Amada Amanda por thays_
Capitulo 13
Eles retornaram até mim, depois de desbravarem todas as sessões da exposição. Roubei um beijo de Amanda com gosto de café expresso. Estava em uma lanchonete no meio do local, sentada em uma cadeira alta de bar.
- Vocês querem comer alguma coisa? – Perguntei, afastando o cabelo de seu rosto, seus olhos brilhavam, ela estava viva, radiante. Beijei suavemente sua face.
- Eu quero uma coca. - Meu irmão disse sentando-se ao meu lado.
- Eu uma água, por favor.
Pedi para o atendente.
- A Amanda disse que vai me ensinar a andar de skate. – Arthur me contou animado.
- Ah é? Que demais. Ela tentou me ensinar uma vez, mas não deu muito certo.
- É porque você é muito estabanada. - Meu irmão disse descontraído, usava um boné virado pra trás. – Minha mãe disse que quando você era pequena vivia com o joelho ralado de tanto cair.
- Infelizmente tenho que concordar – Respondo rindo. O atendente nos entregou os pedidos.
- E você gostou da exposição, senhor equilíbrio?
- Cara, eu amei! Você sabia que ela sabe tudo sobre dinossauros também?
- Eu não sei tudo, Arthur. - Amanda se defendeu achando graça daquela conversa.
- Mas a Duda não sabe nada, nem minha mãe, meu pai sabe algumas coisas, mas não tanto igual você. Uma pena que ele não veio. Mamãe disse que ele ta velho, cheio de dor e está acima do peso.
- A perna dele ta incomodando muito esses últimos dias? – Perguntei um pouco preocupada.
- Ta, ele até falou que está esperando a aposentadoria, que não consegue mais ir pra mecânica com meus tios.
- O que houve com ele? - Amanda perguntou.
- Ele teve um acidente de carro. Fez cirurgia e tudo, mas nunca mais voltou a ser igual era antes.
- A Duda já bateu a moto também, mas porque a ex chata dela tinha brigado com ela.
Olhei para meu irmão imediatamente o recriminando com o olhar.
Ficou um silêncio meio tenso entre nós.
- O que? Não me olha assim, é a verdade. A Luisa era muito chata, só ficava o tempo todo naquele iphone dela postando stories – Ao falar a marca do celular ele mudou a voz e gesticulou de uma forma engraçada, fazendo pirraça. . – Como se alguém quisesse saber o que ela faz dia todo. Ninguém gostava dela, Duda, nem nosso pai. E olha que ele gosta de todo mundo.
- A Amanda é muito mais legal que ela então? – Perguntei entrando na brincadeira.
- Nossa... mil vezes! Você joga videogame também? – Ele perguntou animado. – Eu e a Duda jogamos COD online, você podia jogar com a gente.
- O Warzone?
- ÉÉÉ! – Ele respondeu. – A Duda é muito ruim, eu preciso salvar ela o tempo todo.
Nós rimos. Ele estava muito solto e falante. Adorava quando ele estava assim. Ficamos mais um tempinho por lá papeando e depois saímos e demos uma volta. Por volta de umas 17:30 nos encontramos novamente com meus pais, conversamos um pouco, rimos e eles nos convidaram para almoçarmos com eles no próximo domingo, que meu pai que iria cozinhar. Nós aceitamos.
Por volta de umas 18:00 pegamos a moto e fomos para casa de Amanda.
- Sobe comigo? – Ela pediu com uma voz manhosa.
- E sua mãe? Cara, eu me sai muito mal com ela aquele dia...
- Para com isso, meu bem... – Ela me envolveu pela cintura, seus olhos ainda brilhavam, ela estava muito feliz, acho que tinha se divertido bastante. - Já te disse que ela gosta de você... Além do que a gente não vai fazer barulho...
- Eu não confio em mim mesma sozinha com você... – Disse sorrindo, beijando sua boca, beijando seu sorriso solto.
