Amada Amanda por thays_
Capitulo 12
Acordei no dia seguinte com meu celular tocando. Eu não fazia ideia onde o tinha deixado na noite anterior. Levantei me rastejando e o achei caído do lado da cama. A foto de meu irmão estava no visor. Ao pegá-lo, parou de tocar. Vi que tinham três ligações perdidas. Quando estava tentando desbloquear o celular para retornar a ligação, ele ligou novamente.
- Oi. - Atendi com a voz sonolenta, voltando a me deitar.
Ouvi sua voz estridente, meio oscilante, desses garotos que estão na puberdade.
- Dudaaaaa, estou tentando te ligar faz tempo. Não esquece que você prometeu que ia comigo pra ver o Patagotitan.
Prometi? Eu não me lembrava disso.
- Eu estou com uma garota, Arthur...
- É que eu queria muito muito muito que você fosse. Vai ser muito maneiro e faz muito tempo que a gente não sai junto.
Olhei para Amanda que agora me observava com cara de sono, cabelo bagunçado e um sorriso lindo nos lábios. A voz de meu irmão era suficientemente alta no telefone para ela conseguir ouvir também.
- Por favor! - Ele continuou. E aquilo partiu meu coração. Eu sempre saía com ele, nós sempre fomos muito próximos.
- Espera um minuto.
Afastei o celular de minha boca.
- Você quer ver um tal de Pa..ta..go… um dinossauro gigante… hoje? Minha família vai estar lá…
Perguntei um pouco insegura, sem saber se ela aceitaria ou não conhecer eles. Ela concordou com a cabeça, sem hesitar.
- Tá bom, Tutu. Que horas nos encontramos lá?
- Uma hora. Vamos almoçar lá, porque minha mãe disse que cansou de cozinhar.
Eu sorri. Era bem a cara dela falar isso mesmo.
- Que horas são agora?
- Onze.
Nossa, eu não me lembrava da última vez que tinha dormido tanto assim. Meu sono passou a ser muito agitado depois da morte de minha amiga, acordava várias vezes à noite e às vezes era difícil voltar a dormir.
- Tá bom. Até daqui a pouco.
- Não atrasa!
- Tá bom, tutu, fica tranquilo.
Desliguei o celular e rolei para perto de Amanda, beijando-a.
- Vi um anúncio outro dia no facebook e fiquei super animada pra ir.
- Aonde?
- Na Expodinos, ver as réplicas e tals.
- Eu não sabia que você gostava dessas coisas de gente nerd, meu irmão vai adorar te conhecer.
Nós rimos.
Senti seus dedos correndo por minhas costas... Num carinho até então inocente, mas que trouxeram flashes da noite anterior a minha mente. Senti um arrepio gostoso ao me lembrar dela entre minhas pernas... Me deu uma vontade enorme de fazer de novo... e de novo.... e de novo... Num ímpeto, desci minha boca até seus seios, deixando-me levar pelo desejo... beijando-os, primeiro um, depois o outro… coloquei seu mamilo em minha boca, mamando forte, passando a língua, variando os estímulos… fiz o mesmo com o outro… Sentei então em suas coxas, olhando em seus olhos e segurei-a em minha mão, tocando-a, bem devagar.
- Você gostou de ontem? - Ela me perguntou. Eu fiquei um pouco tímida pelo retorno ao assunto.
- Muito.
Senti sua mão subindo pela minha cintura.
- Posso? - Ela perguntou, já subindo até meus seios.
Concordei com a cabeça e senti suas duas mãos neles... massageando... de uma forma muito gostosa... quando roçava meus mamilos eu me sentia contrair… lá me baixo. Era diferente ter outra pessoa tocando em mim sem ser eu mesma, a sensação era completamente diferente. Ela fazia com que eu me sentisse segura, como se não fosse de repente soltar alguma frase depreciativa sobre mim ou me mandar ter uma postura diferente (tal como minha ex sempre fazia).
- Vem um pouco mais pra cima... - Ela pediu, agora com a voz um pouco mais rouca.
- Estou te machucando?
- Não... eu só... quero te sentir mais perto...
Subi um pouco mais em seu quadril, bem próxima de seu sex* já animado com meus toques. A respiração se alterou.
- Assim é bom? - Perguntei.
Ela mordeu os lábios e concordou com a cabeça.
