Amada Amanda por thays_
Capitulo 22
Acordei no meio daquela mesma tarde com Amanda me beijando os lábios. Eu sorri sem abrir os olhos.
- Vamos acordar, meu amor? – Ela sussurrou. Segurei-a pela nuca, meus dedos em seus cabelos soltos. Seus lábios tinham gosto de café. Ela tinha se levantado e eu nem tinha notado, eu tinha apagado completamente. Abri os olhos. Ela estava sentada na beira da cama, já vestida.
- Nem almoçamos ainda... E você precisa tomar seus remédios. O que você quer comer? – Ela perguntou. Passou a mão suavemente em meu rosto e eu me aninhei na palma de sua mão, fechando os olhos novamente.
- Não sei, qualquer coisa. – Respondi. - Quer pedir uma marmitex na padoca da esquina?
- Já são quase três da tarde, não sei se ainda estão servindo marmita lá.
- Nossa... já são três horas? Eu dormi tanto tempo assim?
- Você apagou.
- Alguém me deixou cansada...
Ela sorriu, beijou meu nariz, depois meus lábios de forma doce, suave. Eu me sentei ao seu lado.
- Você me ajuda a chegar até o banheiro? Preciso urgente de um banho.
- Só se eu puder ir contigo.
- Deve...
Ela me ajudou a me levantar. Vi uma pequena mancha de sangue no lençol e aquilo me deixou um pouco constrangida. Tive certeza que Amanda também viu, mas não disse nada. Era isso. Tinha acontecido. E confesso que tinha sido mil vezes melhor do que um dia imaginei que poderia ser. Fomos até o banheiro, ela ligou o chuveiro. Abracei-a por trás, me segurando. Beijei seu ombro.
- A água tá quentinha, pode vir.
Encostada na pia para me equilibrar em um só pé, tirei sua camiseta, seu sutiã. Beijei seus lábios. Ela se livrou de suas últimas peças de roupa e entramos. Fiquei durante longos minutos debaixo da água apenas agradecendo a Deus por estar de novo em casa. Por estar tomando banho no meu banheiro. A água estava muito gostosa, muito quente e relaxante.
- Você quer sentar numa cadeira?
- Prefiro me segurar em você... é mais confortável.
Ela sorriu e me beijou. Ficou me olhando, como se quisesse dizer alguma coisa. Respirou fundo e então perguntou num tom de voz um pouco inseguro:
- Você está bem? Com tudo que fizemos?
- Estou.. Muito, na verdade… - Sorri desviando o olhar. - E você?
- Também. Quer dizer. Aquela história dos vários pensamentos ruins que começam a rondar minha cabeça quando tudo está bem demais, mas estou tentando não dar ouvidos a eles dessa vez.
- Sua disforia?
- Não. Sim. Não sei. Sei lá. - Ela parecia pensativa. - Eu confesso que queria isso há muito tempo... você não tem ideia... foi mágico... não poderia ter sido melhor...
- Mas...?
- Não tem um “mas”. Minha angústia é saber se você está confortável com tudo... quer dizer... você me disse que nunca tinha feito isso antes... ainda mais desse jeito que fizemos... a gente não pode ignorar que eu não sou uma mulher convencional...
- Não sei se você estava contando, mas você me deu três deliciosos orgasmos... - Beijei seus lábios. (E ela poderia me dar um quarto naquele chuveiro que eu não reclamaria) - Se você pudesse por um segundo estar dentro da minha cabeça pra saber tudo o que você me faz sentir, nunca mais se sentiria insegura comigo...
- Eu não quero soar rude, mas talvez você nunca entenda o que se passa na minha... do porquê sou assim... tão insegura...
- O fato de eu te achar maravilhosa não melhora um pouco?
Ela sorriu, correndo as mãos pela minha cintura.
- Melhora muito. Mas fico sempre pensando se você não estaria mais feliz se eu... não tivesse... isso... – Olhou pra baixo.
Eu não gostava quando ela referia a si mesma naquele tom. Era algo que me machucava.
- Não é ‘isso’ que me faz amar mais ou menos você... Eu me apaixonei por você por tudo que você é... Eu já te disse que amo você por inteira... Não te amaria mais nem menos se você tivesse outra coisa... Te amaria da mesma forma... Com a mesma intensidade... Acho que a única coisa que seria diferente é que eu ia ter mais destreza na cama... Não ia ter me sentido tão sem saber o que fazer nas primeiras vezes... Justamente por eu estar mais acostumada a me relacionar com mulheres cis... Acho que essa foi minha grande dificuldade inicial... Mas agora me sinto mais à vontade... Sinto que você se sente mais relaxada também... Antes parecia que ficava super tensa...
