A Detetive por Isis SM
Capitulo 5
Capitulo 5
Novas pistas
Terça-feira 05h10min e já estou alongada e descendo as escadas correndo para aquecer, coloquei meus fones, dei bom dia para o rapaz da portaria que hoje parecia mais disposto e corri em direção ao parque como sempre concentrada na minha respiração, o clima estava quente indicando o auge do verão então saí apenas de top e um short curto leve próprio para corrida.
Enquanto fazia meu trajeto fui revivendo os fatos sobre o caso para tentar abrir uma brecha ou achar alguma coisa que deixei passar, lembrei dos detalhes sobre o diretor que Lisa havia me passado por e-mail.
Ponto um: ele era casado a 25 anos, tinha 42 anos e sem filhos.
Ponto dois: ele tinha uma casa na parte nobre, era graduado em história da arte e dera aulas naquela instituição depois de formado.
Ponto três: seu maior hobby era colecionar miniaturas de barcos em garrafas e miniaturas de carros antigos.
Resumindo não havia nada de errado com o cara, faltava verificar o ex-namorado da vítima, Kevin o namorado ciumento e possessivo, será que seu ciúme o fez matar uma pessoa Kevin? E as roupas em baixo da cama eram algum fetiche da vítima ou ela estava participando de algo maior?
Muitas perguntas e poucas respostas e elas já estavam me deixando louca, cruzei o parque em velocidade máxima, dei mais uma volta antes de tomar fôlego para voltar. Já havia dado a hora da cafeteria abrir e isso era o que valia mais a pena estar fora de casa tão cedo.
Entrei na cafeteria e havia pelo menos quatro pessoas na minha frente, ainda estava ofegante e bebia minha água enquanto apreciava a voz de Astrid S cantando Paper Thin quando alguém tocou meu braço, então retirei meus fones para ouvir o que a pessoa queria e a vi sorrindo. Carolina conseguiu estar com seus olhos ainda mais claros do que quando a vi da última vez, seus olhos estavam claros como o céu em um dia de verão, seus lábios tinha uma tonalidade rosada natural e foi então que percebi que ela dizia algo.
_ Perdão o que dizia? - Disse tentando disfarçar meu momento de transe.
_ Eu disse que foi uma coincidência te encontrar aqui hoje. - Disse Carolina sorrindo.
_ Na verdade não muita, eu costumo vir aqui quase todo dia, mas nunca te vi por aqui antes até aquele dia, você costuma vir sempre? - Perguntei tentando disfarçar o nervosismo e tomei um longo gole de água, mais para ter o que fazer com as mãos do que pela sede, a cada vez em que ela olhava de meus olhos para minha boca eu tinha vontade de sair correndo.
_ Naquele dia em que nos... Esbarramos foi a primeira vez que decidi vir aqui, aí eu meio que gostei e decidi voltar hoje antes de ir trabalhar. E por falar em trabalho, eu deixei meu terninho no seu carro no sábado? Não o encontro em lugar nenhum.
"Como vou saber!!! Eu mal raciocino com você perto de mim inferno"
_ Na verdade eu não sei, mas posso dar uma olhada e depois te entrego se estiver lá. - Disse me virando para o balcão para fazer o meu pedido.
_ O de sempre Rubí? - Disse a garçonete.
_ Sim, por favor.
_ Para a viagem? - Disse a garçonete olhando para Carolina e nesse momento também a encarei como se me desse conta que ela poderia querer tomar café comigo e só essa possibilidade já me deixou aflita.
_ Bom se você não estiver com muita pressa poderíamos conversar um pouco. Disse Carolina em um tom que me pareceu ansioso.
“Na verdade, estou ocupadíssima"
_ Não, eu até que tenho um tempo antes de ir trabalhar. - Disse ignorando minha própria consciência e aceitei tomar café com ela.