- Sobe comigo, vai? – Perguntou fazendo um carinho gostoso em meu cabelo, daquele jeito que me deixava rendida. Como recusar? Impossível... Além do que, também queria ficar mais algum tempinho com ela antes de voltar pra casa e antes de iniciar mais uma semana de trabalho.
Subimos pelo elevador nos beijando. Apenas a ouvi cumprimentar a mãe e dizer que já tinha chegado, mencionou brevemente que eu estava com ela. Ela estava deitada assistindo algum programa na televisão do seu quarto. Amanda depois me puxou direto para o quarto dela, trancando a porta atrás de nós. Acendeu as luzes. Dei uma olhava em volta.
As paredes tinham a cor salmão, havia uma estante antiga de madeira, uma cama de solteiro, uma mesinha de cabeceira com um abajur, uma escrivaninha com um notebook fechado, alguns cadernos, apostilas. Seu skate estava encostado ao lado da cama. Havia várias prateleiras cheias de livros e me perguntei se ela já tinha lido todos eles, provavelmente sim. Era tudo meticulosamente arrumado.
Na parede oposta havia um móvel desmontado e ainda embalado. Sentei-me em sua cama extremamente macia e perguntei:
- O que tem ali dentro?
- Eu comprei uma estante nova. - Ela balançou a antiga e percebi que estava com um calço em baixo. Realmente parecia ser bem velha. - Só preciso criar coragem pra montar.
- Eu sou boa com essas coisas. - Eu adorava montar e desmontar coisas. - Você quer que eu te ajude?
- Sério? Eu tava pensando em pagar alguém pra fazer isso.
- Claro que não, isso é fácil.
- Eu vou começar a tirar as coisas dela essa semana... No próximo sábado você pode vir aqui e me ajudar?
- Claro... mas eu não vou aguentar de saudade se te ver só no outro final de semana.
Puxei-a para que se sentasse em meu colo de lado. Ela sorriu, beijando minha boca, passando os braços ao redor de meus ombros.
- Você pode ir me buscar na faculdade à noite, a gente pode fazer alguma coisa... - Voltamos a nos beijar. - Eu vou tomar um banho, você me espera?
Assenti. Ela me beijou uma última vez, pegou um pijama na sua cômoda e saiu pela porta. Rolei para o lado abraçando seu travesseiro, inspirando seu cheiro delicioso... De olhos fechados fiquei ali por longos minutos, lembrei-me da noite anterior novamente... Dela entre as minhas pernas... Depois me lembrei de mais cedo, a gente se esfregando daquele jeito tão... mas tão gostoso... Senti meu baixo ventre se contrair, aquele arrepio conhecido...
Meu celular vibrou e quando olhei a mensagem sorri. Era de Rafa.
E aí, cabeção, como você e a Amanda estão?
Tirei uma selfie minha deitada na cama sorrindo, enquadrei para aparecer seu skate. A resposta veio instantânea.
Caraio... já tá na casa dela? Bem que falam que sapatão no segundo encontro já leva o caminhão de mudanças.
Eu ri de seu comentário. A porta se abriu segundos depois. Amanda usava um baby doll azul, com alguns detalhes em renda. Mordi os lábios assim que a vi, desligando a tela do celular e o deixando de lado. Ela era muito gostosa. Percebi que estava sem sutiã e me sentei na cama sem conseguir tirar os olhos de seu corpo. Trancou a porta e caminhou até mim.
- Você realmente acha que vou conseguir me comportar com você vestida assim...? – Perguntei passando a mão em sua bunda, trazendo-a pra perto, encaixando-a entre minhas pernas.
- Eu falei que a gente não ia fazer barulho, não que íamos nos comportar.
Busquei seus lábios e ela se sentou em meu colo, toda encaixada em mim. Os beijos vieram volumosos, minhas mãos não saíam de suas coxas, sua bunda.
- Eu tô com muita vontade de te comer... você não tem ideia...
Ela gem*u manhosa em minha boca.
- Como?
- Com minha cinta... você gosta?
