Capitulo 14
A vida no hotel entrou num frenesi, com a chegada de grupos novos e com demandas diferentes, o que levou Walkiria a embrenhar-se ainda mais no trabalho. Sempre fora seu suporte e alavanca para a vida, mas, apesar de toda a entrega, percebeu-se num emaranhado emocional com uma intensidade quase atrofiante. Trabalhava como uma louca, o que normalmente lhe anestesiava a mente e os problemas, e, no entanto, ao final do dia, o mundo sempre lhe caía em cima. Isso, quando não se sentia tentando se equilibrar numa corda bamba sobre o mar profundo e bravio. Precisava de ajuda. Precisava seriamente de ajuda e não se fez de rogada. Não adiantava mais resistir ou minimizar suas questões, mais cedo ou mais tarde, tudo explodiria na sua cara.
Não se reconhecia mais. Seus medos ainda eram os mesmos, mas os desejos, completamente diferentes. Sua vida em slow motion e com tudo definido, de repente parecia um carnaval de emoções. Não se entendia, não cabia em si, nada fazia sentido.
Nas primeiras sessões, que eram quase diárias, descobriu-se vivendo num plateau emocional, mas que na realidade era pura fantasia, um verdadeiro escamotear de emoções.
Á medida que avançava na tentativa de se alcançar, ficava ainda pior. A sensação era que estava soterrada sob várias camadas e que a cada tentativa de levantar os escombros, suas feridas ficavam em carne viva. Segundo a especialista que a atendia, seria intenso, mas a liberdade que chegaria no futuro, faria tudo valer a pena.
Não pensava no futuro, queria apenas ter um presente mais calmo. Quem a visse, quem prestasse atenção apenas no físico dela, diria que tudo estava bem. Até ela tinha acreditado nisso...ou talvez nem tanto, mas era comodo levar a vida como estava. Alguma coisa, que ainda não conseguira identificar, despertara muitas dores que dormiam profundamente e que de repente a tolhiam.
Os dias passavam, ela continuava a trabalhar, mas pouco interagia. À Greta, inventou a desculpa que estava com problemas familiares, aos funcionários não dizia muita coisa, até porque com eles não havia muita troca, nada além do estritamente necessário. De Dália nunca mais soube, ou melhor, ouviu dizer que tinha viajado. Nada novo, ela vivia mais no mar e nos ares do que em solo firme. Precisaria colocar um ponto final naquela história, mas não tinha pressa e nem iria atrás dela. Sua terapeuta não concordava muito com aquela resolução, mas ela não sentia qualquer motivação para encarar aquela sensação de atrofiamento que lhe caía em cima diante daquela mulher. Precisava trabalhar as emoções, mas cada coisa no seu ritmo.
"Precisas amar, assim vais entender o que é o amor, só assim terás a capacidade de identificá-lo vindo na tua direção."
Essa fora a frase de fecho da última sessão. Dita com uma voz doce, num tom meigo e com um sorriso apaziguador. O efeito? Exatamente o contrário. Como amar? O que era afinal amar alguém? No auge dos seus 35 anos, tinha alguma vez chegado perto disso? Precisava de muita análise...
Na sua busca por entender-se, tentou isolar o efeito de Nahima na sua vida. Na sua cabeça, era como se existisse um mundo confuso, onde todos os seus problemas coabitavam e se digladiavam, e outro mundo paralelo, onde existia Nahima e todas as suas cores...
Há medida que foi avançando na terapia, entendeu que existia apenas um mundo...
Nos dias mais turbulentos, não se encontrou com sua amiga cheia de cores e vida. Ela estivera no hotel por duas vezes, mas trabalhara apenas com Greta. Soube pela sócia que ela viajaria a trabalho por alguns dias. Era melhor assim...exatamente para quem, não sabia, mas era melhor assim...
*****
-Ei, finalmente consigo falar contigo.
-Ah, não me digas que estás com saudades, logo tu.
Riu.
-Até estou, mas sei que a minha vizinha tem o espírito livre e que não pousa muito tempo no mesmo lugar. Será que ainda voltas para a Serra? - Brincou.
-Eu sei que minha companhia para vinhos e boa conversa, é maravilhosa, mas o drama não te cai nada bem. Será um personagem novo?
Riram juntos.
-Brincadeiras à parte, voltamos ontem do Fogo, e agora vou passar mais dois dias aqui na Praia a pedido do meu amigo César. Vamos para a Cidade Velha. Estou muito entusiasmada, afinal não conheço e é um lugar histórico.
-Tudo a ver contigo.
-Tudo! Acho que não vai ser apenas lazer...não entendi muito bem, mas parece que ele quer minha opinião sobre algum trabalho, sei lá...amanhã saberei melhor. E nossa Aldeia, linda e pacata como sempre?
-Maravilhosa! Só sentimos a tua falta...
-Tu e as árvores?
Riram.
-Fui lanchar no hotel da Walkiria e lá todos sentem saudades tuas...
-Não falei mais com a Walkiria...acho que ela não está nesse rol de pessoas carentes de Nahima.
-Não estive com ela...estava a trabalhar. Pelo que entendi, ela não tem feito outra coisa.
