A ida na clínica especialista em dor rendeu bons frutos: maama passou bem no natal e depois de tanto tempo, experimentou 48h sem dor. Pode parecer pouco mas foi um ganho imenso! Deixei marcada uma ida no dia 30 para ao menos tentar garantir um réveillon igualmente tranquilo.

E falando em natal, ficamos juntas, só nós duas, e foi muito bonito. Oramos, choramos, recordamos boas memórias e nos sentimos em paz. Nas primeiras horas do dia 25, Pombinha me ligou animada. Disse que foi bem recebida pela família e que ficaria com eles até o dia 1º. Bianca mandou bichinhos pulando, corações pulsando e sininhos badalando pelo zap, fiquei até sem entender. Elzira também ligou e disse que faria um bate volta antes da virada, chegando aqui no dia 29 e partindo no dia seguinte. Dona Sibele viajou de última hora com o pessoal da igreja e veio me dizer que só estaria de volta no dia 08; graças a Deus!!

 

--Camilla, corre aqui! – Suhaila chamou – Tem gente ligando pro teu celular! – observou

 

--Eita, que uma professora dona de casa pode nem lavar uma louça natalina em paz! – afirmou brincalhona ao entrar na sala – Deixe ver quem é! – olhou para a mesinha – É o seu, maama! -- pegou o celular e entregou na mão da outra – É Zyah.

 

--Humpf! – fez um bico – Lembrou que tem mãe. – recebeu o celular e atendeu – Alô. Ói, já vou logo avisando: se me pedir qualquer coisa vai um ouvir um não bem grande! – advertiu de cara feia

 

--Que é isso, mãínha? – respondeu sem graça – Era só pra saber da senhora, da mana e desejar um feliz natal, não sabe?

 

--E os outros besta dos seus irmão, cadê? Inda tão pensando que são filho de chocadeira? – a mulher mais velha cobrou

 

Camilla ouviu aquela parte da conversa, pegou seu próprio celular e voltou para a cozinha. “Maama já começou situando. Fez muito bem!” – balançou a cabeça divertida – Diz pra Zyah que eu tô mandando um beijo especial pra Paulinho e Emmanuel, por favor! – falou mais alto para a outra ouvir

 

--Tua irmã tá mandando beijo pros meus neto, que não têm culpa das tua fuleiragem, visse? – Suhaila deu o recado

 

--Maama... – riu sozinha enquanto lavava a louça

 

A conversa durou pouco e logo Suhaila havia desligado o telefone. Quase terminando de secar a louça, Camilla percebeu a chegada de uma mensagem e parou para olhar: -- Ih, Pombinha! – clicou para ver

 

POMB – Tive um natal maravilhoso e sinto que a virada do ano será esplêndida por causa de você e de seus conselhos!

POMB – Vou te mandar um presente que será prenúncio de muita coisa boa pro ano que vem!

 

--Mandar presente? – não entendeu – Melhor deixar um áudio. – começou a gravar -- Não precisa de presente, querida! Ver você feliz já me basta. Aproveite com sua família e reconciliem-se em definitivo! – encerrou a gravação, voltando a cuidar da louça

 

E de repente, a campainha toca.

 

--Camilla, tem gente aí! – a mãe chamou – Vá ver, menina! – ordenou

 

--Ainda bem que essa pessoa tá chegando bem na hora em que acabei aqui. – colocou o celular no bolsinho do vestido e foi ver quem era – Ih! – surpreendeu-se ao ver a visita pelo olho mágico – E seja lá o que Deus quiser! – abriu a porta

 

--Quem é?? – Suhaila tentava descobrir

 

--Sou eu! – Bianca respondeu ao se apresentar – Será que posso? – pediu humildemente

 

--Claro! – a morena deu passagem – Pode entrar! – convidou

 

***

 

--Meus pais tiveram alguns problemas ao longo do ano e decidiram viajar em nova lua de mel nesse final de ano, enquanto Barbara vai pra casa da família do namorado. – a advogada contava – Não por isso, mas tenho refletido muito e... gostaria de passar o réveillon com vocês. – falava com sinceridade – Como também gostaria de ficar mais próxima... – olhou para Camilla – Mas não pra vigiar, -- pensava em Pombinha – e sim pra ser companheira. – pausou brevemente – Companheira como não tenho sido!

 

A professora se surpreendeu com o que ouviu e olhou para a mãe.