Ela gem*u de novo e imaginei que fosse um sim... Segurando-a pela bunda, levantava e subia ela em meu colo, como se estivesse com tudo dentro... Bem devagar, apenas provocando, apenas brincando com as sensações...
Revelei:
- Eu tinha esses planos pra ontem à noite...
Ela então respondeu em meu ouvido, bem baixinho:
- Mas eu que acabei te comendo...
Ouvi-la falando daquele jeito mexeu mais comigo do que pensei que mexeria. Senti uma pontada gostosa entre as pernas e deitei-me para trás, trazendo ela junto, querendo, precisando dela por cima de mim... Então, num enorme corta clima, bati a cabeça contra a parede fazendo o maior barulho.
- Ai...
- Ai, meu amor... – Ela sorriu e levou a mão para o local, massageando. Beijou minha cabeça, no lugar que eu tinha batido. - Não esquece que estamos em uma cama de solteiro...
Nós rimos.
Ela se sentou na cama e eu fiz o mesmo ainda sentindo dor, com minha mão no machucado. Ela era tão cuidadosa... tão carinhosa... Ela me tinha exatamente na palma de suas mãos...
- Quer colocar um gelo ai?
- Não... não é pra tanto...
- É melhor colocar...
- Não... não... deixa, sua mãe vai achar estranho essa movimentação toda...
- Vem cá então... vou fazer isso passar...
Ela buscou meus lábios, logo minha chama reacendeu e a dor foi embora. Voltando ao ponto em que tínhamos parado e ficamos ali apenas nos curtindo, namorando e dando umas pegadas.
- Dorme aqui comigo hoje...
Não foi uma pergunta, mas uma afirmação.
- Não. - Respondi de prontidão, temerosa. - Sua mãe vai achar ruim.
- Ela não vai nem perceber que você ainda ta aqui.
Continuou me beijando.
- Eu não sei se é uma boa ideia... Eu acho que ela não foi com a minha cara, sério.
- Ela é meio fechadona... Na verdade, a vida a deixou assim, sabe?
- A vida ou seu pai super abusivo? – Perguntei meio irritada. Ele era o tipo de cara que eu ia adorar encher de porr*da pra ensinar como realmente se deve tratar uma mulher.
- Quando te digo que era um inferno, Duda... É porque era um inferno mesmo... O que minha mãe sofreu nas mãos desse cara não é desse mundo...
Lembrei-me então de minha mãe me dizendo que não sabia como Amanda ainda estava viva. Lembrei-me de tudo o que ela tinha me contado no começo quando nos conhecemos, da tentativa de suicídio, da forma como ela me disse que se sentia às vezes a respeito de si mesma, aqueles pensamentos negativos que emergiam em sua mente... De repente senti um medo absurdo dela morrer, um medo absurdo dela acabar como minha amiga...
- Que horas você levanta pra ir trabalhar? – Ela perguntou me tirando de meus devaneios.
- Às sete, mas pretendo sair daqui umas seis e meia.
- Isso significa que vai ficar aqui comigo? - Ela perguntou animada.
Concordei com cabeça. Não queria me afastar dela.
E eu com meus 32 anos me senti uma adolescente com medo de sua mãe brigar e me expulsar de lá. Mesmo assim tirei as botas, minha calça e me ajeitei ao seu lado na pequena cama, contando com a sorte. Continuamos ali de chamego e nem sei como adormeci.
Quando acordei notei que estava tudo muito escuro ao meu redor. Karen estava com a cabeça pendida para o lado e seus olhos estavam arregalados me olhando de uma forma aflita. Suas roupas tinham uma aparência muito suja. Ela não dizia nada, apenas ficava me olhando fixamente com aquele olhar atormentado. Ela tinha morrido de novo? Não era possível. Ela já estava morta, como poderia morrer novamente?
- Por que você fez isso? - Gritei para ela com raiva. – Por quê?
