela forma, como se ela fosse... como se... como se ele estivesse segurando o meu mundo inteiro e o arrancando de mim.
A Júlia levanta a cabeça e olha na direção da minha janela, para onde estou agora. Sinto o meu corpo congelar, mas ela não poderia me ver daqui, poderia? Estava tudo escuro no meu quarto, nem uma luz sequer estava ligada, nem mesmo a do meu abajur ou as luzes pisca-pisca da cabeceira da minha cama. Ela fica olhando por alguns segundos, até minha mãe dizer alguma coisa e roubar a sua atenção para ela.
Ótimo, eu que não vou ficar aqui me torturando. Fecho as cortinas e volto para o filme que estava assistindo, com fones de ouvido, dessa vez.
– Sofia? – Acordo com as batidas na minha porta e com a voz da minha mãe, que já seria o suficiente para me fazer despertar de qualquer sono profundo.
Olho brevemente para a tela do meu notebook e vejo que o segundo filme que eu havia colocado para assistir, depois que o primeiro acabou, já estava pela metade.
– Ainda está acordada? – Minha mãe pergunta ao abrir a porta.
Vejo que a Júlia está logo atrás dela.
Maravilha.
– Agora que vocês me acordaram, o que você acha?
– Você podia ao menos ter descido para dar um “oi”. – A Dona Marta reclama da minha atitude naquele seu tom impositivo de sempre. Nada de novo.
– Deixa, Marta, a Sofia já vai estar aqui no jantar amanhã, de qualquer maneira, não é? – Ela olha para mim, me intimando. Se certificando de que eu não fugiria.
– É... eu já vou ter que atu... – paro no meio da frase. – vê-lo amanhã, de qualquer forma, não vou? – Digo, olhando para ela.
– Bem, o Clóvis estava se sentindo bastante cansado do dia de trabalho e da pequena viagem e agora já está instalado no sofá-cama da sala. – E o que eu tenho a ver com isso, meu Deus? – Então pensei em a Júlia dormir aqui com você essa noite. É claro que você não vai se importar, não é? – Minha mãe pergunta.
Como é que é? Era mesmo só o que me faltava. Eu não queria vê-la, nem agora nem tão cedo. Eu estava quase respondendo um “é claro que eu me importo, porr*”, mas paro para pensar melhor e percebo que era isso ou então a minha mãe poderia ter a brilhante ideia de colocar os dois para dormirem na sala. Juntos.
Imagina eu levantar no meio da noite para tomar água e me deparar com eles dormindo de conchinha ou... Puta que pariu.
– É claro que não me importo, mãe, a Júlia já é de casa, e agora então, mais de casa impossível, né? – Digo com ironia.
Minha mãe nem se dá conta, mas a Júlia, sim. E pela expressão em seu rosto, fica claro que ela percebeu que aquilo era para ela, e que eu ainda não tinha esquecido a nossa briga, na noite passada.
– Bem, você ouviu o que ela disse, essa casa também é sua. – Minha mãe diz gentilmente, repousando a mão em seu ombro. – Vou deixar vocês se ajeitarem. Você pode dormir na cama da Sofia ou encher a piscina inflável, o que achar melhor. Mas você sabe o que fazer, afinal, já dormiu aqui muitas vezes. – Ela diz, sorrindo.
– Tenha uma boa noite, querida. Amanhã teremos um longo dia. – Minha mãe diz dando um beijo em seu rosto. – E você, não vai me criar problemas, ouviu? – Ela se dirigi a mim, dessa vez. Seu tom vai de simpático para rude em segundos.
Penso em dar alguma resposta à altura, mas não me sobra energia.
Eu sei que eu não deveria esperar mais nada da minha mãe, nada mesmo, mas ver essa diferença gritante de como ela trata a Júlia, para como ela me trata, me deixa sem chão.
O que eu tinha feito de errado para ela me tratar assim? Eu já tinha me feito essa mesma pergunta inúmeras vezes, mas nunca tinha chego em nenhuma resposta. Talvez, porque eu estivesse procurando o problema no lugar errado.
