Capitulo 15
-Walkiria, estás bem? Que despropósito é esse logo pela manhã?
-Ah, despropósito? Vais negar que estás embrulhada com o Gary? - Continuava aos berros.
-Eu não estou embrulhada com ninguém e não admito que fales nesse tom...- Discretamente, Greta fechou a porta do escritório. Ninguém precisava presenciar o destempero da sócia.
-Greta, esse hotel não passa de passatempo para ti, nunca tive outra espécie de ilusão, mas é a minha vida. Não admito que ninguém brinque com meu esforço, o sonho de uma vida.
-Walkiria, estás doida? Presta atenção nas asneiras que acabaste de dizer.
-Ah, vais desmentir? Isso para ti é capricho de menina rica e pelo meio vais tendo momentos de diversão...
-Não sei o que aconteceu contigo, mas claramente não estás bem.
-Eu já tinha notado o teu interesse no guia...
-O guia tem nome, é Gary! - Foi a vez de Greta gritar.
-Mas ele dirigindo o teu carro, foi a prova de que existe algo. Tu tens resistência a me emprestar o carro e ele dirigia como senhor e dono.
-Walkiria...
-E reparei nas noites que passei na tua casa que nunca estavas...nas duas noites, dormiste em qualquer lugar longe do teu quarto.
-E o que tens a ver com isso? Agora fiscalizas a minha rotina? Acho que já sou adulta o suficiente e meus pais estão na Suécia. - Ironizou.
-Não tenho rigorosamente nada a ver com a tua vida ou a de qualquer outra pessoa, mas se tuas loucuras me prejudicam, é claro que me importo e reajo.
-Onde é que minha relação com o Gary feriu os desejos de sua excelência, dona Walkiria?
-Ah, confirmas uma relação. Tu estás doida, Greta?
-Porquê?
-Lembras da última vez que inventaste uma paixão fulminante?
-Lembro sim, até porque não me deixas esquecer...uma coisa não tem nada a ver com a outra...
-Não? O que sabes sobre o Gary?
-E tu, o que sabes sobre o Gary? Eu respondo: ele é um guia estrangeiro que presta serviço ao teu hotel, a quem pagas menos do que pagarias a um nacional, primeiro porque é um pobre imigrante da Gâmbia e segundo porque sabes que ele aceita qualquer coisa, porque estar aqui em Cabo Verde é um privilégio se comparado com a realidade que deixou para trás.
-Não sei se lembras, mas quem contrata as pessoas aqui, és tu.
-Ah meu bem, nada aqui acontece sem o teu consentimento. Entre o Gary que claramente não exigiria nada e um local, preferiste o Gary. Porque será?
-O que estás a insinuar?
-Nada! Estou sendo muito clara. Tu não prestas atenção ao Gary, ele não existe. Aqui, eu percebo muito preconceito...
-Tu estás doida? Olha a asneira que estás a dizer...
-No teu caso é ainda pior. Tu não enxergas o Gary, nem ninguém. Vives obcecada por esse hotel, só isso te interessa. É uma frieza no trato com as pessoas que me impressiona. Parece que teu coração bate apenas por esse lugar...mas isso é apenas matéria, Walkiria.
-Estás a desviar o foco da nossa conversa. Não é sobre mim...
-Walkiria, eu não vou permitir que te intrometas na minha vida. Eu gosto de ti, admiro a tua força, mas tu estás morta para a vida e eu não.
-O que sabes sobre esse Gary?
-Esse Gary é um homem maravilhoso. Só outro dia ele se permitiu abrir a alguma possibilidade comigo. Ele morre de medo de julgamento, morre de medo de ti, de perder seu melhor emprego até agora. Ele tem bom caráter, é carinhoso á sua medida, é criativo, prestativo, tem um coração enorme, é amigo...eu gosto dele.
-Tu gostas dele? Como assim?
-Para mim ele é mais do que um pobre imigrante, alguém que quer se dar bem em cima dos outros, ou um usurpador de empregos alheios. Eu vejo o Gary, será que dás ao trabalho de ver alem de um mero serviçal que carrega os teus clientes para cima e para baixo e que faz pequenos arranjos no teu hotel?
-Sabes muito bem que minha preocupação é valida...e eu já disse que essa discussão não é sobre mim.
-Eu não posso pagar a minha vida inteira por um erro. Se não confias em mim...
-Greta, estás a ser infantil. Eu preciso saber onde estou a pisar, já disse e repito, estamos a falar da minha vida.
-É nesse ponto que nunca vamos estar em acordo. O que chamas de vida, para mim é apenas um trabalho. Eu o dignifico sim senhora, mas é apenas um trabalho. Eu mergulho nas coisas, nos sentimentos. Eu vivo à flor da pele, não me escondo do que sinto e sinto muito. Desculpa-me, mas eu sou intensa e não tenho vergonha alguma de ser assim e não vou mudar apenas para caber no teu protótipo de ser humano equilibrado.
-Greta, não estamos a falar de mim, porr*. - Gritou já sem paciência.
-E onde é que tu és equilibrada? - Seguia falando sem levar em consideração o que Walkiria dizia. - Tu vives um personagem, não permites sentir nada além do que é razoável. E que merd* de vida razoável é essa que vives? Eu não quero essa vida para mim.
-Assim fica difícil! - Esbravejou Walkiria sentindo o sangue subir-lhe pela face.
