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Nas brumas do Pico por Nadine Helgenberger

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Palavras: 4789
Acessos: 2142   |  Postado em: 13/05/2023

Capitulo 17

 

Tudo corria rigorosamente como Walkiria havia planeado para o primeiro evento no novo espaço. Não descurou nenhum detalhe, desde aspetos técnicos para que nada falhasse, até a logística. Os trabalhos corriam muito bem na sala de eventos e ela pôde dedicar-se às tarefas do dia a dia que lhe cabiam.

Tudo ia muito bem, até que um verdadeiro caos se instalou na área dos chalés. Graças aos céus que a localização era oposta à sala de eventos. Raramente acontecia escândalos no hotel, mas não estavam livres de clientes alterados e naquele dia, uma bomba resolveu explodir. Que timing! A sanidade mental de Walkiria agradecia...

Um casal de clientes resolveu levar às últimas consequências as suas divergências, e quebraram quase tudo dentro de um dos chalés. Segundo Greta, eles já tinham dado indícios de alguma instabilidade, mas nada que fizesse prever aquele desfecho.

Walkiria, respirou fundo e partiu para resolver a questão. Com um sangue-frio invejável, e com a ajuda de um rececionista, conseguiu acalmar o casal, mas não conseguiu evitar a presença da polícia. Foi a primeira coisa que Greta fez. Ela talvez resolvesse de outra forma, mas a sócia era sempre muito incisiva quando situações como aquela aconteciam.

Depois de todo o levantamento feito no espaço, Walkiria seguiu para a esquadra com os clientes. Que bela forma de iniciar a tarde. Tudo corria tão bem...

Sabia que Greta cuidaria para que nada desse errado e seguiu o seu rumo sem maiores preocupações. Há algum tempo, tal atitude seria impensável. A sua veia controladora não lhe permitiria delegar, o que claramente culminava em mais stress mental e físico.

 

*****

            -Eu também não consigo falar com ela. Ela deve ter deixado o telefone em algum lugar e ainda não se deu conta.

            -Dia de muitas emoções...

            -Pois é, e ainda bem que o evento não sofreu nenhum arranhão com a loucura dos hóspedes. A Walkiria teria enlouquecido e até que sou mais relaxada, provavelmente conheceria um outro lado meu.

Riram.

            -O César está bastante satisfeito. Elogiou tudo, desde as condições técnicas que permitiram que os chefes em Nova York seguissem tudo, até o lanche. Aliás, esse lanche está bastante famoso. Utilizaram os serviços da Diana? Não me lembro se a Wiki disse que ia contratar alguém...

            -Não, foi a Diana mesmo. Por aqui não existe confeiteira melhor do que essa menina. Ela é boa nos doces, salgados, sabe arrumar uma mesa como ninguém e ainda é cordial e humilde. Eu, com o talento dela, já teria voado mais alto...

            -Mas ela gosta de estar no hotel, sente-se muito bem.

            -Eu sei, e dou graças aos céus. Estou tão feliz que tudo tenha dado certo. Nosso primeiro evento e foi um sucesso. Eu já sei que não reconheces a tua parte nesse feito, mas eu sim e por isso, mais uma vez, muito obrigada.

Riram.

            -Apenas ajudei amigos...

            -E por falar em amigos, precisamos almoçar juntas um dia desses, ou jantar, o que preferires. Temos uma missão juntas...

            -Gary?

Gargalhadas.

            -Precisas encher aquele ser de autoestima, ousadia, sei lá. Eu acho que só tu consegues, com minha ajuda sim, mas ele confia muito em ti e sabe que tens vasta experiência...

            -É muito talento para ficar escondido num quarto...

            -Já preparei um atelier para ele lá em casa. É um espaço de criação com melhores condições do que ele tem na Aldeia. Aos poucos, ele vai se identificando como um artista...bem aos poucos, até para os meus parâmetros que são tranquilos...

Risos.

            -Devagar e sempre. Vamos fazer alguma coisa pelo Gary.

            -Uma pena que brevemente vais embora...

            -Eu posso ajudá-lo mesmo longe.

            -Sim?

            -Hum-hum!

            -Que bom! Então o pesar fica apenas pela tua ausência física. Eu já te considero de casa...

