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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

Ver comentários: 3

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Palavras: 4247
Acessos: 1050   |  Postado em: 16/09/2023

Capitulo 27

Capítulo 27- Flávia


           - Nenhuma novidade Cantão. O cara só está fazendo a medicação dele. Parece que vai ser o dia inteiro disso. 

           - Mas ele está acompanhado de alguém pelo menos?

           - Nada. Um uber deixou ele cedo. A minha expectativa é que na saída alguém busque ele, e a gente consiga algum rosto. Na quarta foi essa mesma palhaçada. 

            - Você acha que o caminho é ele Flávia? 

            - Acho que ele seria o mais agraciado em ajudar uma quadrilha de tráfico de órgãos. Fazia hemodiálise, saiu da fila de transplante e agora vem à clínica receber imunomodulador. Tem que ser ele o elo.

           - Então continua aí de tocaia Flávia. Tenha cuidado. 

           - Fica na paz bonitão, tá sem risco e sua mulher tá segura comigo - olhei para o lado e a Bia deu risada da frase idiota que falei. Desliguei o celular e voltei a me acertar no banco. 

            Eu e a Bia estávamos juntas, trabalhando na tocaia desde ontem, esse é um trabalho ingrato. Podemos ficar dias e nada aparecer ou em horas e conseguir alguma informação. Esse  cara é um paciente com doença renal, que saiu da fila de transplantes recentemente , curado divinamente, é dono de uma clínica de ventiladores hospitalares que foi assaltada na mesma época que achamos os corpos no Matão. E incrivelmente é paciente da clínica que foi roubado diversos medicamentos e material hospitalar. Ele é um elo que eu não estava achando e quem pegou o pulo do gato foi a Bia, que revisou todas as imagens e pegou essa falha da Matrix. Eu estou confiante que depois da sessão de imunomodulação ele acaba se encontrando com alguém, tenha algum contato médico, algo que nos abra mais um caminho. 

            - Vamos precisar ficar aqui até quando? - a Bia já estava impaciente. 

            - Bia, nem se estressa, vamos levar um bom tempo aqui. Você comeu? 

            - Comi antes de vir pra cá - fome, Bia com fome tem o pior humor do mundo. 

            - É isso, Bia. Vou descolar uma coisinha pra você comer e se distrair. 

            - Eu não tô com fome. 

            - Você não, mas seu humor está faminto - ela quase me deu um tapa, mas no final fez uma careta e concordou. Desci do carro, uma viatura descaracterizada, embicada na esquina da rua onde ficava a clínica de hemodiálise e infusão . Atravessei a rua rapidamente, com um olho no peixe e um olho no gato. Entrei em uma padaria bem próxima a clínica. Bia com fome precisa sempre de algo que alimente bem, peguei um empadão de frango pra ela, acompanhado de uma coca cola e pra mim uma água com gás e um café. Eu voltei ao carro sem demorar muito. A Bia se mantinha em atenção para vermos se conseguíamos algo - Nenhuma novidade Bi?

- Nada, esse cara é um santo curado.

- Só não pegamos o pecado ainda. To, mata sua fome e seu mau humor - entreguei a comida para ela, ela me olhou debochada, mas aceitou sem retrucar. Ela própria sabe o potencial do seu mau humor. 

- É, acho que estou com fome mesmo!

- Sim, já conheço suas variáveis de humor. 

- Observadora. 

- Aff Bia, já trabalho com você há uns seis meses. Sem contar que moramos no mesmo apartamento. Falando nisso você está me devendo uma explicação. 

- Eu? - respondeu tirando o garfo de plástico da boca, depois de ter enchido ela de frango.

- Eu não insisti, dei seu tempo, mas acho que precisamos conversar sobre aquele dia lá no bar- ela olhou para o chão imediatamente, como se estivesse com vergonha ou ao menos não querendo conversar - Quem era aquele cara do mini cooper que te causou aquela crise de ansiedade? 

- Aí Flávia, esquece isso. 

- Eu juro que já vi ele. 

- Flávia, nem tudo na vida tem que ser investigado. Uma crise de ansiedade pode ser só uma crise. 

- As vezes sim, mas não acho que seja o caso. Acho que a questão agora é quem desencadeou isso. Devo me preocupar com algo?