-Eu quero amar e ser amada. Quero viver um amor intenso, eu quero um companheiro para a vida, um pai para os meus filhos. Se já tive deceções? Claro que sim, mas porque eu permito que a vida desabroche em mim, que exploda em cada passo que eu dou. Eu sou puro amor e vou seguir na minha busca e desculpa se não peço a tua permissão para viver.
-Greta...
-Não tenho mais nada a dizer e nem quero ouvir nada. Parece que não nos restam muitas alternativas...
Saiu batendo a porta com uma violência que em nada fazia lembrar a personalidade calma de sempre.
-Vai, sua mimada. Inferno!
*****
Nem a briga com Greta conseguiu desviar Walkiria de seu foco principal, salvar as contas do hotel. Por estar muito irritada, mergulhou ainda mais no trabalho a ponto de pular o almoço e qualquer outra pequena refeição que pudesse fazer. Na realidade, tinha passado aquelas horas todas sem comer nada. Estava uma pilha de nervos, ainda mais que, tentara ligar para Greta e o telefone estava desligado. Elas precisavam agir como adultas. A conversa de mais cedo, não passara de um monólogo descontrolado da sócia. Ela parecia engasgada e vomitou tudo sem mediar as palavras e nem ponderar o que dizia. Precisavam conversar com calma. Além de sócias, eram amigas. Mais uma tentativa de falar com ela e nada. Os nervos estavam em ebulição.
Alguém bateu de leve na porta do escritório e ela suspirou sem paciência.
-Dona Wiki, trouxe os documentos do fecho do meu turno.
-Pode deixar sobre a mesa da Greta. - Respondeu sem tirar os olhos da tela do computador.
-Tem esse dinheiro que deixaram par o Gary, mas não sei qual é o procedimento correto...
-Dinheiro para o Gary? - Levantou o olhar e notou que a moça tinha algumas notas de euros nas mãos.
-Sim, todos os hóspedes que ele trouxe a salvo no outro dia, fizeram checkout hoje e deixaram gorjetas como agradecimento. Houve um casal que deixou uma nota de 100 euros...
-Hmmm...- A cabeça fervia.
- Eles pediram que entregássemos a Gary pessoalmente, mas ele não estava e esses não são nossos procedimentos. Sempre dividimos as gorjetas.
-Tu ajudaste a trazer os clientes sãos e salvos? - Exaltou-se. - Estiveste no temporal? Não que eu me lembre. Então o dinheiro é do Gary, porr*. - Gritou na cara da pobre funcionária que não entendeu nada.
-Desculpa dona Wiki, é que o Gary sempre faz questão de dividir as gorjetas, aliás nós sempre dividimos tudo, entre os guias e a receção...como faço?
-Deixa tudo aqui que depois eu entrego ao Gary.
-Sim...sim senhora.
A moça saiu arrasada e com lágrimas nos olhos. Walkiria jamais destrava os funcionários.
-Preciso sair daqui antes que afunde de vez esse barco. - Desabou na cadeira.
*****
Walkiria não se admirou e muito menos se recriminou ao se ver diante da aldeia de Nahima. Ela sabia ouvir e com certeza seria imparcial. Nem se lembrou da confusão que sentia em alguns momentos apenas ao olhar para aquela mulher. Baniu da sua cabeça a lembrança dos beijos intensos que trocavam, queria apenas alguém com quem pudesse conversar. Tomara que ela estivesse em casa...tomara, ou explodiria de ansiedade.
Chegaram quase juntas. Que perfeita coincidência.
-Olá...desculpa vir assim. Já pode ser considerado abuso? Excesso de intimidade?
Riram do drama de Walkiria.
-Acabei de chegar do trabalho e quero uma limonada e uma conversa leve na minha varanda. Achas que consegues me acompanhar? Só preciso fazer a jarra de limonada, lavar o rosto e as mãos e mudar de roupa. Consegues esperar?
-Esteja à vontade na tua própria casa.
Riram mais uma vez.
Walkiria sentou na cadeira de baloiço e ficou à espera. À medida que balançava o corpo, sua cabeça agitada ficava ainda pior. Passara o dia respirando Greta e Gary e pelo meio, um vendaval com todos os seus problemas ameaçava desabar sobre o seu já fragilizado emocional.
Nahima voltou para o pátio com toda a sua leveza e munida de uma jarra da melhor limonada. Conversaram amenidades até que ela, perspicaz como sempre, foi mais direta:
-Estás com algum problema mais sério?
-Eu tenho tantos - suspirou - parece que tendem sempre a aumentar. Que teste, meu Deus, que teste.
-Se estás aqui é porque queres conversar...ser ouvida, talvez...
-Sim, e desculpa se eu não fizer sentido. Sei que não és minha terapeuta que atura todas as minhas loucuras e procura algum senso no que digo, mas eu precisava conversar ao vivo...minhas amigas, ou as pessoas com quem posso conversar, estão longe...
-Tudo bem, pode abrir a sua alma e obrigada pela confiança.
Sorriu. Aquele sorriso que deixava Walkiria calma e sem receio de se expor...
-Estou com problemas sérios no hotel. Todos aqueles que já conheces e agora também com a minha sócia. Na realidade, o problema vem se arrastando e eu percebendo e fingindo que estava tudo bem...descobri na terapia que tenho essa característica, que empurro as coisas até que explodam e não tenha mais o que fazer, ou que espero sempre que a reação venha do outro, quando eu me sinto mal...enfim...
