• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • A HORA CERTA PARA AMAR
  • 26. Dia ruim.

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1635
Histórias: 1969
Capítulos: 20,496
Palavras: 51,979,546
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Tade

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Quando as águas se acalmam
    Quando as águas se acalmam
    Por Paloma Matias
  • Entrelinhas da Diferença
    Entrelinhas da Diferença
    Por MalluBlues

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • O céu em seus olhos
    O céu em seus olhos
    Por Rayddmel
  • Dayara e Moara
    Dayara e Moara
    Por May Poetisa

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

A HORA CERTA PARA AMAR por Raquel Santiago

Ver comentários: 0

Ver lista de capítulos

Palavras: 3875
Acessos: 577   |  Postado em: 28/03/2024

26. Dia ruim.

 

ELISA FRANCO

Já fazia uma semana desde o desfile em Paris. Tudo foi tão perfeito, ter Soph ao meu lado, conversar com alguns amigos que eu não via a muito tempo, participar de um dos maiores eventos da moda como a modelo principal. Minha carreira estava aonde eu queria. Estou realizando tudo que sempre sonhei. Logo a loja vai ser inaugurada e eu vou construir um império para minha família. Meu pai sempre dizia, ou você sonha alto ou é melhor nem sonhar. Eu estava sonhando alto, e muito alto, mas ele não estava aqui pra aproveitar tudo comigo. Só espero que ele esteja orgulhoso de mim. Nunca fica mais fácil, eu sinto tanta falta dele. E hoje é um daqueles dias em que eu esperava que ele me dissesse o que fazer.

O voo foi rápido e tranquilo. Agora estamos no Uber indo para a casa dos pais de Sophie. Ela marcou essa viajem assim que chegamos da França. Estou nervosa, não vou apenas conhecer os pais dela, mas vou ficar na casa deles. Ainda tentei convencer Sophie a ficarmos em um hotel, mas seus pais foram bastante insistentes quanto a nossa estádia na casa deles. E eu não podia negar, afinal queria causar uma boa impressão.

- Amor, você está bem? - Soph fala baixo para que apenas eu escute.

- Estou um pouco nervosa. - Ela pega minha mão e faz carinho.

- Me desculpa fazer você passar por isso. Desculpa não ter contado ainda. - Soph parecia triste.

- Tudo bem, vamos no seu tempo. Sei que não é fácil. Mas, estou curiosa. O que você falou pra eles?

- Disse que você era uma amiga e que estaria em São Paulo a trabalho. - Isso não era de todo mentira, claro que eu iria aproveitar esses dias para fazer alguns trabalhos, mas saber que não poderia tratar Soph como minha namorada, me deixou um pouco chateada.

- Hum, amiga? - Falei irônica.

- Sei que não é o ideal, mas prometo que não vai ser por muito tempo. Só quero que eles tenham a oportunidade de te conhecer primeiro, assim eles vão ver o quanto você é maravilhosa e vão te amar, como eu te amo. - Sophie sabia exatamente como atingir o meu coração.

- Tudo bem amor, eu entendo seu ponto. Mas vai ser difícil para um inferno fingir que somos apenas amigas. - Encostei minha cabeça em seu ombro e seguimos o resto do caminho em silêncio.

Quando chegamos na casa dos pais de Soph, eles foram super receptivos. Me abraçaram e me mostraram o quarto em que eu dormiria, mais uma surpresa, era o quarto de hóspedes. Isso significava que não dormiria com Soph. Minha namorada tentou convencê-los de que o quarto dela tinha espaço pra nós duas, mas os dois foram enfáticos em dizer que não era assim que se tratava uma visita, que eles tinham que me dá a melhor recepção.

Lara também estava em casa. Ela me abraçou toda animada e logo me mostrou todos os cômodos da casa, que eram bem grandes por sinal. Os pais de Soph, Elena e Luiz, tinham um ótimo gosto para decoração, os móveis eram todos clássicos e sofisticados. Uma típica casa em que seus donos cuidaram de todos os detalhes. Imaginar Sophie crescendo naquela família me deixou muito feliz. Todos eram educados e gentis. Me trataram super bem.