Após ela fazer o seu pedido, sentamos em uma mesa nos fundos da cafeteria, Carolina conduzia a conversa sobre como estava calor e como prefere o frio e coisas do tipo enquanto eu havia perdido completamente o dom da fala, tudo que eu pensava era em como ela ficava bonita de roupa social ou em como seu sorriso era cativante. Tinha algo muito errado comigo, fiquei rememorando se em algum momento de minha vida eu já me senti atraída por mulheres e não achei nenhum momento em especial, com certeza era só mais um daqueles surtos onde eu fico fascinada com a delicadeza e a feminilidade. Eu viajava em meus pensamentos, para variar, quando percebi que ela perguntava algo.
_ Rubí você é sempre calada assim ou eu sou uma companhia tão ruim assim? - Disse comendo um pouco de seu donut ‘s e sujando o queixo.
_ Não, quer dizer eu não sou calada assim o tempo todo eu só estava pensando em um caso que está tirando meu sono. -Menti segurando meu impulso de limpar o queixo dela e me contentando em apenas sinalizar onde estava sujo.
_ Nossa eu não sei como consegue fazer isso todo santo dia, eu desmaio só em ver sangue na televisão. - Falou rindo e se limpando com um guardanapo.
_ Eu também não sei, acho que é algum tipo de talento, tenho colegas que estão há mais tempo que eu no departamento e não pode ver um cadáver que vomita.
"Nossa que comentário desnecessário Rubí, eu sou um talento no quesito vida social".
_ Imagino... E para se divertir o que costuma fazer? -Disse entrelaçando as mãos embaixo do queixo.
_ Bom nunca me sobra muito tempo para diversão, mas gosto de barzinho e às vezes vou a uma danceteria com alguns amigos, confesso que não sou boa dançarina, mas sou forçada por eles e ai de mim se recusar. - Disse sorrindo e a fazendo soltar uma gargalhada. _ E você? - Disse tomando meu café.
_ Também gosto de dançar, ir ao cinema ou teatro, mas faz um tempo que não faço nada do tipo, estou praticamente caseira. -Disse olhando para o café.
_ Sei bem como é... Mas precisamos tirar um tempo para nós mesmas às vezes, não acha?
_ Ah concordo plenamente... Podíamos marcar alguma coisa, digo chamar alguns amigos e ir a algum lugar.
Enquanto eu ainda tentava lembrar a forma certa de falar sem gaguejar Carolina já estava falando de uma danceteria no lado leste da cidade onde havia três ambientes, e que no último sábado desse mês teria um DJ novo e eu poderia ir buscá-la as 20h, pois ela não tinha carro e quando dei por mim eu já havia concordado e a "demônia" já se despedia dizendo que estava atrasada e me desejava boa sorte no caso. Organizei meus pensamentos a fim de me entender, o que deu em mim afinal? É sério que eu estava me derretendo por outra mulher? E por que agora? Não, claro que não, não faz nem sentido isso... EU adoro homem e fazer sex* com homem... Né? O que Carolina tem de tão especial? Eu tenho certeza que nunca me interessei por outra mulher... Ou já? Mais uma vez muitas perguntas e nenhuma resposta.
Quando cheguei ao departamento chamei os envolvidos no caso do píer para podermos ligar os pontos e tentar chegar a algum lugar pelo menos no trabalho eu teria que achar uma resposta e logo.
_ Então... Reuni vocês aqui para ligarmos os pontos soltos, tem algo passando em nossas caras e que não estamos conseguindo ver, aqui no quadro temos dois suspeitos até agora. O primeiro é o ex-namorado, Kevin Eliot 26 anos, trancou a faculdade de artes pouco antes de Jenifer aparecer morta. Vamos falar com ele informalmente hoje então veremos se ele tem álibi. O segundo é o reitor da universidade Joseph Paige de 42 anos, e sim eu sei que ele não aparenta ter nada a ver com o caso, mas não podemos descartar ninguém...
_ Então por que não chamamos a amiga da vítima para um depoimento oficial? - Disse Lisa com tom aborrecido.