- Deve se preocupar em olhar o cara da diálise e ver se descobre algo. Esquece isso - direta e simpática como a Bia é. Ela estava começando a sacudir os pés, um pouco ansiosa, sei que tem coisa. 

- Bia, é uma coisa importante isso, olha como você fica quando eu falo dessa situação. Você sabe de tudo que aconteceu comigo, queria entender você um pouquinho. 

- Só não quero que ninguém fique sabendo, é um problema tão idiota - voltou a cápsula dela, repleta de timidez e rosto avermelhado. 

- Não acho que seja idiota, fez você mudar de ideia e ir morar lá no até de uma hora pra outra. 

- Humm,  você não dá ponto sem nó? - ela sorriu pra mim, dando risada do simples fato de eu ser eu, realmente sem dar ponto sem nó.

- Ah, eu preciso observar tudo, faz parte da investigação em si. 

- Humm. 

- Eu bati boca com ele aquele dia, decorrei a placa, sabe que ainda não fui atrás porque acho que você pode falar de boa comigo. Se eu tiver que bater de frente com ele, não acho que vai ser tão tranquilo como primeira vez. 

- Nem era pra você ter falado com o Ricardo, nem mesmo olhado pra ele. 

- Já ganhamos um nome pelo menos, Ricardo - ela ficou vermelha em uma intensidade que poucas vezes eu vi. Vermelha de raiva e não de timidez, se culpando por ter soltado uma informação que aparentemente ela acha desnecessária 

- Chega Flávia. Só vamos ficar quietinha aqui olhando pro nada, esperando o bocó errar em alguma coisa. 

- O tempo passa mais rápido se conversarmos - pude ver o sacudir da cabeça dela- Bia, eu e o Cantão estamos preocupados com você, você está sempre alerta, olhando para os lados, como se algo fosse acontecer. E não sabemos como lidar com isso e como te proteger. - falei em um tom aveludado, de cuidado e com o máximo de calma possível.

A Bia olhou para baixo, respirando profundamente. Era possível ver suas mãos tremendo. A franja caiu da lateral da orelha, passando para a frente do rosto. Com graciosidade colocou o cabelo atrás das orelhas novamente, respirando fundo e soltando, como se tentasse meditar de alguma forma

- Não tem a questão de me proteger Flavinha, eu já troquei diversas vezes de Delegacia. Ele sempre aparece de novo, arruma briga, estraga o lugar novo. Eu já estou no nível de largar a polícia civil e ir pra outro estado, bem longe daqui - ela falou ainda olhando para o chão, com voz molhada, entrecortada pela dor.

- Nos termos legais podemos pedir medidas cautelares, afastamento, coisas para te proteger dele. Ele é quem? Um ex namorado?

- Sim, namoramos por volta de seis anos. Ele que me disse pra ser fotógrafa da polícia, que fotografar arte, paisagem é coisa de vagabundo e não vai me dar dinheiro nunca. - ela levantou o rosto, agora olhando para a frente, não conseguia virar o rosto para me olhar nos olhos. Parecia estar envergonhada, como se tivesse causado a si mesmo esse incômodo. A franja que caía insistentemente no rosto era sempre puxada e posicionada atrás da orelha. 

- Não acho que arte ou fotografia é coisa de vagabundo. 

- Não mesmo, mas eu era tão imatura e infantil que achei que isso era real. Ele sempre foi ciumento, mas no começo não era agressivo. Com o passar dos anos foi se tornando cada vez mais ríspido, mais firme, menos carinhoso, mais incisivo. - sua voz tremia conforme ela se soltava e ia me contando.

- Até que… - tentei ser acolhedora para ela se abrir, usei um tom leve, amigável. 

- Um puxão, um empurrão, um tapa, uma ameaça, um soco - sua respiração estava acelerando conforme falava e a voz ficava cada vez mais trêmula e entrecortada, era palpável o medo e o trauma dela. Estiquei meu braço e sem pensar nem um segundo puxei ela pra perto de mim. Quando encostou no meu tronco, relaxou o corpo, como um lugar seguro e soluçou uma vez. Não ficou no meu colo por muito tempo, logo voltou a ficar ereta, olhando para frente. Passou o dedo na beirada dos olhos, secando alguma lágrima que tenha caído rapidamente. 

- Bia, no que depender de mim, no que couber a mim, ele nunca mais vai encostar em você - ela respirou fundo, virou o rosto para esquerda e  olhou pra mim, com tenacidade, como se quisesse me acalentar.