De repente eu sabia que estava em seu enterro. Não havia ninguém no velório, eu estava em uma sala escura e bem no fundo do corredor vi uma vela acesa e um caixão. Sentia aquele cheiro horrível de flores e morte impregnado no ambiente. Caminhei com medo e chorando até ela e quando olhei para seu rosto, era Amanda quem estava deitada.
Eu acordei de súbito, suando, puxando o ar como se estivesse me afogando. As lágrimas vieram na mesma intensidade do desespero. Tinha sido muito real, muito real... Eu ainda estava com as sensações do pesadelo em meu corpo, minhas emoções, meus sentimentos estavam completamente confusos com o que era real e com o que não era. Amanda não podia morrer, não podia! A luz do abajur tinha se acendido, eu estava sentada na cama puxando o ar, hiperventilando, senti seus braços me envolvendo.
- Meu amor... calma... calma... Foi só um pesadelo.
Ela beijou meu rosto. Me puxou pra perto dela. As lágrimas ainda escorriam. Eu estava desesperada. Olhei em seus olhos, minha voz embargada.
- Por favor... Não faz isso, por favor... eu não vou aguentar de novo... eu não vou aguentar...
Ela beijava meu rosto de forma calma, tentando me passar tranquilidade. Eu tremia da cabeça aos pés, como no dia em que encontrei Karen em seu apartamento.
- Shh... ta tudo bem... foi só um pesadelo... foi só um pesadelo... só um sonho ruim...
- Por favor... você não pode morrer... você não pode se matar igual ela... por favor... por favor... não faz isso com você mesma... por favor... você não pode fazer isso de jeito nenhum...
E eu a abracei forte, soluçando.
- De onde tirou essas coisas, meu bem? Isso foi há muito tempo. Jamais faria isso comigo agora... Eu não quero morrer, eu quero viver muitos e muitos anos ainda... Acabamos de nos encontrar... quero viver tantas coisas contigo... tantas coisas... Se acalma... Foi só um pesadelo... Eu to aqui, ta tudo bem, eu to segura, você ta segura, nada vai acontecer. Fica tranqüila.
E ela foi falando e falando, tentando me acalmar. Minha respiração foi voltando ao normal aos poucos.
- Vem, deita aqui comigo... – Ela me puxou para seu colo, eu me aninhei em seu peito, o choro foi cessando, ela corria os dedos pelas minhas costas... – Ta tudo bem... fica calma... foi só um sonho ruim...
Eu fechei os olhos e deixei meu corpo ir relaxando com seu toque. Adormeci pouco tempo depois.
Fim do capítulo
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Billie Ramone
Em: 02/04/2023
Meu coração ficou meio apertado aqui... espero que não seja um sonho premonitório )))))):
p.s.: acho que teve uma frase ali em cima com um errinho, o Rafa diz: "A Amanda já bateu a moto também, mas porque a ex chata dela tinha brigado com ela", acho que ele quis dizer a Duda né?
Continua, mas não mata a gente do coração ksksksks...
thays_
Em: 02/04/2023
Autora da história
Não é não, fica tranquila! É mais um reflexo do medo da Duda perder a Amanda do que qualquer outra coisa, porque a situação toda do passado de Amanda a faz relembrar de muitas coisas que aconteceram com Karen.
As duas vão ter um final muito feliz do jeitinho que elas merecem :DDD
Muitíssimo obrigada pela correção!! Eu li e reli antes de postar, mas sempre tem alguma coisinha que fica pra trás, acabei de corrigir, obrigada mesmo! :D
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alexvause
Em: 02/04/2023
No 2o encontro o caminhão de mudanças, no 3o vai pra uma clínica de inseminação artificial heheh
A Duda batendo a cabeça na parede foi muito eu na vida.
Esses pesadelos com a Karen são horríveis, será que vão terminar algum dia?
thays_
Em: 02/04/2023
Autora da história
E a parte de adotar um gato, entra em qual encontro? kkkk
Vão sim, ela só precisa se desligar um pouco da amiga que partiu, muitas coisas com Amanda a fazem ter medo de que aconteça a mesma coisa com ela do que houve com Karen.
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