_É mesmo Lisa? E como conseguirá convidá-la a depor se não há nada que a ligue a cena? - Disse com tom de raiva e ironia.
_ Simples ela foi provavelmente à última a falar com a vítima, o que temos a perder? - Disse Lisa exaltada.
_ Nossos empregos! Se não a ligarmos diretamente a vítima como suspeita! - Disse quase gritando.
_ Ei meninas, fiquem calmas ok, Lisa realmente não podemos chamar ninguém para depor sem uma intimação e Valdez, Lisa tem razão em não descartar a amiga, já vimos muito bem o que ciúme ou inveja pode fazer a alguém. - Disse Enzi sério e sereno como era de seu feitio.
Respirei fundo e me acalmei, concordei com Enzi com a cabeça e voltei às análises sem pedir desculpas a Lisa, em minha cabeça já havia contabilizado pelo menos umas três vezes que perdia o controle com ela e a devia desculpas, dívida essa que não pretendo pagar.
Revimos os vídeos de segurança, Lisa informou que o cartão da biblioteca era mesmo de Jenifer e iria à tarde investigar o computador atrás de mensagens ou e-mails, Enzi se prontificou a ir com ela então Gonzáles iria comigo falar com Kevin. Paramos para o almoço e antes de sairmos os rapazes ficaram me encarando para que eu conversasse com Lisa e acertasse as coisas, depois de muita cara feia em minha direção resolvi ir falar com ela que estava em sua mesa (ou na mesa do meu ex parceiro) revendo pela milésima vez os vídeos da segurança do píer.
_ Lisa? Podemos conversar? -Disse séria.
_ Estou meio ocupada no momento. - Disse fria.
Respirei fundo para não lhe dar um tapa por ser tão abusada e falei ainda mais séria.
_ Lisa eu não estou pedindo, levante-se daí agora e vamos conversar. - Disse me virando para a porta.
Lisa e eu seguimos caladas o caminho todo até o pátio onde ficavam as viaturas, ao chegar lá ela estava com um semblante sério e logo encostou-se à murada da escada sem me encarar. Passei minha mão nos meus cabelos e só consegui bagunçá-los ainda mais.
_ Olha eu não tive a intenção de gritar com você lá dentro. - Disse rápido sem encará-la também.
_ Está tudo bem, eu sei que falo demais às vezes é só que... Ah esquece...
_ Não pode falar. - A incentivei.
_ Eu sei que você não queria um parceiro, sabia que tinha um gênio terrível, mas eu queria aprender com o melhor detetive daqui e o chefe me disse que se eu queria aprender com o melhor seria contigo e mesmo eu sabendo de seu histórico eu quis... Não pense que eu não sei de todos seus esforços para que eu troque de parceiro e entendo, é sério... Eu só não consigo entender porque você me odeia tanto. - Disse me encarando.
Ouvi tudo que ela dizia de queixo caído, como assim meu gênio terrível, e que história é essa de histórico também? Eu sei que sou meio difícil às vezes, mas mesmo assim... Quando ela terminou e ficou me encarando percebi como ela parecia querer minha aprovação para trabalharmos juntas e isso me deu um embrulho no estômago, Lisa era nova e inteligente e com uma carreira brilhante pela frente eu não suportaria vê-la morrer por um erro meu, não, ela merecia alguém com mais tempo e experiência então resolvi dar um basta em suas expectativas.
_ Olha... Eu realmente não me sinto confortável em ter um parceiro... Não é nada pessoal com você, mas pelo visto não vou poder lidar com nada sozinha então me conformei em te treinar, mas eu ainda espero que você se forme e troque de parceiro, seria melhor para nós duas.
Lisa ficou em silêncio por um tempo e isso era um milagre, ela respirou fundo trincou o maxilar e então voltou a falar.
_ Tudo bem... Farei o meu trabalho da melhor forma e quando me formar peço a troca... - Disse sem me olhar.