- Demais... Você não tem ideia... Eu tinha muito medo de como você ia lidar… com tudo… e você me surpreendeu. - Ficamos nos olhando. - Você é sempre tão compreensiva... Eu juro que jamais imaginei... Jamais... Que seria assim... Tão tranquilo… Eu não imaginava que fosse durar tanto... Que eu estaria aqui na sua casa hoje... Eu pensei que fosse ser coisa demais pra sua cabeça... Sabe? Que você não ia conseguir lidar comigo… Que fosse só fogo de palha…
- Fico feliz que eu tenha te surpreendido por uma coisa boa.
Amanda e eu terminamos nosso banho de higiene. Eu não ia aguentar ficar muito tempo me equilibrando em um pé só, mesmo que ela estivesse ajudando. Pedimos algo pelo Ifood, comemos na sala e passei o resto da tarde vendo-a resolver coisas do seu trabalho. Ela tinha um projeto para entregar e tinha que estudar para uma prova.
Dona Alzira apareceu em minha casa super preocupada comigo. Queria saber como eu estava, se eu estava precisando de alguma coisa. Trouxe alguns pedaços de bolo como sempre fazia, queria me ajudar com as coisas de casa. Eu disse que Amanda estava comigo, que eu não estava sozinha.
- Aquela moça bonita é sua namoradinha? – Ela perguntou.
Por mais que eu e ela tivéssemos certa intimidade uma com a outra, eu nunca falei nada sobre minha orientação sexual com ela. Na verdade, acredito que pela minha aparência ela presumiu que eu me relacionava com mulheres. E eu achei ótimo o fato de não precisar explicar nada para ela.
- É sim, dona Alzira.
- Fico mais tranquila por saber que tem alguém de olho em você. A velha aqui não ia conseguir sequer te pegar no colo se você precisasse de ajuda.
E nós rimos.
Eu fiquei um tempo lá fora vendo a tarde ir embora para ela poder fazer suas coisas. Jogando o patinho pro Tunico, sentada em uma cadeira de praia. A Mel ficou esparramada no meu pé.
Era engraçado às vezes, do nada, me vinha uma vontade enorme de conversar com Karen. De contar pra ela tudo que estava acontecendo. Contar sobre Amanda e que eu estava feliz como nunca antes. Se bem que, acredito que ela não entenderia muito bem o fato de Amanda ser trans. Talvez fosse a primeira a criticar ou a fazer piadas sem graça e extremamente desrespeitosas e machistas com isso. Ainda mais se ficasse sabendo de tudo que estava rolando entre nós na cama...
Ela não me daria sossego... Provavelmente eu não contaria mais nada de minha vida para ela. Talvez eu acabasse me afastando invariavelmente dela... Eu não ia conseguir lidar com tudo isso se ela ainda estivesse viva... Não sei se nossa amizade ainda seria tão forte quanto antes, porque eu defenderia Amanda acima de qualquer coisa. Acho que grande parte de todos os pré-conceitos que eu tinha, tinham se formado por conviver com Karen, que por mais que fosse minha amiga há muitos anos, era uma pessoa muito crítica, amarga e pessimista. Ou talvez tenha sido apenas um reflexo do que a depressão fez com ela, pois ela não era assim no começo de nossa amizade. Acho que eu sentia falta da pessoa que ela costumava ser, antes de tudo acontecer com ela.
Nos últimos anos ela estava sempre com um humor irritável... Tinha brigado com todas nossas amigas em comum e se afastado de todas elas. Costumava dizer a todos que eu era a única a qual ela nunca tinha arrumado briga. Na verdade, bem no fundo, ela era uma pessoa muito persuasiva e eu tinha muito medo de contrariá-la. Eu tinha muito medo de deixá-la brava. Ela exercia um poder sobre mim que eu até então não tinha pensado sobre. Então tentava ao máximo não ser mais uma pessoa a ser chata com ela. Eu tinha certo receio dela, mas ao mesmo tempo também entendia que as coisas não deviam ser fáceis pra ela pelo seu quadro emocional. Ela sempre tinha ido aos melhores médicos, psicólogos, mas nada parecia fazer efeito. Ela só ficava feliz quando estava chapada ou dopada. Ou os dois ao mesmo tempo. Era triste. Mas era real. Essa era Karen.
Eu voltei para dentro de casa quando já tinha anoitecido. Amanda estava arrumando sua mochila.
- Meu amor, eu vou chamar um Uber e estou indo pra faculdade. Não precisa me esperar acordada.
- Você vem dormir comigo, né?
- Venho sim, linda... Você fica uma graça toda manhosa desse jeito...