Respirou fundo tentando organizar as ideias e parecer menos desequilibrada. Nahima, notando o desconforto e o nervosismo, segurou-lhe uma mão entre as suas.
-A Greta, é a melhor sócia que eu poderia ter. Ela acreditou em mim, investiu muito dinheiro no meu sonho que passou a ser nosso, somos amigas, mas muito diferentes. Ela espera e quer coisas da vida que passam longe do meu radar e não mede esforços até conseguir o que quer. Ela às vezes é inconsequente e pode ser mimada também...filha única, enfim...eu preciso parar de fazer rodeios...
Nahima riu e apertou um pouco mais a mão dela entre as suas.
-A Greta sabe que não podemos ter qualquer envolvimento com empregados ou clientes. Clientes ainda pode haver uma brecha, se a relação acontecer fora das dependências do hotel. Funcionários, não há qualquer exceção à regra. Ela está tendo sei lá o quê com um dos nosso guias, apenas o melhor deles, o Gary. Problema duplo, tenho problemas com a sócia e perco o melhor guia...
Nahima arqueou a sobrancelha e não conseguiu cumprir com o prometido de apenas ouvir.
-E porque perderias o guia? O Gary fez alguma asneira no seu trabalho?
-Não...ele é impecável, mas não posso mantê-lo se a Greta permanecer com essa loucura de ter uma relação com ele.
-Qual é a posição da Greta?
-Apaixonada pelo guia. Já sonha em casar e ter filhos com ele...uma mimada que não sabe o que quer da vida.
-Porquê? Não acreditas que ela possa estar apaixonada pelo pobre guia?
-A Greta tem um dedo podre para escolher homens...
-Tu conheces o Gary? - O tom de Nahima estava levemente alterado, mas Walkiria não notou.
-Sim, ele é guia lá no hotel...
-Conheces a pessoa, Gary?
-Sei lá quem é ele? Ele não olha nos meus olhos quando trocamos duas palavras. Não sei o que ele quer, quais são as suas intenções?
-Desculpa, mas vejo alguma incoerência nesse discurso. Ele lida diariamente com os teus clientes, isso não te preocupa?
-Ele faz bem o seu trabalho, é sempre muito elogiado. Hoje mesmo, recebeu mais de trezentos euros de gorjeta. Isso é inédito...
-Então?
-Ah, Nahima, o fato de ser um bom profissional não implica ter bom carater.
-Cuidado, Walkiria. E mais, não és tu quem vai namorar com ele. Deixa essas questões para a Greta lidar.
-Tu não estás a entender, a Greta é inconsequente e se tem um homem de carater duvidoso, é lá que ela vai mergulhar.
-Tu não conheces o Gary! - Estava impaciente e já saltava aos olhos. - Há 5 anos não me conhecias e, no entanto, saíste comigo numa moto pela ilha do Sal...
-O que isso tem a ver com o Gary?
-Tem a ver com liberdade, com as pessoas fazerem o que querem das próprias vidas. Imagina se tivesses tido esse mesmo preconceito comigo lá atrás...
-Não é preconceito...é cuidado.
-Será que, não é? O Gary está numa posição em que é rotulado de aproveitador, alguém que está à espera para dar o bote na primeira milionária com o intuito de melhorar de vida. Ele é pobre, imigrante, desconhece a vossa cultura, vem de um país pobre da África...
-Essa conversa está a me incomodar...pobre eu também sou, tão africana quanto o Gary, meu país deve ser tão pobre quanto a terra do Gary...não é isso que está em jogo. Falas como se eu fosse preconceituosa, racista sei lá. Isso não faz sentido algum.
-Do pouco que te conheço, acredito que não sejas, mas nessa questão em particular, estás influenciada pela massa...é mais fácil julgar e crucificar o Gary do que...
-Não estou a julgar ninguém. - Interrompeu o discurso de Nahima já exaltada. - Eu não posso confiar em alguém que não me olha nos olhos, caramba,
-E já te perguntaste porque ele não te olha nos olhos? Conversa com ele...apenas Walkiria e Gary, esquece o vosso vínculo laboral...
-Eu não tenho tempo...
-Ou talvez, não tenhas interesse...
Walkiria soltou a mão que ainda estava entrelaçada às de Nahima e inquietou-se na cadeira.
-Permita que Greta cometa os próprios erros...quem sabe o Gary não te surpreende.
-Eu não posso permitir que Greta cometa erros que podem comprometer o meu sonho. Eu luto diariamente para ver tudo ir por água abaixo por causa das inconsequências da minha sócia.
- A Greta não é nenhuma irresponsável, e ela gosta de estar aqui, gosta do que construíram juntas e ela parece querer assentar, criar raízes por aqui.
-Com o nosso melhor guia? Alguém que ela não conhece, cuja verdadeira intenção desconhece.
-Será que ela não o conhece? O que sabes tu da vida da Greta? O que sabes da vida dela, fora do hotel? - Provocou. Queria que ela refletisse...
-Eu sei que ela dorme fora todas as noites, provavelmente em algum beco com o guia ou sei lá....
-Walkiria, cuidado com o que dizes...eu sei que não pensas assim...
-Tu não sabes nada. Falas como se conhecesses o Gary e não sabes nada da vida desse pobre coitado. Não conheces a Greta, não sabes de nada e ficas com esse ar de superioridade e ainda me acusas de coisas em sentido...o que vim fazer aqui?
