Capitulo 7
Por Isabela:
Duas longas semanas haviam se passado desde a partida de Helena para Porto Grande. Os boatos de que ela havia retornado para lá circulavam por toda a cidade. Os últimos dias no hospital estavam sendo tensos e repletos de trabalho. A ausência de Helena pairava no ar como uma sombra, e todos se perguntavam o que aconteceria a seguir.Naquela manhã, ao chegar ao hospital, dirigi-me diretamente para a sala de reuniões, onde havia sido marcada uma reunião com os acionistas. O corredor estava silencioso, e o som dos meus passos ecoava pelas paredes, acentuando minha apreensão. Será que Helena apareceria nesta reunião? A dúvida persistia em minha mente.
Quando abri a porta, percebi que era a primeira a chegar. A sala de reuniões estava organizada e iluminada pela luz suave que entrava pelas janelas. As cadeiras estavam dispostas ao redor da mesa. Sentei-me em uma das cadeiras e comecei a mexer no celular para passar o tempo.
Uma mensagem de Lucas apareceu na tela:
— Amor, eu e o meu pai estamos quase chegando.
Após ler a mensagem, respondi rapidamente:
— Está bem. Já estou esperando vocês. Até já!
Os minutos pareciam passar lentamente. Finalmente, ouvi passos se aproximando e a porta se abriu. Meu coração deu um salto ao ver Lucas e o prefeito Cássio entrarem na sala. Levantei-me para cumprimentá-los.
— Bom dia!
— Bom dia, Isabela! Que ótimo! Todos aqui, então já podemos iniciar — disse Cássio com um sorriso.
— Bom dia, Cássio! Acredito que ainda falta a sócia majoritária — respondi com um meio sorriso, mas tentando manter minha voz firme.
Percebi uma sutil troca de olhares entre Lucas e Cássio, o que me causou certo incômodo. Lucas se aproximou de mim, dando-me um breve selinho.
— Sente-se, amor. Tenho novidades — disse ele com um sorriso travesso.
Assim que todos nos sentamos à mesa, Lucas deixou escapar a notícia que estava guardando.
— Adivinha a casa de quem foi anunciada à venda pela corretora de imóveis Vinterimo, Isa?
Direcionei um olhar curioso a Lucas, aguardando ansiosamente para que ele prosseguisse.
— A casa do Dr. Miguel — respondeu ele com um sorriso vitorioso.
Cássio bateu palmas no ar e exibiu um sorriso de satisfação que ia de orelha a orelha. Lucas me contou que, há duas semanas, o advogado de Helena exigira toda a documentação do hospital e os contratos, entregando-me uma notificação que tornava obrigatória a comunicação das datas e pautas das reuniões da instituição.
Durante essas semanas, Lucas havia externado que Cássio estava preocupado com a possibilidade de Helena mudar-se definitivamente para Vintervile e começar a intervir no hospital. No entanto, se agora a corretora estava negociando a venda da casa, Helena provavelmente permaneceria em Porto Grande e, eventualmente, venderia sua parte no hospital ou, na pior das hipóteses, continuaria com ele, mas se manteria longe da cidade.
Mas por que essa notícia me causava um desconforto inexplicável?
— Isso não é ótimo, amor? — disse Lucas, com um leve sorriso.
— É claro que sim — respondi, tentando corresponder ao entusiasmo dele.
— Então, norinha, sem mais delongas, você já pode assinar a renovação do contrato — disse Cássio, entregando-me a documentação que já estava assinada por ele.
Peguei os papeis e comecei a ler o contrato. Mesmo sem olhar, senti os olhos de Cássio e Lucas sobre mim, como se estivessem me apressando. Percebi que não havia sido alterado nada significativo; a prefeitura ainda mantinha certo domínio no hospital, como já acontecia anteriormente. Após concluir a leitura, olhei para os dois.
— Vejo que não houve nenhuma grande alteração, então…
Nesse momento, ouvimos a porta abrir e nós três olhamos perplexos para a figura que entrava na sala. Era uma presença bem conhecida por todos ali, e a surpresa estava estampada em nossos rostos. Helena entrou na sala vestindo um terninho elegante e contemporâneo de cor preta, que lhe dava uma aparência sofisticada. O blazer era bem ajustado, acentuando sua cintura, e tinha um decote modesto que lhe conferia um toque de feminilidade.
Nossos olhares se cruzaram no instante em que ela passou pela porta. Foi um momento fugaz, mas que despertou uma tensão em mim. Era como se uma corrente elétrica percorresse o espaço entre nós. Helena olhou para os papeis à mesa, e senti meu rosto ruborizar. Ela arqueou uma das sobrancelhas e, com um sorriso confiante nos lábios, quebrou o silêncio que pairava no ar:
— Desculpem-me pelo atraso. Espero que eu não tenha perdido muito.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Elliot Hells
Em: 29/10/2023
Ahm... sabia que a loirinha estava assim na defensiva com a Lena por causa de algo. A psicanalise explica tudo isso. Tão lindo de ver em ação.
Mas calma, loirinha, você vai entender o que ocorreu e a Lena verá como o pai dela era.
Quero saber o que foi que ela viu no Lucas, caramba Bela, por que? Por que?
Foca nos olhos verdes e cabelos morenos mesmo.
Embora entendo bem o que é sentir o desafio profissional e uma pessoa desconfiar das suas próprias competências. De fato, não nego a hostilidade.
Adorando e torcendo para o futuro casal Helenbel!
Parabéns pelos capítulos, uma pena eu ter lido tudo.
Preciso me controlar mais.
Resposta do autor:
Fico tão feliz de você ter gostado e estar acompanhando a história. Postei muito ontem e hoje e tentarei manter o ritmo. d84;a039;
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
Elliot Hells Em: 30/10/2023
Estou sim, gosto dessa vibe de verdade. Há muito a ser explorado e isso me encanta.
Mas vai no seu tempo. Não se preocupa!
E está indo muito, muito bem.