A noite chegou e Soph me levou até o meu quarto. Eu estava frustrada por ter que dormir longe dela, mas sabia que era o melhor. Pelo menos por agora. Sentamos na cama e Sophie falou.

- Sei que não é o melhor arranjo, não queria dormir longe de você.

- Eu sei amor. Também não queria.

- Sinto muito. - Seu rostinho estava triste.

- Tá tudo bem. Vamos com calma. Eu vou ficar bem. Seus pais precisam de um tempo pra me conhecer e eu já falei antes que vamos fazer as coisas no seu tempo. Não se preocupa.

- Você é a melhor namorada do mundo. - Soph me abraçou.

- Eu amo você.

- Também te amo.

Depois que Sophie foi para o seu quarto, tomei um banho e deitei. Hoje o dia tinha sido longo. Não só pelo fato de estar na casa dos pais de Soph, mas porque não parei de pensar no meu pai nem por um segundo. Amanhã seria um dia ruim, sempre ficava mal nessa época do ano. Não importa o tempo que passe, nunca fica mais fácil. Pode doer menos, mas é sempre difícil não tê-lo por perto.

Olhei para o meu celular e vi três mensagens. A primeira era da minha mãe.

Oi filha, espero que a viagem tenha sido tranquila. Me dá notícias assim que possível. Sei que amanhã não é um dia fácil. Se precisar estou aqui. Beijos. Te amo meu amor. Aproveita bastante sua namorada e a família dela.

Respondi minha mãe na mesma hora dizendo que estava bem e agradecendo. Com a correria depois que chegamos, esqueci totalmente de avisá-la.

A outra mensagem era do Mateus. Já tinha algum tempo que ele não mandava nada então abri rápido.

Como está Lizzy? Desculpa não ter mandado msg antes. Aqui está uma correria. Estou atolado de trabalho. Só queria que soubesse que estou bem. Se precisar conversar comigo, pode ligar. Queria estar aí. Bom, é isso.
Bjos amiga. Tamo juntos.

Também respondi o Mateus. Parece que eles sabiam o que eu estava sentindo. Desde que meu pai morreu, minha mãe e Matt foram a minha base.

A última mensagem era de um amigo. George. Ele ficou sabendo que eu estava em São Paulo e queria marcar uma saída, como nos velhos tempos. Aceitei o convite e depois guardei o celular.

Fechei meus olhos tentando dormir, mas não consegui. Algumas horas se passaram e decidi ir até a cozinha tomar um chá. A casa estava toda escura. Desci as escadas com receio de alguém acordar.

- Vejo que não sou o único com insônia. - Seu Luiz falou me assustando.

- Desculpa eu só queria...

- Que isso minha jovem. Nada de formalidades. Sente-se aqui. Acabei de preparar um chá. Você aceita? - Ele era muito gentil.

- É exatamente o que eu estou precisando. - Me sentei ao seu lado e aceitei a xícara com chá.

- A Elena fez um bolo de milho. Prove, está maravilhoso. - Ele cortou um pedaço e me serviu.

- Obrigada. - Assoprei a bebida quente e tomei um gole. - Está muito bom.

Ele riu e disse.

- É minha especialidade. Adoro chás.

- Eu também.

- Dormir em um ambiente novo é sempre difícil. - Ele comentou. Acho que percebeu minha inquietação.

- A Soph vive me perguntando como consigo viajar tanto se tenho dificuldade pra dormir em lugares novos. Nem eu sei a resposta. - Sorri.

- A Soph sempre odiou mudar. Quando vinhemos morar em São Paulo ela bateu o pé e disse que ficaria no Rio. Não tentamos convencê-la do contrário. Porque sabemos o quanto minha filha pode ser teimosa.

- Eu sei muito bem. Teimosa e mandona. - Rimos.

- Vocês se conhecem a muito tempo? - Aquilo me pegou de surpresa. Não queria falar nada errado, mas também queria ser sincera.

- Tem alguns meses. Conheci Soph quando fui fazer um ensaio fotográfico no estúdio dela. Depois fomos a praia com o Rick e a Flávia e jogamos futevôlei. - Eu não iria dizer que convidei a filha dele para um encontro.