Já me virava para voltar ao departamento quando ela voltou a falar.
_ O que houve com seu outro parceiro afinal?
_ Ele morreu e isso é tudo que você precisa saber. -Disse fria tentando não reviver aquele momento de novo e voltei apressada para dentro.
Ainda era difícil reviver aquele dia, mas era uma ferida aberta que eu não conseguia fechar, estava na hora do almoço e preferi fazer algo diferente e realmente ir comer alguma coisa, fui até lanchonete mais próxima e após me sentar pedi um sanduíche de peito de peru e suco de laranja, sim eu sei que deveria comer algo de verdade, mas não queria ir a um restaurante sozinha, sempre achei meio mórbido quem almoça sozinha em restaurantes, enquanto comia fiquei assistindo um documentário que passava sem áudio na TV, parecia falar sobre pesca, já terminava uma parte do sanduíche quando um barco passou na TV e me lembrei instantaneamente do barco de pesca que o reitor alugava. Estávamos trabalhando na hipótese de o assassino tê-la jogado do píer, porém e se não tivesse sido do píer?
Paguei a conta e corri para o departamento, eu precisava confirma minha teoria. Quando cheguei Lisa e Enzi estavam se preparando para sair e os fiz voltar correndo, logo estávamos todos em torno do computador sem entender nada enquanto eu pedia para acelerar alguns vídeos.
_ Mas o que estamos procurando Valdez? - Disse González de olho no monitor.
_ Eu ia perguntar a mesma coisa, já vimos esses vídeos tantas vezes que acho que gravei cada parte dele. - Disse Lisa intrigada.
Deixei que falassem enquanto observava as imagens se eu estivesse certa poderíamos estar mais próximos da verdade, a cada minuto meu coração se apertava, estávamos no horário de quase 01h da manhã no vídeo quando eu vi o barco se aproximar do píer, pedi que Gonzáles aumentasse e melhorasse a imagem e lá estava à numeração do barco, as luzes estavam apagadas fazendo com que ele só aparece com a iluminação do píer que era bem forte, não aparecia ninguém jogando nada na água, mas já era alguma coisa.
_ Como não vimos o barco antes? - Disse Gonzáles ainda indignado.
_ Sim, vimos esses vídeos tantas vezes como não reparamos? - Disse Lisa ainda olhando o vídeo.
_ A questão não é essa, de onde você tirou a ideia de observar se havia barcos Valdez? - Disse Enzi me encarando.
_Eu vi um documentário na hora do almoço, mas enfim, se eu estiver certa quem estava nesse barco é o assassino ou o cúmplice dele, Lisa continue com a investigação na biblioteca e quando voltar verifique o barco, quero saber quando foi comprado, documentação e o nome da última vez que alugaram, enquanto isso eu e Gonzáles vamos ver se Kevin gosta de pescar.
Eu e Gonzáles chegamos ao bar onde Kevin trabalhava, mas ainda estava fechado àquela hora então como a espera ia ser longa meu amigo resolveu comprar café e rosquinhas para passar o tempo, já se aproximava das 16 horas e o calor que fizera o dia todo já diminuíra bastante e agora soprava uma brisa fresca, as ruas estavam calmas e o céu de um tom de azul lindo, o mesmo tom de azul de certo par de olhos que pelo visto não saía de minha cabeça. Lembrei de meu café da manhã e sorri sozinha, lembrei do sorriso e seu jeito doce e senti um frio na barriga, eu não poderia estar atraída por uma mulher... E se eu estiver? Eu tenho que por minha cabeça no lugar, agora não era hora nem o lugar para isso, eu tinha um caso para resolver e não poderia me distrair assim, sobre Carolina eu com toda certeza não estou a desejando como penso, ela é simpática e parece ser uma boa pessoa e isso deve ser o motivo da minha admiração, provavelmente ela também é heterossexual e estou confundindo sua gentileza com flerte e é isso, não tem motivo para eu me preocupar com nenhuma ideia absurda de atração repentina por mulheres. Sábado vamos sair como amigas e vou me permitir flertar com algum rapaz, vou saciar minha carência e pronto, voltamos à vida real. Mal concluí meu pensamento e meu celular vibrou em uma mensagem:
Número desconhecido:
Olá Rubí tudo bem? É a Carolina, eu peguei seu celular na sua ficha espero que não se importe.