-É bom e ela gosta...
-Parece que tu também estás a seguir o mesmo caminho...trabalhas tanto que esqueces dos amigos...
Risos.
-Será que fui contaminada?
-Espero que sejas contaminada por outros vírus...
-Hmm?
-Ah, já ia me esquecendo o motivo dessa ligação...
-Não era por saudades?
Riram.
-Também, claro. Tu sabes que és cativante, mas não é para te elogiar que liguei. Preciso falar contigo, mas eu sou das antigas e prefiro cara a cara. Nada de telefone, chamada de vídeo...nada disso. Quero-te aqui, á minha frente.
-Aconteceu alguma coisa?
-Ainda não, mas poderá acontecer...
-James...
-Acalme-se mocinha, só quero ter umas horinhas contigo.
-Meu Deus, será que me materializo na Aldeia?
Risos.
-Exagerada! Quando voltares conversamos com calma...ainda ficas mais tempo por aqui?
-Mais algum tempo...se precisas apenas de algumas horas, posso dar-te até alguns dias.
Gargalhadas.
-Devo ir hoje ao Tarrafal. Há dias que estou com esse plano e sempre vou adiando...
-Vosso lugar de amor...
-Nosso lugar de amor e que bom que não te esqueceste das histórias desse velho. Preciso mergulhar no cenário para reavivar memórias e assim despejar tudo na tela do meu computador...
-Que lindo! Consigo sentir a tua emoção daqui...
-Sim...muita. Conheces o Tarrafal?
-Ainda não...mas está nos planos...
-Não deixe de ir. Quem sabe não passe a ser um lugar especial para ti...
-Quem sabe...
*****
Apesar de raramente as tempestades atingirem com violência o hotel, Walkiria estava preocupada com as previsões meteorológicas. Eram totalmente confiáveis? Claro que não, mas as nuvens gigantes e negras que cobriam a serra, eram prenuncio de muita água.
A localização do hotel era privilegiada e mesmo com muita chuva, as enxurradas nunca chegavam perto. Agradeceria sempre ao pai de Greta que era especialista em terrenos e sabe lá mais o quê, e definira que aquela propriedade era a melhor a ser adquirida. Grande decisão. Enquanto nos arredores, quando a chuva vinha, os estragos eram quase sempre significantes, a Pedra passava sempre ilesa.
A chuva começou a cair com alguma intensidade e logo iniciaram as providencias dentro do hotel para preservar os hóspedes e o espaço.
-Dona Wiki, dona Wiki! - Luís gritava esbaforido.
-O que foi, Luís? Estás todo molhado.
-Desculpa por molhar a farda, mas...
-Ei, ninguém está se importando com a farda. O que aconteceu? Pareces aflito.
-Temos um grupo de turistas no Pico de Antónia. Eles partiram logo cedo e o sol brilhava...demoraram a dar o alerta de tempestade e quase nunca chove...
-Quem é o guia?
-Gary!
-Já ligaram para ele?
-O telefone não funciona e nem os aparelhos dos hóspedes. Temos o contato de alguns...
Walkiria respirou fundo e ligou para alguém. Luís ficou especado à chuva. Falando ao telefone, ela o puxou para dentro do escritório. O rapaz tiritava de frio.
-O que foi, dona Wiki? A sua cara...
-As previsões não são nada animadoras. O mundo está a cair lá no Pico...
-Meu Deus...Gary e os hóspedes...
-Calma, Luís. O Gary tem sido muito profissional...
-Dona Wiki, as tempestades no Pico são intensas, tudo desaba e a enxurrada desce com violência lá para baixo...é complicado...aqui, a senhora não tem noção do que é uma tempestade no Pico. Nós estamos a salvo, mas e eles? E o Gary?
-Calma Luís. Vai lá ver se há novidades enquanto eu resolvo algumas coisas aqui rapidamente e já vou lá para a frente. Conseguiram guardar tudo do lounge?
-Sim, está tudo seguro e os hóspedes que não saíram, estão a curtir a chuva da varanda dos seus quartos, totalmente seguros.
Assim que o rapaz saiu, Walkiria voltou a olhar para o telefone que estava nas suas mãos. Seu coração batia numa frequência que ameaçava deixá-la sem ar. Não podia acontecer nada com os hóspedes e nem com seu guia. Não podia. Assim como não podia acontecer nada com Nahima. Ela estava ausente da Serra havia bastante tempo, mas precisava garantir que não regressava justamente num dia de temporal. Num primeiro instante achou estranho que o pensamento tenha ido imediatamente para ela, mas não deu importância. Não era momento de conjeturas e sim de ação. O telefone tocou algumas vezes e o coração acelerava, á mistura vinha uma angústia latejante.
-Ei, onde estás? - quase gritou tamanha era a ansiedade.
-E eu que achava que nem lembravas mais de mim. São saudades? - Nahima ria.
-Onde estás? Não temos tempo para brincadeiras. Agora não!
O tom era tão sério que Nahima imediatamente entendeu que não se tratava de brincadeira.
-Estou na Cidade Velha. Voltei do Fogo ontem e vim para cá com o César. Devo voltar amanhã...aconteceu alguma coisa? Pareces nervosa.