Risos.

            -O mundo é uma aldeia e podes ter a certeza que para cá eu voltarei sempre que possível.

            -Eu acredito, afinal conheceste a Wiki há 5 anos e cá estão juntas de novo.

            -Exatamente! Eu sempre volto.

            -Nos vemos mais tarde no jantar?

            -O César já me intimou...

            -Ah, animação não vai faltar. A Dália veio cá e eles se encontraram no lounge e se conhecem de não sei onde. Foi uma algazarra sem fim.

            -Dália?

            -É uma proprietária de hotel também...aquela do hotel que ficaste e que teve aquele pequeno contratempo...

            -Hmm, sim...vou descansar um pouco e depois eu apareço por lá...

            -O dia foi intenso?

            -Nem imaginas...estou esgotada. Avise à Walkiria que liguei, por favor.

            -Claro! Beijo e até mais tarde.

            -Beijo.

*****

Walkiria observava tudo ao pormenor dentro da sala de eventos e experimentava muitas sensações ao mesmo tempo. Todas muito boas. Realização, talvez fosse a mais intensa. Sorriu ao se dar conta que apesar de toda a loucura do dia, no final, tudo tinha dado muito certo. A sala estava impecável para receber o próximo dia do evento e para isso, ela mesma tinha se empenhado. Riu de si mesma ao se reconhecer muito perfecionista, quase maníaca. Mais uma risada e dessa vez de alívio. Gostava de ser assim, não se sentia muito confortável deixando o seu destino em mãos alheias. Exagero? Talvez um pouco, mas era assim...

Nos últimos tempos, contudo, tinha percebido alguma desaceleração na mania de perfeição, uma perfeição que dependia apenas dos seus atos. Já confiava mais, delegava e acreditava que o outro podia fazer tão bem, ou melhor ainda do que ela. Graças à terapia. Graças à própria vida que a colocara em situações em que era isso ou o esgotamento. E graças a encontros...

Suspirou profundamente e perdeu-se nos contornos de uma peça de arte de Gary. O dia fora tão agitado e doido, que não tivera tempo de se deleitar nas memórias de uma noite incrível...riu e mordeu a boca...que noite. Apesar de toda a loucura do dia, tinha a sensação que ainda flutuava. Sorriu e soltou o ar devagar.

            -Ei, sócia, quase que não te encontro, até que me lembrei que esse seria o único lugar possível...

Riram.

            -Sabes como sou...

            -Eu sei e gosto. - Sorriu.

            -Vim verificar se estava tudo perfeito para amanhã. Nossa sala ficou tão maravilhosa.

            -Ficou sim. O evento foi um sucesso, Wiki. Claro que sabes pelo tempo que ficaste aqui, mas no encerramento do primeiro dia, o contratante fez um discurso que me deixou tão feliz. Eles elogiaram tudo, do espaço à comida. Elogiaram tanto a acústica, e eu só pensava que o mundo caía do lado de fora com a briga do casal e aqui dentro, serenidade.

            -Graças a Deus que me cerquei dos melhores profissionais na construção desse espaço.

            -Graças! As mulheres ficaram doidas com os quitutes de Diana e ela já recebeu uma encomenda para uma festa na capital. Acreditas?

            -Claro que sim, a menina é dedicada e excelente no que faz.

            -E ela toda atrapalhada com medo de não dar conta. Como, se ela é boa no que faz e quanto ao transporte, a senhora disse que mandava alguém vir buscar. Perfeito. Nem todos os começos são assim tão perfeitos.

            -Nós somos a prova dessa tua tese.

Risos.

            -Mas vamos dando certo. Olha para isso...ah, e as artes do meu namorado também fizeram muito sucesso. Eu nunca saberei como agradecer à Nahima. Ela tem um dom de convencer o Gary que eu não consigo nem chegar perto. Fui logo informando que tínhamos peças à venda e fechei duas vendas maravilhosas.

            -O Gary está em excelentes mãos. Tu e a Nahima juntas hão de catapultar a arte desse homem para a fama.

            -Nem fales essa palavra...ele tem aversão, mas eu tenho meu jeito de convencê-lo a partilhar o talento com o mundo. Ah e a Nahima me garantiu que poderá acompanhá-lo, mesmo estando longe.

