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Nas brumas do Pico por Nadine Helgenberger

Ver comentários: 9

Ver lista de capítulos

Palavras: 4719
Acessos: 2325   |  Postado em: 26/09/2023

Notas iniciais:

 

 

 

Capitulo 25

 

Walkiria tentava prestar atenção no relato entusiasmado de Nahima, mas a realidade era que se perdia nela, nos seus trejeitos com as mãos, no sorriso escancarado e luminoso, no tique de prender o cabelo atrás da orelha a cada minuto. Cada pequeno detalhe que lhe cativava e prendia a atenção ao ponto de negligenciar qualquer sentido que não fosse a visão.

            -Não é maravilhoso?

            -É...muito, mas não sei se entendi muito bem... - Não tinha ouvido nada, mas sabia que seria deselegante admiti-lo.

            -Claro que não, eu falei como uma doida e sem respirar.

Riram juntas e Walkiria respirou de alívio.

            -Conte...com calma...- Walkiria sorriu segurando-lhe as mãos entre as suas.

            -Lembras do Valdir? Meu assistente no projeto...

            -Sim, claro.

            -Ele é muito proactivo e adora esse universo de projetos e estudos, e quando ia embora, ele perguntou se podia colocar meu currículo em candidaturas que faria dali em diante. Eu aceitei, mas mais por educação e cortesia, afinal tínhamos trabalhado bem juntos. Muito bem. Nossa candidatura foi selecionada para um trabalho maravilhoso. Ainda não sei os detalhes, mas o resumo me agradou a ponto de ficar nesse estado.          

            -Estado de perfeita alegria e satisfação...empolgação...

Riram muito.

            -O trabalho é para agora?

            -Sim! É um projeto da Unesco e vamos trabalhar na Cidade Velha...

            -Wow! Teu lugar de excelência na ilha...

            -E tu lembras disso?

            -Hum-hum...disseste-o algumas vezes, inclusive que adorarias fazer por lá, alguma coisa parecida com o que fizeste na aldeia...

            -É impressionante...preciso ter cuidado com o que falo à tua frente.

Gargalhadas.

            -Até hoje, nada comprometedor...então, vais ficar mais tempo por aqui?

            -Mas eu não tinha prazo para ir embora...ou tinha?

            -Ah, entendeste muito bem o que eu disse...

            -Dona Walkiria, eu vim sem prazo para voltar. Claro que sem dinheiro eu não consigo me manter por aqui, mas desde que cheguei, as surpresas geradoras de renda têm se multiplicado. Se eu acreditasse em milagres...

            -E não acreditas?

            -Se me prometeres que não vais embora agora...quem sabe...

Gargalhadas altas.

            -O hotel...

            -Ele sobrevive até à hora do almoço...prometo que não abuso mais da tua boa vontade...prometeste pular da falésia comigo...

            -Eu não resisto a esse olhar...tu ganhas até do Zuri e olha que aquele lá quando quer se fazer de coitado...

Gargalhadas.

Nahima tentou empurrar Wiki para a cama, mas ela rapidamente se esquivou e trancou-se no banheiro.

            -Wiki...só um beijinho - Implorou batendo levemente na porta.

            -Hum-hum, eu sei...queres um beijinho, ou passar mais algumas horas comigo?

            -Mas desde quando uma coisa impede a outra?

            -Desde que eu te conheço e me conheço melhor ainda e sei que nunca será apenas um beijinho.

            -Ah meu Deus, que mulher sensata.

            -Eu sei que é chata que querias dizer, mas vai valer a pena...

            -Ahhhh...- Nahima desabou na cama com os braços abertos e sorriso no rosto.

 

*****

As horas que se seguiram foram recheadas de aventuras, risos, conversas triviais e momentos de silêncio partilhado. A falésia foi o ponto alto das aventuras. Wiki pulou sem qualquer receio da altura considerável. Passara a infância e parte da adolescência a pular da ponte da praia de Santa Maria na sua ilha natal, então, apesar do desafio ser maior, não teve qualquer dúvida. Pulou várias vezes, e Nahima seguia nadando e mergulhando perto das pedras. Provocou-a, até que ela admitiu que não se sentia à vontade. Relatou um episódio numa falésia bem menos alta numa ilha grega, e que deixara sequelas. Walkiria queria que ela experimentasse aquela sensação de liberdade e tentou convencê-la que não tinha qualquer perigo. Demorou um pouco, até que teve a ideia de pularem juntas e de mãos dadas. Nahima agarrou-se à mão de Wiki que a segurou com firmeza. Pularam. O primeiro salto foi o estopim para mais um momento de guardar no rol das melhores memórias. Viraram crianças felizes, à descoberta de novos mundos. Para Nahima, o novo mundo era a entrega sem medo de saltar de uma altura considerável. Várias vezes. Para Walkiria, muitos mundos se abriam e todos recheados de possibilidades até então sequer equacionadas. Perderam-se na liberdade quase infantil que aquele momento proporcionava.