-Somos amigos...
-O quê? - Arregalou os olhos.
-Sou amiga do Gary. Só não somos mais próximos porque como acabaste de dizer, ele é medroso, prudente, sei lá.
-Tu és amiga do Gary? Como assim?
-Ele foi prestativo desde nosso primeiro encontro no hotel que fiquei à chegada e que resultou naquela confusão. Depois veio aqui me ajudar com a cadeira de baloiço e...
-E o quê?
-Ele pediu segredo, mas acho que não cabe mais...
-Ah, ele pediu segredo...meu Deus, e eu que achava que conhecia as pessoas.
-Para de ser dramática. Não estamos a falar de ti. - Usou um tom mais firme.
-Ah não? Ok, prossiga. - Ironizou.
-Lembras da criança muito doente na aldeia onde trabalho? Pois é, o Gary frequenta essa aldeia e nos encontramos lá algumas vezes. Nessa ocasião, ele chamou uma senhora da sua terra, que também é imigrante, e ela operou um milagre na criança. Medicina tradicional, poderes ancestrais, sei lá, o que interessa é que a criança ficou bem quando não tínhamos mais esperanças. Eles só permitiram a entrada da senhora na aldeia porque confiavam no Gary.
-O que o Gary faz nessa aldeia?
-Se o conhecesses melhor, quem sabe não saberias... Ele pediu-me quase de joelhos que não partilhasse esse fato com ninguém com medo de ser julgado como feiticeiro ou coisa pior e perder o pouco que tem. Ele tem medo...
-A Greta deve saber de tudo...quem não sabe de nada, como sempre, sou eu.
-O Gary é um grande homem...permita...
-Nahima, estou esgotada. - Interrompeu completamente alterada. - Eu não sei de mais nada. Estou cansada de gente escorregadia...ah e tu ainda dizes que não julgas...porr*, eu fui crucificada nesse teu discurso de mulher compreensiva. Um grande foda-se para tudo isso. Vou embora...nem sei o que vim fazer aqui.
Num rompante, saiu batendo os pés com força no chão.
-Walkiria e as suas saídas em grande estilo. Foda-se digo eu.
Arremessou a cadeira de baloiço para longe, entrou em casa batendo a porta com violência.
*****
Voando com sua moto em direção ao hotel, Walkiria passou por um homem correndo em sentido oposto. Sua mente demorou a processar que era Gary, mas na mesma velocidade que vinha, virou e alcançou-o. A frase de Nahima martelava a sua mente, precisas conhecer o Gary. Estava numa mistura de raiva, incredulidade e outros tantos sentimentos, mas não pensou duas vezes em parar Gary.
-Gary? Não me digas que estás a fazer jogging? Esse calçado não ajuda...- tentou brincar, mas sentia-se tremendo de nervoso.
-Dona Wiki, boa tarde...quase noite. Não...estou atrasado para chegar na vila. Demorei mais tempo no hotel...a Diana pediu ajuda para consertar um vazamento...acabei perdendo a hora, mas se correr...
-Tens mais trabalho de guia a essa hora? Já é quase noite...
-Não senhora...é que hoje eu faço outro trabalho. Faço duas vezes por semana...posso ir? Eu já estou atrasado. - Ele estava aflito.
-Não tinha ninguém para te dar uma carona? A Greta?
-As meninas disseram que a Gre...que a dona Greta saiu mais cedo e ainda não tinha voltado. Posso ir? - Ele parecia aflito.
-Sobe na moto. Eu te deixo no trabalho. - Agia por impulso.
Ele demorou algum tempo a decidir se aceitava ou não, pelo menos foi a impressão de Walkiria, mas a realidade era que se sentia inseguro.
-Vamos Gary, ou queres perder o teu trabalho?
Ele subiu na moto e partiram em direção à cidade de São Domingos.
-Onde ficas, Gary?
-Nos armazéns Sousa e Aguiar, por favor.
Dois minutos mais tarde:
-Viva, Gary!
-Desculpa o atraso...
-Relaxa, homem. Tu nunca atrasas e 5 minutos não é atraso por aqui. Deixei-te pão e sumo de calabaceira lá dentro. Bom trabalho.
Walkiria observava a postura educada e servil daquele homem e sentia sua cabeça ferver.
-Obrigada, Dona Wiki. Hoje a senhora salvou o meu segundo emprego.
-Tu já nos salvaste tantas vezes, Gary. - Aquelas palavras saíram do seu amago e deu-se conta que talvez estivesse a avaliar mal a situação. - Amanhã, vá ao meu escritório assim que chegares no hotel. Tens clientes?
-Tenho...fiz algo errado? A senhora está chateada comigo?
-Não Gary! Estou muito satisfeita com o teu trabalho. Tens uma gorjeta de mais de 300 euros para receber.
-Eu? - Arregalou os olhos e levou uma mão ao coração.
-Sim...fruto da tua dedicação e profissionalismo. Amanhã falamos. Bom trabalho.
A caminho do hotel, Walkiria se questionava se seria a pior pessoa do mundo.
*****
Atrasada para o encontro com Greta, Nahima corria dentro de casa, tentando não esquecer nada que precisaria para o trabalho no resto do dia. Não estranhara o convite da sócia de Walkiria para tomarem café juntas, primeiro porque há tempos Gary queria promover um encontro fora dos domínios do hotel, e segundo, pela briga do dia anterior. Não era tão próxima de Greta, mas queria ser. Das poucas trocas que tiveram, gostou da sueca e sempre era uma forma de conhecer mais a intempestiva e muito atraente, Walkiria.
