Goiânia, estado de Goiás

 

Em meados de janeiro de 2023, finalmente a reconstrução do abrigo estava conclusa. Todos os residentes estavam reunidos no quintal para a reinauguração da casa. Membros do Comuna também marcavam presença para prestigiar o singelo evento. Yara e Renata posicionaram-se à frente de todos para discursar.

 

--É com muita alegria e ao mesmo tempo com o coração em luto, que estamos aqui para reinaugurar esta casa que representou a concretização do sonho de uma mulher que mudou a vida de todos nós, além da vida daqueles que já passaram por aqui e hoje residem em outros lugares. – a indígena dizia controlando a emoção – Lembro com muito carinho de quando cheguei, ainda uma garota, cheia de medos, angústias, dores, muitos sonhos e esperanças. Lembro muito bem da forma única como dona Kedima conseguiu trabalhar todos estes sentimentos em mim e me ajudou a finalmente me tornar uma mulher! – sentia gratidão – Lembro da mãe que ela desejou ser pra mim e efetivamente foi! Lembro da mãe que ela quis ser pra cada um dos que passaram por essa casa e como foi capaz de se entregar à missão de servir ao próximo de uma forma tal, que mal se permitia se ausentar daqui. – secou os olhos marejados com as mãos – Os poucos momentos de lazer que consegui proporcionar pra ela foram sempre muito negociados, porque dona Kedima se sentia responsável por todos nós às 24 horas do dia e em todos os dias do ano! – sorriu saudosa – Ela me deu o maior exemplo de renúncia de si mesma que eu tive em toda vida e que jamais saberei replicar. Mas que, com certeza, mudou meu destino pra sempre! – reconhecia

 

--Dona Kedima era mesmo única... – Celeste lembrava com carinho – Aquele jeito bem peculiar de falar, a sinceridade cortante e o coração de ouro! – sorriu – Que grande mulher! Comunista por natureza, mesmo que não tivesse noção disso!

 

--Com certeza! – Jurema concordou – Dona Kedima era comunista com a alma! Ela não precisava da doutrinação marxista, porque tinha dentro do coração os princípios do bem comum!

 

--Não é novidade que eu fui a última a chegar nesse abrigo. – Renata começou a falar – Mas me sinto como se vivesse aqui há décadas! – sorriu – Dona Kedima me conhecia pouquíssimo e me recebeu com o coração aberto e sem julgamentos! Nunca conheci alguém tão disposta a amar! – controlava-se para não chorar – E é com muita honra e o coração cheio das mais nobres intenções que assumo a direção dessa casa no lugar da Yara, que se prepara pra partir pra outro lugar!

 

“Isso minha filha, me enche de orgulho!” – Jaqueline pensou olhando para a loura – “Dona Kedima, que Deus a tenha!” – benzeu-se em respeito

 

--É uma pena que as pessoas tenham que partir... – Maria lamentava em voz baixa com o marido – Primeiro camarada Paulo, depois dona Kedima e daqui a pouco camarada Yara indo pro Amazonas...

 

--Não importam essas separações, meu amor! – João respondeu igualmente baixo – Estaremos sempre ligados pelos ideais e pelo coração! – sorriu para a esposa – A luta nos une e isso é forte demais!

 

--Eu não sei quando irei, mas assim que as coisas estiverem mais definidas, vamos fazer um rearranjo e Marcio ocupará o quarto que hoje é o meu. – Yara anunciava – Renata fica no quarto que dona Kedima ocupou.

 

--A vida é mesmo uma eterna surpresa! – Celeste cochichava com Jurema – Quem diria que Renata se modificaria tanto a ponto de se casar com você e ainda se dispor a tocar esse abrigo... – balançou a cabeça pensativa – E eu que nunca pensei!

 

--Ela mudou demais! – Jurema concordou – Não viu como encampou a luta contra os atos golpistas dos apoiadores de Montanauro? – sorriu para a outra – Fiquei tão orgulhosa da forma como Renata se articulou pra cobrar dos ministros do Supremo uma punição pelo que fizeram agora no Congresso e no Palácio da Planície! – suspirou apaixonada – Meu amor é uma militante como poucas!