- Se fosse tudo tão fácil, não aconteceria comigo nem com nenhuma outra mulher Flávia. Meus pais acreditam totalmente nele, apoiam ele. Escolhi dividir o apê com você porque naquele dia da crise, quando eu cheguei na casa dos meus pais, ele estava lá, sentado no sofá da sala, tomando café com o meu pai e falando que me viu num bar enchendo a cara. Que ele tentou me proteger e me levar pra casa, mas eu fui grossa e não deixei. Quando meu pai, pela milésima vez, tomou a fala dele como verdade e discutiu comigo, eu decidi abandonar mais uma coisa. E acho que pela primeira vez não foi abandonar, foi conquistar. 

- Também vejo como conquistar. Um espaço seu, um namorado cuidadoso. Mais autonomia, mais liberdade. 

- Eu já vi ele várias noites na porta do nosso prédio, olhando o horário que eu entro. Esses dias eu puxei o Gabriel para dentro, porque ele estava na porta. 

- Bia, tanto eu como o Cantão precisamos saber dessas coisas. Sei que tem um medo seu, sua dor, mas envolve nossa segurança também. Imagina eu chegando em casa e esse cara está lá na porta. Como eu faço? Eu quase sai no braco com ele já. 

- Eu não sei se ele faria algo com vocês. Acho que é só pra me assustar. 

- Esse tipo de pessoa faz qualquer coisa com qualquer um. Tá, e mesmo que seja só pra te assustar, está fazendo isso com você. E machucando você ele machuca eu e o Cantão. E principalmente o vice versa, se ele machucar eu e o Cantão, não está te afetando? Te machucando? 

- Nunca me perdoaria se acontece algo com vocês por minha culpa - mesmo ela olhando para frente, dava para ver o ranger dos dentes e o rosto ficando novamente vermelho, a raiva era nítida.

- Quem é esse cara? Tenho certeza que já vi ele. 

- Já viu sim, ele é delegado da corregedoria. Por isso ele sempre sabe onde eu estou, o que estou fazendo, onde me achar - a expressão dela mudou para de decepção, mas não atestando a de raiva. A Bia estava o tempo todo olhando pro chão ou para fora do carro, perdida nela mesma. Sem um olhar atento pra mim.

- Bia, eu e o Cantão estamos com você para te ajudar e te proteger. Ele está desesperado, está te vendo cada vez mais triste e assustada e não consegue te ajudar. Eu não posso contar tudo isso pra ele, mas você pode e deve. 

- Vocês não tem que se preocupar comigo, não quero dar trabalho pra ninguém.

- Bia, para de ser boba. Você faz parte da dupla que virou trio, e que se você e a Bruna se dessem bem seria um quarteto. Não temos dinheiro, mas eu e o Cantão somos gente boa. 

- Ele tá saindo. É ele não é?- realmente nosso suspeito estava saindo da clínica de infusão, em uma cadeira de rodas, empurrado pela equipe de enfermagem. Um carro prata encostou ao lado dele, de imediato, portanto não deve ser um Uber. 

- Fotógrafa o carro e a placa, vamos segui-lo. Consegue pegar a cara do motorista?

- Claro que consigo- falou dando risada, como se fosse óbvio que ela consegue. E eu sei que é óbvio mesmo- a Bia fez como o solicitado enquanto eu ligava o carro. O suspeito entrou no carro com a ajuda da equipe de enfermagem da clínica e o carro seguiu em frente. Eu fui na maciota seguindo, sem levantar alarde. A Bia ficou em silêncio ao meu lado, atenta ao ambiente, mas sem falar nada. Continuamos andando na zona sul de São Paulo, sem sair da região nobre. O trajeto foi de uns 10 minutos, até que estacionou em uma lanchonete elegante, também na zona sul. O suspeito desceu, sem necessidade de ajuda, mas aparentemente bem frágil após a medicação. Ele entrou na lanchonete e seguiu até o fundo, onde sentou-se em uma mesa vazia. Nos duas continuamos no carro, observando e acompanhando o suspeito que mexia no celular. A atendente veio falar com ele e pouco tempo depois seguiu para trás do balcão novamente. 

- Ele veio aqui pra tomar café? - a Bia me perguntou indignada. 