– Você não precisa fazer isso só para agradar a sua mãe, Sofia. – A Júlia diz assim que ela fecha a porta, nos deixando sozinhas no meu quarto. – Ela tem essa mania de conservadorismo barato, mas eu posso muito bem dormir lá embaixo e...
– Você já me viu fazendo alguma coisa para agradar a minha mãe, Júlia? Essa é você, não eu. – Disparo.
– Então... por quê? Por que está fazendo isso?
Vamos ver, pelos motivos óbvios anteriormente citados?
– Porque você é a madrinha do meu irmão, ou seja, quase a minha tia. – Meu tom sai sério.
Eu não estava brincando.
Ela me olha como se eu tivesse acabado de insultá-la, o que, na verdade, eu meio que tinha feito. Acho que ela nunca pensou que me ouviria dizendo algo assim. Na verdade, nem ela, nem eu.
Eu me odiava por estar agindo daquele jeito, só que eu não conseguia agir de outra forma. Uma parte minha ainda queria machucá-la, porque era exatamente assim que eu vinha me sentindo durante esse tempo todo.
– Eu vou dormir na piscina inflável. – Ela diz, secamente.
– Ótimo. – Respondo no mesmo tom.
– Pode pegar ela para mim?
Vou até o meu guarda-roupa, onde eu a guardava vazia e dobrada. Então esbarro o olho em algo que chama a minha atenção. Era a camiseta de Coldplay que a Júlia tinha usado para dormir aqui em casa, no meu último aniversário.
Me lembro como se fosse ontem, a gente tinha bebido bastante – para variar né? Apesar que aquela tinha sido a minha estreia no universo das bebidas alcoólicas – e eu tinha insistido para ela dormir aqui comigo, depois da festa.
– Não considere um empréstimo. – Digo lhe entregando junto com a piscina inflável.
– É a minha camiseta. – Ela constata ao desdobrar o tecido e o esticar em sua frente. – Desde quando você está com ela?
– Acho que desde a última vez que você dormiu aqui.
– Isso já faz...
– Quase um ano. Eu sei.
Por algum motivo, a Júlia nunca mais dormiu aqui comigo, desde aquele dia.
– Na época em que você implorava para eu dormir aqui com você... – Ela diz e depois se perde em algum pensamento. – Pode ficar com ela, acho que já é mais sua do que minha, de qualquer maneira.
Ela me entrega a camiseta de volta e eu a seguro enquanto tento pensar em alguma resposta, mas ela tinha me deixado sem palavras. Merd*, eu quis deixá-la sem reação, e eu quem tinha ficado. Não esperava que ela fosse agir daquele jeito.
– Você bem que podia me ajudar com isso. – Ela diz abrindo a piscina. – Sabe como essa coisa demora para encher.
Eu sabia muito bem, a gente levava no mínimo uns quinze minutos, quando a enchíamos juntas, e uma meia hora quando uma de nós a enchia sozinha. Só que eu ainda queria vê-la sofrendo mais um pouquinho.
– Então melhor começar logo. – Digo friamente, e ouço ela bufar. Sinto vontade de rir, mas me seguro. – E nem vem, tá? Da última vez eu enchi sozinha, e hoje você quem vai usar, então...
– Tudo bem. – Ela diz, vencida, e começa a assoprar dentro da base de uma das válvulas de ar da piscina inflável.
Vou para minha cama e dou play no filme que estava assistindo. Tento prestar atenção, mas é bastante difícil com a sua presença ali. Olho para ela depois de algum tempo e vejo que não está nem perto da metade.
– Você é tão patética que irrita, sabia? – Digo me levantando da cama e descendo até o meu tapete, onde ela está sentada.
Vou até a outra extremidade da piscina e começo a encher assim que encontro a segunda válvula de ar. A Júlia ri e eu reviro os olhos, mas acabo deixando escapar um sorriso enquanto assopro o ar para dentro da válvula, como se quisesse encher um balão.
– Viu, só? Nós duas somos melhores quando estamos juntas, Sofi. – Ela diz depois de poucos minutos, percebendo que a piscina está completamente cheia agora.