-Está a chover na Cidade?
-Chuva branda e gostosa. Porquê?
-Fique por lá, ok?
-Porquê?
-O mundo está a cair por esses lados e não sei como é que estão as coisas mais abaixo na tua aldeia.
-Tu estás bem? Tudo bem com o hotel?
-Sim, tudo bem. As chuvas nunca causam grandes estragos aqui...
-O James...podes por favor ver se ele está bem? Ele tinha dito que ia viajar ao Tarrafal, mas não estou certa se foi, ou não...
-Tudo bem, vou ligar agora. Não voltes para cá, ok?
-Sim...avisa-me quando for seguro. Achas que as águas podem invadir a minha casa?
-Acredito que não porque estamos na mesma linha. Vai ficar tudo bem com a tua casa. A minha preocupação é com as estradas...
-Eu vou ficar aqui. Segura.
-Ok! Preciso desligar. Tem muita coisa para resolver por aqui, tenho hóspedes e um guia fora do hotel.
Nahima quase perguntou como ela ainda tinha tido tempo para se preocupar com ela, mas Walkiria tinha pressa. Era claro o seu nervosismo.
-Tchau e cuide-se.
-Tchau...obrigada e cuide-se também. Vai ficar tudo bem.
Walkiria desligou e suspirou de alívio. Pelo menos ela estava bem...
Respirou fundo e correu para perto do lounge, não se importando com a chuva que caía com alguma intensidade. Pelo caminho, lembrou que tinha de saber a localização de James. Voltou para dentro e ligou. Estava tudo bem com ele, em paz no sol de Tarrafal. Menos um problema.
No lounge, a agitação tomava conta de todos. Greta, que normalmente era sempre muito calma e controlava muito bem a ansiedade, estava claramente nervosa. Com a face vermelha, ela mordia freneticamente a ponta dos dedos.
Walkiria ligou para várias pessoas que podiam dar o ponto de situação nos lugarejos perto do Pico, que era onde a trilha passava, mas nenhuma informação era concisa. O nervoso crescia e já tomava conta de todos do hotel.
-Wiki, costuma ter deslizamento de pedras? Estou aflita...
-Aqui não chove muito, tanto que nem lembras da última chuva mais forte...
-Acho que foi logo que abrimos....
-Sim, no início do segundo ano. Naquele ano houve muitos estragos materiais, mas nenhuma perda humana...
-Wiki...estou desesperada...
-Calma, respira. Tu que me ensinas essas técnicas e agora não aplicas à tua própria pessoa? Se tivesse acontecido algo mais grave, já saberíamos. A chuva amainou um pouco por aqui, deve ter diminuído no Pico também...
-O Gary é excelente guia...eu sei disso, mas será que ele sabe como contornar uma situação como essa?
-Vamos confiar. Eu confio plenamente em ti e és tu quem contrata os nossos guias.
Greta respirou profundamente e não disse nada. Aquela frase soou-lhe estranha. Talvez estivesse a delirar...talvez...
Viveram mais alguns minutos de pânico no hotel, até que uma voz gritou de forma efusiva:
-Olha o Gary, o Gary voltou. Graças a Deus!
Todos correram para a entrada do hotel, onde Gary e mais sete turistas chegavam, ensopados, mas vivos. Ele, aparentava algum desconforto, talvez receio de alguma coisa, mas os turistas eram pura alegria e elogios à sua prestação. Narraram a aventura como uma das maiores maravilhas já vividas e enalteceram a presença de espírito do guia. Walkiria, pôde finalmente respirar aliviada. Sugeriu que todos os hóspedes fossem tomar um banho quente e pediu chá e algumas guloseimas para cada quarto como forma de amenizar o ocorrido. Ninguém estava chateado, pelo contrário, mas ela primava sempre por superação. No meio do frenesi, notou o semblante de Greta mudar drasticamente com o regresso de Gary são e salvo. Ela chegou a tocar-lhe, discretamente, mas não o suficiente para escapar à sua veia observadora. Tinha alguma coisa ali, só pedia aos céus que não fosse mais confusão. Já não aguentaria mais nada que exigisse muito de sua mente já tão baralhada.
A chuva agora caía mansa e temperada e no hotel tudo estava em ordem. Walkiria procurou por Gary e foi informada por Greta que ele tinha ido embora.
-Queria conversar com ele, saber de todo o ocorrido...
-Amanhã ele estará aqui de novo e nos reunimos...hoje, o pobre homem estava extenuado...
-Faço ideia...ele foi brilhante. Preciso conhecer melhor o nosso guia da Gambia.
Greta apenas maneou a cabeça afirmativamente. Ela parecia em transe.
A aparente paz, foi quebrada de forma abrupta. O dia não estava nada propicio à monotonia.
-Dona Wiki, Greta, o Humberto está aflito lá fora...
-Quem? - Walkiria não fazia a menor ideia de quem o funcionário referia.
-É o novo gerente do hotel da Dália. - Esclareceu Greta.
-O que ele quer?
-Ele está desesperado e eu não entendi muito bem...