*****
-Peço desculpas pelo atraso, mas hoje tenho reuniões importantes na cidade e se esqueço um documento...
-Eu que agradeço teres aceitado o meu convite, de certa forma, inusitado.
Sorriram.
-Nem tanto...já conversámos no hotel e segundo Gary, podemos ser boas amigas. Eu gosto de novos amigos e acho que gosto de ti.
Riram.
-Eu sei que gosto. Tens ajudado tanto o hotel e és um suporte incrível para o Gary...as coisas fugiram um pouco do controle...acho que fomos ingénuos em acreditar que a Walkiria não perceberia...
-É, ás vezes temos a ilusão de que conseguimos disfarçar os sentimentos. Ainda não tinha tido a oportunidade de dizer, mas tens um gosto apuradíssimo para escolher parceiros. O Gary é tão maravilhoso...
-Olha que a Walkiria não aprova o meu gosto. - Sorriu. - Acreditas que tive ciúmes de ti?
-Sério?
Riram.
-Sim...ele fala de ti com tamanho entusiasmo e sabemos que Gary não é nada expansivo.
-Acho que nos conectamos...eu gosto de conhecer novas culturas, a forma de viver e estar de outras pessoas distante da minha realidade...a história dele é rica, ele é talentoso, educado, humilde...teimoso e receoso também.
Riram bastante.
-Ele tem medo, mas é aceitável...
-Sim, claro. Mas ele tem muito a mostrar e com medo, fica difícil...
-Eu sinto que poderás ajudar...
-Ah, mas não tenhas dúvidas. Ele é teimoso, eu sou mais e quando acredito em alguma coisa, não desisto fácil.
-Eu te chamei aqui logo cedo, não foi para falarmos do meu relacionamento com o Gary. Bom, de certa forma não deixa de ser para isso também, mas eu te chamei aqui porque temos outro elo em comum...
-A Walkiria! Ela foi lá em casa ontem e estava muito transtornada e a meu ver, equivocada.
Greta respirou fundo e encarou Nahima com um semblante sério.
-Nem tanto...nem tanto...
-Como não? Ela não admite que tenhas uma relação com o Gary, a impressão que dá é que tu és uma desequilibrada e ele um bandido. Mas como podes ser desequilibrada se és sócia dela? E o Gary que é um profissional elogiado? A Walkiria precisa organizar a cabeça...
-A Wiki não está de todo errada. - Suspirou, entrelaçou as mãos e encarou Nahima com o olhar caído. - Eu já fiz muita asneira e uma delas, quase faliu nosso negócio. Eu sou diferente dela, eu preciso ter alguém, quero minha família, meus filhos e gosto de romance. Já fui muito ansiosa e carente e confundi muita coisa...tens tempo?
-Tenho, não se preocupe comigo. Quando eu precisar ir, eu aviso.
-Um pouco antes da pandemia, eu me envolvi com um rapaz que me virou a cabeça. Ele parecia saber exatamente todos os meus pontos fracos, na realidade eu me expus, estava apaixonada e cega...as intenções dele não eram as melhores...mergulhei de cabeça nesse romance de conto de fadas, tudo orquestrado nos mínimos detalhes...a Wiki precisou ir às pressas acudir a mãe que vive na Alemanha e aí veio o primeiro lockdown, ela não conseguiu regressar. Eu não me orgulho do que fiz...
-O que aconteceu?
-Completamente doida, eu deixei o hotel nas mãos do meu então namorado. Quase não tínhamos clientes novos, mas tínhamos um grupo que ficou aqui retido quase dois meses até conseguirem regressar ao seu país. Recebíamos quantias consideráveis das operadoras...a Wiki, por estar ausente, enviou uma procuração que me dava plenos poderes para movimentar nossas contas. - Suspirou e mordeu a boca. - O bandido era tão ardiloso, que ele conseguiu me ludibriar e em pouco tempo, todas as contas estavam sob a sua alçada. As retiradas foram substanciais e eu demorei a perceber que algo estava errado, aliás eu não percebi nada, fui alertada pelo gerente...tardiamente, mas ainda a tempo de suspender a última tramoia...se hoje estamos em dificuldades e precisando desesperadamente de um milagre, é por causa das minhas atitudes imponderadas.
Nahima ouvia aquele relato e começava a entender a reação de Walkiria. Fazia sentido, ainda mais que o hotel era a vida dela.
-Quando descobri o que estava a acontecer e sabendo que Wiki jamais me perdoaria, eu corri para pedir socorro ao meu pai. Precisava cobrir o buraco antes que ela percebesse. Meu pai, pela primeira vez na vida, não passou a mão na minha cabeça. Eu me desesperei e vendi alguns bens que tinha na altura, pouca coisa, se comparado com o dinheiro que os meus pais têm. Mas de nada adiantou, a Wiki é perspicaz e percebeu tudo, até porque o hotel estava negligenciado, com mau aspeto...tive que contar tudo. Quase fechamos o hotel, o outro conseguiu viajar sem que pudéssemos fazer alguma coisa, até porque a culpa tinha sido minha. Esse episódio abalou a nossa amizade e a sociedade, mas conseguimos superar. A Walkiria, normalmente, separa bem as águas. O foco era reerguer o hotel e só isso importava, até que...