Sinto o meu coração acelerar.
Acho que ela percebe isso, já que começa a se justificar.
– Quero dizer, enchendo a...
Droga, por que ela tinha que ser assim?
A Júlia conseguia estragar qualquer momento com essa sua mania de explicação.
– É, eu sei o que quis dizer. – Sou dura.
– Acho que vou tomar um banho, tá? – Ela anuncia, se levantando.
– “Essa casa também é sua” – Digo fazendo aspas no ar e ela ri. Reviro os olhos. – Mas não espere que eu vá estar acordada quando voltar.
– Tudo bem, Sofi. Boa noite, então. – Ela diz antes de sair e encostar a porta.
Vou até o meu guarda-roupa de novo e separo alguns cobertores e um jogo de lençóis. Penso em arrumar para ela, mas isso já seria demais. Não quero que ela pense que eu estou feliz com essa situação de merd*, porque eu não estou. Bem, talvez eu até estivesse se eu não soubesse que o Sr. Perfeito está lá em baixo nesse exato momento, o que não é o caso, porque eu sei que ele está.
Deito na minha cama e volto a dar o play no meu notebook. Eu sei que disse que iria dormir, mas nem consigo pensar nisso agora. Assisto uma meia hora de filme, e nada dela voltar. Eu que não vou ser ridiculamente patética ao ponto de deixar com que ela saiba que eu estava disposta a esperá-la esse tanto. Arrumo a minha cama, tirando a colcha e algumas almofadas, e depois escolho um pijama para vestir.
Estou tirando a minha blusa e o sutiã, passando os dois pela cabeça de uma só vez, quando escuto o barulho da porta do meu quarto. Cubro os meus seios com a camiseta recém tirada, por reflexo.
– porr*, Sofia! – A Júlia reclama, virando o rosto na mesma hora, e fico tentando segurar o riso. – Não podia trancar a merd* da porta?
– Na verdade, não, esse é o meu quarto, e foi você quem entrou sem bater. – Digo vestindo a blusa do meu pijama.
– Tá, eu errei, mas só tranca da próxima vez, pode ser? – Ela volta a olhar para mim aos poucos, se assegurando de que eu estaria devidamente vestida, dessa vez.
– Não sei porque ficou tão nervosinha. – Me faço de desentendida. – Você não viu nada que já não tenha visto antes.
– É... só que isso já faz anos, Sofi. – Ela diz, e vejo que suas bochechas estão levemente avermelhadas enquanto ela forra a piscina inflável com as cobertas. – E você sabe muito bem que não é mais a mesma coisa.
Eu sei, mas ela sabe?? Também é assim, para ela?
– Sei? – Provoco.
– Vamos dormir? Eu tô com sono e nem sei mais o que tô dizendo e, como a sua mãe bem me lembrou, amanhã eu tenho um dia cheio. – Ela diz, mudando de assunto, enquanto deita na cama improvisada e se cobre com o lençol.
Merd*, como posso dormir depois disso, e sabendo que ela está bem ali?
Acordo com o coração acelerado.
– Júlia? – Pergunto assim que acendo a luz do meu abajur e a encontro sentada na sua “cama”. Ela envolve os joelhos com os braços, que estão flexionados contra o peito.
Olho para o relógio digital que fica em cima do meu criado mudo. Ainda são três da manhã.
Desço da minha cama e engatinho pela piscina inflável, até ficar de frente para ela. Vejo que algumas lágrimas escorrem pelo seu rosto, como suspeitava. Devo ter acordado com ela soluçando.
– O que aconteceu?
– Eu acordei e... tive a sensação de que minha visão estava escurecendo e... – Ela fala enquanto tenta puxar o ar em respirações curtas e aceleradas.
– Estava tudo escuro aqui, Júlia, é claro que você não iria enxergar na...
Paro no meio da frase, começando a ligar uma coisa na outra.