            -Falaste com ela?

            -Sim, já ia me esquecendo. Ela ligou para falar contigo, para saber como estavam as coisas por aqui. Ligou para mim porque não conseguia falar contigo. Deduzi que tinhas esquecido o telefone no meio da balburdia...

Walkiria ouvia o relato da sócia com um sorriso de plenitude no rosto. De repente, uma sensação que não sabia muito bem definir, tomou conta do seu coração. Sensação boa, muito boa.

            -Wiki, preciso ir agora. Vamos estar todos juntos no jantar que o César oferece na Casa da Cultura. Tu acreditas que ele conhece a Dália? Ela também foi convidada...

            -Dália apareceu por aqui?

            -Ah, sabes que ela tem aparecido algumas vezes e numa postura bem low profile, o que não combina muito com o temperamento dela, mas há de ser uma estratégia nova de reaproximação.

            -Vais ao jantar?

            -Eu e todo mundo. César disse que vai arrancar a Nahima daquele chalé dela nem que seja prometendo diamantes.

Riram.

            -Vou ver se me animo e passo lá mais tarde...

            -Ah, precisas comemorar o nosso sucesso. Eu não sei se foi a adrenalina do dia, mas tem alguma coisa diferente em ti...estás estranhamente relaxada, eu diria que estás quase a flutuar...

            -Meu bem, efeitos da adrenalina de hoje, a descarga foi intensa...- Suspirou. - Vamos? Por cá, tudo está perfeito.

            -Perfeito!

*****

 

Passava das 22hs quando Walkiria convenceu-se de que Nahima não iria ao jantar, quase festa, promovido pelo seu cliente. Todos estavam alegres e dançavam ao som de um bom funaná, e não economizavam no whisky e na cerveja gelada.

Já tinha tentado falar com ela algumas vezes, mas o telefone estava desligado. Tudo muito estranho e fora do perfil de Nahima, ela nunca desligava o telefone. Achou engraçado que muita gente vinha questioná-la sobre a ausência de Nahima. De César a Greta, passando pela namorada maluca de César. Ela contou toda frenética que deveria chegar na sexta, mas que jamais perderia uma festa e não se cansava de perguntar por Nahima. Muito intensa a moça.

Cansada e querendo ficar em silêncio, Walkiria aproveitou um momento em que todos dançavam freneticamente e saiu sem fazer muito alarido.

A caminho de casa, desviou a sua moto para a aldeia de Nahima. Não conseguiria dormir em paz sem saber dela e queria vê-la. Estava ansiosa para estar com ela, essa é que era a verdade e que não fazia qualquer esforço para camuflar, pelo menos, não para si.

Desceu a ladeira que levava ao chalé de Nahima com passos ansiosos e o coração aos pulos. Na porta, com a mão no coração, respirou fundo por algumas vezes, até sentir-se mais calma. Tudo estava tranquilo e silencioso, mas, pela fresta da janela, podia ver a luz amarelada que ela acendia de noite. Respirou profundamente mais uma vez e bateu de leve na porta de madeira. Mais uma vez e dessa vez com mais energia. Ouviu um barulho no interior do chalé e em segundos, a porta foi aberta.

            -Tu abres a porta sem perguntar quem é? Que doida...- Sorriu feliz.

Nahima riu, balançou a cabeça e abraçou Walkiria como se ela fosse tudo o que precisava naquele instante. E era. Fundiram-se em silêncio e corações batendo ritmados.

            -Pensei que ias no jantar do César...

            -Ah, ele insistiu tanto que acabei por desligar o telefone. Não estou com cabeça para festas, barulho, gente falando sem parar...hoje não...

            -Aconteceu alguma coisa? Não sei se estou certa, mas me pareces abatida...

Nahima puxou-a para o sofá onde desabou pesadamente.

            -As coisas terminaram bem lá com a confusão do casal? A Greta disse-me que foste à polícia...

            -Sim, terminou tudo bem. Eles vão arcar com o nosso prejuízo, pediram mil desculpas e já estão bem. Gente doida e com muito dinheiro. - Sorriu. - Mas e tu? Ainda não vi o sorriso lindo que tão bem te caracteriza.

