Boa noite/bom dia, leitoras do meu coração!
Resolvi adiantar esse capítulo algumas horas...
Espero que gostem! Não deixem de comentar!
Capitulo 14 – Ninguém deixa a Baby num canto
Júlia
– “Ninguém deixa a Baby num canto” – A gente repete a frase juntas, ao mesmo tempo em que Patrick Swayze diz aquilo para Jennifer Grey, e caímos na risada logo em seguida.
Fazíamos aquilo em todas as vezes que assistíamos “Dirty Dancing” juntas.
Se alguém tivesse me dito mais cedo que terminaríamos o dia assim, assistindo um dos meus comfort movies preferidos da vida, eu jamais acreditaria.
– Você sabia que essa frase quase não fez parte do filme? – Pergunto.
– É sério? – Ela vira para mim com o olhar iluminado.
A Sofia adorava tudo o que envolvia os bastidores e curiosidades dos filmes que assistíamos e normalmente era ela quem enchia os meus ouvidos sobre esse tipo de coisa. E eu amava a ouvir, mesmo que demonstrasse o contrário.
– Sim, o ator que faz o Johnny não gostava muito dela e queria tirar, mas acabou mudando de ideia. Ainda bem, porque ficou foda demais, né? – Pergunto de maneira retórica. – Para mim, resume tudo muito bem, e acho que é uma das minhas frases de filme preferida.
É como se, apenas com aquela frase, o filme conseguisse transmitir a ideia de que você jamais deve permitir que alguém lhe fale o que pode ou não fazer.
Você escolhe o seu destino.
Você pode fazer e ser o que quiser.
Você pode.
Siga o seu caminho e só será preciso acreditar nele.
Mas não tenho certeza se a Sofia compartilha do mesmo pensamento ou se ela acharia que estou ficando maluca de vez. Então prefiro guardar aquilo para mim.
– Eu aposto que sim. – Ela se limita a dizer.
Me sinto meio boba de repente. Por tudo. Não acredito que me expus para ela daquele jeito. Me sentia tão vulnerável agora, mas, ao mesmo tempo, tão segura ao seu lado. A verdade é que eu podia ser qualquer “Júlia” com a Sofia, que ela continuaria se importando igual. Ela continuaria do meu lado da mesma maneira. Ninguém fez eu me sentir assim antes. Esse era um sentimento novo, que aprendi a sentir com ela.
– Você deve me achar tão idiota. – Deixo parte daqueles pensamentos escapar.
– Por você ser uma dessas mulherzinhas que fica toda derretida com comédias românticas? Eu já me conformei com isso faz tempo, Júlia. – Ela leva na brincadeira.
Mas a verdade é que a Sofia tinha sido tão legal comigo, me acalmando, depois colocando esse filme para assistirmos juntas, sabendo que é um dos meus preferidos... Ela não precisava ter feito nada disso, aliás, tinha mil razões para não fazer.
Acho que eu estava meio que devendo uma explicação para ela.
– Não por isso... Quero dizer, não só por isso. – Digo olhando para minhas próprias mãos, evitando o seu olhar.
– Você não precisa me falar sobre aquilo, Júlia, se não quiser. – E ela continuava sendo legal, não querendo me pressionar. Tão diferente da mãe... A Sofia é rara mesmo.
– Eu quero. – Insisto.
– Eu não achei idiota. Na verdade... fiquei bastante assustada. Nunca te vi assim antes. – Seu tom de voz é sério.
Droga.
– Eu sei, me desculpa por isso.
– Você não precisa me pedir desculpas, Júlia. Mas... se você quiser me contar o que está acontecendo, eu não me importaria. – Ela dá um meio sorriso. – Não... não foi por minha culpa, foi? Aquelas coisas que eu disse ontem lá na sala, eu não...
– Não, não é sua culpa, Sofi. Você não tem culpa de nada.
Como poderia?
Estaria mentindo se dissesse que ela não tem nada a ver com a bagunça que se tornou a minha cabeça já faz algum tempo, mas ela estava longe de ser a culpada por eu ter me sentindo daquele jeito.
– Então... Se não é comigo... – Ela tateia o assunto aos poucos, respeitando o meu espaço.
– Acho que eu só fiquei nervosa com tudo isso, sabe? Sua mãe, esse jantar, essa cobrança... Essa pressão toda em cima de mim... – Digo quase sentindo o peso que tenho carregado em minhas costas durante todo esse tempo.