Ela beijou meus lábios, me abraçando, eu cheirei seu cabelo, seu pescoço. E ela foi em seguida. Eu logo fui me ajeitar no quarto já que não tinha mais nada pra fazer em casa. Percebi que Amanda tinha trocado a roupa de cama e a colocado para lavar. Tudo estava absolutamente arrumado e em ordem. Eu não via a hora de estar totalmente recuperada para poder retribuir a ela tudo o que ela estava fazendo por mim.
Minha mãe me ligou para saber se estava tudo bem, se eu estava tomando meus remédios. Meu irmão quis conversar comigo, disse que ainda estava esperando irmos comprar o skate para ele. Ele parecia mais calmo agora que eu estava em casa.
- Você não me contou, mas eu sei que você teve alguns problemas com a polícia. – Minha mãe falou séria. – Eu não contei pro seu pai, ele ia ficar muito decepcionado com você. Você tem um gênio muito forte... Se você não mudar, isso vai acabar te trazendo problemas irreversíveis. É isso que você quer? Você quer envolver a Amanda nisso?
- Não, jamais. – Eu respirei fundo. Fiquei pensativa. – Sei lá, mãe. Tinha um cara que estava enchendo o saco da Amanda na faculdade. Eu arrumei confusão com ele. A polícia disse que não tem nada a ver, mas acho que foi ele que provocou o acidente.
- Então foi isso que eu vi... – Ela disse como se as coisas tivessem se encaixado em sua mente.
- Eu estava pensando em fazer terapia, sei lá. Eu conversei com uma psicóloga durante o tempo que fiquei no hospital. Nem foi tão horrível quanto eu pensava que seria.
- Eu sempre me pergunto o que eu fiz de errado, filha...
- Como assim?
- Geralmente o problema sempre é a mãe.
- Mãe, você não tem culpa de nada.
- Será que eu fui muito ausente quando você era pequena? Será que eu trabalhava demais e te deixava muito tempo sozinha? Eu sempre ajudei tantas pessoas, mas minha própria filha eu não consigo...
- Mãe, você não tem culpa de nada. – Repeti. – Eu sou assim, só faz parte de mim.
Minha mãe ficou meio chorosa, logo disse que meu pai a estava chamando e desligamos. Depois liguei para o Rafa, contei que já estava em casa. Ele disse que estava planejando seu aniversário e que queria que eu estivesse bem para aproveitarmos.
Eu cochilei vendo um vídeo engraçado de gatinhos e acordei com os cachorros latindo e fazendo festa para Amanda. Ela tentava ao máximo fazê-los ficarem quietos. Eu não fazia ideia de que horas eram. Ela entrou no quarto, iluminando o chão com seu celular, ao sentar-se na cama apagou a luz. Estávamos na penumbra.
- Dormiu? – Ela perguntou baixinho. Senti seu corpo me abraçando por trás. Suas mãos em minha cintura, me envolvendo inteira. Eu amava aquela sensação.
- Como foi a prova? – Perguntei com voz de sono.
- Fui bem. Tava fácil.
- É porque você é muito inteligente...
Beijou meu pescoço. Suas mãos subiram por minha camiseta, indo até meus seios. Tombei a cabeça para trás, despertando no mesmo instante.
- Voltou animada, é?
- Muito... Não via a hora de voltar pra cá... To morrendo de vontade...
- Quem vê parece que tá um mês sem sex*... Que eu não to comparecendo...
- Engraçadinha.
Virei em sua direção, buscando seus lábios.
- Qual seu recorde de orgasmos em um só dia? – Ela perguntou.
- Cinco. E você?
- Três. Mas isso quando eu era adolescente...
- De qualquer forma temos uma boa margem...
Ela enfiou a cabeça por baixo de minha camiseta, abocanhando meu seio. Primeiro um, depois o outro. Quando menos percebi, ela já tinha se livrado de minhas roupas. Eu gostava quando ela tomava a iniciativa.
Eu já estava rebol*ndo em seu rosto pouco tempo depois. Sentia ela me puxando pelas coxas pra mais perto ainda... Me lambendo inteira... Senti então dois dedos entrando em mim... Prendia meu clit*ris em seus lábios, sugando, lambendo, sua língua subindo, descendo, em movimentos precisos. Eu já estava toda mole. Aquela junção de estímulos era muito gostosa... E quando digo muito, era muito mesmo...
Por que será que eu tinha tanto tabu em ser penetrada se era só mais uma forma do meu corpo sentir prazer? Estava descobrindo novas formas de goz*r. E além de tudo... Deixar Amanda ter o controle sobre mim era algo surreal. Tinha algo naquela entrega, uma sensação que nunca tinha sentido... Seus dedos entravam e saiam de maneira precisa, ritmada, em estocadas firmes que me fizeram estremecer em sua boca pouco tempo depois.