-Calma, Artur. Peça que ele venha até ao escritório.
O rapaz, realmente aflito e não era para menos, pedia socorro à Pedras do Vale. Uma tromba de água tinha invadido o hotel e eles estavam com sérios problemas. Teriam de realojar alguns hóspedes e já tinham esgotado todas as opções.
-Gostaríamos muito de ajudar, Humberto, mas estamos lotados. - Esclareceu Greta.
-Precisam alojar quantas pessoas?
-Um casal, dona Walkiria. Só nos resta um casal e não sei mais o que fazer...a Dália viajou e...eles estavam tão felizes e são tão pacatos...
-Precisas alojá-los por quantos dias? - Walkiria parecia pensar rápido
-Apenas dois...
- Greta, podes me hospedar por dois dias? Eu posso ceder o meu loft. Só preciso de algum tempo para deixar tudo em ordem e tirar alguns objetos pessoais.
-Mas Wiki, e as tuas coisas? A tua tão apreciada privacidade? Ah, claro que podes ficar lá em casa.
-Minhas roupas, que não são muitas, coloco em malas e guardo aqui no escritório. Meus livros estão todos aqui...os objetos pessoais eu levo para a tua casa.
-Tu és surpreendente, Walkiria. - Greta sorriu admirada.
-Pagamos a dobrar. Como gerente, faço questão. Essa ajuda é providencial e dos céus...
-Como queiras. Agora preciso deixar o loft apto para os teus clientes. Ah, Greta, sou eu e o Zuri. - Sorriu.
-Todos bem-vindos!
Um pouco mais tarde, a sós com a sócia que seguia admirada pelo desprendimento dela, Walkiria fez questão de lembrá-la de um episódio de quando iam abrir o hotel e houve um atraso na entrega da obra. Atraso curto, mas de significativo impacto no trabalho delas.
-Lembro sim. Tivemos que adiar a inauguração em uma semana e nossos primeiros hóspedes chegaram na data prevista. Foi um quase caos...
-Isso, só não tivemos um grande problema porque nossos parceiros ajudaram. Nossos primeiros 7 hóspedes, ficaram em hotéis vizinhos e deu tudo certo.
-É nosso momento de retribuir...se bem que tu, pelo menos ao hotel da Dália, fazes boas ações a cada duas semanas.
Riram.
-Se não me atrapalha, eu vou sempre ajudar.
-Deve ser por isso que eu gosto tanto de ti e sempre vou ter certeza de ter escolhido a melhor sócia.
-Ah, para. Vou arrumar as malas num canto aqui e seguimos para a tua casa. Estou cansada e preciso de um banho e de uma chávena de chá fumegante. Ah, espero não te atrapalhar...
-Deixa de ser idiota. Vai ser um prazer te alojar.
*****
Na primeira noite em casa de Greta, Walkiria percebeu que sua atitude intempestiva tinha deixado sequelas. Nada de grave, mas na corrida para deixar o loft impecável para os clientes de Humberto, esquecera seu chá da noite. Era um ritual que raramente deixava de cumprir, seu momento de prazer e desligamento dos problemas. Esquecera o chá e consequentemente o sono não vinha. Na realidade, ele não vinha por diversas razões, mas atribuiu o fato principal à falta do seu chá. Passava das três da manhã, e apesar do cansaço considerável, vagava pela casa de Greta. Na cabeça, a falta de chá e no coração uma sensação de tempo se esvaindo. Não fazia sentido, mas sentia-se perdendo alguma coisa. Quase acordou Greta para conversarem madrugada adentro, mas desistiu por considerar que seria abuso a mais. Afinal, já tinha mudado a rotina dela...
Perto das quatro da manhã, ainda às voltas com a falta de sono, mas na cama, ouviu um barulho que lhe chamou a atenção. Na ponta dos pés, foi tentar ver o que acontecia. Ficou admirada ao ver Greta entrando em casa àquela hora. Então, ela nunca estivera por ali em suas horas de insónia...estranho.
Na noite seguinte, sua última fora de casa, teve a confirmação de suas suspeitas. Viu claramente quando Greta chegou em casa, passava das seis da manhã. Passara a noite toda fora. Deu-se conta, que ultimamente não sabia nada da vida da sócia. Teria razões para se preocupar? Respirou fundo e pensou que precisaria abordá-la. Precisaria de tato, coisa que nem sempre tinha...Greta era adulta e ela não se metia na vida de ninguém, mas um passado nem tão distante assim, demandava uma atitude...
*****
Walkiria saiu da igreja onde acabara de assistir a uma reunião e surpreendeu-se pelo dia maravilhoso lá fora. Até entrar na reunião, estava ainda tudo um pouco nublado e agora o sol brilhava e as cores pareciam muito mais vivas. Respirou fundo e de olhos fechados, deixou-se acariciar pelos raios do sol. De repente sentia-se mais bem-disposta e com vontade de fazer algo diferente. Voltar para o hotel não estava nos planos, ninguém precisaria dela naquele horário. Olhou de um lado para o outro e a vila inteira parecia sorrir-lhe. Não que as pessoas estivessem prestando atenção nela, mas tudo parecia no lugar, leve e mais encantador. Num daqueles rompantes que raramente aconteciam, ela decidiu visitar Nahima sem se anunciar. Poderia quebrar a cara, claro, mas arriscaria. Não sabia muito bem o que a impelia àquela atitude, mas sabia que gostava da leveza da espanhola e mais, gostava da forma como se via diante dela. Confuso, mas não estava para muitas conjecturas. Queria aproveitar o final de tarde ensolarado e nada mais.