            -Ufa, estou estafada. Perdi a conta das vezes que pulei...meu Deus, mas é alto.

Walkiria riu da cara de aflição de Nahima.

            -Nem tanto, e eu posso assegurar que nunca mais terás medo de falésias. - Abraçou-a por trás.

            -Nunca mais! Ainda mais com uma figura tão estimulante do meu lado. - Sorriu de olhos fechados completamente entregue ao momento.

            -Acho que estou com fome...subir as encostas e pular inúmeras vezes, abriu-me o apetite.

Risos.

            -Isso significa que almoças comigo?

            -Tu abusas de mim...estou cá há mais de 24 horas e ainda queres mais? -brincou.

            -Mas não sou eu que gosto de mimos? Sabes muito bem que por mim...

            -Por ti, nada. Almoçamos juntas e depois visto a minha outra roupa...

            -Dona de hotel, focada, obstinada, chata e...lindíssima.

            -Essa mesmo!

Gargalhadas felizes.

Depois do almoço, ainda que a vontade fosse permanecer, Walkiria teve que partir quase voando. Durante a sobremesa, estranhando a ausência de noticias do pessoal do hotel, procurou o telefone e notou que ele havia desligado por falta de bateria.

            -Vá com calma! - Implorou Nahima.

Wiki beijou-a sofregamente, colocou o capacete e arrancou em velocidade considerável.

 

*****

Walkiria estacionou a moto no lugar de sempre, tirou o capacete e abraçada a ele, entregou-se a alguns minutos de puro devaneio. Ria sozinha pela coragem de fazer algo diferente e que ia contra sua mania de perfeição e a pouca ou quase nenhuma capacidade de delegar. Fora passar umas horas na praia e estendera a estadia por um dia inteiro. Culpa? Nenhuma! A sensação era de liberdade, novas possibilidades.

Nahima...sorriu. Que loucura deliciosa. Tinha que admitir que ela tinha alguma coisa especial que derrubava grande parte de suas barreiras. A atitude que até bem pouco tempo, ela consideraria falta de responsabilidade, pareceu-lhe natural.

Suspirou e apertou ainda mais o capacete ao se lembrar de detalhes da sua aventura. Bom demais...e não pensaria em detalhes pouco claros, pelo menos, não tão cedo.

            -Meu Deus, eu passo um dia fora do hotel e no regresso eu me perco em devaneios. O que fizeram com a Walkiria que habitava esse corpo? - Riu às gargalhadas enquanto descia da moto e pegava a mochila do suporte. - Vamos lá mulher, o dever te espera.

Seguiu cantarolando e pulando no caminho de pedras coloridas.

*****

À medida que a colaboradora ia relatando os acontecimentos, Walkiria notava uma reação diferente aos fatos. Normalmente, seria acometida de uma sensação de culpa, frustração e outros sentimentos mais densos, afinal, ela precisava sempre dar conta de tudo. Entretanto, ouvia tudo com calma e sem que as veias do seu pescoço saltassem para fora.

            -Dona Wiki, no momento eu fiquei quase desesperada, afinal esses clientes são premium e eu sei como são as regras do hotel. Tentamos contato com a senhora e como não conseguimos, apelámos à dona Greta que no momento não estava no hotel.

            -A Greta não estava?

            -Ela tinha ido resolver alguma coisa na cidade, mas assim que chamámos, ela veio e a senhora não vai acreditar...

            -Hmmm?

            -O Gary nos salvou! Ele é o melhor guia que já passou por aqui, todos os clientes tecem rasgados elogios ao seu profissionalismo, postura, enfim...

            -Sim, o Gary é excelente guia. - Walkiria tentava entender os fatos com clareza.