– Você deve estar tendo uma crise de ansiedade... Você lembra que eu tive algumas vezes, quando estava no começo do ensino médio? – Era horrível, mas a Júlia sempre foi correndo para onde quer que eu estivesse.
Seria mil vezes pior se ela não estivesse comigo em todas as vezes que aconteceu.
Ela só assente, de olhos fechados.
Eu pego em seu braço, e sinto que está tremendo, assim como o restante do seu corpo também.
– Você quer que eu chame a minha mãe, ou... – Não acredito que que estou prestes a falar aquilo, mas eu só consigo pensar em algo que a faça sair daquela crise, e se ela precisasse dele, eu não hesitaria. – Você quer que eu chame ele? Quer que eu chame o Clóvis aqui?
– Não! – Ela aperta o meu braço com tanta força que chega a doer. – Não me deixa sozinha.
– Tá, eu não vou deixar. – Digo um pouco assustada, e surpresa pela sua reação. – Então respira comigo, tá? Quando a gente fica nervosa assim, a primeira coisa que esquecemos é de respirar.
– Eu não quero te perder. – Ela diz entre lágrimas e sinto que vou desabar.
Ela me abraça tão forte que parece que meu corpo inteiro vai partir ao meio. Eu consigo até sentir cada batida do seu coração, que está bastante acelerado.
E, em meio aos seus braços, ela me faz esquecer de estar com raiva, ou de todas as nossas brigas e desentendimentos, que parecem completamente irrelevantes agora. A Júlia é o meu mundo. E se eu precisasse provar isso a ela e de mil maneiras diferentes, eu o faria.
– Ei, você não vai me perder, ouviu? – Digo com o rosto enterrado no seu pescoço e envolto pelas mechas do seu cabelo. – Eu estou bem aqui, Jules, estou bem aqui... E não vou a lugar algum.
Fim do capítulo
Bom dia, leitoras! Tudo bem com vocês??
E veio aí uma reaproximação das duas! Obs: Tadinha da minha Júlia!
Será que agora vem?? kkkkkkkkk
Eu amei escrever essas cenas da Júlia no quarto da Sofia, as duas se alfinetando, mas sabendo que não conseguem ficar longe uma da outra! Espero que tenham gostado também...
Se preparem, porque no próximo capítulo teremos uma conversa muito importante entre as duas... Não posso dar spoiler, mas adianto que saberemos um pouco mais da história de vida da Júlia!
E logo logo vem o jantar!
Quero agradecer a todas que não me abandonaram e que seguem firme e forte aqui comigo, e a todas que estão chegando agora... Muito muito muito obrigada!
Peço desculpas por ainda não estar conseguindo responder todos os comentários, estou pegada com a faculdade esses dias, mas saibam que eu leio tudo com muito carinho, vocês me inspiram demais e me arrancam sorrisos em meio ao caos!
Por isso, continuem comentando, por favor, e, acho que ainda não pedi aqui, mas se puderem favoritar a história, e me favoritar como autora, isso vai fazer com que a história ganhe ainda mais visibilidade e vai me ajudar muito!
Obrigada e até semana que vem!
Comentar este capítulo:
Elliot Hells
Em: 05/08/2024
A gente já pode dizer: se acertem logo?
Só que do da Emma.
Zanja45
Em: 11/04/2024
Oi, bom dia!
Alina, fiquei aqui pensando! Se no quarto de Sofia tem banheiro, por que Júlia foi tomar banho fora dele?
Aproveitando a deixa - já que falei de banheiro - Bem que você podia reconstituir a cena em que a Júlia se tocou pensando em Sofia, só que agora, com a participação ativa dela.
Como falaste, que elas vão chegar a um entendimento no próximo capítulo. Bem que poderia haver isso mais para frente.
Até mais!
[Faça o login para poder comentar]
Brescia
Em: 08/04/2024
Boa noite autora.
Eu viajo quando vc consegue escrever esses diálogos da Sophi consigo mesma, é como estar vendo pessoalmente essa disputa interior, adoro mesmo a sua escrita, é jovial, alegre e divertida. Continue assim mesmo, já pode escrever um livro, eu compraria.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]