-Ah, devo me lembrar que ela não é espanhola e sim italiana. Mas é irrelevante, não vou me casar com ela. - Riu de si mesma.
*****
Assim que se aproximou da casa de Nahima, Walkiria viu a sua figura inconfundível do lado de fora. Ela parecia entretida a arrumar alguma coisa. Ao chegar mais perto, viu que ela limpava a mesa da entrada e colocava flores no vaso de centro. Sentiu uma vontade tão insana de correr até ela, freada apenas por uma névoa de bom senso. Sorriu e acelerou os passos. Gostava dela e não tinha tempo para muitas viagens mentais, não naquela tarde de sol a pico.
-Olá...- Sorriu.
Nahima virou e sem dizer uma única palavra, acolheu-a num abraço carregado de afeto. Tinha saudade também e uma ânsia que se manifestou na pele toda arrepiada.
-Ainda bem que antecipaste a minha ação...
-Não entendi...estás bem?
-Muito bem! Eu estava a terminar aqui para voar até ao hotel...queria saber se estavam bem, se a tempestade não tinha causado estragos...
-Passamos quase incólumes. Algumas imprevisibilidades, mas todas sanadas sem maiores atropelos. E aqui? Pelo que vejo não tiveste grandes problemas.
-Nada! Só tive que limpar alguma lama aqui na entrada, varrer folhas caídas e pronto. No interior da casa, ninguém diz que houve tempestade por aqui.
-Estamos na mesma linha. Abençoada porção de terra onde a chuva não causa estragos.
Sorriram e perceberam que ainda estavam abraçadas. Walkiria soltou-se, mas segurou as mãos de Nahima entre as suas.
-E o James?
-Ainda no paraíso. Ele disse que preciso lá ir...
-Concordo! Sinto que vais adorar...
-E quando pensas convidar-me para irmos juntas? - Ela sorria, aquele sorriso que deixava tudo sempre leve e com um ar de brincadeira, mas os olhos gritavam outra coisa e Walkiria era bastante observadora...
-Vamos sim. Eu sou apaixonada pelo Tarrafal.
Sorriram.
-E eu posso saber onde a senhora tão maravilhosa assim? Claro que não foi para me ver que ficou mais linda ainda...
Riram e Walkiria sentiu sua face corar.
-Fui numa reunião na igreja...
-Ah, entendi. Estás linda...mais linda. Nunca te vi tão...
-Séria - riu. - O padre exige.
-Estás linda. Foste marcar o teu casamento?
Riram às gargalhadas.
-Ainda não foi dessa vez...vou ser madrinha de batismo da filha de uma funcionária. Tem todo um protocolo a seguir e por aqui os batismos são grandes eventos.
-Quando será a festa?
-Daqui a três semanas...já terás ido embora?
-Acho que não...vais convidar-me? Eu gosto de coisas diferentes e se me dizes que é um evento...
-Convido sim. Vamos dar uma volta? - Walkiria experimentou um redemoinho no peito com a alusão à partida dela. Mais cedo ou mais tarde, isso aconteceria. Era momento de aproveitar o presente...indicações da terapeuta e que seguiria à risca.
-Vamos, claro! Mas eu vou assim? Tu estás perfeita e eu com esse short jeans velho e rasgado e essa tshirt básica.
Walkiria olhou-a de cima a baixo com um olhar de aprovação. Passou-lhe pela cabeça alguns pensamentos que não envolviam roupa alguma, mas atirou-os para longe. Era mais sensato.
-Não tem dress code para onde vamos e estás linda...como sempre.
-Então vamos! Adorei a surpresa e o convite.
*****
A caminho do destino escolhido por Walkiria para curtirem o final de tarde, Nahima teve que parar o carro por alguns minutos para falar ao telefone com o irmão. Eles falavam em italiano e numa velocidade que não permitia a Walkiria entender quase nada. Realmente ela era italiana. Sorriu com aquele pensamento. Não entendia quase nada, mas notava-se a alegria de Nahima que quase pulava do assento do carro e ria muito feliz. Houve um momento em que ela gritou de alegria e ao olhar para Walkiria seus olhos brilhavam e tinha algumas lágrimas.
-Eu vou ser tia. Eu não acredito, vou ser tia. - Gritava feliz.
-Parabéns!
-Não é novidade, mas é que a Sara estava com algumas complicações na gestação, mas agora está tudo controlado e minha Alana vem aí. Eu já te contei que eles moram no Brasil?
-Não...
-Moram há dois anos e eu ainda não fui visitá-los. A Sara é brasileira e meu irmão, que é diplomata e estava destacado no Brasil, apaixonou-se e acho que não sai mais de lá. Se bem que ela também é diplomata, então, podem morar em qualquer lugar. Estou tão feliz!