            -Ele viu o nosso desespero e a apreensão da dona Greta e não pensou dois minutos, ofereceu-se para fazer o serviço e sem cobrar nada. Dona Wiki, o Gary agora é famoso, ele até apareceu na televisão. Ele é artista e nos salvou. Vestiu o seu uniforme de guia e proporcionou aos nossos hóspedes uma experiência inesquecível pelas belezas do interior da ilha.

            -Afinal o que aconteceu ao Armindo? Ele não costuma falhar...

            -Acidente doméstico com uma das filhas dele. Tiveram que deslocar-se ao hospital central, mas já está tudo bem. Ele sugeriu que um amigo fizesse o tour, mas temos regras...nós não o conhecemos e...

            -Agiram muito bem. Fiquei sem bateria na viagem e nem percebi.

            -Não queria incomodá-la, mas...

            -Não seria incomodo, afinal, esse também é o meu trabalho. Mas, agora já sabes que a Greta também resolve esse tipo de questões.

            -A dona Greta às vezes parece uma fada...ela consegue resolver as coisas com toques quase mágicos. Sem falar no Gary que é um anjo. Que casal, dona Wiki, um anjo e uma fada.

Walkiria controlou-se para não rir das conjecturas da sua colaboradora.

            -Agora que está tudo tranquilo, vamos voltar ao foco. Eu vou passar em casa rapidamente e volto para o escritório. Qualquer coisa, já sabes, agora é comigo.

            -Claro! A dona Greta está de folga hoje e acho que não teremos mais casos difíceis. - Sorriu.

            -Na hotelaria, nós nunca sabemos...

            -Sim, mas nosso resto de fim de semana vai ser tranquilo.

 

*****

Depois de responder alguns emails no escritório e fazer pequenos reajustes na gestão financeira do hotel, Walkiria voltou para casa. A noite já se avizinhava e o cenário estava lindo. No seu deck, tentava contato com o cão fujão, mas nem sinal dele. Ouvia latidos pelos campos e parecia que alguma festa canina acontecia. Claro que ele não apareceria para vê-la.

            -Bela companhia que fui inventar. - Brincou.

Deitada no chão de madeira, ouvia música e devaneava. Olhou repetidas vezes para o ecrã do telefone, até que entendeu aquela atitude. Estava na expectativa de um sinal de Nahima.

            -Eu só atraio almas aventureiras e desapegadas. - Riu. - Walkiria, tu adoras pessoas e animais exatamente assim, até porque tu também és assim. Será?

Mais um longo suspiro. Era desapegada, mas morria de saudades de Zuri quando ele sumia por dias. Não tinha definição para o que estava a viver com Nahima, aliás, nem sabia ao certo se estava a viver alguma coisa, mas queria que ela lhe deixasse uma mensagem. Pelo menos para saber se tinha chegada bem...

            -Essa carência repentina não cabe, Walkiria. - E ria de si mesma.

Num rompante, deixou uma mensagem breve para Nahima.

"Cheguei bem. Horas maravilhosas no paraíso. Espero que estejas bem. Beijo."

Ergueu-se, colocou o telefone no bolso das calças e decidiu visitar Greta e Gary.

 

*****

 

            -Adorei a surpresa! -Os olhos de Greta brilhavam de emoção.

            -Ainda bem que és esse ser transparente e com os olhos mais reveladores da face da terra. Confesso que me achei ousada e quase sem noção ao bater na vossa porta sem avisar que vinha. - Fez uma careta que arrancou uma risada de Greta.

            -Ah Walkiria, pelo amor das deusas, quantas vezes eu bati na porta do teu loft com mil desabafos para fazer e nem sempre fazendo qualquer sentido. Relaxa, estás entre amigos.

            -Agora estás em outro contexto, são tantas culturas diferentes que fico um pouco perdida...aqui, somos mais expansivos...

            -Estou aculturada, meu bem e meu namorado tem verdadeira admiração por ti. Olha para ele, todo feliz preparando o nosso jantar.

            -Ele está a cantarolar...      

            -Queres prova maior de satisfação?

Riram muito.

            -Vim agradecer ao Gary por ter-nos salvado...

            -Precisavas ver a alegria desse homem...ele me disse, sou feliz fazendo qualquer coisa em que possa ser útil.

            -Acho que temos muito a aprender com o Gary...

            -Ah, mas eu aprendo uma lição por dia...e só me resta ficar cada dia mais apaixonada.

            -Senhoras, vamos comer? Esse prato deve ser degustado ainda quente. Espero que gostem.