Nahima sorriu, mas em a espontaneidade habitual.

            -Já comeste?

            -Não...comi umas frutas à hora do almoço e foi isso...   

            -Temos alguma coisa aqui que se possa preparar rapidamente?

Risos.

            -Tem pão, queijo, salame, salada e chá...acho que é isso...

            -Estás com fome? Eu estou quase desfalecendo...

Nahima riu alto pela primeira vez.

            -Tu estás sempre com fome. Não sei para onde vai tanta comida, mas oh mulher faminta.

Risos.

            -Pareces a minha mãe, ou a Carla...povo chato que controla meu apetite. Eu gosto de comida, de boa comida e ponto final.

Gargalhadas.

            -O que tem aí, te agrada? É o que temos para agora...

            -Agrada sim. Sou uma mulher fácil de agradar...

            -Hmmm...

            -O que é isso? Discordas?

            -Eu? Claro que não...imagina...

            -Ah, vais ficar com fome. Imagina se vou preparar a melhor tosta do mundo a uma figura controversa.

Risos altos.

            -Figura controversa? Eu? Ah, estou com fome...por favor, faça um milagre e me salve da inanição.

            -Ainda por cima é dramática, essa mulher. Vou para aquela cozinha porque senão quem não aguenta em pé, sou eu.

            -Estás sentada!

Gargalhadas altíssimas.

            -O humor mudou da água para o vinho.

            -Olha o teu poder...

Sorriram uma para a outra. Wiki acariciou de leve a face de Nahima, beijou-lhe a mão e foi para a cozinha a cantarolar. Nahima refastelou-se no sofá e entre suspiros acompanhou cada movimento de Wiki dentro do chalé.

 

*****

                -Acho que esses farelos contam a história do lanche. Perguntar se estava bom, soa-me a redundância.

Gargalhadas.

            -Estava com muita fome e o manjar estava simplesmente divino.

            -Estava bom mesmo, ou quem sabe, não fomos contaminadas pela fome.

Risos.

            -O César está bem impressionado com o vosso espaço. Ele teceu rasgados elogios.

            -Muito obrigada pela indicação. Aliás, se eu começar a agradecer-te, amanhecemos aqui e nem terei chegado à metade...

            -Exagerada! Eu jamais indicaria o espaço se não acreditasse nele. A agência onde o César trabalha é muito exigente, se eles fazem boa propaganda, é um trabalho a menos na promoção. Ele já me disse que faz questão de indicar o vosso espaço. Arrisquei alto e deu certo.

            -Muito obrigada...mais uma vez...agora podemos parar de falar de mim e a senhora me dizer o que aconteceu?

            -Dia complicado...estou cansada, extenuada para ser mais exata. Não dormi quase nada...

            -Sério? Quando saí daqui estavas a dormir tão profundamente que não tive coragem de te acordar...

            -Devia ter acabado de conciliar o sono. Lembro-me de ver a claridade invadir a casa e eu ainda acordada. Devo ter dormido duas horas, se tanto...

            -Porquê? - a pergunta saiu num tom baixo. Wiki viu-se com medo de ouvir alguma coisa que a tirasse do esplendor em que se encontrava. E se ela tivesse se arrependido?

            - Sabes quando tens medo de dormir, acordar e a magia ter passado...eu queria ter a certeza que era real...- Ela também falava num tom mais baixo, íntimo, quase um sussurro.

Olharam-se tão profunda e intensamente que ambas se sobressaltaram no sofá ao mesmo tempo.

            -Chegaste a horas no trabalho? - Wiki mudou de assunto de forma abrupta como quase sempre fazia.

            -Ainda bem que tenho o carro...no caminho para a aldeia, recebi uma chamada do meu irmão que desestabilizou todo o meu dia...

Walkiria encarou-a com carinho no olhar, levantou da sua cadeira, contornou a mesa e puxou-a para sentarem juntas no sofá. Uma vez sentadas, Nahima foi acolhida num abraço por trás. Derreteu-se nele, suspirando muitas vezes e certificando-se de que todo o seu corpo cabia ali.

            -Assim é melhor para me contares o que te afligiu...