– É, eu sei bem. Mas, ao contrário do que minha mãe faz parecer, você tem que pensar que é só um jantar idiota, Júlia, não é nenhuma cerimônia oficial ou um pedido de casamento. – Ela fala, rindo, mas então vai ficando cada vez mais séria quando não recebe uma resposta minha.
– É? – Ela pergunta, suas expressões entregando o quanto está tensa.
– Não, claro que não. – Me adianto, para que ela não se assuste ainda mais. – Quero dizer, é só... do jeito que as coisas andam, eu acho que talvez o Clóvis esteja pensando em se mudar para cá, quero dizer, para a cidade. – Digo em palavras aquilo que vem me atormentando nos últimos dias e sinto um misto de angústia e alívio por pelo menos poder dizer aquilo em voz alta.
– Eu não pensei que as coisas tivessem chegado a esse ponto. – Ela diz aquilo mais como uma constatação que faz a si mesma do que qualquer outra coisa.
Nem eu.
– Talvez você saberia se não tivesse se afastado. – Respondo cheia de ressentimento, expondo pela primeira vez só um pouco do quanto senti pela a sua ausência.
– É... eu acho que estaria mentindo se dissesse que não fui eu quem me afastei, né? – Ela me olha meio sem jeito. – Porque, apesar do Clóvis, você até que quis continuar do meu lado. Talvez eu só não tenha suportado... lidar com isso. – A Sofia também se abre para mim e fica nítido que não era sobre ciúmes ou birra por atenção, como a Marta insinuou algumas vezes.
Não, era algo muito maior do que isso. Ela também sofreu com todas essas mudanças, estava sofrendo, e, pelo o que tudo indica, sofreu ainda mais com esse precipício que permitimos que se formasse entre nós duas.
– Desculpa, pelo o que disse ontem à noite. – Esclareço aquilo, enquanto aproveito a deixa para mudar de assunto, ou pelo menos o rumo que a conversa estava tomando. – Não foi o que eu quis dizer. Eu fui bastante cruel, sei que você não está com a Emma pelos motivos que mencionei.
– Eu sei. Me desculpa, também. – Ela responde.
– Não, você está certa, eu nunca faço algo por mim mesma. Só que... não é assim tão fácil como você pensa.
– Eu sei. – Ela responde de primeira, depois parece pensar mais um pouco. – Quero dizer, eu tento imaginar. Mas... eu acho que minha mãe iria te entender, se você dissesse “não” algumas vezes. Já viu como ela te trata, Júlia? Você é a preferida dela, acho que ela até te considera mais como filha do que eu. – Ela diz e me sinto mal de novo. Principalmente, por parte minha acreditar que ela poderia estar certa, talvez.
– Como você pode falar algo assim, Sofia? Ela é a sua mãe. Você tem uma mãe viva e presente, deveria dar mais valor a isso. – Acabo sendo reativa. Mais para que ela não pense que eu concordava com aquilo.
– Você diz isso, porque não sabe o que é ter uma mãe assim... parece até que você não percebe como ela é comigo.
Ah, se ela soubesse...
– Eu percebo sim, Sofia, e sofro muito pela relação de vocês ser desse jeito. Mas você também não sabe como é a minha relação com a Marta, você não faz a menor ideia. E eu... – Hesito. – Deixa pra lá, você não entenderia.
– Não, me fala, por favor. Eu quero entender. – Ela pede, me pegando completamente de surpresa. Ela não havia ficado irritada, pelo contrário, ela queria ouvir o que quer que eu tivesse a dizer.
– É que eu sei exatamente o que é ter uma mãe assim. Eu também não me dava muito bem com a minha. Na verdade, nós brigávamos o tempo inteiro, principalmente depois que entrei para o ensino médio. Ela achava que tinha que estar no controle da minha vida... Sempre decidindo com quem eu andava, que curso eu faria, se eu deveria ou não tocar em uma banda.... Você sabe como ela morreu, não sabe? – Despejo tudo de uma só vez.
– É... a minha mãe me disse. Foi em um acidente de carro, não foi?
– É, foi sim. Mas o que eu nunca contei, nem mesmo para a Marta, é que eu estava junto.
Uma adrenalina percorre o meu corpo inteiro por estar dizendo aquilo, mas, ao mesmo tempo, a sensação é muito boa, também.
– O quê? – Ela não consegue esconder o quanto está surpresa, e depois fica pensativa, por um momento. – É por isso que você sempre andou de moto, e nunca teve um carro? – Ela conclui aquilo rápido demais, e me impressiono. Como ela fazia isso? Como conseguia me enxergar desse jeito?