Depois do jantar sublime e de alguma conversa, Gary despediu-se beijando Greta e pedindo que Walkiria ficasse fazendo companhia à sua namorada.

            -É assim Wiki, quando a inspiração vem, ele corre para o atelier e horas ou dias depois, temos uma peça maravilhosa. - A admiração dela pelo trabalho do namorado saltava aos olhos.

            -Tanto talento escondido...quem diria que nosso guia tímido e quase eremita, pudesse ser um artista de enorme potencial.

            -Ah, se depender da Nahima, ele vai voar muito alto. Não sei porquê, mas eu acredito nela de olhos fechados. - Sorriu.

            -Eles formam uma bela dupla. - Instintivamente, Walkiria pegou no seu telefone.

            -Estás à espera de alguma ligação importante? Estás sempre a olhar para essa tela...

            -Sim? Preocupada com as horas e para não me exceder e deixar meu casal favorito entregue à sua privacidade maravilhosa. - Disfarçou o melhor que pôde.

            -Tu tens cada uma...estás em casa, mulher, e Gary não sai tão cedo daquele atelier. E a senhora já me enrolou bastante, mas quero saber onde esteve por um dia inteiro e com o telefone desligado. Meus ouvidos puros podem ouvir esse relato?

Walkiria riu às gargalhadas e sentiu sua cara arder.

            -Teus ouvidos já ouviram coisas bem mais picantes...fui ao Tarrafal...

            -Essa parte eu sei, mas não costumas esticar as horas por lá...

            -Encontrei a Nahima...ah, tu sabias que ela estava lá...tua cara não mente...

            -Sabia - Ria sem parar. - Mas nunca pensei que pudesses sucumbir ao desejo e decidir viver.

            -Greta, eu vivo!

            -Entenda-me, o que quis dizer é que não acreditava que pudesses mudar tanto a rota das tuas horas, o rumo dos planos...Wiki, estamos a falar de ti, uma mulher que só acredita no que faz e que não delega nada, nem uma simples tarefa...

            -Ah não, eu não sou assim...posso até ter sido, mas melhorei bastante...

            -Sem dúvida, nesse último ano tenho conhecido outra versão tua...bem melhor, mas ainda há campo para melhorias. Tarrafal que o diga...

Riram muito e mais relaxada, Walkiria relatou o que tinha acontecido após o encontro inesperado com Nahima.

            -Ah, antes que perguntes o que me deu na cabeça para ter ficado, eu respondo, não sei...apenas não me pareceu errado...

            -Achas mesmo que eu faria tal pergunta? Quero que fiques sempre que tiveres vontade. Quero que confies mais em mim e na nossa equipa maravilhosa. Quero que percebas que não existe apenas uma verdade e que sempre podemos ver as coisas com outros olhos...

            -Eu confio em ti e na equipa, plenamente. Sou exagerada, perfeccionista, tenho mania de achar que meu olhar é imprescindível, mas estou a melhorar. As coisas acontecem no seu tempo...

            -Sim senhora, mas e o romance com a italiana linda e boa gente?

            -Que romance? Nem todo mundo é romântico como tu...

Risos.

            -Eu sei, mas a Nahima gosta de ti e tu, apesar de disfarçar muito bem, gostas dela também.

            -Ela propôs uma espécie de relação livre, ou algo assim...que nos víssemos quando tivéssemos vontade...

            -Relação sem rótulos!

            -Isso...

            -Eu acho que esse tipo de combinado vos assenta bem, à Nahima por ser livre e a ti por não gostares de nada muito sério...é isso, não é?

            -Para ser sincera eu não me debrucei muito sobre a questão, apenas fiquei e...

            -E foi maravilhoso!

            -Sim...

            -É o que interessa.

            -Estás certíssima quando dizes que gosto de coisas leves e sem muito compromisso. E sendo bem franca, não tenho disponibilidade para algo diferente.  - Resignou-se. - Provavelmente, nem maturidade. - Concluiu.

            -Eu te conheço há mais de cinco anos e desde então, não presenciei relações mais exigentes...

            -Então, eu não consigo.

            -Mas como podes ter tanta certeza se nunca viveste algo que demandasse maior comprometimento?

            -Tu consegues imaginar-me nesse cenário?

            -Quando é que eu me imaginei a viver algo como o que tenho com Gary? Tu conseguirias imaginar-me?

Walkiria não respondeu. Pela sua cabeça passavam muitas ideias sem sentido.