-Conheces o Brasil?
-Sim e adoro. Ia sempre quando mais jovem. Férias na Argentina com familiares do meu pai e sempre eu e o meu irmão passávamos alguns dias, ora no sul do Brasil, ora no Rio de Janeiro. Conheces?
-Não, mas tenho curiosidade.
-Podemos ir juntas...quem sabe um dia...
-A tua empolgação é contagiante.
-E meu exagero quando gosto de alguma coisa é...
-Contagiante! Já estou a um passo de ir na minha agente de viagem e marcar minhas próximas férias ao Brasil.
Riram muito.
*****
A escolha de Walkiria, que agradou absolutamente Nahima, era uma pousada rústica bem no interior e a caminho do Tarrafal. O lugar era lindo, no meio da mata e cercado do verde mais luxuriante daqueles lados. A decoração do café que ficava num espaço mais alto da pousada, era toda colorida. Serviam os melhores cocktails de fruta com e sem álcool e o espetáculo cultural era sempre o diferencial que encantava.
Havia um grupo de mulheres cantando e tocando nas próprias pernas como se fossem instrumentos, enquanto outras dançavam. Walkiria explicou a Nahima que se tratava das batucadeiras e que era uma expressão cultural bem típica do interior da ilha de Santiago. Turistas se divertiam e arriscavam dançar com as eximias moças que faziam malabarismos com os quadris, enquanto pareciam delirar com os sons arrancados pelas demais artistas sentadas e num autêntico frenesi de ritmos. Não demorou muito para Walkiria arregaçar a manga de sua camisa e sentar-se junto às mulheres que faziam o som e também entregar-se ao momento de prazer. Ela parecia em transe e Nahima não perdeu a oportunidade de fotografar o momento. Nunca tinha visto nada tão visceral em forma de arte e a performance de Walkiria era um verdadeiro delírio. Não perdeu nenhum detalhe, tanto que não lhe passou despercebido o encantamento escancarado de uma turista por Walkiria. A mulher filmara a performance do início ao fim e assim que começaram os aplausos, esgueirou-se para junto dela. Walkiria sorria e Nahima sabia o poder daquele simples ato, não fosse ela própria uma vítima. Agiu no instinto que muitas vezes a surpreendia, ainda mais quando o assunto era a cabo-verdiana.
-Vamos? Já anoiteceu e não domino muito bem essas estradas...
-Claro! Estou doida para chegar em casa...
O seu temor de que Wiki quisesse ficar era infundado. Respirou de alívio. A mulher ainda insistiu em alguma coisa que não conseguiu entender, mas Walkiria saiu pela tangente.
No carro, quase chegando ao hotel, Nahima brincou com a situação da mulher no café. Precisou mesmo dizer alguma coisa, porque Walkiria viera o trajeto todo em silêncio. Ela parecia distante...
-Wiki, causando estragos nos corações forasteiros. - Sorriu.
-Hmmm?
-Estás bem?
-Não te importas de parar o carro, por favor?
Nahima manobrou o carro e parou. Walkiria abriu a porta, desceu e encostou-se na lataria. Sem saber muito bem como reagir diante daquela atitude, Nahima resolveu sair do carro e aproximar-se dela lentamente. Aparentemente, estava tudo bem.
-Desculpa se fui inconveniente...
-Sobre o quê?
-A brincadeira com a estrangeira que se encantou contigo...
-Ah, isso...eu nem prestei atenção à mulher. Depois que me recompor dessa tempestade emocional em que me encontro, vou passar muito tempo sozinha. - Desabafou.
-Estás a referir à tua namorada?
-Eu estava a viver tão fora de prumo que nem sei dizer-te que tipo de relação tenho, ou tinha, com a Dália. Mas não me faz bem...me dei conta da pior forma que não me faz bem...sinto-me perdida, desencontrada com a realidade...
-Gostas dela?
-Nahima, não sei se gosto de mim, como posso gostar de outra pessoa?
Aquela frase, proferida do amago, causou um desconforto tão grande em Nahima, que instintivamente abraçou-a. Não estava preparada para aquele desabafo...ou estava?
-Eu gosto de ti...muito. - Era verdade e nem sabia ao certo porquê. Mas será que eram necessários motivos para se gostar de alguém?
Walkiria gem*u no abraço e fundiu-se ainda mais nele.
-Acho que tive uma leve crise de ansiedade...pensamentos desconexos tomaram conta da minha cabeça e precisei de ar. Ainda bem que não estava sozinha...ainda bem que estava contigo...
-Respira...estou aqui...
Aquela simples frase refletiu um dos motivos da crise de Walkiria...o tempo escoava, mais cedo ou mais tarde, o vislumbre do que poderia ter sido, esvaneceria...
Respirou profundamente e foi sacudida por um tremor da cabeça aos pés. Não estava nas suas melhores fases, definitivamente. O abraço acolhedor, quente e carregado de tudo o que precisava, provocou uma vontade de verter uma enxurrada de lágrimas. Com muito esforço, segurou-as. Afinal, era isso que fazia tão bem...