– É... Depois do acidente eu nunca tive coragem de tirar a carteira. – Concluo a sua linha de raciocínio, enquanto listo mentalmente tudo o que aquele dia me tirou. – No momento em que aconteceu... A gente estava tendo uma discussão. Eu contei para minha mãe que tinha me inscrito para o vestibular no curso de música, e ela ficou fora de si. Acho que nunca tinha visto minha mãe daquele jeito. Mas eu não cedi. Eu estava tão certa, tão decidida, tinha tantos planos... Então ela se distraiu, passou o sinal vermelho... e a gente bateu.
As lembranças surgem em pequenos fragmentos, já que meu cérebro me preservou das memórias do acidente e me fez ter vários blecautes. Não o suficiente para apagar todos os meus traumas, é claro.
– Você entende agora? – Continuo. – Entende por que eu cedo tanto? Porque a única vez que eu tentei fazer algo pela minha vontade, minha mãe morreu bem na minha frente. – Deixo algumas lágrimas escaparem, sem querer, lágrimas que achei que já haviam sido superadas há muito tempo, que tinham secado e ido embora cedo demais, junto com a minha juventude, lágrimas que não tinham mais espaço na minha vida adulta, nessa fortaleza que criei entre mim e as minhas próprias vontades, meus sonhos, meus desejos...
Acho que pela primeira vez, depois de tanto tempo, eu tinha dito para alguém tudo o que estava pensando. Eu não estava dizendo o que queriam ouvir, ou dizendo o contrário do que eu gostaria de dizer. E aquilo, bem, era bastante libertador.
– Você não teve culpa, Júlia. – Ela pega na minha mão, e percebo que seus olhos estão úmidos, também.
– É, pode até ser, talvez ela se distrairia mesmo que não estivéssemos discutindo, mas... de qualquer forma, ela morreu decepcionada comigo, Sofi, e você não faz ideia de como foi dormir com esse pensamento todas as noites, por tanto tempo. Então eu me afastei da banda, dos meus amigos, entrei para a faculdade, para o curso que ela queria que eu fizesse, quer dizer, para aquele que consegui passar dentre os que ela queria que eu fizesse... E o resto da história você já conhece. Eu encontrei a sua mãe... E bem, ela me ajudou a preencher esse vazio, me ouviu, me deu conselhos... Depois que minha mãe morreu, eu fiquei com a minha avó, ela era um amor, mas não era o suficiente para aquela Júlia em pedaços. A Marta foi muito mais do que uma amiga, ela me deu uma família, quando eu mais precisava de uma. Me deu você...
Merda.
Acabo falando demais e o silêncio que se faz entre nós é quase que sepulcral. Posso até ouvir a sua respiração.
– Eu não sei exatamente o que ainda te faz achar que você não tem mais opção, Júlia. – Ela corta o silêncio. – Com certeza, alguém te fez acreditar nisso, mas... não é verdade. Você tem sim. – Sua voz sai cheia de esperança, que quase sou envolvida por ela.
– Você faz parecer tão simples, tão... fácil.
– Não é nada simples, Jules, mas você precisa ter coragem. Ou então vai deixar com que os outros decidam por você, para sempre.
xxx
Acordo com nossos corpos aninhados um no outro, encaixados como as peças perfeitas da porr* de um quebra-cabeças. Ela está de costas para mim, suas pernas enroscadas nas minhas, meu braço esticado envolvendo o seu corpo, passando pelas suas costas até repousar sobre a sua cintura.
Merda, ela dormiu aqui comigo o restante da “noite” inteira?
Nós já tínhamos dormido assim tantas vezes quando ela era criança. Quando ela acabava dormindo na sessão de filmes, ou então quando eu vinha dormir aqui e começava a dar alguma tempestade e ela corria para se deitar comigo, me pedindo para eu protegê-la. Mas agora parecia completamente diferente. E eu me sentia desconfortavelmente confortável, se é que você me entende. Quero dizer, parecia errado estarmos assim agora, mas eu estava gostando da sensação. E sei que não deveria gostar.
Seus cabelos estão tão próximos do meu nariz agora, que o aroma de melancia do mesmo shampoo que ela vem usando invade minhas narinas, fazendo arrepios se espalharem pelos meus braços, cintura e em outros lugares também. A aperto ainda mais contra o meu corpo, em um movimento reflexo, e meu quadril pressiona a elevação perfeita que é a sua bunda e...