- Ah, aquela menina adora uma competição. Quando ela era criança fazíamos a noite dos jogos. Ela e Lara sempre brigavam, porque nenhuma das duas sabe perder. Elas me deixavam louco. - Ele falava com um tom de melancolia, dava pra ver que sentia saudades.

- Meu pai jogava xadrez comigo todo final de semana. Era muito engraçado porque eu sempre ganhava. Depois de uns anos descobri que na verdade eu não sabia jogar nada. Ele criava as próprias regras para que eu ganhasse. - Seu Luiz deu uma gargalhada. - Depois ele me levava pra cama e contava uma história. Não tinha nenhum livro. Ele que inventava todas. E eram as melhores histórias que já ouvi na vida.- Sem perceber, algumas lágrimas molharam meu rosto.

- Tenho certeza que ele tem muito orgulho de você. - Seu Luiz tocou na minha costa me confortando.

- Na verdade, ele morreu quando eu era mais nova.

- Me desculpa querida.

- Tudo bem. Pensar na morte dele me deixa triste. - Continuei a chorar. Não sei o que estava acontecendo comigo. Mas me sentia a vontade em conversar com Luiz.

- Sabe, eu acredito que ele ainda está aqui. Que tem orgulho da mulher que você se tornou e que te ama muito. Tenho certeza que ele te observa e cuida de você todos os dias. Porque se fosse comigo, eu jamais iria para outro lugar a não ser para o lado das minhas filhas. Para garantir que elas ficassem bem. - As palavras dele me tocaram profundamente.

- Você acha que ele está olhando por mim agora?

- Não só agora, mas toda sua vida.

- Obrigada senhor Luiz. Eu precisava ouvir isso. Você é muito gentil.

- De nada minha querida. Você se sente melhor? Quer mais alguma coisa?

- Não obrigada. Vou voltar para o quarto. Preciso descansar um pouco.

- Eu também vou. Se não a Elena vai vir atrás de mim. - Nós dois rimos e seguimos para os nossos quartos.

Me sentia mais aliviada. E depois daquela conversa, consegui dormir.

SOPHIE LOPES

A minha noite não tinha sido nada boa. Deixar Elisa no outro quarto partiu meu coração. Sei que ela não merecia nada daquilo. Eu já devia ter contado para os meus pais. Já estamos namorando a 3 meses, mas não sei como contar.

Me arrumei o mais rápido possível e fui até a cozinha para tomar café da manhã. Passei pelo quarto de Elisa, mas não tinha ninguém.Pra minha surpresa todos já estavam a mesa. Inclusive minha linda namorada. Apreciei seu sorriso enquanto ria de alguma coisa que Lara estava falando.

- Nossa, vocês nem me chamaram para comer. Nem se importam com sua filhinha. - Falei chamando a atenção de todos. Elisa me lançou o olhar divertido e atraente.

- Lá vem a dramática. - Lara ironizou.

- Oh minha filha, sabemos o quanto você está cansada da viagem. Não queríamos acordá-la. - Mamãe veio ao meu encontro e me abraçou. - Fiz panquecas com calda de chocolate pra você. Senta aqui. - Sentei ao seu lado.

- Também quero Panquecas. - Lara falou mimada.

- Não, essas são só minhas. - Lhe dei língua.

- Não briguem meninas, têm panquecas pra todo mundo. - Minha mãe sorriu acompanhada do meu pai e minha namorada.

- Bom dia Lizzy, você dormiu bem? - Perguntei para minha loira.

- Não muito. Tive um pouco de dificuldade para pegar no sono. - Aquilo me deixou preocupada.

- Se quiser podemos colocar mais algumas almofadas na sua cama Elisa ou então um calmante para relaxar.- Minha mãe ofereceu.

- Não precisa, já estou me sentindo melhor. Obrigada pela preocupação, vocês estão sendo maravilhosos.

- Que isso Elisa, é um prazer - Papai comentou. Que bom que eles estão se dando bem.