 

--Não vai ser eu a impedir isso. – Suhaila respondeu – Se quiser vir pra cá, pode vir. – ajeitou-se no sofá – Só não quero saber de safadeza debaixo desse teto! – advertiu

 

--Maama... – achou graça

 

--Mas eu não pensei em passarmos aqui. – Bianca continuou – Pensei numa coisa simples mas interessante: -- sorriu – que tal na Boa Viagem e vendo a queima de fogos? – convidou – Uma colega do escritório tem parenta com quiosque na praia e ela montou um espacinho legal na areia pros clientes que quiserem alugar... – olhava para as duas – Eu já até arrumei uma cadeira bem boa pra senhora usar e ficar sem dor e nem aperreio!

 

“Nossa, e eu que nem imaginava isso!” – a professora pensou surpreendida – Vamos, maama! Nunca passamos a virada do ano na beira da praia vendo a queima de fogos! – animou-se – Que tal?

 

--Hum... – considerou – Se aquela clínica me deixar sem dor de novo, pode ser... – pausou brevemente – Filha, tá na hora do meu banho!

 

Camilla sentiu o celular vibrar e viu que Pombinha mandou mensagem. “Não dá pra ficar lendo isso agora!” – pensou ao ler rapidamente – “Ela cismou com essa história de mandar presente!” – colocou o celular em cima da mesinha – Vamos lá, maama. – levantou-se – Você espera, querida? – perguntou para a ex

 

--Claro que sim! – concordou de pronto – E tô considerando que nosso réveillon já tá agendado pra ser na praia, no quiosque da Patrícia!

 

--Então tá! – a morena ajudou a mãe a se levantar da poltrona e seguiu com ela para o banheiro

 

E nisso, mais uma mensagem no celular de Camilla.

 

Após ajudar Suhaila a se despir e entrar no boxe, a professora saiu para deixá-la a sós. Sabia que a mãe gostava de tomar banho sozinha. Quando voltou para a sala encontrou a advogada parada de pé, mirando seu rosto com olhos de Saddam Hussein. – Vixe? – não entendeu – O que foi, mulher?

 

--O que foi?? O que foi??? – controlava-se para não deixar Suhaila ouvir o que dizia – Camilla Isfahan, você recebe uma desgraça dessas, coisa mais horrível, e me pergunta o que foi?? – mostrou a tela do celular de Camilla para a dona dele – Por isso que a senhora não tirava o olho dessa praga de telefone! -- concluiu

 

A professora viu a imagem e congelou: -- Minha Nossa Senhora! – exclamou surpreendida – Mas o que...? – aproximou-se para ler o que estava escrito

 

Alguém havia lhe enviado a fotografia de uma vagin* bem aberta, com um lacinho amarrado no clit*ris e pequenos enfeites de purpurina e estrelinhas nos pelos pubianos. No rodapé da imagem podia-se ler: “Meu doce presentinho mostrando-lhe que nesse novo ano todas as portas estarão arreganhadas pra você!”

 

“Pombinha!” – concluiu de imediato – “Mas como será que ela conseguiu tirar essa foto?” – intrigou-se – “E que produção mais danada!” – tomou o celular da mão da outra – Bianca, eu não tenho culpa de ter recebido isso! – foi só o que conseguiu falar

 

--Em todos esses anos, Camilla Isfahan, você nunca me pediu uma foto de reganheta! Nunca! – gesticulou enfurecida – E agora essa Pomba gira dos infernos, que te conheceu outro dia, já tá até decorando a passarinha pra te mostrar no zap e satisfazer suas fantasias mais sórdidas! – falava com raiva – Se bem aquilo que ali não é uma passarinha, é um urubu, desconjuro!

 

--Mas eu não pedi nada pra ela, criatura! – dizia a verdade – E nunca imaginava que ela ia fazer isso! – pensou por uns instantes – Além do mais, Bianca Hamid, estamos oficialmente separadas, lembre-se disso! – gesticulou também – Você não tem nada que se meter com qualquer reganheta que alguém venha a me mandar!

 

--Ah, é? – perguntou revoltada – Então você também não terá o que dizer quando eu decidir mostrar minha reganheta por aí! – caminhou até a porta – Seja pra quem for! – abriu a porta e saiu furiosa, fechando-a rapidamente

 

--Mas que droga! – reclamou consigo mesma – Pombinha também, viu? – pegou o celular para olhar novamente – Como é que ela conseguiu tirar essa foto? – pensava em voz alta – Misericórdia!

 

***

 

--Olha, prima, eu sei que tenho nada a ver com isso, mas nunca vi uma pessoa fazer o que você faz só porque é madrinha de criança! – Camilla dizia – Fazer um bate e volta desses pra cá só pra comprar tênis? – olhava para a outra – E tênis caro, né?