-Até que apareceu o Gary...
Ela sorriu, mas era um sorriso triste.
-Vivi reclusa por algum tempo. Não tinha vontade e sobrava medo. Aprendi muito com minha experiência traumática...analisei bastante o Gary...
-Ele não tem nada a ver com essa figura que relataste.
-Eu sei que não, mas para a Wiki, eu sempre vou me envolver com pessoas duvidosas. Quando ela me conheceu, eu vivia loucamente...enfim...
-Ela acha que o hotel é apenas um capricho teu, diversão...que logo cansas e vais embora. - Tentava entender um pouco melhor as intenções de Greta.
-A Walkiria acha que só ela tem amor ao que faz, que só ela vai dar o sangue pelo hotel, não tem nada a ver. Temos formas diferentes de reagir, mas eu quero muito que tudo dê certo, quero ficar aqui e acho sinceramente que tenho lutado com todas as armas para tal. Foi mais difícil para mim, é mais difícil, porque venho de uma realidade diferente...fui muito mimada e de certa forma criada sem muitos limites, por isso eu prezo tanto essa minha sintonia com essa mulher, ela me ensina tanto. Mas é cabeça dura, teimosa e dona da verdade...
Nahima sorriu, concordando com a cabeça. Acrescentaria mais umas tantas características abonatórias, mas no momento era melhor ficar quieta.
-Eu vou precisar ficar um ou dois dias ausente. Vou para uma pousada em São Miguel, preciso reorganizar a minha mente e traçar uma estratégia para convencer a cabeça dura que não vou abrir mão do Gary e que ele é gente boa. Queria pedir que fosses lá mais tarde...
-Ao hotel?
-Sim...eu imagino que ela não deva estar com muita vontade de te ver.- Sorriu e Nahima riu alto. - Mas não concebo outra pessoa capaz de dobrar aquela turrona. Tu gostas dela, não gostas?
-Sim...claro.
-Eu sei que sim. Eu vejo uma amizade bonita entre vocês e sinceramente nem sei como ela permitiu que chegasses tão perto. Peço-te por favor que a acolha. Conheço a Wiki, ela deve estar atordoada, ainda mais que brigou contigo também.
-Não brigamos...ela se exaltou e foi embora...é, talvez eu tenha me precipitado um pouco...
-Ela deve estar uma pilha de nervos. Consegues passar no hotel?
-Tenho uma reunião do projeto na praia daqui a pouco, depois mais um encontro com um amigo e devo estar de volta à tarde. Passo no hotel para falar com ela.
-Muito obrigada! Acho que o Gary estava certo em querer que nos encontrássemos fora do hotel.
Riram juntas, concordando.
*****
No tumulto daquele dia sem Greta no hotel, Walkiria entendia um pouco mais o motivo de tê-la como sócia. Greta era calma, sempre resolvia as coisas com tranquilidade, coisa que nem sempre ela conseguia fazer. Já tinha melhorado bastante sua veia explosiva e intempestiva, mas ainda tinha um longo caminho pela frente.
-O que foi agora? - Não aguentava mais os funcionários batendo na porta do escritório. Tinha passado quase todo o dia enfiada dentro daquelas paredes, algo raro de acontecer, mas precisava organizar as ideias e para isso, tinha de estar sozinha.
-Dona Wiki...a aula de yoga...
-Chama a Greta.
-Ela está com o telefone desligado...hoje temos aula cheia, 10 participantes e parecem muito interessados...
-Eu não sei fazer yoga! Alguém aqui sabe?
-Acho que não...o que fazemos?
Walkiria bufou e olhou de um lado para o outro sem saber o que fazer. Ouviu-se uma leve batida na porta do escritório e ela inconscientemente, clamou por um milagre.
-Olá, boa tarde!
Nahima! Nem em sonhos ousaria pedir por aquela presença.
-Queria chamar-te para correr um pouco, mas parece que cheguei na hora errada.
-Chegaste na melhor hora e sim eu acredito em milagres.
Nahima e a funcionária não entenderam aquele rompante.
-Podes ir, Luísa. Já resolvo o nosso problema...
A moça foi embora sorrindo e visivelmente aliviada.
-Tens tempo para correr?
-Nahima, o que achas de salvar a vida de uma mulher desesperada?
Nahima riu do gesto de Walkiria. Ela não estava com raiva, que bom. Que mulher surpreendente.
-Que mulher?
-Eu! Por favor, dê uma aula de yoga aos meus clientes. Por favor.
-Eu faço pilates...
-É a mesma coisa...
-Não é...
-Eles vão ficar felizes com pilates, tu és perfeita nessa pratica...por favor.
-Ok...agora?
-Sim. Tens 10 alunos à tua espera no lounge. Vieste com roupa adequada e tudo...milagres acontecem. Obrigada, meu Deus. - Pulou de alegria já encaminhando Nahima para a saída.
-Vim buscar-te para uma corrida...
-Amanhã corremos até o Pico se quiseres, mas agora, salva a minha vida.
