Capitulo 9
MAIS DUAS SEMANAS SE PASSARAM, desde a última vez que Piper Delacorte falara com Astrid Parker. Depois daquelas mensagens trocadas, Piper andou evitando Astrid, afinal, sabia que Jordan estava interessada nela e se o lado hetero de Astrid havia mudado, bom ela merecia alguém com quem não implicasse desde a infância. Respirar novos ares e Jordan seria isso, era o que ela achava.
O tilintar do telefone a despertou, visualizou o nome e a foto de Delilah Green mostrando o dedo e a língua estavam ali. Ela deslizou o dedo pela tela para atender.
- O que foi?
- Mas que porr* é essa, que diabos de sumiço foi esse DesAcorte? – implicou com ela.
- Sobre o que você está se referindo?
- A reforma da pousada terminou essa semana, Astrid e Jordan foram eleitas e parabenizadas como design e co-design, tudo ficou pronto e Simon contou que você estava tão lotada de trabalho que decidiu alugar um quarto em uma pousada qualquer no centro da cidade e que estava a beira de voltar para Vancouver.
- É tudo verdade, apareceu trabalho e terei que voltar. – falava calmamente.
- Pro inferno que é verdade! – xingou Delilah. – Você está fugindo e sendo uma covarde de novo Piper, nós duas sabemos disso! Astrid me contou que foi conversar com você e você simplesmente a dispensou e pelo teor das mensagens que vocês trocaram, você basicamente a entregou de bandeja para a Jordan Everwood!
- Você leu nossas mensagens? Cadê o direito a privacidade, Green? – retrucou.
Sabia que a amiga estava revirando os olhos ao ter ficado em silêncio e a devia uma explicação.
- Você está certa eu tive medo, a duas semanas atrás Jordan parecia encantada por ela, então se alguém pudesse fazer a Astrid Parker repensar sua sexualidade era Jordan Everwood, então, o que eu poderia fazer? Nós nos conhecemos desde que éramos crianças e nada ocorreu, então, quais as chances que eu tinha?
- Tinha de cem por cento sua idiota e você estragou tudo quando fez isso! – bradou Delilah do outro lado da linha e Piper estava atônita.
- Como é?
Delilah explicou desde a chegada de Astrid e das confusões que tinha, não falou todos os detalhes do sonho, apenas tinha dito que a irmã postiça também tinha sonhado com ela e a outra a aconselhou a conversarem. Piper bateu com a palma da mão na testa e se sentia idiota da forma como agiu nas últimas semanas. A forma como estavam interagindo pouco e basicamente como pensou estar ajudando o outro a felicidade do outro, quando esquecia da sua própria felicidade.
- Merda!
- Percebeu a burrada que você fez agora? – bradou Delilah no telefone e com toda razão.
- Preciso resolver essa bagunça.
- Boa sorte nessa!
- Preciso da sua ajuda, Lilah... – suplicou Piper.
- Mais do que tentei ajudar você e simplesmente cagou tudo? Vai bagunçar a minha irmã agora?
- Achei que adoraria ter sua melhor amiga como cunhada. – tentou brincar. – Por favor Delilah, me ajuda.
Delilah ouviu aquele suplico, ouvir a melhor amiga chamar de Delilah significava que era de coração e puramente desespero, pois sempre a chamava de Lilah.
- Tá bom, mas se você foder com tudo, pode esquecer de outra chance, porque acredito que essa era a sua oportunidade e talvez única!
Astrid estava em casa, já haviam se passado duas semanadas desde a última vez que falou com Piper. Durante todo esse tempo, ao final de cada expediente, jantava com a equipe de Natasha Rojas e Jordan. Todos haviam se tornados amigos o que foi memorável.
O resultado da reforma foi surpreendente, o que resultou novas reservas da pousada e claro, tanto ela como Jordan foram chamadas para darem uma entrevista e ser publicado em rede nacional. Sua carreira tinha alavancado, mas ainda sim, sentia um vazio, alguma coisa fora do lugar. Essa sensação a lembrava de um certo sonho que teve duas semanas atrás, era exatamente essa sensação. Porém, quanto tentou se aproximar de Piper, tudo o que recebeu foi seu afastamento.
Nas últimas semanas, soubera que a outra tinha saído da Pousada dos Everwood e reservado um quarto em alguma pousada qualquer, aquilo significava para ela que de fato Piper queria distância dela. Talvez Astrid tenha sido invasiva demais ao convidá-la diretamente para sair. Por mais feliz que Astrid devesse ficar, sentia-se triste.
Foi quando sentiu seu aparelho vibrar e serem as meninas, informando que Freud o cão de Piper havia sumido na cidade. Rapidamente ela respondeu as outras informando o que estavam fazendo para procurar e ajudar. Astrid informou que iria ajudar, pegou as chaves do seu sedã e se dirigiu para os locais que já havia visto o cão passear com sua tutora.
Passou pelo centro da cidade, perguntando se alguém viu a foto daquele cachorro e nada, cada vez mais foi se afastando e adentrando algumas praças e bosques, foi quando resolveu sair do carro e se dirigir a um pequeno parque florestal. Fez as mãos em forma de concha e colocou ao redor da boca para gritar.