Quando meus pais foram ao super mercado e a Lara foi para faculdade, chamei Elisa para o meu quarto. Lhe dei um beijo longo. Estava louca pra fazer aquilo desde que chegamos.

- Que saudade meu amor. - Falei a segurando mais forte contra meu corpo. Ela retribuiu o beijo com muita vontade. - Foi horrível saber que você estava a poucos metros de mim e não poder dormir com você. Sinto muito que sua noite não foi boa.

- Relaxa amor. Eu só estava pensando demais. Nada com quê se preocupar. Eu também senti sua falta. - Ela começou a olhar pelo quarto e tocar em algumas coisas. Achei seu comportamento estranho. Parecia que ela estava me escondendo alguma coisa.

- Tem certeza que está bem?- Insisti.

- Sim amor, estou bem.

Elisa não falou muito. Apenas me fez algumas perguntas sobre alguns objetos do meu quarto. Era estranho vê-la tão calada. Talvez fosse pela situação com meus pais. Eu queria encontrar uma forma de contar pra eles, mas ainda não sabia como.

Não demorou muito e meus pais voltaram. Na parte da tarde Elisa saiu para se encontrar com alguns amigos. Eu não pude acompanhá-la porque tinha alguns trabalhos pra fazer em alguns eventos.

Voltei para casa quando o sol já estava se pondo. Quando entrei minha mãe falou.

- Que bom que chegou filha, vá se arrumar. Vamos todos sair para jantar.

- Mãe, a Elisa já chegou? - Não conseguia esconder a preocupação na minha voz.

- Sim querida. Ela está se arrumando. E você devia fazer o mesmo. Estamos atrasados. - Papai apareceu todo arrumado e de barba feita. Lhe abracei rápido e subi as escadas.

Passei pelo quarto de Elisa, mas estava fechado. Não quis incomodá-la e fui tomar meu banho. O olhar triste que vi em Elisa pela manhã estava me deixando inquieta. Sabia que tinha alguma coisa errada. Não queria pressioná-la, mas estava ficando louca de preocupação.

Fomos todos no mesmo carro, troquei algumas palavras com Elisa, mas nada tão revelador, pois meus pais estavam no carro. O jantar foi muito bom. Apesar de Elisa não está tão falante, ela conversou com minha mãe que fez algumas perguntas. Nada discretas eu diria.

- Então Elisa, você já conhece a Soph a muito tempo?

- A alguns meses.

- Então você deve saber quem é novo namorado dela. - Quando minha mãe falou aquilo, quase me entalei com a comida. - Porque ela disse que tem namorado, mas não trouxe ele pra gente conhecer. - O que era aquilo? Um interrogatório?

- Mãe, podemos falar disso depois? - Falei nervosa. Lara começou a rir. Aquela idiota, ela iria me entregar.

- Desculpa filha, só queria saber pra quê tanto mistério. Ele é casado por acaso? - Lara explodiu em uma gargalhada e eu queria matá-la.

- É claro que não mãe. Eu só..

- Querida, pare de importunar as meninas. Quando Soph quiser nos falar sobre o seu namorado, ela fala. - Agradeci por meu pai se meter na conversa.

- Eu preciso ir no banheiro, com licença. - Elisa levantou rápido da mesa.

- Eu também preciso. - Me levantei e a segui. Tinha certeza que ela estava chateada comigo. Elisa continuou andando rápido, pra minha sorte o banheiro estava vazio. - Amor, você está bem? - Ela não respondeu, apenas entrou em uma das cabines e trancou a porta. Nunca vi Elisa agindo daquela forma. - Amor, por favor me fala o que está acontecendo? Foi o que minha mãe falou? Eu sei que já devia ter contado. Eu só não sei como. - Consegui ouvir alguns soluços. Ela estava chorando e era tudo minha culpa. - Elisa, você pode sair pra gente conversar? - passou um tempo e os soluços se tornaram mais altos. O que estava acontecendo? Já estava ficando desesperada. - Amor, por favor, não me deixa de fora. Se abre comigo. - A porta se abriu e ela se jogou nos meus braços.