            - Às vezes temos de ousar, nos colocar à prova...sem pressa e sem preconceitos...

Walkiria recostou-se na cadeira da varanda e sorriu. Não tinha a ousadia de Greta, pensava demais, mas já sabia que podia agir de maneiras inesperadas...

            -Eu gosto de te ver assim...relaxada, leve, com cara de sonhadora, e melhor, sonhadora que corre atrás de realização.

            -Ah Greta, para. Acho que podes seguir as pisadas do teu namorado artista. Quem sabe na escrita...romances água com açúcar.

Gargalhadas altas.

            - Ela é feita de rocha pura, logo, imune a sentimentos dos mortais.

As gargalhadas e o clima de descontração seguiram por mais algum tempo.

*****

Às voltas dentro do loft, Walkiria surpreendeu-se com o adiantado das horas. Tinha como hábito ir para a cama nunca depois das 22 horas e o relógio já marcava bem mais do que isso. Suspirou olhando para a mesa com o fruto do que considerava um ato de insanidade. Sorriu e concluiu que não era para tanto. O ato impensado, na realidade tinha salvado a sua mente do mais profundo colapso. Seria apenas a mente? Deslizou o dedo pela tela do telefone e sorriu ao notar que tinha muito mais subsídios para alimentar a sua insanidade. Ainda que imersa em devaneios, percebeu que tinha mensagens novas. Um sorriso foi se formando em sua face à medida que absorvia as palavras.

"Ei, apareço horas depois pois tive que compensar com muito trabalho, as horas em que me entreguei ao prazer. Fui mergulhar, nadar com golfinhos, comer peixe pescado na hora e grelhado na brasa, já que tudo isso faz parte do trabalho que estou a desenvolver para o hotel. Fiz mergulho noturno e adorei. O mar é lindo e relaxante à noite. Fui com profissionais, não sou tão doida assim. Aceitas me acompanhar uma noite dessas? Exausta. Na cama e pronta para me entregar ao melhor sono. Beijo."

Leu. Releu vezes sem conta. Riu. Sorriu. Bateu a cabeça ao imaginar a cena da maluca nas profundezas do oceano noite adentro. Concluiu que a possibilidade de mergulhar com uma lanterna e carregada de equipamentos, talvez não fosse tão estranha assim...

 

*****

A semana começou atribulada e seguiu no mesmo ritmo. Dois eventos corporativos na sala de conferências e todos com alto nível de exigência. Chegadas expressivas em 3 dias da semana e com hóspedes com pacote completo. Tudo muito bom, quando o staff estava completo. Não era o caso. Diana, que apesar de todo o sucesso com sua empresa de catering, permanecia desempenhando com esmero suas funções no hotel, estava ausente para participar de um concurso. A sua substituta era muito boa, mas não tinha a mesma agilidade e capacidade de contornar obstáculos.

A sensação de andar na corda bamba tomou conta de Walkiria que para não fugir muito à sua essência, tomou as dores todas para si. Apesar de Greta ser uma excelente sócia e expert em lidar com hóspedes, e do staff ser muito bem preparado, ela mergulhou naquele frenesi para garantir que nada sairia errado. Deu tudo certo, mas sexta ao final da tarde, ela se sentia esgotada.

            -Não tem um spa nessa cidade? - Walkiria relaxou o corpo todo na sua cedeira de escritório.

            -Eu também iria se tivesse. - Risos. - Pega o meu carro e vá à Praia.

            -Deus me livre. Quero tudo sem esforço algum. Estou exausta. Estamos!

            -Quase não saímos desse hotel. Ainda bem que o Gary está em modo foco e quase não sentiu minha falta.

            -Greta, que exagero. Esse homem veio te buscar todos os dias no hotel.

Gargalhadas.  

            -Só queria testar tua atenção. Não é que viste alguma coisa além dos problemas.

            -Idiota!

Gargalhadas.

            -Sócia, a cada desafio, ficamos mais experts nas artes de gestão hoteleira.

            -Essa semana foi difícil. Fomos submetidas a um teste e tanto e no final...

            -Com atropelos, stress, coração na boca e controle emocional, fechamos com chave de ouro. Viva nós!

            -Ah, bastante controle emocional...me segurei para não voar no pescoço daquela insuportável da empresa de tecnologia. Que mulherzinha arrogante.