-Todos nós temos fases menos boas...às vezes são alavancas para nos redescobrirmos. Tu és tão maravilhosa...uma mulher incrível...permita-se sentir e transbordar...
-Qualquer sentimento? - Nos olhos tinha uma confusão apaixonante. A vulnerabilidade poderia ser excitante, poderia ser um elo indestrutível.
O inevitável aconteceu na forma de um beijo que misturava ternura, tesão e descobertas. A dança harmoniosa das bocas, rapidamente deu lugar a uma entrega sôfrega, uma busca desenfreada por algo que latej*v* nos corações pulsantes e vibrava em cada partícula dos corpos. As mãos passeavam ávidas enquanto os corpos se moldavam e contorciam em busca do ápice. Walkiria afastou-se um pouco e olhou o semblante de Nahima. O desejo gritante era lindo. A entrega sem ressalvas, inebriante. Apesar de toda a confusão mental em que se encontrava, aquele segundo pareceu-lhe o caminho certo. A trilha que queria percorrer, sem se importar com o ponto de chegada...quanta loucura...mergulhou sua língua naquela boca quente e doce, que delicia...que encontro...perfeição. Queria permanecer, a recetividade era afrodisíaca, mas seus demónios acordaram aos berros. Desvencilhou-se do abraço, experimentando uma dor singular. Mais uma novidade.
-Preciso ir embora. Desculpa a minha insanidade...num minuto eu decreto que estou doida e preciso de paz, ficar longe de confusão e no instante seguinte, me entrego ao beijo mais...desculpa...sigo a pé a partir daqui...desculpa...
Nahima não teve forças para reagir. Estava atordoada, enfeitiçada...apaixonada.
*****
A poucos metros da entrada principal do hotel, a já perturbada mente de Walkiria, ganhou mais subsídio para se atormentar ainda mais. Sem que fosse notada, viu Greta e Gary deixando o hotel, cúmplices, íntimos e sorrindo. O ápice da cena, foi ver o guia tomando as rédeas da direção do carro da sócia. Eles foram embora sem imaginar que ela estava algures pelos arbustos. Greta de paixoneta com guia, era só o que faltava.
Horas mais tarde, dentro das paredes do loft, Walkiria lutava com preocupações de vária ordem. As horas passavam, o amanhecer estava próximo e ela não tinha pregado o olho. Sentia-se confusa, quase encurralada. Não era momento para Greta perder-se nos seus devaneios sem sentido, nem era momento para sentir o que a invadia quando olhava para Nahima. Ela iria embora em pouco tempo e aquela constatação parecia ao mesmo tempo ser sua salvação e sua pior angústia. O hotel estava com problemas sérios...seu foco deveria ser salvá-lo...e era.
Apertou a cabeça entre as mãos ao se lembrar de como tudo nela despertava diante daquela mulher. A vida explodia no seu melhor...
-Por que ela é tão leve? Nunca daria certo...ela é leve...ela é do mundo...eu sou complicada, nem sei o que quero...
A terapeuta já tinha previsto que ela entraria em crises parecidas, e segundo ela, seriam providenciais. Para quem? Sentia-se perdendo o pouco juízo que tinha...
*****
Desde antes das sete horas sentada no escritório e depois de quase um litro de café, Walkiria viu pelo vidro da janela sua sócia chegando. Vinha alegre, mas não podia adiar mais aquele assunto. Não podia adiar mais nada, pensar que as coisas se resolviam por si só.
-Wiki, bom dia! Hmmm, já vi que temos problemas, tuas olheiras não mentem. Mais problemas com o hotel? - Ela sorria, bem-disposta.
-O problema aqui és tu e vais me dizer se há razões para eu me preocupar ou não. - Gritou ficando de pé.
-Walkiria?
-Desde quando estás embrulhada com o guia? Que falta de profissionalismo, Greta. Que falta de bom senso...ainda mais com o teu histórico. - Vociferou.
Fim do capítulo
Quase não sai, mas com esforço sempre se consegue alguma coisa. Boa leitura.
Nota: a vocês minhas queridas leitoras que sempre comentam a minha história, prometo responder aos comentários do capítulo 13 no decorrer dessas semana. Estou sem tempo, mas vocês merecem meu retorno. Sempre.
Boa semana a quem passar por aqui.
Com amor, Nadine.
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rebarlow
Em: 22/04/2023
Que capítulo!!
Realmente a Walkiria me deixa atordoada.
Mas vamos que vamos, curiosa para saber o que vai acontecer agora que a Nahima está com os dias contados para ir embora. Eu não teria forças para resistir a essa atração que explode entre elas, mesmo com todos os grilos que a Wiki tem.
Sempre a sua espera no tempo que for... É sempre prazeroso quando você respode os comentários.