- Se depois da infusão ele veio tomar um café especificamente, ou ele gosta muito do café daqui ou tem alguma coisa.

- Como você faz isso, assim de boa? Dois dias e estou de saco cheio já. 

- Bia, Bia, minha cara, relaxa. Eu já faço isso faz um bom tempo. Se você se estressar só vai demorar mais - ela fez uma carinha de emburrada linda, que eu dei risada na hora. 

- Não ri de mim não Flávia.

- eu? Rir de você? Jamais! Oh lá, não falei?! Chegou um bocó pra conversar com ele - um homem de uns trinta e cinco, quarenta anos entrou na lanchonete. Ele tinha um abdome bem pronunciado, provavelmente de quem bebe bem. Estava com uma camisa vinho, aberta até o começo do tórax. Um cabelo falho, de quem em breve será calvo. E o meu sexto sentido gritando que ele é 171, bandido, trapaceiro. 

A Bia posicionou a câmera em direção a eles e centralizou o máximo que podia, pegando bem a cena deles conversando e principalmente o rosto do cara que chegou. Pra mim ele já apareceu nas minhas pesquisas, mas não é tão certeza assim. Acompanhamos eles comendo e conversando calmamente, eu bem queria entrar na lanchonete, mas a chance da gente se expor é grande, então segurei essa possibilidade. 

- Pegou o rosto do bocó? 

- Claro que peguei, acha que eu brinco em serviço? Ele estava nas imagens não estava?

- Então, na minha cabeça o rosto dele não me é estranho. De todo modo, não deve ter aparecido muito e nem ter sido relevante, porque se fosse eu lembraria. Vou precisar sentar lá na delegacia e conferir tudo sobre esse cara. 

- Você entrar e tomar um café? Coloca uma camiseta da polícia civil e mostra o distintivo porque você nem tem cara de policial né? Entra lá nessa cafeteria que em um segundo esse cara vai dar um perdido. 

- Eu coloco a sua blusinha rosa. 

- Pode colocar uma coroa de rosas na cabeça, ainda vai ter a marra de policial. Eu entro. 

- jamais. É perigoso. 

- eu não posso entrar e você pode?

- esquece, fica as duas no carro. Tô com medo de irmos lá e assustar os dois. Por enquanto tudo tem que ser com o máximo de cuidado. 

- O Gabriel não consegue puxar esse cara que chegou? 

- Provavelmente não, nem faz sentido também. Precisamos agir com inteligência nesse caso, um passo em falso e eles se escondem. Aí não pegamos ninguém. Vamos acompanhar eles mais um tempo, fazer mais algumas imagens. - A Bia concordou, ficamos ali na frente da lanchonete até a reunião entre os dois finalizar. Quando o suspeito pegou um novo carro, seguimos, mas como havia ocorrido dois dias atrás, o destino final foi a casa dele, sem grandes novidades. 

- De novo em casa. Mas com esse bocó que apareceu hoje, acho que vamos puxar mais uma vírgula. Tô sentindo que vai dar bom. 

- E quanto à identificação dos corpos, houve alguma novidade?

- Estava previsto para sair hoje a prévia das digitais. Como não é um caso urgente, demora. 

- qual seu próximo passo Flávia? - A Bia me perguntou querendo participar. Mesmo sendo apenas uma fotógrafa, ela está interagindo e participando de tudo. 

- Hoje vou apertar o legista, preciso rápido dessas digitais e identificação. Quero as vítimas que estavam vazias e quero o cara que ficou com o coração e o pulmão. Ele é fora dos parâmetros, pra mim ele teve alguma bomba com os chefes. 

- Não que eu opine em algo, mas concordo com isso. E tem as duas vitimas do carro tambem. 

- Sim, eu deixei o França olhando sobre as informações que o Beck e o outro cara nos passou. Tem um chefe, o Grilo, que está com a esposa grávida. Se conseguirmos levantar sobre esse cara, vai dar certo também. Vamos embora daqui. Não vamos conseguir mais nada. 

- Vamos, o Gabriel não para de me mandar mensagem. 

- Ele é cuidadoso, quer saber como você está. É só isso. 

- Eu sei que é cuidado dele, mas senhor amado, se acalme. Como você está com a menina lá? 

- Cara, não entendo esse ranço mútuo de vocês. A menina lá é muito gente boa, mas estamos nos conhecendo aos poucos. Eu tenho uma dificuldade muito grande de me soltar, mas aos pouquinhos estou conseguindo me aceitar, dar um espaço para ela. 