            -Wiki, tive medo. Confesso que nunca te vi tão em ponto de ebulição, pelo menos não no trabalho. Ainda bem que tens essa capacidade de abstração...

            -Abstração? Greta, a única coisa que me travou foi pensar que ainda temos prestações a pagar até saldar a dívida com o banco.

            -Ainda bem que és racional. - Risos. - Até eu que sou calma, estive por um fio com aquela insuportável. Nada era suficiente e no final ela vem com aquele sorriso de lábios quase cerrados, agradecer pelos nossos excelentes serviços. Aaaaah...

Gargalhadas.

            -Vamos aproveitar para relaxar, já que o fim de semana não parece oferecer muitos abalos. Pelo menos aqui no hotel, está tudo controlado.

            -Importas se eu não aparecer por aqui? Tenho como objetivo passar dois dias colada no meu artista e sem pensar em trabalho.

            -Estás proibida de aparecer na soleira da entrada do hotel.

            -E tu? Vais seguir meu exemplo?

            -Amor, eu não namoro nenhum artista, aliás, não namoro ninguém. Vou fiar por aqui para apagar alguma faísca caso apareça, vou ler muito e ficar com a cara no sol.

            -Tens visto a Nahima?

            -Não...trocamos mensagens...

            -Ela enviou-me os posts para validação e falamos algumas vezes por telefone. Estão trabalhando freneticamente no novo projeto. Tem equipa nova, muita coisa para ajustar. Ah e ela é parecida com alguém que conheço, adora esse frenesi e mergulha profundamente...

Risos.

            -Vai lá descansar e prometo não pedir socorro à minha sócia perfeita.

Risos.

 

*****

Sábado, Walkiria permitiu-se ficar na cama até um pouco mais tarde, mas nada de extraordinário. Não conseguia e não achava necessário. Às 9 da manhã, já regressava da corrida pelas montanhas. Estendeu a corrida por caminhos não muito habituais, já que se sentia ávida por novidades. Na realidade era uma sensação de inquietação, ânsia por alguma coisa que ainda não estava clara. Corrida na natureza sempre ajudava...

Preparou um café de hotel ao som de música e não se fez de rogada quando os ritmos pediam corpo em movimento. Esse momento perdurou a ponto de levantar-se da mesa de café faltando pouco para o meio dia. Permitiu-se rir, ao invés de repreender-se pela perda de tempo. Não tinha nada para fazer, ora essa.

Levou seu dia nesse ritmo tranquilo e sem exigências. Perto das 8 da noite, depois de um banho relaxante, e com vontade de espairecer, deixou o loft. Não tinha rumo certo, mas sabia que não podia passar pelos domínios do hotel, ou seu dia de folga cairia por terra.

Esteve na iminência de passar pela receção e perguntar se estava tudo bem, mas resistiu. As palavras de Greta faziam eco, precisas deixar que os nossos colaboradores ganhem mais autonomia. Umas horas longe do hotel não vai causar nenhuma hecatombe, essa frase era de Nahima e sim, ela estava certa. Respirou fundo, subiu na moto e partiu sem rumo certo.

*****

Depois de algumas voltas pela cidade, imbuída de uma ousadia que não ousou questionar, viu-se à entrada da casa de Nahima. Estacionou a moto no sopé da colina e subiu a pé com o coração aos pulos. Corria tantos riscos...de ser mal compreendida, de bater o nariz na porta, de ela estar com visitas, de querer estar sozinha...muita coisa, mas nada suficientemente forte para dissuadi-la do seu impulso. Ela estava em casa, podia ouvir uma música suave e o ar estava impregnado de um aroma maravilhoso de comida. Tentou espreitar lá para dentro, mas o angulo das persianas não lhe permitia grande coisa. Subitamente teve fome, muita fome e o cheiro de comida a atiçava vivamente. Bateu à porta uma vez. Esfregou uma mão na outra, elas estavam suadas. Limpou-a nas calças e voltou a bater, agora com mais vigor.

O sorriso da boca mais linda que tinha lembrança e um par de olhos brilhando, foram suficientes para dissipar qualquer resquício de inadequação.

            --Se eu não batesse à tua porta, nunca mais te via...- Falou sem se preocupar com filtros.

Recebeu um abraço tão efusivo que sentiu suas pernas bambearem. Foi puxada para o interior e percebeu que as mãos de Nahima estavam trémulas.