Caralh*, aquele simples gesto faz o meu corpo todo acender de uma só vez, como se eu fosse a merd* de um pisca-pisca e tivesse sido ligada na tomada. Como se de repente todo aquele tesão acumulado que venho sentindo há não sei quanto tempo quisesse sair para algum lugar. Droga, o jeito como essa garota consegue me deixar louca é quase insuportável.
Ah, Sofi... Como eu posso querer cuidar e arruinar com você ao mesmo tempo, e nas mesmas proporções?
Minhas mãos parecem ganhar vida própria enquanto percorrem pelo tecido do seu pijama, procurando poder sentir alguma coisa, qualquer coisa. Meus dedos passam pela lateral de um dos seus seios, e só a lembrança deles descobertos ontem à noite, quando entrei e peguei ela se trocando, faz meu ventre estremecer. Mudo de direção, tentando me livrar daquela tentação, e acabo tocando no elástico do short dela sem querer. O pulsar entre minhas pernas é tão forte que eu quase gemo.
Mas que merd* estou fazendo? A verdade é que não posso ficar assim tão perto dela. A Sofia está dormindo agora e por isso estou conseguindo ter o mínimo de controle. Mas, se ela estivesse acordada, não sei até que ponto conseguiria resistir, a tudo isso.
E falando em “tudo isso”, vejo a marquinha em formato de meia-lua dela, algo tão inocente antes, mas que agora parece querer me tentar toda vez que a vejo. Sem conseguir ser forte o suficiente, afasto os seus cabelos paro o lado, deixando sua nuca livre para mim. Levo os meus dedos até a sua “tatuagem natural”, passando a pontinha do indicador de uma extremidade à outra, indo e voltando. Os pelinhos da sua nuca se arrepiam com aquele meu toque, e ela murmura.
Por um momento, o meu coração acelera ainda mais forte e eu até penso que ela possa estar acordada, mas então a examino melhor e concluo que continua com a respiração pesada, ressoando vez ou outra.
Merda, por que eu fiz aquilo mesmo? Me sinto completamente estranha agora. Mas ela nunca saberia que eu fiz isso, de qualquer maneira, então, foda-se. Me aproximo ainda mais e beijo a marquinha dela, e acabo demorando muito mais do que o necessário, muito mais do que eu deveria. Lambo os lábios, sedenta por mais do que aquilo, mas não posso. Sei que não posso. A Sofia murmura novamente, algo mais parecido com um gemido, dessa vez, e latejo lá em baixo. Porr*, se ela já é capaz de me deixar nesse estado estando dormindo, imagina acordada?
Eu não sei como tínhamos acabado nessa posição. Mas eu não queria sair dali, ainda mais sabendo o que me espera lá fora. Queria poder congelar o tempo nesse instante e nos dar mais alguns minutos, ou horas. Só que eu não posso e pela luz que escapa da cortina da janela tudo indica que já não é mais tão cedo. Eu preciso descer antes que a Marta bata aqui e nos veja... assim. Não sei bem o que ela iria pensar. Tiro o braço com cuidado para não acordá-la, me afastando dela aos poucos, e quase sinto dor.
Beijo o seu ombro parcialmente descoberto pela camiseta folgada que está usando, sem me importar com o que aquilo pareceria, dessa vez. Deixo o seu quarto, mas não antes de sorrir silenciosamente para a sua cama vazia que ela tinha abandonado para ficar nessa piscina inflável, comigo.
Desço até a sala. O sofá-cama está metodicamente arrumado, como se ninguém tivesse dormido ali e toda a noite passada não tivesse passado de um delírio meu. Ando um pouco mais, estranhando o silêncio, e encontro um bilhete deixado na ilha da cozinha. Reconheço a letra da Marta na mesma hora.
Oi, querida.
Fui fazer as últimas compras para o jantar, o Clóvis insistiu em me acompanhar. Ele é um amor, não é? Você teve muita sorte por tê-lo reencontrado. Sabe disso, não sabe? Se você encontrar esse bilhete antes de nós voltarmos, se arrume logo para aproveitarmos bem o dia, certo? Beijos, Marta.
– Que bom que está aí. Pensei que já tivesse ido. – Escuto a voz dela atrás de mim e meu coração erra algumas batidas.
– Sua mãe foi com o Clóvis até o mercado. – Digo enquanto ergo o papel que estava segurando.
– Nem vou comentar sobre o quanto eu acho isso estranhamente bizarro.