- FREUD, AQUI GAROTO! – gritava Astrid em plenos pulmões. – FREUD!
Colocou a mão na cintura e estava preocupada. Olhou para as mensagens do grupo e ninguém informava se havia encontrado ele. Ela olhava ao redor e tudo o que via eram apenas folhas. Mas depois ouviu um barulho e um farfalhar de folhas.
- Freud, é você?
- Não...
Aquela voz era familiar saindo entre as árvores. Piper estava ali, o rosto vermelho e os olhos pareciam ter acabado de chorar.
- Encontrou o Freud? – quis saber Astrid.
- Ainda não e você?
A outra balançou a cabeça em gesto negativo.
Vamos tentar voltar para minha casa e pensar melhor. Astrid conduziu Piper até sua casa e quando adentraram na sua rua, encontraram no hall de entrada deitado esperando, o Freud.
- FREUD? – gritou Piper dentro do carona no sedã de Astrid, saltando de lá quando a outra estacionou. – FREUD!!
A mais alta correu até o cachorro que correu de volta pulando e abraçando sua tutora. A alegria de ambos era contagiante e Astrid abriu um sorriso enorme ao ver aquela cena.
- Acho que ele lembrou de como chegar aqui em casa que goz*do.
- Ele lembra de alguns pontos, mas nunca imaginei que ele fosse parar justamente em sua casa. – explicou Piper.
Astrid se abaixou para acariciar aquele cachorro que também a encheu de lambeijos e muito carinho, sua calda balançava para lá e para cá com tamanha felicidade e se jogava no chão com a barriga para cima, fazendo as duas mulheres sorrirem e acariciar ele.
- Seu fujão, quis deixar todas preocupadas? – Astrid falava com Freud quando uma caminhonete parou ao lado do sedã dela. Era Jordan e Simon saindo de Adora, o nome que a Everwood colocou junto com sua ex-namorada.
- Estão todos bem, Freud foi encontrado? – perguntava ela
- Sim, ele estava aqui na minha entrada, foi pura sorte! – Astrid falou.
- Aparecemos aqui para ajudar na busca, mas como o garotão foi encontrado, vejo que não será mais necessário. – Era a vez de Simon falar. – O que acham de jantarmos todos juntos?
- Uau, seria ótimo! Tudo que precisamos agora é relaxar e um bom jantar – Jordan concordava.
- Vocês irão Pi, Astrid? – perguntou Simon.
Antes que pudessem responder, o prius de Claire acabara de se juntar ao resto dos carros que faltavam na lista, descendo do carro, Iris, Claire e Delilah.
- Ah, ainda bem que acharam o bonitão! – Iris chamava Freud que passou a sair correndo atrás dele. – isso, quem ama a tia Iris, quem ama? É você.
- Não faz isso com o cachorro, ensinando essas coisas. – Delilah irritava ela.
- Você está só com inveja que o Freud prefere mais a mim do que a você.
- Jura? Vem cá Freud – Delilah o chamou e ele partiu em disparada para ela também, lambendo-a. E Delilah sorriu vitoriosamente, dando um petisco para ele.
- Seu vendido. – brincou Iris.
- Bom já que todas estão aqui, podemos jantar? – falou Simon.
- Já estava sem tempo! – informava Iris.
Todos estavam indo, quando Piper tocou no pulso de Astrid e a outra virou para olhá-la e aquele momento tornou-se intenso mais do que o devido.
- Obrigada pelo Freud e me desculpa, fui uma tola nas últimas semanas. – observou Piper.
Astrid ficou em silêncio pronta para responder algo quando seus amigos chamaram para irem novamente.
- Não tem que agradecer. – O latido de Freud despertou as duas, ele estava animado dentro do prius de Claire, chamando pelas duas garotas.
Todos seguiram para a Taverna da Stella.
De fato havia uma grande comemoração, todos bebiam muito, menos Piper que como sempre ficava entre um suco ou uma água saborizada e cuidava para que Freud ficasse sempre com suas necessidades saciadas.
Todos estavam quase bêbados, Claire ficou responsável de levar Delilah, Iris e Jillian que se juntou depois, enquanto Jordan deveria conduzir o irmão de volta.
- Acho que sobrou para você levar a Astrid para casa novamente Pi, já que a DesAstrid não está em condições para dirigir. – dizia Delilah abraçando a amiga e dizendo – está aí a sua chance! Não amarela.
Todos se despediram e Piper foi até o sedã prateado de Astrid, abrindo a porta tanto para ela quanto para Freud. A troca de olhares entre as duas eram intensas e Astrid deixou soltar um suspiro e colocaram-se em movimento até sua casa.
Piper havia deixado Astrid em casa. Porém não estava satisfeita e não ousou sair de frente a casa da loira. Freud a encarava e colocava a pata na mão dela como se quisesse dizer alguma coisa e aqueles olhos profundos estavam dizendo algo.
- É agora ou nunca, não é amigão? Tudo bem preciso que você faça isso por mim!
Fim do capítulo
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