*****
A meio da aula de pilates, Walkiria se arrependeu da ideia maluca que tivera de participar. Num momento raro de ceder a impulsos, que se pensasse bem, nem eram tão raros assim ultimamente, decidira participar da aula de Nahima. Primeiro porque queria que ela se sentisse mais confortável, segundo porque a terapeuta sugerira praticas de alongamento para dirimir as crises de ansiedade e havia ainda uma terceira razão cujo sentido parecia-lhe de difícil alcance. Entrou na aula, ela já ia a meio, mas teve tempo suficiente de perceber que uma hóspede não parava de provocar e chamar a atenção de Nahima. Pedia auxílio em todas as posturas e seduzia a professora descaradamente. Poderia julgar a moça? Jamais! Nahima se movimentando nas posturas era um delírio, um convite a viagens alucinantes por caminhos que...
Além do incomodo pela ousadia da hóspede, alguma coisa mexeu com seu emocional. De repente, sentiu-se vulnerável, precisando de abraço, afago, todo o stress dos dois últimos dias ganhou força. Parecia que todo o acúmulo de emoções gritava para ser ouvido. Chegou ao ponto de controlar-se para não gritar. Se arrependimento matasse...
Não esperou um segundo após o agradecimento e saiu dali. Queria ficar quieta no seu canto e respirar...
-Ei, onde vais com essa pressa toda?
Nahima estava atrás dela, e corria, literalmente.
-Vou para casa. Não quis atrapalhar a minha hóspede que estava encantada pela professora...
-Hmmm, então é isso...- Sorriu.
-O quê?
-Nada de especial. Queria convidar-te para jantar...beber um copo, algo assim...
-Hoje não...estou muito cansada e com a cabeça fervendo de preocupação. - Continuou andando apressada em direção ao loft.
Na porta de entrada do loft, Walkiria percebeu que Nahima continuava atrás dela.
-Tu não desistes?
-Não e sabes porquê? Sei que não queres que eu desista. Tua boca diz uma coisa e teus olhos te contradizem.
-Meus olhos...tu estás doida...
-Vamos entrar, vou fazer um chá. É ótimo depois do pilates. A propósito, adorei a tua presença na aula.
-Já avisei que estou péssima. Vou ficar muda no quintal. - Entrou em casa e foi direto para o quintal.
-Não te preocupes, consigo ver beleza até nessa tua má disposição.
-Tu não tens é vergonha na cara.
Riram alto.
Enquanto preparava o chá, Nahima observava a inquietude de Walkiria no quintal. Ela parecia carregar o mundo nos ombros, tanto que estavam descaídos. Acompanhou os seus movimentos quase arrastados até que ela se sentou na borda de uma espécie de banco e deixou as pernas balançando no ar. Com as chávenas nas mãos, caminhou até ao parapeito e sentou-se imediatamente atrás dela.
-Teu chá. - Estendeu-lhe a chávena encostando seu tórax nas costas dela. Walkiria sobressaltou-se e girou o corpo intempestivamente.
-Aiiiii - Gritou e segurou um dos pulsos.
-Queimei-te? Desculpa...
-Não...esqueci da tatuagem...eu já esqueci umas 10 vezes desde a hora que fiz...
-Fizeste uma tatuagem? - Nahima segurou-lhe o pulso e notou uma tatto recente, ainda avermelhada e coberta com pomada e uma leve proteção. - Permita-se...que lindo. - Sorriu.
-Eu sou tão doida, ou estou completamente desorientada, que no meio do caos do meu dia de hoje, eu saí para tomar ar e fiz uma tatuagem. Passei uma hora fora do hotel, ou um pouco mais e voltei com uma tatuagem.
-Tem um significado...além do obvio?
-Outro dia tu me disseste isso...ouço sempre...fiz no impulso...
-Vamos beber o chá, antes que esfrie. - Uma emoção galopante invadiu-a. Era novo e intenso...aquela mulher tinha esse efeito. Precisava mudar de assunto.
-Gostaste da minha tatuagem?
O olhar dela...
-Permites que eu te beije?
Não esperou a resposta. Aproveitou do sobressalto dela e beijou-lhe a boca com vontade. Queriam a mesma coisa. O beijo que começou intenso e abrasador, foi ganhando contornos de calmaria, descoberta, encontro. Sorriam a cada encontro perfeito das línguas, riam a cada tentativa de se tocarem evitando que o líquido quente derramasse sobre suas peles.
-Tu és muito doida e me enlouqueces...preciso de calma, ir com calma...- Suspirou Walkiria girando o corpo e puxando Nahima para grudar nela.
-Toda a calma que me for possível...mas agora não consegui evitar...- Abraçou-a por trás e Walkiria aconchegou-se. Permaneceu. - Preciso pedir desculpas. Nossa conversa ontem foi dura e fui injusta.
Relatou a conversa com Greta e explicou ao pormenor a sua amizade com Gary, garantindo no final que ela não tinha razões para se preocupar com o carater do rapaz.
-A Greta está bem?
-Está e ela vai voltar para conversarem e juntas encontrarem um novo ponto de partida.
-Eu não sou preconceituosa e não tenho nada contra o Gary, apenas zelo por algo que construi com tanto esforço e que já foi quase destruído.
-Eu entendi e tens toda a razão. Mas não te preocupes com o Gary...
-É, parece que só eu não tive a chance ainda de morrer de amores pelo guia da Gambia. - Riu. - Acreditas que deixaram uma gorjeta de mais de 300 euros para ele?
-Ele merece isso e muito mais.
-Bom, voltemos ao meu foco, até porque se eu não me reerguer, pelo menos aqui, o Gary não recebe mais um vintém.