- Eu não consigo mais. Sinto tanto falta dele. - Entendi na hora o que estava acontecendo. Ela estava falando do seu pai. Não conversávamos muito sobre ele. Ela não falava sobre ele. - Hoje faz 14 anos que ele morreu. - A abracei mais forte.

- Sinto muito. Não sabia. - Limpei suas lágrimas. Me doía muito vê-la chorando.

- Estou tentando ficar tranquila, mas não consigo sentar em uma mesa com sua família e fingir que estou bem.

- Você não precisa fazer nada disso. Porque não me disse que que hoje era um dia difícil pra você?

Algumas pessoas entraram no banheiro. Elisa secou suas lágrimas e lavou seu rosto. Eu a ajudei.

- Você quer que eu te leve pra algum lugar? - Perguntei.

- Não, só vamos voltar pra mesa e ir para casa dos seus pais. Eu vou ficar bem.

- Você sabe que não precisa aguentar tudo sozinha. Eu estou aqui por você.

- Eu sei.

Meus pais me olharam desconfiados quando voltamos, mas não dei importância. Minha atenção estava em Elisa.

Logo voltamos pra casa e Elisa subiu para o quarto. Queria ir com ela, mas minha mãe me chamou.

- O que está acontecendo Filha? A Elisa passou mal?

- Podemos conversar outra hora mãe? Não quero deixá-la sozinha.

- Sei muito bem quando você está escondendo alguma coisa de mim mocinha.

- É você tem razão. Eu estou escondendo algo de você. - Falei irritada.

- Eu sabia.

- Eu não tenho namorado.

- Depois da sua conversa fiada no restaurante eu já imaginava.

- Mãe, eu tenho uma namorada, a Elisa. - Soltei sem pensar. - Minha mãe ficou imóvel e meu pai apareceu na sala. Ele com certeza estava escutando tudo da cozinha. - Eu sei que eu devia ter contado antes, mas não sabia como.

- E você resolveu que a melhor maneira era jogar tudo de uma vez na nossa cara? - Minha mãe estava séria.

- Me desculpa, mas eu não posso conversar agora mãe. Amanhã agente conversa, por favor.

- Nem pense em... - Mamãe tentou falar, mas meu pai a interrompeu.

- Elena, a Sophie tem razão. Já está tarde. Amanhã conversamos.

- Obrigada pai. - Subi ainda escutando minha mãe resmungar. Fui até o quarto de Elisa, mas ela não estava. Então fui até o meu quarto. Ela estava deitada na minha cama, toda encolhida. Tranquei a porta e me deitei ao seu lado lhe puxando para o meu colo.

- Me desculpa, não queria que seus pais descobrissem assim. - Falou chorosa. Ela tinha escutado tudo.

- Para, isso não é culpa sua. Me foquei tanto em mim que esqueci de você. Fui eu quem errou. Você está mal pelo seu pai e eu só sabia falar de mim. Eu só não entendo porque não me contou sobre seu pai antes. Porque nunca conversamos sobre ele?

- Eu não falo sobre ele Soph. Porque toda vez fico muito mal. Ainda sinto muita saudade. Ainda dói muito. Mesmo depois desse tempo todo, eu ainda choro. - Elisa começou a chorar novamente.

- Tudo bem chorar. As vezes só temos que liberar toda dor que sentimos pra melhorar.

- Mas eu não posso. Precisei ser forte para cuidar da minha mãe.

- Você não precisa ser forte hoje. Pode desabar. Eu te seguro. - Isso foi um gatilho para que Elisa desmoronar e começar a chorar mais forte. - A segurei em todo momento. Eu jamais a soltaria.

Foi muito doloroso ver minha namorada chorando daquela forma. Eu não podia nem imaginar a dor que ela estava sentindo, mas vê-la assim me fez entender muitas coisas. Principalmente o motivo dela raramente falar do seu pai.

Elisa chorou durante um bom tempo. Depois a deitei na cama e envolvi meus braços ao redor do seu corpo. Os soluços foram diminuindo e sua respiração ficando mais leve. Olhei para seu rosto e acariciei seu cabelo. Ela tinha dormido. Tirei nossos sapatos e nos embrulhei. Fiquei velando seu sono enquanto ela fazia pequenos gemidos.