Ela desceu a mão até meu quadril, segurando minha cintura, puxou-me pela bunda, pra mais perto ainda, fazendo-me roçar em sua base e aquilo foi... deliciosamente diferente. Buscou meus lábios de forma urgente e eu me deixei cair sob seu corpo, ainda montada em seu colo. Continuamos a nos beijar e eu comecei a me esfregar nela, assim, daquele jeito, por toda sua extensão... subindo, descendo... até o beijo não conseguir mais se sustentar.. Ela ficou louca com aquilo, seus gemidos só me davam mais combustível para continuar.
Depois de pouco tempo eu já estava molhando ela inteira... Deslizava fácil.. fácil.. e eu me segurando para não goz*r logo, porque eu tinha encontrado uma posição muito gostosa... roçando perfeitamente em meu centro... queria conseguir esperar só um pouco mais... só um pouco mais... Até que percebi que sua respiração mudou... mais urgente... suas mãos em minha bunda, me pressionando ainda mais contra ela.
- Eu vou goz*r... - Ela murmurou.
E eu me permiti ir junto com ela... e foi delicioso... ela gemia tão gostoso... tão gostoso... continuei beijando sua boca, beijando seu gemido, tentando tirar até a última gota de prazer de seu corpo, nossas línguas se encontrando, o beijo foi diminuindo a intensidade e deixei meu corpo pesar sobre o dela... Sem fôlego...
- Eu to te amassando? – Perguntei alguns segundos depois que recuperei as forças.
- Não. - Ela respondeu baixinho, mal conseguindo falar.
Beijei novamente seus lábios, agora entrelaçando nossas pernas, saindo de seu quadril, procurando uma posição mais confortável.
- Eu te sujei toda... - Ela disse meio envergonhada.
Mordisquei seu lábio.
- E eu então... te dei um banho...
Ela gem*u manhosa beijando minha boca.
- Adoro isso... adoro... adoro o quanto fica molhada... adoro quando me lambuza inteira desse jeito...
Gemi já sentindo vontade de mais. Eu sempre fui uma pessoa muito intensa na cama e Amanda parecia, até então, que conseguia acompanhar meu ritmo. Será que daria tempo de mais uma vez? Eu não tinha certeza... De repente me arrependi de ter combinado com meu irmão... eu poderia passar o dia inteiro grudada naquela mulher... o dia inteiro na cama com ela...
- Você não tem nojo de mim? - Ela perguntou após longos segundos em silêncio, um pouco insegura, me tirando de meus devaneios. Achei aquela palavra muito forte, de onde ela tinha tirado aquilo?
- Claro que não... de onde tirou isso?
- Sei lá... às vezes é difícil acreditar que alguém não tenha...
Aquela frase me doeu muito. Senti uma angústia esquisita com aquilo que ela disse.
- Acho que você tem uma imagem muito distorcida de si mesma. - Respondi. - Você já se olhou no espelho? Já viu que grande gostosa você é?
Ela sorriu com meu comentário, mas não pareceu muito convencida. Eu continuei:
- Eu tô falando sério... você é linda. Por dentro e por fora. E não to falando só pra te agradar não.
- Acho que têm dias que me sinto mais disfórica em relação a... você sabe...
- O que?
- Meus genitais.
- Ah. - Fiquei em silêncio, não sabendo ao certo o que eu deveria falar ou o que eu deveria fazer com aquela informação. - Mas você não se sente à vontade quanto eu te toco? Quando a gente tá junto?
- Eu adoro... eu adorei o que acabamos de fazer... mas... às vezes minha cabeça dá uns bugs... sabe? Parece que no fundo minha mente percebe que tô feliz demais... e fica aquela voz lá no fundo me fazendo ter pensamentos ruins sobre mim... sobre meu corpo... sobre você... sobre nós...
- Como assim?
- Que você vai encontrar uma mulher de verdade e se interessar por ela, porque eu não sou boa o bastante pra você... Ou tipo quem eu estou querendo enganar, só nascendo de novo, eu sou uma farsa… ou "tá tudo bom demais, vai acontecer alguma merd*”.
Eu a calei com meu indicador não conseguindo mais ouvir aqueles absurdos.
- Amanda... Eu... olha... eu... Eu to completamente apaixonada por você... você não tem ideia... Eu não quero nenhuma outra pessoa... E eu não gosto quando você fala de você mesma dessa forma... eu… eu sempre te vi como uma mulher... olha só pra mim, eu sou sapatão, sempre fiquei com mulheres… por quê acha que estaria contigo?
Ela perguntou então um pouco confusa, como se não tivesse entendido, ou não tivesse ouvido direito:
- O que você disse?