Bom esse é meu número se quiser salvar na sua agenda... É isso tenha um bom dia...
Li a mensagem e não acreditei... Pegar meu telefone na minha ficha não deveria ser proibido? Essa menina é louca isso é certo, mas no fundo eu gostei daquela loucura e salvei seu número de imediato e a respondi quase que na mesma hora:
Olá, rsrsr, isso não deveria ser proibido? Kkkk...
Seu número está salvo, tenha um bom dia...
Carolina respondeu com um coração rosa e emoji de envergonhada e eu sorri ainda mais, porém meu momento foi interrompido com a porta abrindo, travei o celular e retomei minha postura séria enquanto pegava meu café ajudando meu amigo.
_ Nossa estava lotado foi mal pela demora. _ Disse Gonzáles se sentando e pegando uma rosquinha.
_ Tudo bem, nada mudou desde então, relaxa. - Bebi um gole de café que estava muito bom.
Comemos em silêncio e decidimos que o carro estava muito abafado e resolvemos esperar em pé do lado de fora eu sempre odiei esperar, mas não tinha escolha. Observamos algumas pessoas passar e reparei que uma menina passou e claramente me paquerou, ela era até bonita e com um corpo de dar inveja, ela passou em minha frente me encarou e atravessou a rua olhou para trás e sorriu, fiquei nervosa imediatamente e desvie os olhos, mas é claro que isso não passou despercebido ao meu amigo.
_ Nossa, Rubí ganhou para semana toda hein? - disse rindo.
_ Cala a boca Roberto, ela não estava olhando para mim e mesmo que estivesse não estou interessada. - Disse rindo.
_ Bom não parecia já que você estava olhando tanto...- Disse Roberto com ironia.
_ Eu não... Ela estava me encarando... Eu não estava... -Comecei a tentar explicar, mas me embolava ainda mais o que gerou boas gargalhadas ao meu parceiro.
_ Relaxa, não tenho nada contra pelo contrário sou super a favor de você sair do armário e vir para o vale... - Disse gargalhando.
Eu ia explicar que não era lésbica, mas nesse momento vi o bar sendo aberto por um rapaz que poderia ser o nosso suspeito, então encerramos o assunto e fomos até lá bater um papo, coloquei meus óculos escuros e nos aproximamos enquanto o rapaz tentava levantar a porta de ferro do bar.
_ Kevin Eliot? - Me coloquei no campo de visão do rapaz e disse prendendo os óculos no cabelo.
_ Pois não? -Disse o rapaz me olhando de cima a baixo com um sorriso predador.
_ Detetive Valdez do departamento de homicídios, você tem um minuto? - Disse sorrindo enquanto o sorriso petulante do rapaz ia esmaecendo.
_ Bom... Tenho algum tempo antes de abrir..., mas, o que houve? Eu não fiz nada... -
Disse o rapaz começando a ficar nervoso ao perceber o outro detetive a suas costas.
_ Calma amigo são só algumas perguntas, podemos entrar com você ou prefere ter esse papo aqui fora? - Disse Gonzáles com tom entediado, como se tivesse mais o que fazer.
O rapaz apenas concordou engolindo em seco e destrancou a porta para podermos entrar, ligou a luz e o ar condicionado enquanto indicava o balcão a nossa frente para que pudéssemos sentar, aguardamos algum tempo enquanto ele terminava de ligar as luzes e voltava aparentemente nervoso.
_ Então... Em que posso ajudar? - Disse com um semblante assustado.