 

--E por que três caixa de sapato? – Suhaila observava – Não são dois menino?

 

A mulher arrumava a mala para partir logo cedo no dia seguinte. – Xarid pediu pra comprar um par extra, pra poder durar mais. – respondeu sem olhar para as outras duas

 

--Oxe, e como é isso? – Suhaila cruzou os braços – É um par extra pra dois menino? Cada um calça um pé? – não entendia

 

--A julgar pelo tamanho da caixa do par extra, que é bem maior, eu diria que o próprio Xarid vai embolsar isso aí! – balançou a cabeça contrariada – Bem, Elzira, o tempo e o dinheiro são seus! Você é quem sabe! – fez um gesto despreocupado

 

--E como foi a festa lá? – Suhaila perguntou interessada – Muita gente, muita comilança? – queria saber – Arrumaram tudo bonito igual nós fazia antes da CONVIDE?

 

Camilla teve pena da mãe. “Tadinha!” – olhava para ela com tristeza – “Maama era o coração das festas de final de ano!” – lembrava do passado recente – “E agora parece que todos esqueceram que têm um coração...”

 

--Quer a verdade, tia? – Elzira terminou a arrumação e sentou-se no sofá próxima a mulher mais velha – O tempo todo parecia que faltava alguma coisa, não sabe? – pausou brevemente – E todo mundo sabia que eram vocês... – olhou para a professora – É que ninguém sabe o que fazer... nem eu sei...

 

--Tampouco nós sabemos, prima! – respondeu de pronto – Só que fica ainda mais difícil quando todo mundo simplesmente decide se afastar. – olhou para o relógio rapidamente – Vou preparar nosso jantar. – foi para a cozinha

 

Elzira ficou sem graça e gastou uns instantes calada antes de voltar a falar: -- Todos os seus netos tão com saudade, visse? E eles tudo fizeram um desenho pra senhora. Vou mostrar!

 

--Eu quero ver! – respondeu empolgada – Eles tão bem?

 

Camilla pôde ouvir essa parte da conversa enquanto organizava as coisas para cozinhar. “Pobre maama...” – pensou – “Bem, deixe eu cuidar da vida pra essa comida ficar pronta logo!” – decidiu

 

***

 

--Prima, essa clínica de dor foi um milagre! – Elzira comentava satisfeita – A tia me disse que ficou sem dor por dois dias inteiros e embora tenha voltado a sofrer parece que a dor voltou mais fraca, não te passou essa impressão? – sorriu animada

 

--Sim! E ela tá toda animada porque amanhã tem sessão de novo! – passou a mão nos cabelos – Veja que são oito e meia da noite e ela já tá dormindo! Desde que pegou CONVIDE eu nunca mais tinha visto maama dormir por uma hora dessas. – considerou – Tomara que vá direto no sono até a hora de acordar amanhã! -- desejou

 

--Amém! – a outra se benzeu

 

E nisso, o celular da morena vibra. – Hum. – pegou para ver quem seria – Pombinha. – falou sem pensar

 

--E ela, como é que tá? – perguntou curiosa – Agora que fez as pazes com a família deve de tá bem, né? – lembrou-se do caso – Eu hein, brigar com o povo por causa de futebol, é cada coisa... – riu brevemente

 

--É, ela tá numa alegria só. – olhou a foto que acabava de receber – Tão feliz que parece até que endoidou! – colocou o telefone no bolso novamente – “Agora manda foto com o fiofó a mostra, meu Pai!” – pensou estarrecida – “Queria saber como é que consegue fotografar! Será que tem ajuda?” – intrigou-se

 

--Por que você diz isso? – achou graça de novo – Que foi que ela te mandou aí? Deixe ver? – pediu

 

--Ah, são umas piadas bobas, já até apaguei! – mentiu – Mas me diz, que horas sai seu ônibus amanhã? – desconversou

 

--Sai de nove horas, mas como a rodoviária é longe que só pretendo sair daqui lá pelas sete.