            -Vim em má hora? - Notou que a mesa estava posta para duas pessoas. Uma mesa perfeita. Além desse detalhe, Nahima usava calças jeans e um sutiã, bem à vontade e provavelmente à espera de alguém bem íntimo.

Não teve tempo para muitas conjecturas e muito menos ataques de insegurança. O beijo avassalador que se seguiu, tirou-a de órbita por minutos consideráveis.

            -Wiki, nosso queijo vai queimar! - Nahima correu para junto do forno.

Nosso? Walkiria estava um pouco confusa, mas absolutamente rendida ao momento. Caminhou em direção ao fogão, e viu o que tinha deixado o ambiente com aquele aroma delicioso. Queijo brie assado, simplesmente uma iguaria que a deixava no céu.

            -Gostas de queijo brie assado com morangos?

            -Poderia comer todos os dias. - Abraçou-a por trás enquanto ela preparava os pratos. - Sabias que eu bateria à tua porta sem ser convidada?

Riram muito.

            -Pretendia me esmerar no preparo, tirar uma foto e te aliciar com um convite irresistível. A mesa é para nós.

O sorriso escancarado acompanhado de olhos cintilantes, quase provocaram uma reação inusitada em Walkiria. Beijou-a com o coração explodindo no peito.

Degustar aquela delicia que lhe aprazia o paladar na companhia da mulher que, mesmo sem querer, ou sem se esforçar muito, lhe mostrava caminhos diferentes e bem mais coloridos, era de uma beleza inefável. Walkiria, sentia-se perto de um lugar que nunca tinha estado, mas cujas portas abertas eram um convite escancarado para entrar. Ficar. Sobressaltou-se. Precisava retomar as rédeas, mas elas teimavam em fugir-lhe das mãos...

            -Tudo bem? Está frio?

            -Não...acho que exagerei no vinho. Sinto-me um pouco tonta...- Estava tonta, mas não era efeito de excesso de álcool.

            -Tive tantas saudades tuas. Eu sei que soa estranho, afinal só passamos quatro dias sem nos ver pessoalmente...

            -Cinco! - Walkiria quase mordeu a língua que insistia em ter vida própria e expô-la além do razoável.

            -Não achas que é muito tempo para ficar longe da minha alegria? - brincou e Walkiria teve a certeza que já não havia voltas a dar.

            -Ainda bem que consegues contornar muito bem as tuas falhas...esse jantar estava soberbo.

Nahima sorriu e moveu-se para ficar em cima de Walkiria. Parecia entender nas entrelinhas o que ela não dizia.

-Tive tanto trabalho...é diferente, mais exigente. Nosso grupo tem quatro pessoas, o Valdir que já conheces, o Luís que eu conhecia superficialmente e a Yasmin que é uma moça muito inteligente, excelente profissional e divertida. Ah, esse povo todo, mais essa que vos fala, são todos maníacos por trabalho. A loucura dos inícios...

Riram muito.

            -E depois a tarada por trabalho sou eu. - Riu alto.  - Mas entendo quem seja como eu, aliás, eu só entendo quem é assim.

            -Já conseguimos montar todo o cronograma, montamos a base de trabalho que será na Cidade Velha e na segunda começamos a todo o vapor. Vou trabalhar na Cidade Velha! Eu sei que já disse isso mil vezes, mas é uma alegria sem tamanho...e eu costumo ser exagerada quando me apaixono e sou completamente apaixonada por aquele lugar.

            -Qual será a duração do projeto?

Nahima levantou-se para buscar água e aproveitou para reiniciar a playlist que tinha parado.

            -De trabalho de pesquisa e local, seis meses. Depois teremos mais um mês para produzir os relatórios.

            -Mais vinho? Trouxe água para equilibrar.

Walkiria riu com vontade enquanto pegava a taça de vinho com uma mão e com a outra, a de água.

            -Tu não vais beber?

            -Vou, claro. Mas vou dançar também.

Começou a tocar Nothing Better (In Paradise) e ela movimentou-se numa dança que era um convite a muitas viagens. Walkiria não hesitou em juntar-se à dança. Pousou as taças e aproveitou as mãos para percorrer as curvas que lhe incendiavam o corpo e o imaginário.

            -Costumas receber todas as visitas na tua casa assim? - Walkiria perguntou a os lábios colado nos ouvidos dela.

            -Hmmm...apenas aquelas que eu quero muito que fiquem.

Walkiria riu inclinando o corpo para trás. Era tudo o que queria ouvir.