– É, melhor não comentar mesmo. – Digo, de mau humor.
Já não estava sendo nada fácil assimilar a ideia desse jantar depois de passar um dia inteiro sozinha com os dois. A última coisa que eu poderia querer agora é ter que lidar com essas suas alfinetadas.
– Eu queria falar com você. Algo que eu não te disse ontem, pelo menos não tudo o que queria dizer. – Ela anuncia e eu estremeço.
Merda, o que foi que eu fiz?
– Ai, Sofi, eu exagerei ontem, tá? Não devia ter te falado todas aquelas coisas. Desculpa se te deixei impressionada com aquela história toda da minha mãe, e da sua... – Tento fazê-la parar.
– Não é isso. Quer dizer, tem a ver com isso. É que tudo o que você me disse me fez te entender um pouco melhor, porque você age desse jeito e...
– Sofia...
– Júlia, você não pode permitir que a minha mãe molde a sua vida, só porque é o que a sua mãe fazia. – Ela me atinge em cheio com suas palavras.
Merda, é isso o que eu faço? Permito que a Marta controle a minha vida porque é o que minha mãe faria, se tivesse sobrevivido comigo naquele acidente? Como uma forma masoquista de me culpar pela sua morte?
– Eu não... – Tento falar, mas ela me interrompe.
– Não foi bom ontem? Você não se sentiu segura comigo? Vendo um dos seus filmes... um dos nossos filmes... – ela corrige – podendo se abrir comigo, depois falando um monte de besteira, mas que para nós duas não é besteira nenhuma, porque a gente se entende?
Ah, Sofi...
– É claro que foi bom, mas...
– Essa é você, Júlia. Não a Júlia que trabalha no escritório, não a Júlia que você é quando está com o Clóvis, ou com a minha mãe... Você não tem nada a ver com essa gente. Você é a Júlia que queria ter uma banda, que queria fazer faculdade de música, que brigava pelo o que você queria...
Ela começa e sinto que vou voltar a chorar a qualquer momento, como aconteceu ontem à noite.
– "Essa gente" é a sua mãe, Sofia, e você não deveria falar assim... – Tento mudar a direção da conversa para esconder o quanto ela mexe comigo com essas suas malditas palavras.
– Eu sei, mas eu tô certa em dizer que você não é como ela, não tô? Você é mais você quando está comigo, Júlia. E você sabe disso.
Eu sei, eu sei, mas...
– Eu preciso ir, Sofi. – Olho bem nos seus olhos, tentando enviar a mensagem clara de que eu não iria ceder, de que já estava feito. Ela não ia me fazer voltar atrás.
– Ótimo. – Ela diz e percebo que está segurando o choro, assim como eu. – Vou aproveitar que não estão e encontrar a Emma na praia.
– Eu pensei que você pudesse querer ir com a gente, nós vamos para umas praias diferentes e...
– Você só pode estar brincando, né? – Ela me olha com aquele ar de deboche que eu já conhecia muito bem a essa altura. – Se você gosta de ser masoquista a esse ponto, tudo bem, mas eu não sou assim, tá? Eu só vim conversar com você porque pensei que pudesse mudar de ideia, mas se você não vai, prefiro ficar longe disso o quanto eu puder. – Ela termina de dizer e percebo que está prestes a se afastar.
– Sofia, espera. – Eu digo e ela me olha com certa expectativa.
– Nos vemos no jantar, né? – A expressão esperançosa presente em seu rosto vai se desfazendo aos poucos.
– Eu não concordo com o que está fazendo, mas não menti quando te disse que não vou a lugar algum. Por isso, sim, nos vemos no jantar. – Ela me assegura, e sei que está falando sério.
Mas aquilo não me deixa mais feliz, pelo contrário, só me destrói um pouco mais.
Fim do capítulo
Oioi leitoras!
Confesso que fiquei bastante sentimental escrevendo sobre o passado da nossa Júlia.
O que vocês acharam? Que ela precisa de terapia? KKKKKK
Falando sério agora kkkk deu pra entender um pouquinho mais o lado dela, né? Ela ainda vai ter dificuldades em tomar algumas atitudes, não vai ser de uma hora para outra, mas ela chega lá...
E o que acharam da dinâmica dela com a Sofia? Sei que talvez possa não parecer, mas as coisas estão ficando cada vez mais intensas entre as duas, e a relação delas está amadurecendo bastante.
E tenho pena da Júlia, porque daqui a pouco a mulher está subindo pelas paredes, né? KKKKK
Enfim, oficialmente, o próximo capítulo vai ser o capítulo do jantar, ansiosas???