Ela subiu até mim, beijando meus lábios sedentos. Eu tinha aprendido a amar o sabor da boca dela misturada com meu gosto. Um beijo molhado, cheio de sentimentos, tesão. Ela logo foi se ajeitando entre minhas pernas enquanto nos beijávamos. Começou a se esfregar em mim, por fora. Com meus lábios de baixo a lambendo, beijando, molhando-a inteira com minha excitação. Entrelaçou-se a mim. Minhas mãos a seguraram pela bunda, apertando daquele jeito que sabia que ela gostava.
- Queria você de quatro pra mim... – Disse em seu ouvido. – Toda empinada.
Ela fez seu sex* deslizar pra dentro de mim com facilidade, eu grudei minhas unhas em suas costas. Gem*mos juntas.
- Ai Duda... Você é muito gostosa...
Começou a se mexer. Eu continuei falando:
- Queria te comer sabe aonde? Na cozinha... Você toda debruçada sobre a mesa... Seu rosto contra a madeira... Eu metendo forte…
Ela aumentou o ritmo, dominada pelo tesão.
- Vem um pouco mais pra cima. – Pedi.
- Ta te machucando?
- Não... eu só quero... – E estiquei meu braço, por trás, alcançando o que eu queria. O lugar que eu queria. Seu corpo amoleceu em cima de mim, sem forças, quando comecei a tocá-la ali. Ela enfiou a cabeça em meu pescoço.
- Ai amor...
- Oi gostosa.
- Eu não aguento assim...
- Ah não?
- Não...
- Mas você consegue goz*r assim? – Perguntei.
- O problema sou eu conseguir segurar…
- Mas quem disse que é pra segurar?
Ela gem*u como resposta. Seu corpo sem forças. Ela toda dentro de mim. Me preenchendo inteira de uma forma muito gostosa. Alcancei um lubrificante ao lado da cama e rapidamente facilitou meu trabalho. Seus gemidos aumentaram de proporção significativamente. Ela se mexia agora devagarzinho dentro de mim, mal conseguindo se sustentar.
Eu comecei a contrair minha musculatura, abraçando-a internamente. Acompanhava seu ritmo enquanto a massageava atrás. Como previsto, ela não conseguiu aguentar muito tempo naquela brincadeira. Senti ela se contrair em meu dedo e goz*r de forma demorada dentro de mim ao mesmo tempo, entregue, manhosa, única, deliciosa. Beijei sua cabeça, cheirando seu cabelo. Seu peito subindo e descendo. Ela praticamente desmaiada em cima de mim.
Ficamos ali, completamente inertes. Eu ouvia apenas sua respiração aos poucos se normalizando.
- Você acaba comigo... – Ela disse num tom quase inaudível.
Eu sorri satisfeita, beijei novamente sua cabeça, ela ainda dentro de mim.
- Eu nunca estive com ninguém igual a você... nunca... você me leva a lugares que... nossa....
- Preciso te dizer o mesmo...
- Eu sinto muito, mas não consigo me mexer... não vou conseguir fazer você bater seu recorde essa noite.
Nós rimos.
- Eu estou muito mais do que satisfeita, meu amor.
- Olha que é difícil dar conta de você...
Nós rimos novamente.
Ela então saiu lentamente de dentro de mim. Mordi os lábios.
(A sensação dela saindo era tão gostosa quanto a dela entrando.)
- Você é deliciosa, Maria Eduarda. Viciante.
Nos beijamos. Ela rolou para o lado, mas ainda continuou me abraçando.
- Eu amo você. – Ela disse baixinho, beijando meu ombro.
- Eu também te amo, meu amor.
Fim do capítulo
Pessoas lindas que estão me lendo. agradeço muito pelas visualizações de vocês. Agradeço imensamente a todxs que também que estão comentando, estou adorando interagir com vocês por aqui! :DDD
Comentar este capítulo:
Billie Ramone
Em: 27/04/2023
Eitaaaaa, se já tão causando assim com a Duda parcialmente imobilizada, imagina quando estiver de volta! ~~~~
tão ouvindo esse barulho É TABU ATRÁS DE TABU CAINDO, MINHA GENTE!!!!! :))))))))))))
thays_
Em: 27/04/2023
Autora da história
me divirto com seus comentários kkkk
Quero só ver quem vai segurar essas duas daqui a pouco... eu quem não vou ser kkkk
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Marta Andrade dos Santos
Em: 26/04/2023
Eita é muito fogo kkkkk
thays_
Em: 27/04/2023
Autora da história
Demais kkkkkk
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