            -Muito melhor...eu te contei que meu irmão está à espera da primeira filha?

            -Sim, claro. Já até conversei com ele, bom, mandei tchau - Risos. - Quando vocês conversam por vídeo.

Nahima riu e se aconchegou ainda mais no abraço.

            -Sim...a gravidez sempre foi de risco, mas nos últimos tempos tudo parecia controlado e Sara e Alana estavam muito bem. Ele ligou logo cedo em desespero, a Sara foi internada às pressas com contrações e ainda não é a hora. Alana precisa ganhar mais peso, ainda está muito pequena. Ela não pode nascer ainda, palavras dos médicos...- Suspirou. - Meu irmão está destroçado, ele quer tanto essa criança. Eles sonharam tanto com ela...e ele liga sempre para mim porque a nossa mãe é maluca. Tudo que ela não fez quando eramos crianças, ela quer fazer agora...

            -Como assim?

            -Minha mãe nunca foi aquele tipo de mãe zelosa, que faz tudo pelos filhos, nem nada perto disso. Ela tem o espírito livre e algum excesso de independência...tinha. Eu me lembro que meu pai que tentava fazer tranças no meu cabelo, e que eu sempre ia despenteada para escola. -Riu. - Eu e o Enzo somos muito mais ligados ao nosso pai, muito mais ligados à parte argentina da nossa família do que à italiana. Nossas férias eram sempre na América do Sul, entre a Argentina, o Chile e o Brasil. Agora, com os filhos adultos, minha mãe resolveu ser a mãe que nós não tivemos quando crianças. Eu não sei se algum dia vou ter filhos na minha vida, morro de medo de não saber dosar como a minha mãe fez...- Mais um longo suspiro.

            -Calma, meu bem. Uma coisa de cada vez, primeiro o bebé do seu irmão, depois falamos da tua mãe e dos reflexos da tua criação. Para já, digo que conheço uma pessoa de espírito livre e muito independente...seria coincidência?

Gargalhadas altas.

            -Mas eu não tenho filhos. Mas se queres saber eu não condeno a minha mãe. Quando criança, claro que não entendia, ainda mais que meu pai sempre foi muito apaixonado por ela, e fazia-lhe todas as vontades. Até hoje é assim...

            -Casal maravilhoso!

            -Sem dúvida! E hoje eu dou graças à forma como fui criada, minha mãe nos criou para a vida. Eu tenho algumas fragilidades emocionais, assim como o Enzo, mas vamos melhorando com a vida. Voltando à história do meu irmão, ele me ligou porque se liga à dona Martina, ela pega o primeiro avião para Brasília.

            -Ela é intensa?

            -Não tens noção...tudo, absolutamente tudo que não tivemos quando criança, os netos dela vão ter em dobro e ela às vezes nos trata como se tivéssemos 10 anos. Eu relevo, até porque não estou sempre com eles, já Enzo, não tem a mesma habilidade. Confusões de família, mas nos amamos muito...à nossa maneira.

Risos.

            -Eu sou muito ligada ao meu irmão. Sou dois anos mais velha, mas sempre fomos muito cúmplices e amigos. Se estou mal, ele é a primeira pessoa na vida que eu ligo. Ele está tão feliz...

            -Vai dar tudo certo. Ainda vais fazer muitas tranças na Alana.

Nahima sorriu e lágrimas lhe vieram aos olhos. Tantos motivos...entrelaçou sua mão na de Walkiria e apertou com força.

            -Hoje, se não fosse o Valdir, meu trabalho seria um fracasso. Logo hoje que era um dia importante na aldeia...eu não tinha concentração, meu coração palpitava, me tremia toda e não parava de olhar para o telefone à espera de notícias. Ele foi impecável, e ao final do dia, disse-me que nem parecia eu, que sempre sou tão focada...pois é, eu também tenho meus pontos fracos e meu irmão com certeza é um deles.

Walkiria sorriu e beijou-lhe a cabeça. Era tao bom saber que ela também tinha momentos de fraqueza. Era mais fácil lidar com alguém normal, as supermulheres assustavam e retraíam, ainda mais ela que se considerava tão cheia de defeitos. Uma mulher em construção, como diria Carla.