- Disse que você é uma mulher e ponto final. Se você fosse um cara eu jamais ficaria contigo. Jamais. Eu não teria o menor interesse, o menor tesão... Eu não gosto de barba, não gosto da aparência de um homem, não gosto do cheiro de homem... de nada... e...
Ela me cortou.
- Não... não isso... o que disse primeiro?
Eu então me calei. E então percebi que tinha saído pela minha boca de forma impulsiva sem que eu percebesse. Ficamos nos olhando por alguns segundos, senti meu rosto corar.
- Eu to apaixonada por você. – Repeti agora um pouco tímida.
- Jura?
Seus olhos ficaram marejados.
- Sim.
Ela me abraçou forte, forte, tão forte que eu fingi estar sendo sufocada. Ela riu. Disse:
- Eu também, eu também... eu to perdidamente apaixonada por ti...
Beijei seus olhos, enxugando suas lágrimas que tinham começado a cair depois daquilo.
- Você é perfeita, Amanda. Não tem absolutamente nada de errado contigo. Gosto de você exatamente do jeito que você é. E eu adoro cada pedacinho de você, sem tirar nem pôr.
E após dizer aquilo ela começou a chorar ainda mais e eu apenas deixei que ela colocasse tudo aquilo pra fora. Fiquei imaginando tudo o que ela já devia ter passado por ter aquele tipo de reação. Talvez fossem coisas que eu nunca conseguiria entender porque não estava na pele dela. Meu coração se partiu por vê-la daquela forma, apenas deixei-a aninhada em meus braços e fiquei fazendo carinho em sua cabeça até ela se acalmar e as lágrimas cessarem.
Ficamos longos minutos ali, apenas abraçadas e eu a enchendo de beijos e carinhos.
- Você sabe que horas são? - Ela perguntou de súbito nos lembrando que tínhamos um compromisso.
Peguei o celular.
- Nossa! São 12:20!
- To morrendo de fome. Nem tomamos café ainda.
- Vem, vamos tomar banho, depois vamos direto encontrar minha família. A gente almoça por lá.
- Você acha que eles vão gostar de mim?
- Tenho certeza.
Tomamos um banho rápido e então nos demos conta que as roupas de Amanda do dia anterior estavam molhadas.
- E agora? - Ela perguntou enrolada na toalha. - Eu me esqueci disso.
- Você não quer dar uma olhada no meu guarda roupa? Talvez encontre alguma coisa que te agrade.
E ela o fez. Pegou uma camiseta do Metallica e uma calça jeans antiga que não me entrava mais e que ficou mil vezes melhor nela do que em mim. Calçou os mesmos sapatos da noite anterior. Eu coloquei uma camiseta toda preta, jeans e botas.
Nos atrasamos alguns minutos, mas não o suficiente para Arthur começar a ligar sem parar. Liguei para ele, disseram que estavam nos esperando na praça de alimentação. Logo nos encontramos lá. Amanda segurava forte minha mão, um pouco ansiosa e temerosa.
- Eles estão ali. - Disse a ela.
Meu pai abriu um sorriso de orelha a orelha quando nos viu, tal como minha mãe. Meu irmão veio em nossa direção, não tirou os olhos de Amanda um só minuto, como se estivesse meio deslumbrado com sua beleza.
Ela realmente causava esse efeito nas pessoas.
Eu o abracei.
- E aí brotherzinho.
- Cara... sua mina é muito gata. - Ele disse em meu ouvido e depois deu um soquinho em minha mão, fazendo um aperto de mão secreto que tínhamos inventado quando ele era pequeno. Eu gostava que por mais que ele estivesse na adolescência, ele continuava sendo como antes, gostava de estar com a gente em família. Só não sabia se quando crescesse um pouco mais isso mudaria. Eu desejava muito que não. Às vezes queria que ela fosse pequenininho pra sempre.
- Oi, você deve ser o Arthur, né? Sou a Amanda.
Ela beijou seu rosto o cumprimentando. Ele ficou envergonhado e abaixou os olhos, sem graça. Logo cumprimentei meus pais, que nos receberam de forma calorosa.
- Amanda, esses são meus pais. Raul e Hilda.
- É um prazer conhecer vocês.
- O prazer é nosso. - Minha mãe disse segurando em suas mãos carinhosamente e então a trouxe para um abraço. - Seja bem vinda a família.