 

--Tá certa. – balançou a cabeça concordando – E você já tá com tudo arrumado, então vai ser bem rápido. -- e mais uma vez o celular vibra – “Ô, meu Pai, será que Pombinha não se cansa?” – pegou para ver – “Ih, é Bianca!” – clicou para ver a postagem e deu de cara com uma selfie da ex, agarradinha com uma mulher desconhecida – Oxe! – exclamou de cara feia e leu mentalmente – “Dentro de instantes, será a minha vez de mostrar a reganheta pra alguém... ao vivo! Huahuahuahua” – ficou furiosa – Mas isso nunca! – levantou-se de um pulo

 

--O que foi, mulher? – Elzira estranhou – É Pombinha de novo? – levantou-se também

 

--Não, é outra coisa! – parou para pensar e tomou uma decisão – Prima, fique aí com maama que eu vou precisar dar uma saída agora! – seguiu direto para o quarto

 

--Agora? – não entendeu – E pra onde tu vai? – seguiu a prima – Mulher, sair sozinha de noite, você vai pra onde? – prestava atenção em Camilla abrindo o guarda roupas e escolhendo o que vestir – Se a tia acordar e perguntar por você o que é que eu digo? – cruzou os braços

 

--Diga que eu fui ali e já volto! – pegou as roupas e foi para o banheiro – Volto pra dormir em casa, não se aperreie, não! – foi para o banheiro se trocar

 

***

 

Camilla prestou atenção no letreiro que se destacava ao fundo da foto que Bianca lhe enviou e procurando na internet conseguiu descobrir onde a ex estava. Tratava-se da mais nova danceteria da cidade, que havia sido inaugurada em julho, no bairro de Madalena.

 

“Agora é contar com a sorte pra achar Bianca no meio dessa multidão!” – a professora pensava enquanto se desviava das pessoas que dançavam – “Bianca me faz ser capaz de cada coisa...” – olhava para todos os lados

 

Um grupo de mulheres chamou a atenção da morena, que percebeu haver um aglomerado de pessoas LGBT em uma parte da casa noturna. Guiada por nada mais que a intuição, adentrou em meio ao burburinho para reconhecer a advogada junto de uma mulher com a qual dançava se esfregando. A visão das duas juntas fez seu sangue ferver.

 

--Ah, mas isso aí vai acabar é agora! – falou para si mesma – Vai, caipira, se empodera! – aconselhou-se – Mostra a tua raça! – ajeitou-se toda

 

“Se prepara!”

 

Camilla seguiu confiante de encontro às outras duas.

 

“As boiadeira não dá pra encarar,

As boiadeira não dá pra encarar,

Bota, fivela e chapéu Karandá 

Batom vermelho pros playba chorar...”

 

--Chega disso aí! – a professora separou a dupla – Acabar com essa criancice de uma vez por todas! – olhava para a advogada

 

--Habibem? – arregalou os olhos – Você aqui?

 

--E quem é essa? – a outra mulher perguntou revoltada – Bianca, você conhece essa... caipira? – reparou na morena de cima a baixo com desdém

 

“Nós é embaçada na galopada,

Nem oito segundo, peão não aguenta com essa sentada,

Nós é embaçada na galopada,

Nem oito segundo, peão não aguenta com essa sentada...”

 

--Fica na sua aí porque quando eu tô nos cascos nem o diabo me  segura! – advertiu com o dedo em riste – E você não tá preparada pra me encarar!

 

--Ui! – Bianca exclamou excitada – Ai, habibem... -- suspirou

 

--E você! – puxou a advogada de encontro a si – Deixe de peitica porque você é minha e de mais ninguém! – beijou-a furiosamente

 

“Meu beijo vai te viciar,

Minha pegada vai fazer você gamar,

Debaixo do meu chapéu não vai mais sair,

Eu sou o combo perfeito pra iludir...”

 

--Oi?? – a outra mulher se surpreendeu com o que viu – Quer saber? Que se danem! – afastou-se revoltada

 

--Ui, amore... -- Bianca suspirou melosa ao final do beijo – Eu já tô viciada faz tempo! – segurou o rosto da outra com as duas mãos e a beijou com paixão

 

“Meu beijo vai te viciar,

Minha pegada vai fazer você gamar,

Debaixo do meu chapéu não vai mais sair,

Eu sou o combo perfeito pra iludir...”

Pipoco. Intérpretes: Ana Castela ft. Melody e Dj Chris No Beat. Compositores: Ana Castela / Christian Valezi / Guilherme Días / Léo Souza / Mateus Felix / Rodolfo Alessi. Download digital. Produção: Chris no Beat, 2022. (3min20)

 

***

 

--Ai, amor, assim vai! – Bianca pedia com os olhos fechados enquanto segurava os cabelos da nuca da professora com uma das mãos – AH, AH!! – gemia alto

 

Camilla estava ajoelhada por trás da parceira, os corpos colados movimentando-se juntos, enquanto a estimulava rapidamente com três dedos. Com a outra mão provocava-lhe um seio e sussurrava palavras possessivas no ouvido dela.