Eu amava aquela mulher. Eu sei que já falei mil vezes, mas eu a amo demais. É com ela que quero construir uma família. É do lado dela que quero acordar todos os dias. Não importa o que aconteça, vou sempre está aqui para o que ela precisar.

Pov Luís e Helena

Helena foi para o quarto junto com seu marido. Ela estava transtornada, não conseguia acreditar no que sua filha tinha lhe contado. Como Sophie pôde jogar aquela bomba e depois sair da sala?

- Se acalme Helena, você precisa sentar. - Seu marido falou.

- Eu não sei o que pensar. Você ouviu o que a Sophie falou?- Helena perguntou para Luís.

- Sinceramente, eu já esperava.

- Como assim Luís?

- Tenho observado as duas. Ontem conversei com Elisa e quando ela falava da nossa filha os seus olhos brilhavam como uma pessoa apaixonada.

- Isso não é suficiente pra você deduzir que elas eram namoradas.

- Sim, também pensei isso, mas hoje quando saímos para o mercado esqueci meus óculos. Quando voltei vi as duas se beijando no quarto da Sophie. Elas não me viram.- Seu Luís estava tranquilo, ao contrário de sua esposa que arregalava os olhos a cada comentário do marido.

- E quando você pensava em me conta isso?

- Imaginei que a Sophie fosse nós contar. E ela contou. - Ele continuava calmo.

- Como pode ficar tão calmo Luís?

- Querida, a nossa filha já é adulta e eu não vejo mal nenhum em ela namorar uma mulher.

- Você não pode está falando sério. - Helena estava indignada. Para ela aquilo era uma situação muito incomum.

- Você não percebeu que nossa Filha está muito mais feliz do que antes? Quando ela namorava o Marcos vivia triste pelos cantos. Fora que eu nunca aprovei aquele rapaz, ele não tratava Sophie como ela merecia.

- Eu não sei, tudo isso é muito estranho pra mim. Não consigo entender como aconteceu. Nossa filha nunca teve interesse por mulheres, pelo menos, eu nunca percebi. Ela sempre namorou homens, como pode de uma hora pra outra gostar de mulheres? - Helena estava perplexa.

- Amor, ela pode ser bissexual. Mas na verdade, isso não importa. Ela pode amar quem ela quiser, desde que seja feliz.

- É muito difícil pra mim aceitar tudo isso.

- Olha, você não precisa aceitar nada, mas a Sophie é nossa filha. E eu vou amá-la incondicionalmente, não importa quais escolhas ela faça.

- Eu também a amo Luiz, mas é difícil me acostumar com essa situação. Não vou dizer que adoro o fato da nossa filha namorar com uma mulher, mas também não vou me fechar totalmente para elas.

Seu Luís sabia o quanto era difícil para sua mulher dizer aquilo tudo. Ela vinha de uma família muito religiosa e conservadora. Ele também cresceu em um lar assim, mas odiava quando seus pais julgavam os outros, principalmente os homossexuais. Ele não achava que tinha o direito de julgar alguém apenas por aquela pessoa ser quem ela é. Mas com Helena era diferente, ela precisava se desconstruir para aceitar aquela situação ou ao menos entender que não existe mal nenhum em amar pessoas do mesmo sex*.

- Querida, isso já é um bom começo. - Luís abraçou sua esposa.

Helena ainda estava muito angustiada. Ela lembrava a todo momento de uma reportagem que tinha visto semana passada na televisão. Um casal de lésbicas tinha sido espacado somente por estarem andando de mãos dadas na rua. Aquilo mexeu muito com Helena, ela ficou com medo por sua filha. Sabia que o mundo estava cheio de violência e preconceito. A sociedade apenas parecia ter evoluído, mas na verdade as pessoas só não estavam mais expondo suas opiniões por medo de serem prejudicadas ou taxadas de homofóbicos. E se ela fosse como essas pessoas?

 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 26 - 26. Dia ruim.:

Sem comentários

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web