            -Tens como ir para lá, dar o apoio que ele e a mulher precisam?

            -Agora não...estamos em fase de concluir os trabalhos aqui, e em seguida tenho que ir a Londres para o fecho da missão. Tomara que minha sobrinha fique sossegadinha na barriga da Sara, e assim que ela nascer, estarei por lá.

            -Ela vai ficar. Depois quero ver fotos da menina dos olhos da tia.

Walkiria falou no impulso, embalada pelo momento de muita intimidade e descontração que reinava naquele espaço. No instante seguinte, sentiu-se quase boba a ponto de corar a face. Depois daquela passagem pela sua terra, provavelmente ela nunca mais saberia da italiana, quase espanhola e meio inglesa. Sorriu daquele pensamento e suspirou profundamente.

            -Estou com sono...muito sono...se dormir nas tuas pernas, não te importas?

Walkiria não respondeu, apenas moveu-se para ela se acomodar melhor.

            -Prometa-me...prometa-me...- A voz de Nahima saía muito baixa, quase um sussurro.

            -Hmmm?

            -Prometa-me...- Silêncio.

            -O quê?

            -Prometa-me que ficas aqui até eu dormir...profundamente...

            -Se eu me levantar tu acordas...

Nahima sorriu e deixou-se finalmente vencer pelo sono. Walkiria passou algum tempo ouvindo o silêncio, enrolando os cabelos de Nahima na ponta dos seus dedos e experimentado algo que definiria como sublime...é, a plenitude era sublime.

 

*****

Nahima abriu os olhos embalada pelo canto dos passarinhos nas árvores que circundavam a sua casa. Há quase três meses, essa era a sua rotina matinal. Uma rotina de sonho. Alongou os braços gem*ndo como sempre fazia e notou que não estava na cama. Walkiria! Num rompante girou o corpo e deu de cara com ela, sorrindo. Sorriu de volta. Escalou o corpo dela e beijou-lhe muito a face, o colo, a barriga. Encheu-a de beijos por toda a parte.

            -Paraaaa, eu tenho cocegas. Ai, para...- E ria sem parar tentando se esquivar dos beijos.

Rindo, Nahima parou os beijos soltos e aproximou-se dos lábios dela que foram invadidos num beijo intenso e ao mesmo tempo terno. Sempre era assim. Uma delícia. Viciante.

            -Bom dia! - sorria com os lábios, com os olhos e com o corpo todo.

            -Bom dia...conseguiste dormir bem?

            -O que achas? Devo estar com uma cara de bebé de tão relaxada.

Walkiria riu concordando.

            -Já tu, deves estar com raiva de mim...

            -Porquê?

            -Deves achar que não tenho uma cama nessa casa. Já perdi a conta das vezes que dormimos nesse sofá...

Walkiria riu alto.

            -Eu sei que tens cama e não tenho nada contra o teu sofá...poderia ser mais confortável? Talvez, um pouco maior para caber nossas pernas, sim...

Gargalhadas.

            -Meu bem, estou tão relaxada que nem percebi que ficamos com os pés para fora.

Risos.

            -Conseguiste dormir? Eu não te incomodei?

            -Dormi muito bem. Eu sempre durmo bem nesse sofá...e não me incomodaste em nada.

            -Que bom...eu queria ficar assim...aqui...o dia todo...

Riram.

            -Eu também, mas o dever me chama. Tenho que estar lá para o último dia do evento. Temos que fechar bem.

            -Sim senhora. Almoçamos juntas?

            -Claro! Não tens trabalho na aldeia?

            -Hoje meu trabalho é editar e isso faço sentada no sofá ou na minha cadeira de baloiço. - Disse com orgulho.

            -Oh vida difícil essa...alguma inveja é permitida?

Gargalhadas com beijos.

 

*****

O último dia do evento correu muito bem e sem direito a sustos de desavença conjugal de hóspedes exaltados. Walkiria e Greta receberam rasgados elogios de todos os participantes, que fizeram questão de avaliar com nota máxima o espaço. Walkiria que sempre era a mais stressada com o capricho e o resultado, pôde respirar aliviada.