_ Conhece esta moça? -Lhe mostrei a última foto da vítima.
_ Sim conheço é minha ex-namorada Jenifer... O que houve? Não me digam que ela... Oh Deus, por favor, não... - Disse ele já com lágrimas nos olhos.
_ Infelizmente Kevin, sinto em dizer que ela foi encontrada morta na última quinta-feira... Lamento. - Disse Gonzáles com um tom sério e sentido totalmente diferente da postura relaxada e entediada de minutas atrás.
Eu nada falei apenas observei as reações do rapaz, vi o que chamo de três fases do desespero.
Primeiro o choque: Momento de assimilação e negação.
Segundo a fase do choro: A pessoa se envolve em um momento de pura dor e choro compulsivo e na maioria das vezes perde as forças.
E por último e não menos importante a fase da ira: A pessoa se recupera como se acabasse de entender o motivo a estarmos interrogando e começam as indignações e ataques de raiva, seguidos de depoimento gratuito.
Isso acontecia na grande maioria dos interrogados, mas claro que os seres humanos são complexos demais para generalizar, mas Kevin era mais um da maioria e o observei nas duas fases em silêncio e tentando ver qualquer vestígio de algo que não fosse verídico. Quando enfim chegamos à terceira fase me impus e busquei que ele se sentasse e se prontificasse em nos ajudar e o informei que estávamos investigando e não acusando ninguém, uma vez mais calmo, Kevin começou a contar sua história com a vítima. Começaram a se conhecer no início do ano passado e saíram algumas vezes antes de começarem a namorar. Jenifer sempre fora uma menina tímida, porém cheia de sonhos e muito segura de si. O questionei se ele tinha ciúmes e o rapaz ao contrário do que imaginei foi sincero ao confirmar e ressaltou que tiveram inúmeras brigas, mas nada que acabasse com o que sentiam. Aguardei que ele se recuperasse de mais uma onda de choro e perguntei o motivo do término de namoro e depois de uma pausa sentida o rapaz disse:
_ No último semestre ela andava estranha, me disse que não poderia se distrair com nada porque não estava indo bem nas matérias e eu entendi por um tempo... Até que em um final de semana eu vi marcas no seu pescoço, estranhei que ela estava de blusa de gola e ela odiava essas roupas e a questionei, vi as marcas quando ela puxou a gola para arrumar a blusa... fiquei irado pensando milhões de coisas, pensei que tinha sido agredida ou algo do tipo, Ela disse que não era nada, que era uma alergia e eu não acreditei e brigamos feio nesse dia e passamos uns dias sem nos ver... Estava arrependido da briga e em uma noite fui vê-la para que pudéssemos conversar e nos entender... Ela era o amor da minha vida. - Disse voltando a chorar.
_ O que aconteceu quando se encontraram? - Incentivou Gonzáles.
O rapaz deu um sorriso triste e nos encarou dizendo:
_ Não a encontrei em casa, liguei para seu celular e só caía na caixa postal, liguei para Sarah uma amiga nossa em comum e ela não sabia onde Jenny estava e fiquei muito aborrecido, estava frustrado por não ter conversado, por ter sido um idiota, enfim... Peguei o carro e vaguei pela cidade e acabei no centro da cidade e foi quando a vi... Ela estava saindo de um restaurante com um cara, mas quase não a reconheci, estava vestida como uma prostituta. - Disse com raiva da lembrança.
_ E como tem tanta certeza de que não a confundiu? - Perguntei.
_Porque ela me viu, cheguei a sair do carro para ter certeza, mas ela imediatamente entrou no carro e eu não tive força para ir atrás. Logo depois terminamos e não nos falamos desde então... Vocês acham que esse cara pode ter a matado?
_ No momento ainda estamos investigando e acredite vamos encontrar o culpado, por enquanto é só isso, mas quando recolhermos mais material acredito que terá que dar um relato oficial, preciso que faça a gentileza de não fazer nenhuma viagem para fora da cidade, aqui está meu cartão caso lembre-se de algo é só ligar.
