Capitulo 6
A reunião no hospital estava deixando um gosto amargo na minha boca. Eu me encontrava no centro de uma disputa complicada que envolvia o hospital de Vintervile. O prefeito, Cássio Rodrigues, tentou monopolizar a situação, se posicionando como um intermediário neutro.
— Dra. Helena, sinto muito pela situação. Sei que esta é uma hora difícil para você. Estou aqui para ajudar no que for necessário. Vamos trabalhar juntos para resolver essa questão do hospital da melhor maneira possível — disse ele ao se aproximar de mim com um sorriso amarelo.— Agradeço, prefeito. Mas ainda preciso de um tempo para pensar no que farei em relação ao hospital de Vintervile. Não vim hoje aqui tratar de negócios. Enquanto filha, vim falar com a médica responsável pelo tratamento do meu falecido pai, a Dra. Isabela — respondi de maneira séria, direcionando meu olhar para Isabela.
Meu olhar encontrou os olhos azuis intensos de Isabela, que mantinha uma postura confiante e desafiadora.
— Dra. Helena, estou à disposição para discutir o tratamento de seu pai. Se tiver alguma pergunta ou preocupação referente a isso, estou disposta a esclarecê-las, mas isso não lhe dá o direito de vir até aqui e fazer insinuações descabidas — falou Isabela de maneira calma, mas deixando claro que não estava disposta a baixar a guarda.
Após a resposta de Isabela, fiquei pensativa e decidi abrandar o clima, reconhecendo que talvez aquele não fosse o melhor momento para discutir as condições de saúde de meu pai.
— Dra. Isabela, talvez tenha sido impulsiva em minha decisão de vir até o hospital hoje. Não esperava que as coisas tomassem essa proporção. A morte de meu pai ainda está fresca em minha mente, e eu... talvez não esteja pronta para essa conversa — disse de maneira sincera, com certa melancolia no olhar.
O prefeito, que observava nós duas com um sorriso de canto, decidiu intervir com uma tentativa de aliviar a tensão.
— Bem, parece que tudo deu certo, não é? Às vezes, é fundamental ter um homem no meio para equilibrar as energias femininas — falou o prefeito soltando uma risada que parecia ensaiada.
No entanto, nenhuma de nós achou graça na colocação do prefeito. O silêncio pairou na sala novamente, o ar estava pesado e carregado de ressentimento não resolvido.
Isabela quebrou o silêncio falando de maneira séria.
— Se por hoje é isso, peço licença a vocês. Minha tarde está cheia de agendamentos — ela não olhou para o prefeito e me lançou um breve olhar. Quando percebi que abri a boca, fazendo menção de lhe pedir desculpas e me despedir, ela já havia se afastado.
— Essa minha norinha é fogo, mas é a médica mais responsável deste hospital — disse o prefeito, rindo e me olhando.
Nem deixei ele emendar a próxima frase e me apressei em dizer:
— Tenho muitas pendências para resolver hoje, então também me despeço.
Notei uma expressão de surpresa no rosto de Cássio.
— Imagino que tenha sim. Espero te ver em breve e que seja um tempo propício para falarmos de negócios. Estreitei meus olhos na direção dele e saí do hospital com a sensação de que o prefeito estava tentando conquistar minha confiança de uma forma que me deixava desconfortável.
De volta à casa de meu pai em Vintervile, não conseguia tirar da cabeça a tensão que sentia quando estava perto de Isabela. Tentava entender a razão por trás desse desconforto. Seria apenas a desconfiança que estava me afetando, ou havia algo mais?
Ao entrar em casa, encontrei Geralda limpando a sala. O cheiro familiar de produtos de limpeza misturado ao aroma reconfortante da comida caseira trouxe uma sensação momentânea de calma. Decidi que precisava de um tempo para clarear meus pensamentos.
— Geralda, tudo certo por aqui? — perguntei, interrompendo seu trabalho.
Ela se endireitou, com um sorriso caloroso no rosto.