- Não é ranço mútuo, é que não desce bem. Mas estou sentindo você mais calma, mais na leve. 

- Sim, aos pouquinhos estou me permitindo melhor. Ela está respeitando o meu tempo - fomos até a delegacia conversando sobre a Bruna e o Cantão, com calma e plenitude. 

Voltamos ao DP com um rosto novo, então a tocaia foi bem produtiva. Cheguei  e fui direto ao vestiário, louca para usar o banheiro. Depois de encontrar a natureza, passei na copa onde estavam alguns colegas meus. O incrível é que a copa dessa delegacia é o lugar mais movimentado, até mais que a sala de interrogatório ou que a própria recepção. Passei rapidamente por lá, apenas para pegar uma caneca de café, mas para o meu azar, o café já estava velho e frio. Mesmo assim, esquentei no microondas e lá mesmo virei um belo de um gole, reencontrando minha alma. Segui em direção ao andar superior onde ficava minha sala. Assim que sentei no computador e comecei a ligar aquela máquina velha, movida a carvão e muito boa vontade, o Cantão já me chamou. 

- Como foi lá Flavia? Achou alguma coisa válida?

- Tá complicado, parece que estou acompanhando um moribundo. O que não deixa de ser, no caso dele.  Hoje ele saiu da hemodiálise e se encontrou com um cara em uma lanchonete, essa foi a única novidade. 

- Sabe quem é o cara?

- Eu e a Bia achamos que ele já apareceu nas imagens prévias, mas não posso te dar certeza. Vou sentar a bunda agora e conferir as imagens de novo, pesquisar sobre ele. 

- Não tem documento né?!

- Não consegui pegar nada. A Bia fez boas imagens dele, imagino que não vai ser difícil achá-lo no arquivo. 

- Ótimo. Mais uma ponta no palheiro que está sendo esse caso. 

- Sim, estou exausta e parece que não acho nada. Mas esse rosto de hoje vai ajudar. A cada descoberta vamos nos enfiando mais e mais em um mar de informações. Preciso que você pressione o legista, ele ainda não identificou os corpos. Preciso começar a abordar as famílias, ver as vítimas. 

- Eu vou cobrar ele hoje. 

- Talvez uma visita pessoalmente. Posso ir com você. 

- Vou tentar por telefone, mas se não rolar vou direto lá. Como a Bia ficou lá com você?

- Ela não é da tocaia, ficou bem lá, mas estava ansiosa, querendo ir embora. O que é justificável, já que ela é perita. Teve uma hora que eu saí e comprei comida para amansar a fera. Mas deu certo, no final ela fez o dela e pegou a cara do suspeito. 

- Imaginei que ela fosse achar um saco ficar lá parada. 

- Mas é um saco mesmo e podemos passar horas e horas e nada acontecer. Mas ela foi se soltando com o tempo, ficamos conversando.

- Ela conversou alguma coisa com você? Estou preocupado com ela. 

- Bonitão, você precisa conversar com ela. Você! Eu não vou repassar o que ela falou comigo. É tipo lealdade feminina.

- Lealdade feminina? E existe isso?

- Claro que existe. O que ela me conta, morre comigo. Você só vai saber se ela autorizar ou ela mesmo te contar. 

- Mas é algo que devo me preocupar? 

- Acho válido você conversar com ela. E na hora que ela se sentir bem e preparada ela vai te contar. É tipo meu lance com a Bruna, só contei quando me senti bem pra isso. 

- Não aperta ela, vai comendo pelas beiradas, puxando com carinho. Ela vaI se abrir, mas não pode ser eu a contar. A dor dela, só ela sabe. 

- Eu estava pensando em dar umas flores pra ela. Esses dias ela soltou que gosta de tulipas, que um dia vai encher a casa de tulipa. 

- Então segue o que ela falou, ela está te dando o caminho, só você ler. 

- Como você está? Faz uns dias que não converso com a Bruna. 

- Eu estou um pouco mais leve, a festa lá da minha vó foi pesado demais. A Roberta me desestrutura demais e não sei lidar com ela. A Bruna se quiser continuar comigo vai precisar aceitar que não tenho dinheiro e que venho de um mundo diferente do dela. Conversamos bastante sobre isso, mas na hora quente todo mundo aceita mudar, fazer diferente. Agora vamos ver se ela vai mesmo mudar. 