_ Ei esperem! Vocês não acham que eu fiz isso, não é? Eu amava a Jenifer eu nunca a mataria! - Disse o rapaz aflito.
_ Bom se acreditássemos nisso já estaria preso, não é? Não se preocupe rapaz entraremos em contato em breve.
Saímos do bar com novas informações que poderiam ajudar a encaixar algumas peças do quebra-cabeça, resolvemos voltar ao departamento para saber se os outros dois tinham achado algo. Eu e Gonzáles conversamos um pouco sobre o rapaz que aparentemente não era culpado, mas ainda era cedo para apontar inocentes então só levantamos algumas hipóteses e a que se encaixava melhor era que ela se prostituía, porém ela era bolsista logo não precisaria de dinheiro a não ser que estivesse se preparando para perdê-la. Enquanto divagava sobre o caso senti meu celular vibrar e vi que era um sms de Carolina.
Carolina - Oi de novo, só queria te lembrar de ver se está com o meu terninho bjus.
Era incrível como só tê-la falando tão livremente comigo já melhorava meu humor. Não me demorei em responder.
Eu- Ops! eu realmente esqueci, quando eu estiver no DP vou olhar no carro pode deixar...
Carolina - Ah Ok então, se puder pode trazer aqui em casa hoje? Vou precisar dele para amanhã... por favor (emoji sorrindo seguido de coração)
E lá estava aquele coração de novo só que agora vermelho. Senti-me no colegial novamente, conversando com a minha melhor amiga da época. Ri do pensamento e apenas confirmei que levaria com um "ok" e voltei a prestar atenção na janela enquanto íamos seguindo a rodovia até o DP.
_ Então não vai contar quem é o cara?
Me sobressaltei com a pergunta de Gonzáles que riu na mesma hora.
_ Está com a cabeça nas nuvens a dias, conta aí quem é o cara Rubí, ou a mulher. - Disse ele rindo ao ver minha cara.
_ Não tem ninguém Roberto, e hoje você está fixado com essa história de que gosto de mulher, que coisa. - Disse irritada sem saber exatamente com o quê.
_ Opa foi mal, era brincadeira. Mas que faz uns dias que você está mega distraída faz. - Disse rindo com tom de deboche.
_ Se preocupe em dirigir fofoqueiro. - Disse rindo para não demonstrar meu nervosismo.
Passei toda a viagem pensando em Carolina e me concentrando em não abrir um sorriso, também me convencendo de que o fato de todo esse mar de sensações ser devida a minha carência e solidão, já fazia três anos que não me envolvia afetivamente com ninguém, Tinha amigos no DP, porém sentia falta daquela amizade mais íntima, uma amizade confidente e provavelmente poderia estar reconhecendo essa amizade em Carolina e esse pensamento foi o suficiente para acalmar meus nervos.
Fim do capítulo
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jake
Em: 18/04/2024
Oie Isis...Bom vamos lá Carol cercando Rubi que por sua vez continua sendo grossa com a doce Lisa .Seria interessante se lá na frente ela se sentisse atraída pela Lisa .Vamos aguardar...rsrsrs.
Tô gostando da história
Isis SM
Em: 19/04/2024
Autora da história
Oiee, que bom que está gostando, Rubí é meu xodó mas admito que ela me irrita kkk
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Mara Oliveira
Em: 18/04/2024
Oie autora não sei pq algo me diz q acho Carol e Rubi não rola ...rarara eu me quero é a Rubi correndo atrás da Lise rsrsr....Eu e meus achismos...kkkk Obrigada tô gostando mas os CAPS poderia ser maiores....rsrs
Isis SM
Em: 19/04/2024
Autora da história
kkkkkkkkkkkkkk Você foi é a segunda pessoa que me diz isso, amo saber as teorias de vocês.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 23/03/2024
Oxente aceita que é melhor Rubi.
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