A partir do encerramento do evento, grande parte do grupo permaneceria no hotel, mas agora como hóspedes e nessa vertente, Walkiria não se preocupava. Estava exultante e ao mesmo tempo com sensação de relaxamento profundo.

            -Sócia, vejo um alívio nesses ombros? - Brincou Greta.

            -Ah tu me conheces...ufa.

            -Vê lá se aproveitas esse fim de semana.

            -Como se na hotelaria eu pudesse me dar a esse luxo...

            -Oh Wiki, assim tu até me ofendes. Tira o resto do dia para relaxar. Eu dou conta, ou não?

            -Claro que sim. Eu tenho a melhor sócia. A Nahima ficou de passar por aqui para almoçarmos...

            -Ah, aproveita e sai para comer em algum lugar maravilhoso. Eu preciso dar um beijo nessa mulher.

            -Em quem? - perguntou Nahima que acabara de chegar.

Greta beijou-a efusivamente na face e abraçaram-se.

            -Falávamos de ti. Agora deixo-vos, porque preciso resolver algumas coisas. Sócia, não te esqueças do que me prometeste. - Piscou para Walkiria que não entendeu nada. Sua mente estava a mil processando ideias súbitas e exigentes de materialização.

            -Estou um pouco atrasada para o nosso almoço, mas acho que me contaminaste com tua obsessão por trabalho...me perdi nas horas...

Risos.

            -O trabalho ficou bom?

            -Sou suspeita e nada modesta, ficou maravilhoso.

Sorriram felizes.

            -O César e a crush dele me chamaram para almoçar numa vila sobre o mar em Santa Cruz. Eles estão numa animação que quase exaure minhas forças...ela então...

Gargalhadas.

            -Me concederam uma folga pelo resto da tarde. - Riu. - E pensei que podíamos ir dar um mergulho no Tarrafal. Querias tanto conhecer...

Nahima pulou no pescoço dela e abraçou-a com força.

            -A tarde toda?

            -Sim...o que resta dela. Queres?

            -Vamos no meu carro. Só preciso ir buscar um bikini e uma bolsa com algumas coisas. Pode ser?

            -Sim. Fazemos assim, eu arrumo minhas coisas e vamos juntas à tua casa e depois, Tarrafal.

Nahima pulou como uma criança arrancando risadas de Walkiria.

****

A viagem até ao Tarrafal, de mais ou menos quarenta minutos, foi feita ao som de muita música, risada e descontração. Completamente emocionada, Nahima deixou a direção ao cargo de Walkiria. Alegou que queria apenas apreciar a paisagem e dançar. Ligada no modo folga, Walkiria apenas concordou com tudo e alinhou completamente ao entusiasmo de Nahima.

A poucos minutos de chegarem à cidade do Tarrafal, tocava  In this life (Satin Jackets) e Nahima colocou parte do corpo para fora da janela e batendo a mão na lataria, ria e cantava a plenos pulmões. Walkiria ria e se encantava.

Tão logo pisaram na areia da parte mais reservada da praia do Tarrafal, Nahima arrancou a pouca roupa que vestia e correu para dar um mergulho. Ela pulava na água, completamente feliz e gritava por Wiki. Ela demorou algum tempo a mergulhar porque teve que atender a uma ligação.

            -Estás de folga, nada de atender solicitações do trabalho.

            -Não era do trabalho, mas se fosse, eu teria que atender. Lembra que sou dona...

            -É, tens razão. Desculpa. Quem era? Ah, que inconveniente...

            -Ficas mais linda ainda envergonhada...era a minha mãe, mas eu disse que ligava mais tarde. Não era nada importante...

            -Eu não sou essa pessoa intrometida...acho que estou atordoada com toda essa beleza e...

Walkiria puxou-a pela perna e ambas mergulharam. Emergiram aos risos e abraços.

Nahima foi mergulhar atrás de estrelas-do-mar e Walkiria voltou para a areia. Ao contrário de Nahima, preferia a areia e o sol à água cristalina.

Deitada de bruços, deleitava-se com o sol na sua pele. Há tanto tempo que não se permitia relaxar. Gemia de prazer e sorria ao ouvir não muito distante o salpicar da água a cada mergulho de Nahima.