Não deixem de comentar para que eu saiba como a história está chegando para vocês, é muito importante, pois me ajuda a dar o norte para história e assim não fico no escuro sem saber se estão gostando ou não.
Até segunda que vem e obrigada por estarem aqui, não seria a mesma coisa sem vocês!
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Zanja45
Em: 18/04/2024
Oi,
Estou curiosíssima para saber o que vai rolar nesse jantar. Com certeza vai ocorrer muitas supresas. Sofia, acabou que não contou a Júlia que iria trazer Emma. E Clovis será que vai pedir a Julia em noivado? ou algo desse tipo?
Altas expectativas, esperendo o capítulo do dia 22.
Até!

Zanja45
Em: 18/04/2024
Olá,
É... Autora, também estava com peninha da Júlia, porém, ela tirou uma bela de uma lasquinha da Sofi. - E no estado de ânsia em que se encontrava, com o tesão em alta, seria bem capaz, se Sofi estivesse acordada "correr para área e marcar o gol". RSrsrsrs! Agora, fiquei com dó foi da Sofia que não pode se defender das investidas da Júlia - Sofreu a ação passivamente, sem direito a revide. Mas, como para toda ação tem uma reação. O que foi aqueles gemidos emitidos por Sofia? Foi reflexos involutários emitidos pelo corpo ou ela estava acordada?
Até daqui a pouco!
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Zanja45
Em: 18/04/2024
Boa noite, caríssima autora!
Essa conversa franca que Júlia e Sofia tiveram uma com outra serviu para esclarecer muitos pontos entre as duas. Sofia é cativante, soube acalmar a Júlia de uma forma única - Colocando o filme preferido da Júlia, Dirty Dancing.Esperou o tempo certo de Julia se abrir com ela - contar suas aflições. As duas juntas são perfeitas, uma entende a outra. - É claro - Quando não estão brigadas. - É tão natural o entrosamento delas que até a própria júlia, se dá conta que com a sofi ela pode ser autêntica. - coisa que não pode ser com os outros. Ela se sente extasiada na presença de Sofia e até mesmo tímida, abobada. - Por que, quando Sofi expressa suas visões de mundo é de uma forma tão apaixonante que acaba contagiando a quem está perto, com o entusiasmo dela. - Nesse caso, a Júlia.
Fazendo a leitura desse episódio, fique em estado de deleite, acompanhando as duas de maneira sublime. Em que as cumplicidade demonstrada por elas, foram ímpar. -Julia que o diga, sentiu -se protegida, acalentada com Sofia ao lado dela. Compartilhou acontecimentos inéditos de sua vida. Revelou segredos dos recônditos de sua alma, que estavam em standby em sua mente. Mas, nem tudo foi dito, heim, autora?
Até Breve!
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Zanja45
Em: 18/04/2024
Oi, boa tarde!
Amei por demais esse capítulo!
É, Sofia soube cuidar da Júlia direitinho no momento de fraqueza dela. Não sei se a palavra adequada seria essa. Mas, foi lindo de se ver, todo o entrosamento das duas. Essa interação. O jeito como ela distraiu a Júlia na hora da crise, foi fenomenal, por que Sofia nunca tinha presenciado Júlia naquele estado em que se encontrava. Mesmo assim, ela tirou de letra.
O filme que ela colocou para assistirem foi massa. Sou fanzona dele - Assisti diversas vezes. Amei as curiosidades dos bastidores do filme.
Até daqui a pouco!
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Zanja45
Em: 18/04/2024
Oi Alina, bom dia!
Quanto a questão de a Júlia precisar de acompanhamento psicológicos, seria bem válido, já que o passado trágico da mesma tem a impedido de tomar algumas atitudes na sua vida que seja por conta própria. Apesar de que,ela deu um passo importante, "no capítulo 12", quando ele foi firme com a Marta, não interferindo no relacionamento de Sofia e Emma. No entanto, isso não é impedimento para ela ter alguém para orientar - lá melhor.
Até mais!
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Brescia
Em: 15/04/2024
Boa tarde autora.
Olha como sou doida, fui ao oftalmologista e nem levei o óculos que uso, pois já nem serve, mas dá para ler alguma coisa e aí vejo um capítulo novo e não aguentei que tive que aumentar as letras para poder degustar de cada palavra. Parabéns, vc tirou do fundo da sua alma esse capítulo, pois foi tudo de bom..
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