Beijos
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brunafinzicontini
Em: 22/04/2023
"Precisas amar, assim vais entender o que é o amor, só assim terás a capacidade de identificá-lo vindo na tua direção." Foi o sábio conselho da terapeuta. E Walkíria, cega por sua confusão mental, não percebe que o amor a chama para os braços de uma italiana cheia de charme, que só lhe faz bem. Pelo contrário, tenta “isolar o efeito de Nahima na sua vida”, pensando que precisa desse afastamento para se entender e não sofrer. Não só toma essa decisão desastrada, como também faz questão de anuncia-la à Nahima, dizendo que, após a tempestade emocional em que se encontra, pretende passar muito tempo sozinha, pois, se não sabe se gosta de si própria, duvida que possa gostar de outra pessoa! Bem... isso é demais! Tenho vontade de dar umas palmadas no lugar mais apropriado de Wiki por tanta bobagem! A italiana precisa ter muita paciência, senão deverá fugir de uma mente tão complicada!
Wiki também me surpreendeu negativamente ficando tão indignada com Greta pelo seu relacionamento com o guia. O que será que houve no passado de Greta para condená-la assim? E foi brusca demais ao falar com a amiga, fazendo referência ao “seu histórico”. Quanto moralismo, não?
Esperemos que Wiki esfrie a cabeça e dê uma chance a si própria, quem sabe dando uma fugidinha com Nahima para o Tarrafal. Quem sabe a magia do lugar ajude a acalmar a nossa fera e a relaxe a ponto de se deixar sentir todo o encanto de Nahima! Sim, Wiki tem muita coisa a consertar...
Espero que estejas bem, querida Nadine. Bom final de semana. Beijos,
Bruna
PS: Fiquei supercuriosa sobre as Batucadeiras... Queria ver esse show.
Nadine Helgenberger
Em: 23/04/2023
Autora da história
Hey Bruna :)
Acho que Walkiria nem ousa pensar em amor. Acho que ela só sente amor por esse bendito hotel rsrsrs
Ah, sobre querer ficar sozinha depois do termino com a Dália, não a condeno, aliás aplaudo essa atitude. Sair de uma relação e entrar imediatamente noutra é sinonimo de cilada. Acho que Nahima gosta da loucura que é Walkiria, ela deve ver além de nós, visão de longo alcance rsrsrsrs
Tarrafal...a cena já está desenhada na minha cabeça...as cenas, mas ainda não será no 15 kkkkkk
Sobre as batucadeiras...tem uma música de Madonna com um grupo de batucadeiras de Cabo Verde. Segue o link
https://www.youtube.com/watch?v=nU2eApGw_TU
Bjs e muito obrigada
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patty-321
Em: 21/04/2023
Aí ai será q e preciso tanto? Walkiria. A greta vai explodir? Mandar a Wiki a merda? Vixi. E agora nahima? Caiu na real que está apaixonada pela Wiki, vai fazer algo? Pq a Wiki vai fugir sempre. Bjs nadi.
Nadine Helgenberger
Em: 23/04/2023
Autora da história
Kkkkkkkkkkkk a Wiki vai fugir sempre...não sei de nada disso. A impressão que tenho é que quanto mais foge, mas dentro está...
Bjs e muito obrigada
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Mille
Em: 18/04/2023
Oi autora
Wiki esta uma confusão medonha. E deixa a Nahima maluca kkkk ela taca beijo na espanhola/italiana e depois foge. Assim a mulher pira.
E agora pega a Greta sendo feliz com o Gary.
Bjus e até o próximo capítulo
Nadine Helgenberger
Em: 23/04/2023
Autora da história
Kkkkkkkkkkkkkk, eu nao sei, mas sinto que a Nahima gosta dessa dose de loucura que é a Walkiria.
Bjs e muito obrigada
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mtereza
Em: 18/04/2023
Nossa uma profusão de sentimentos da Wiki ela precisa realmente resolver isso ficar bem . Achei a exagerada a reação dela com a Grega mesmo sem saber qual o histórico dela , mas entendo que se deve ao momento emocional que ela está passando pois é nítido que ela gosta muito da amiga .
Nadine Helgenberger
Em: 23/04/2023
Autora da história
A vida de Walkiria deu uma daquelas chacoalhadas que nos tiram de órbita, mas tenho fé na minha conterrânea que ela vai dar a volta por cima e se aprumar rsrsrsrs
Bjs e muito obrigada
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Marta Andrade dos Santos
Em: 17/04/2023
Valeu obrigada!
Nadine Helgenberger
Em: 23/04/2023
Autora da história
Bjs e muito obrigada.
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NovaAqui
Em: 17/04/2023
Eita que Wiki teve uma crise de ansiedade pesada!
O interesse chegando e Nahima na iminência de partir!
Acho que Wiki não tem que se meter no relacionamento de Greta! Deixa Greta ser feliz kkkk
Tenho certeza que Greta não irá misturar as coisas e não vai deixar atrapalhar o trabalho!
Boa semana procê nessa sua Terra linda!
Beijão ![]()
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Nadine Helgenberger
Em: 23/04/2023
Autora da história
Olá :)
Teve sim uma crise daquelas. Vamos libertar Greta dos julgamentos de Wiki kkkkkk
Acho que você pode se surpreender no capítulo 15 rsrsrs
Bjs e muito obrigada.
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Nadine Helgenberger Em: 23/04/2023 Autora da história
Rsrsrrs, Walkiria não é para os fracos rsrsrs
Muitissimo obrigada.
Bjs