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Quem é vivo, sempre aparece rsrsrs

Se ainda houver alguém com interessse nessa história, boa leitura.

Nadine

 

 


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Comentários para 25 - Capitulo 25:
Sione
Sione

Em: 18/12/2023

Que faze tranquila e de muita calmaria para nossas duas queridas.

Sempre a postos e sempre a espera de uma nova aventura de Wiki e Nahima.

Não penses que haverá abandono dessa história,  anciosa aqui para chegar ao fim e me deleitar nas tuas escritas.

Amo muito tudo isso. 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 24/12/2023 Autora da história
Muito obrigada!
Bjs


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patty-321
patty-321

Em: 06/10/2023

Tão lindas! Muita química e física. Bjs 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 08/10/2023 Autora da história
Não é? rsrsrs.
Bjs


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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 03/10/2023

Ah... Que maravilha, Nadine! Que grande alegria! Em primeiro lugar, voltar a ler um capítulo de Nas Brumas do Pico foi delicioso! Que lindos momentos! Em segundo lugar - porém o que é mais importante - significa que você está melhor! Que grande notícia! Você faz MUITA falta!

É um prazer sentir a maior proximidade de nossas duas queridas heroínas! A química entre elas é incrível! É evidente que uma precisa da outra desesperadamente para alcançar a felicidade. Quando é que baixarão todas as armas e admitirão que precisam compartilhar a vida de forma completa? Aguardo ansiosamente por esse momento!

Grande abraço, meu bem!

Bruna


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 08/10/2023 Autora da história
Olá, Bruna,

Melhorando a cada dia, desde que não invente de fazer esforços desnecessários rsrs
Não falta muito para elas decidirem o que querem da vida rsrsrs
Já vou terminar a história.
Bjs


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HelOliveira
HelOliveira

Em: 01/10/2023

Sempre espero seus capítulos, sei que não deixa nenhuma sem o final digno...

Espero que esteja melhor


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 08/10/2023 Autora da história
Estando com vida e saúde, minhas histórias sempre serão concluídas.
Melhorando a cada dia. Obrigada.
Bjs


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Mille
Mille

Em: 30/09/2023

Olá Nadine 

Que capítulo fofo, essa força do pensamento na Nahima e Wiki é linda.

Bora ser feliz dona walkiria. 

Bjus e até o próximo capítulo 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 08/10/2023 Autora da história
Bora ser feliz, cabeça dura rsrsrs
Bjs


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Gaya
Gaya

Em: 29/09/2023

Olá querida e amadíssima Nadine!

Seja muitoooooo bem  vinda de volta!

Deus abençoe que estejas 100% recuperada das suas "ites".

 Capítulo de excelência!

É lindo por demais ver a magia e os sentimentos que nossas protagonistas insistem em não admitir uma para outra... que agonia!

Mas essa "sofrência" não é tão ruim, porque você é magnífica na sua escrita!

O reconhecimento delas já é MaraaaaaaaAAA.

Grande abraço querida!

Em tempo:

Seu retorno? Meu melhor e maior presente de aniversário! 

Bjuuuuuuuus no coração!


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 08/10/2023 Autora da história
Olá, Gaya.
Muito obrigada!
Não estou 100% recuperada, mas bem melhor, com certeza.
Feliz aniversário...atrasado, mas ainda valendo, ainda mais que ganhou um capítulo novo depois de meses rsrsrs
Bjs e mais uma vez muito obrigada pelo comentário. Me emocionou. Obrigada.


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mtereza
mtereza

Em: 28/09/2023

E como sempre aparecendo em grande estilo amei o capítulo 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 08/10/2023 Autora da história
Muito obrigada.
Bjs


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Mmila
Mmila

Em: 26/09/2023

Nossa que dupla apaixonante!!!!

Nem ouse para esta história.

Excelente,  como sempre são suas obras.


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 08/10/2023 Autora da história
Muito obrigada.
Bjs


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NovaAqui
NovaAqui

Em: 26/09/2023

Oi!

Eu pensei um dia desses,: que saudades da NH! Espero que ela esteja bem da tendinite

Espero que você esteja bem

Muito interesse sim

Agora que as duas estão tendo um rolo legal

 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 08/10/2023 Autora da história
A NH voltou rsrsrs
Não estou totalmente recuperada, mas fazendo por onde.
Rolo legal kkkk, adorei.
Bjs


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