— Dra. Helena, estou bem. Como foi tudo no hospital?
Suspirei, sentindo o peso da situação.
— Então... complicado, Geralda. Muito mais do que eu poderia imaginar. E é por isso que vou precisar de você. Precisarei me ausentar por alguns dias para resolver algumas pendências em Porto Grande. Será que você poderia cuidar da casa enquanto estiver fora?
— Claro, Dra. Helena, farei o que for necessário. Mas o que está acontecendo aí? Posso ajudar de alguma outra forma? — ela disse, percebendo meus olhos marejados.
Hesitei por um momento. Um bolo se formou em minha garganta, mas aquele não era o momento. Me recompus. Não queria sobrecarregar Geralda com meus próprios dilemas, mas sabia que podia contar com ela. Eu sentia sinceridade nela e sua presença era reconfortante. Fazia o ambiente da casa menos vazio quando ela estava por perto.
— A situação é complicada, Geralda. Estou enfrentando desafios com o hospital e questões da herança de meu pai. Preciso de um tempo para colocar as ideias no lugar, sabe…
Ela se aproximou, colocando a mão gentilmente em meu braço.
— Dra. Helena, estarei aqui para cuidar da casa, mas também estarei aqui para ouvir quando precisar de alguém com quem falar. Não hesite em me chamar a qualquer momento. Vai dar tudo certo.
Senti uma onda de gratidão por Geralda. Sua bondade e compreensão eram exatamente o que eu precisava naquele momento. Despedi-me e fui até o quarto. Comecei a preparar minhas coisas para a viagem a Porto Grande, esperando que o tempo distante de Vintervile pudesse trazer a perspectiva que eu precisava para lidar com tudo. As lembranças e as tensões que tinham se acumulado nos últimos dias pesavam sobre meus ombros, mas a esperança de encontrar um pouco de clareza me dava força para seguir em frente.
Fim do capítulo
E aí? ?
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Elliot Hells
Em: 29/10/2023
A frase do prefeito: "Às vezes, é fundamental ter um homem no meio para equilibrar as energias femininas."
affs... já não era para gostar dele, e de fato já não gosto. Que comentário... algum médico de plantão interna ele, por favor? O senhor prefeito está sofrendo seriamente de narcisismo em alto grau e precisa de realidade na veia.
As falas de Isabela, aparentam mostrar que ela não faz parte desse plano de controle político. E de fato, aparenta que sim, ela admirava e respeitava o Miguel, pai da Lena. A Isa só está sendo casca grossa, porque está achando um insulto a filha não ter sido mais... enfim... emotiva e etc.
Mas convenhamos, ninguém sabe as histórias de ninguém ainda. Então... calma Loirinha.
Enfim, ao meu ver, Lucas já pode pastar, já lançamos o convite para a loirinha vir para o lado colorido da vida.
Estou adorando mesmo e bastante curiosa. Obrigada pelos capítulos!
Resposta do autor:
Toda a história tem que ter personagens odiáveis e o prefeito com certeza será um deles.
Elliot Hells
Em: 30/10/2023
Eu estou com ranço desse sogro da Bela. Fazendo questão de esquecer o nome dele. So chamo de prefeito agora. E wow, será um deles?? Gente, terá mais? O Lucas é cobra criada, fato.
Mas será que tem mais gente?
Eu ja bolei muitas teorias aqui. Não tenho problema de virar novela mexica (sou suspeita para falar, porque a minha é uma ????)
Mas fico com crise de ansiedade em obras que adoro. Eu sou uma devoradora.. ai já viu.. me quebro.
Tento sempre me controlar e não ler tudo, mas quando vejo, já li.
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MalluBlues Em: 29/10/2023 Autora da história
Fico feliz por ter despertado sua curiosidade e você estar acompanhando a história. Postei muitos capítulos ontem e hoje e tenho inúmeras ideias pros próximos. Esperando não virar novelão mexicano. Haha