Estava quase adormecendo quando suas costas foram invadidas pelo corpo molhado de Nahima. Sobre ela, beijava-lhe as costas, os ombros e com o peso do corpo, colava os corpos. Ela estava molhada, mas a sensação era de um calor, labaredas que subiam da ponta dos pés até à raiz dos cabelos.

            -James tinha razão...

            -Eu também gosto muito daqui, apesar de vir pouco...

            -Estou apaixonada por tudo. Muito feliz! - E se apertava ainda mais contra o corpo de Walkiria. -Posso pedir uma coisa? - Falava com a boca colada no ouvido de Walkiria que estava completamente entregue ao momento.

            -Hum-hum...aproveita que estou de folga.

Riram muito.

            -Vamos ficar aqui. Por favor...só hoje...quero ver tudo, ou quase...

            -Eu não posso...o trabalho...

            - Só hoje...está tudo controlado no hotel, a Greta está lá...por favor.

Num rompante, saiu de cima de Walkiria e correu para mais um mergulho. Atordoada, Walkiria tentou engrenar os pensamentos e o bater desenfreado do coração. Inebriada e deixando a racionalidade de lado, pegou o telefone e em dois minutos resolveu onde passariam a noite. Vendo Nahima sair da água e aproximar-se de onde estava, teve a certeza que agira da melhor forma. Tudo naquela mulher a encantava e se podiam passar algumas horas no paraíso, que mal poderia haver?

            -Pensaste com carinho na minha proposta? - perguntou segurando o rosto dela com as duas mãos.

            -Eu não pensei...agi no impulso, coisa que nunca faço...

            -Vamos ficar? - Olhos ansiosos.

            -Vamos! - Sorriso quase tímido.

O beijo que se seguiu, corroborou a decisão que acabara de ser tomada.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Bom fim de semana.

N Helgenberger


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Comentários para 17 - Capitulo 17:
Sione
Sione

Em: 14/12/2023

Walkiria, Nahima e Tarrafal, uma mistura de tirar o fôlego. 

Amando.


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 24/12/2023 Autora da história
Muito obrigada. Bjs


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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 16/05/2023

Mais um capitulo maravilhoso! Walkíria não poderia estar mais feliz - sucesso do evento no hotel e a presença inebriante de Nahima!

Lindas as fotos do Tarrafal! Uma delícia poder acompanhar a história, visitando virtualmente os lugares! Uma das coisas boas da modernidade... Tendo, então, a sua descrição dos momentos ali vividos, fica tudo perfeito - a gente se sente lá, participando da cena. Muito bom! A expectativa do que nossas duas queridas devem viver nesse maravilhoso lugar é enorme! Dessa vez, Walkíria agiu bem, ouvindo o coração. Só espero que tudo corra bem com a bebê que está para nascer. Nahima não merece notícia triste nesse momento.

Que a semana passe depressa!

Beijos,

Bruna


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 20/05/2023 Autora da história
Tarrafal é TUDO! rsrsrs
Muito obrigada.
Bjs


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thays_
thays_

Em: 16/05/2023

Lindas demais! <3 <3 <3


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 20/05/2023 Autora da história
Muito obrigada. Bjs


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patty-321
patty-321

Em: 15/05/2023

Elas estão se curtindo sem pensar no amanhã. Mas o sentimento tá crescendo e a Wiki tá se permitindo. Lindas.


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 20/05/2023 Autora da história
Muito obrigada. Bjs


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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 15/05/2023

O amor ??!


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 20/05/2023 Autora da história
Muito obrigada. Bjs


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Mille
Mille

Em: 14/05/2023

Olá autora 

E só momentos de amor, as duas juntas são lindas.

E teremos um dia só as duas.

Bjus e até o próximo capítulo 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 20/05/2023 Autora da história
Muito obrigada.
Bjs


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NovaAqui
NovaAqui

Em: 13/05/2023

Só love

Ainda bem que tudo correu bem

Bom final de semana 


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 20/05/2023 Autora da história
Muito obrigada. Bjs


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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 13/05/2023

Linda paixão das duas é tudo tão intenso com elas amoo


Nadine Helgenberger

Nadine Helgenberger Em: 20/05/2023 Autora da história
Muito obrigada :)
Bjs


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