Nahima riu ás gargalhadas.
-Preciso dinamizar esse hotel e não ria, é sério. - Ela mesma ria da sua mudança drástica de assunto. - Meus problemas pessoais não podem tornar-se protagonistas, pelo menos não agora.
-Vamos fazer a sala de eventos? Eu sugeri isso há algum tempo, mas parece que não aprovas a ideia...
-Eu achei a ideia maravilhosa, aliás, como tudo que sugeres. Mas tens noção da confusão que tem sido a minha vida? Minha cabeça cada hora toma uma cambalhota mais aparatosa que a anterior. Mas estás certa, preciso focar no que é importante...
-A tua vida pessoal também é...
-Eu sei, mas a minha vida pessoal vai fluir assim que meu hotel estiver nos trilhos.
Nahima sorriu e apertou-a um pouco mais entre os seus braços.
-Eu sou obcecada, não sou? Meu Deus, como sou obcecada, mas eu gosto tanto desse lugar, do hotel, do meu trabalho...quero muito crescer, e acho que exagero na dose...
-Eu não te considero obcecada. Focada sim, determinada e muito apaixonada pelo que fazes e isso é tão bonito...encantador. Sabias que eu invejo a tua praticidade?
-Sério?
-Hum-hum...é estimulante conviver com alguém como tu...
-Vamos fazer a sala de eventos.
Riram alto.
-Vamos! Mas será algo com diferencial. Sala de eventos a maioria dos hotéis têm. Vamos....
-Nahima, calma. Eu não tenho dinheiro. - Interrompeu-a.
-Nem vais precisar de tanto...tenho boas ideias e já disseste que confias em mim...
-Meu Deus, tenho até medo...
-De mim? Como assim se estás nos meus braços? Completamente entregue e relaxada.
Walkiria simulou que queria sair, mas aproveitou para aconchegar-se ainda mais naqueles braços quentes e acolhedores.
Entre risos e planos, a noite caiu no vale.
Fim do capítulo
Para quem gosta de capítulos mais curtos, sorry, me empolguei rsrsrs
Para quem adora capítulos maiores, enjoy.
Com amor,
Nadine
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brunafinzicontini
Em: 29/04/2023
Preciso pedir desculpas à Walkíria: plenamente justificável sua preocupação com o envolvimento de Greta com Gary. Eu jamais imaginaria que Greta tivesse sido tão ingênua a ponto de deixar os negócios nas mãos de um rapaz que não conhecia bem. Foi uma infelicidade que prejudicou demais a situação do hotel e teria sido mesmo motivo de um rompimento drástico entre as sócias. Até que Walkíria foi bondosa, aceitando continuar a sociedade com Greta, pois, sem dúvida, seria caso para um rompimento definitivo.
Bem, felizmente, Gary parece ser um rapaz de outra estirpe e, graças à Nahima, Walkíria está conseguindo enxergar melhor os fatos – mas estou curiosa como ela a respeito do fato de Gary não a olhar nos olhos...
Interessante o encontro entre Greta e Nahima. Creio que a italiana conseguirá ser de grande ajuda para colocar as coisas nos devidos lugares e ainda conseguirá impulsionar o movimento no hotel. Surpreendente a atitude de Nahima, aceitando dar uma aula de pilates, esbanjando encanto entre todos – e provocando até ciúme em Walkíria.
Aproxima-se o momento da partida de Nahima e ainda estamos em grande expectativa sobre seus próximos passos e curiosos a respeito da vida dessa mulher fascinante. Quando conheceremos sua história?
Grande abraço, Nadine! Com amor,
Bruna
Nadine Helgenberger
Em: 06/05/2023
Autora da história
O Gary não olha nos olhos porque é tímido e por se sentir de certa forma, não pertencente. Ele tem medos, é meio subserviente, enfim...
Nahima é leve, eu adoro gente assim e graças a Deus que na minha vida real, conheço algumas bem parecidas :)
A parte do ciúme foi bem a lá Wiki kkkkkkk, ela é tão doidinha, adorooooo.
Sobre Nahima, mais se saberá e de forma leve como só ela sabe ser...
Muito obrigada, Bruna.
Bjssss
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thays_
Em: 27/04/2023
Até paro de respirar quando essas duas se beijam... coisa mais linda
Nadine Helgenberger
Em: 06/05/2023
Autora da história
Não é? A sintonia aí é boa.
Muito obrigada.
Bjsss
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Marta Andrade dos Santos
Em: 24/04/2023
Eita! agora vai.
Nadine Helgenberger
Em: 06/05/2023
Autora da história
Deve ir rsrsrs
Bjs e muito obrigada.
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NovaAqui
Em: 23/04/2023
Tantas informações
Porém
Greta deu um chega para lá em Wiki. Merecido
E Nahima mostrou quem é Gari
Capítulo bem revelador
Wiki precisa dar logo para Nahima kkkkk ela precisa liberar o estresse
Boa semana
Abraços ![]()
Nadine Helgenberger
Em: 06/05/2023
Autora da história
Rsrsrsrsrsrs precisa dar né? Leia o 16, quem sabe não deu...
Muito obrigada.
Bjs
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Nadine Helgenberger Em: 06/05/2023 Autora da história
Ela é obcecada sim kkkkkkk, oh se é.
Tem muito mais delas por aí, pelo menos até a final que não deve tardar.
Bjs e muito obrigada