 

--Você é minha, garota! – mordia-lhe pescoço e orelha – Só minha!

 

--Ai, só sua, só sua e de mais ninguém! – respirava rapidamente – AHAH!!! – gem*u alto quando o orgasmo chegou

 

--Isso, linda, goz* pra mim! – esperou que o corpo da amante se acalmasse para deixar de estimulá-la – Deliciosa! – deslizou as mãos até a cintura dela e lambeu-lhe as costas

 

--Ai, você me deixa louca! – jogou-se de bruços na cama – E eu simplesmente ADORO, AMO quando você vem toda má pra cima de mim... – virou-se de barriga pra cima e abriu os braços – Vem aqui, amor? – pediu melosa

 

--Eu sou é uma idiota, isso sim! – deitou-se sobre a advogada – Sair tresloucada noite a fora pra te catar em boate e ver aquela patifaria que eu vi ali! – beijou-a – Você e aquela maluca no maior resfulengo em casa noturna!

 

Achou graça. – Se eu soubesse que você faria o que fez já teria te provocado daquele jeito há muito mais tempo! – beijou-a mordendo-lhe os lábios – Não canso de dizer que AMEI! – sorriu

 

--Humpf! – fez um bico – Você acha que tudo é brincadeira, né? – desvencilhou-se da outra e sentou na cama – Tá super tarde! – olhou para o relógio – Elzira já deve ter tido um treco e tomara que maama não tenha acordado! – desejou – Tenho que voltar pra casa. – levantou-se

 

--Que triste que o que é MARAVILHOSO dura tão pouco! – espreguiçou-se na cama e se levantou também – Mas o nosso réveillon na praia tá de pé, não é, habibem? – abraçou-a por trás e beijou-lhe o ombro – Eu, você e sua maama no quiosque da Pat vendo a queima de fogos!

 

--Pensei que isso aí já tava no passado depois dessa sua night bandida pra mostrar reganheta pras desconhecidas! – falou de cara feia

 

Riu gostosamente e soltou a namorada. – Claro que não, sua boba! – parou na frente dela e envolveu-lhe o pescoço com os braços – Eu não desmarquei. – afirmou simplesmente – Como também não ia pra cama com aquela mulher. – olhava nos olhos – Eu tava pensando só em ficar com ela e na hora H ia dar um perdido e te enganar que aprontei todas.

 

Fez uma expressão séria. – Quando vai se lembrar que não é mais uma adolescente, hein?

 

--Eu morri de ciúmes, tá? – fez beicinho – A intimidade que você e aquela Pomba rola já têm...

 

--Já te disse que não temos intimidade e que eu não pedi foto pra ela! – afirmou de imediato – Ou você acredita nas coisas que eu digo ou sai da minha vida de vez! – respondeu com decisão

 

Bianca nada respondeu e abraçou a professora com força.

 

***

 

--Eu nunca que tinha passado ano bom na praia, não sabe? – Suhaila comentou animada – E não é que é divertido? – bebeu um gole de água de coco

 

--E sem sentir dor, fica melhor ainda, né maama? – beijou a testa da mulher mais velha – Aproveite e vamos ver se essa queima de fogos daqui é bonita mesmo! – sorriu

 

--O que importa são as companhias! – Bianca destacou ao beber um gole de seu drinque – E eu tô adorando as minhas! – sorriu

 

--Também tô feliz! – a professora beijou o rosto da namorada

 

--Quando os fogos começar, eu vou pedir pra ficar curada! – Suhaila comentou esperançosa – Vai que tudo isso tá pra se acabar? – sorriu para as outras duas

 

--Vai, sim, maama! Se Deus quiser!

 

--Se vai! Amém! – Bianca concordou de pronto

 

Quando a queima de fogos começou, nós nos levantamos e assisti abraçada com maama de um lado e Bianca de outro: as duas mulheres de minha vida!

Sei que a virada de um ano é apenas uma contagem de tempo astronômica e religiosa, mas isso não nos impede de sonhar e querer fazer diferente, de querer se renovar e recomeçar.

Que sejamos, ou ao menos tentemos ser, pessoas melhores no ano que vem, para que com essa construção o ano possa nos brindar com boas oportunidades que nós saibamos aproveitar para ser mais feliz!

 

FELIZ 2023! (no conto) FELIZ 2024! (na vida real)

 

Fim do capítulo