- A Bruna realmente vem de uma realidade diferente da sua, nunca faltou nada material. Faltou amor, carinho, compreensão. Mas ela sempre teve tudo do bom e do melhor, dentro de um alto padrão. O António, o padrinho dela, se dedicou em preparar ela para assumir o jornal, na verdade o grupo todo. Então ela não entende uma linguagem onde ela tenha que tirar dela para o próximo, comer um dogão, essas coisas que existiram na sua realidade. 

- Eu entendo esse lado, e respeito. Entretanto vamos precisar chegarmos em um acordo mútuo. Estou gostando dela Cantão, acho que pela primeira vez desde a Fabi estou conseguindo me soltar, olhar alguém além do mínimo, querer algo. Temos tudo para dar certo, desde que nos adaptemos. 

- Vai com calma Flávia, se for para dar certo, vai dar. Vocês formam um casal bonito, mas precisam se alinhar nessas coisinhas. Você precisa se permitir mais, tirar essa capa de casco que você criou. Dá para viver Flávia, só você deixar. 

- É bem fácil falar. 

- Sei que não é fácil, olha o tempo que você levou para beijar uma garota pro mais de um dia. Entendo seus medos e seus machucados, mas vai precisar tentar superar isso. Sabe a Lana, amiga da Bruna?

- Hum.

- Ela é psicóloga, vale bater um papo com ela. Pedir uma orientação. 

- Você acha que precisa mesmo? - Ele saiu de trás da mesa dele e vi um amigo e não o delegado. Ele segurou minha mão, como nunca fez nesses anos de amizade.

- Sim, precisa Flávia. Você tem um luto prolongado, ainda mais a confusão pela Fabi estar legalmente viva. Acho que você precisa de ajuda profissional para seguir em frente.

- Me sinto tão fraca por pedir ajuda, por precisar de um outro. 

- Cara, metade das pessoas na sua situação já teria surtado, sei lá, feito coisa pior. Você está terminando a faculdade, mandando bem em casos complexos, comprando apartamento, seguindo em frente. Aproveita que conheceu a Bruna, uma mulher linda, inteligente, procura ajuda Flavinha - ele estava com uma voz calma, leve, de apoio. Não segurava mais minha mão, mas estava com o corpo próximo. Já eu estava respirando acelerado, sei que ele está certo. Se eu não tiver ajuda, nunca mais vou conseguir viver em paz, quero conseguir ser feliz de novo - Chega por hoje  Flávia, acho que consegui mexer com você hoje mais que nos últimos 3 anos. Vai fazer suas coisas vai, temos um trafico de orgaos para pegar. 

Levantei o rosto, sequei as poucas lágrimas que havia caído e respirei fundo, ele tem razão mais uma vez. Ele estava parado na minha frente, ainda com aquela cara de apoio. Não vamos nos abraçar, isso já é demais pra mim. Sacodi a cabeça, como um cumprimento final. Ele deu risada, me conhece há tempo suficiente para entender o que significa. Voltei para minha mesa pensativa. A primeira coisa que fiz foi pegar o celular e olhar as mensagens. A Bruna havia enviado várias. 

- Já terminou  a atividade em campo que você estava fazendo? 

- Oi Bru, cheguei no DP. Estou liberada aqui. Quer ir tomar um café? - de bate pronto, como sempre, ela me respondeu.

- Oi gostosa. Com você quero o café e muito mais - claro que dei risada na hora. O que eu tenho de travada, ela tem de ser despojada e solta. Nada como ver a Bruna no final do meu dia para me acalmar e me dar mais energia de seguir em frente. 

Fim do capítulo


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Comentários para 27 - Capitulo 27:
mtereza
mtereza

Em: 24/09/2023

Então ex abusador da Bia tbm é da polícia prenuncia  de muitos  problemas está mais hora da Bruna e da Flávia chegarem a um entendimento na relação delas

Responder

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Erika1
Erika1

Em: 22/09/2023

Eu tô acompanhando a história desde o início gosto do tema lésbica policial então me amarrei na história e gostaria de ver mais capítulos pq fico ansiosa não desiste de escrever e da um início meio e fim pra esse conto ok??

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 17/09/2023

Fortes emoções...

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