Amanda ficou muito surpresa com a reação deles. Mas o que eu poderia dizer? Meus pais eram muito foda. Eu tinha muita sorte por ter pessoas como eles na minha vida. Ela também abraçou meu pai, que logo reconheceu a camiseta do show que fomos em 2022 quando o Metallica se apresentou no Morumbi. Acho que isso fez com que ele gostasse um pouco mais dela do que já tinha gostado. Logo meu irmão perdeu a vergonha e começou a se soltar.
- …ele tem 40 metros de comprimento, você acredita? - Ele conversava com Amanda e com minha mãe.
- Ele falou isso a semana toda. – Meu pai cochichou no meu ouvido. - Nem dormiu essa noite por causa desse dinossauro.
Amanda parecia muito interessada naquela conversa, comentou:
- Foi um pastor Argentino que descobriu ele, né? Tava procurando uma ovelha perdida e achou o fêmur do bicho, imagina só.
Os olhos de Arthur brilharam de uma forma completamente animada, ele ficou muito surpreso. Até eu me surpreendi de como ela sabia daquela informação. E então os dois engataram uma conversa que durou a tarde inteira. Amanda parecia uma criança ao lado de Arthur e foi tão divertido os ver interagindo, rindo e conversando. Foi inevitável novamente não fazer comparações com minha ex, já que ela nunca gostava de visitar minha família e não fazia o menor esforço com meu irmãozinho.
Nós almoçamos e depois fomos para o local do Expodinos. Meu irmão estava em estado de êxtase. Meu pai e minha mãe disseram que pegariam um cineminha e que poderíamos ir nós três e no final da tarde nos encontraríamos. Eles nos entregaram os ingressos que tinham comprado previamente e eu me surpreendi.
- O Tutu disse que era de graça, deixa eu te dar a grana… - Puxei meu pai de canto.
- Foi tudo previamente planejado, minha filha, quero mesmo é levar sua mãe pro cinema... – E ele piscou pra mim - E eu também não tô muito bom não pra ficar andando pra lá e pra cá. – E ele bateu com a bengala em sua perna. - Vai lá com sua namoradinha. Cuidado pro teu irmão não roubar ela de você.
E nós rimos, olhando para os dois conversando de forma animada. Combinamos de nos encontrar novamente mais tarde.
A felicidade estampada no rosto de Amanda e de meu irmão fez tudo valer a pena, pareciam duas crianças em um parque de diversões. Havia um tanque de areia no qual as crianças podiam dar uma de paleontólogos e buscar réplicas de esqueletos. Ficaram os dois lá, super empolgados enquanto eu tomava um café na lanchonete.
Eu me sentia transbordando de felicidade. Era como se faltasse uma peça no quebra-cabeça de minha vida que nunca imaginei que algum dia pudesse se completar.
Fim do capítulo
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jakerj2709
Em: 30/03/2023
Parabéns autora pela leveza de conduzir a estória...
thays_
Em: 02/04/2023
Autora da história
obrigada, Jake!! :D
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FENOVAIS
Em: 30/03/2023
Olá guria, primeiramente: parabéns pela história. Sua escrita é muito boa.
Segundamente, muito obrigado por incluir a sigla T nesta criação. É tão raro encontrar (eu nunca tinha encontrado) um personagem que pertencesse a minha sigla que não fosse sexualizado e fetichizado.
Vi me no desabafo da Amanda, não tenho um alto grau de disforia, mas há dias que são complicados e pesados de lidar.
Gosto demais da forma que você deixa claro e objetivamente como os sentimentos e experiências da skatista afetam, e afetaram, toda sua construção como pessoa. E claro, os reflexos disso até hoje na vida dela.
Um forte abraço, até o próximo capítulo. Sucesso pra ti!!
thays_
Em: 02/04/2023
Autora da história
Oi Fenovais! Esse comentário alegrou muito meu dia, você não tem noção do quanto. É justamente isso que me motiva a escrever: a representatividade. Escrevi um conto chamado Segredos Ao Vento que também aborda algumas questões de uma personagem trans-lésbica e desde então fiquei com vontade de fazer algo um pouco mais elaborado e acabei criando coragem de postar essa história, que até então eram apenas capítulos soltos no meu celular. Tenho uma certa proximidade com o mundo trans, porém não vivo essa realidade no meu dia a dia, qualquer sugestão ou crítica será sempre bem vinda! Obrigada!
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Marta Andrade dos Santos
Em: 30/03/2023
Aceitação completa a existência.
thays_
Em: 02/04/2023
Autora da história
Exatamente isso!
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thays_ Em: 09/04/2023 Autora da história
elas são apaixonantes mesmo!