 

--E é com muito orgulho que reinauguramos o abrigo que agora mudou de nome! – Yara anunciava sorridente – Sejam bem vindos ao abrigo Kedima Yahiah! – puxou o pano que cobria a placa com o novo nome e todos aplaudiram

 

--Mas que uma coisa fique muito clara aqui! – Renata advertiu com seriedade – A direção mudou, mas as regras não! – destacou – Os horários de admissão pra entrar na casa continuam os mesmos e fica terminantemente proibida qualquer forma de putaria e sacanagem aqui dentro, tão ligado? – olhava para os demais – Quer trepar, vai se virar lá fora! – afirmou com veemência – Aqui não! Nem dentro da casa nem no quintal e eu vou ficar de olho! – gesticulava – Também não quero saber de certos cigarrinhos e certos pozinhos aqui na casa! Vão ficando esperto!

 

“Renata advertindo contra sacanagem...” – Yara pensava controlando a vontade de rir – “Quem te viu e quem te vê!” --- balançava a cabeça concordando com a fala da loura

 

 

Manaus, estado do Amazonas / Goiânia, estado de Goiás

 

Elza se reunia com os subordinados no auditório da Base Aérea.

 

--Como os senhores sabem, nosso comandante adoeceu e estou no comando como interina no lugar dele. – falava com educada firmeza – Hoje pela manhã recebemos um comunicado do Comando da Aeronáutica e temos uma importante missão a cumprir. – olhava para os demais – Devido a crise humanitária que se passa no território indígena Yanomã Thëpë, fomos demandados a bloquear o espaço aéreo da região com o objetivo de minar as atividades do garimpo! – explicou – Essa missão será cumprida em ação conjunta com a Base Aérea de Roraima e delego ao major aviador Mendonça a liderança a partir de agora. – o homem ficou de pé, prestou uma continência rápida e se sentou – Também é preciso que transportemos para os indígenas cerca de 60 toneladas de alimentos e medicamentos que serão entregues hoje, em quatro lotes, no aeroporto de Manaus. – continuava explicando – Capitão aviador Tereza Mello será a responsável por esta parte da missão. – a mulher agiu do mesmo jeito que o major – Dito isso, tenente Albuquerque cuidará das fainas de abastecimento e vamos nos mobilizar a partir de agora! – ordenou

 

Todos os militares se levantaram em posição de sentido. Quando Elza saiu do auditório, os demais foram cuidar das funções que lhes cabiam.

 

--Tenente Juana e sargento Kalil, venham comigo pra uma inspeção ao hangar agora! – caminhava rapidamente

 

--Sim senhora! – os outros dois seguiam atrás dela com pressa

 

--O que está acontecendo exatamente com os indígenas neste território, senhora? – a tenente perguntou intrigada

 

--Uma crise causada pelo garimpo ilegal e agressivo, que avançou muito na região, gerando impactos sem precedentes! – a negra respondeu de imediato – O cenário torna-se agravado pelo desmonte da assistência de saúde aos indígenas.

 

--E de quem seria a responsabilidade por isso, tenente coronel Elza? – o sargento perguntou sem entender – Ninguém vai sair punido?

 

--A responsabilidade recai sobre diversas autoridades federais! – continuavam caminhando rapidamente – Foi aberto um inquérito pra apurar se o caso se trata de um genocídio ou não. – a negra informou – Mas o processo corre sob sigilo.

 

Yara palestrava para os alunos da pós e bolsistas de Iniciação Científica na Universidade. Apesar de ainda estarem durante o período de férias acadêmicas para os alunos da graduação, vários bolsistas, mestrandos e doutorandos encontravam-se presentes.

 

--O governo Montanauro alegou que a crise que ora se vê no seio do território Yanomã é devida à uma suposta incompetência destes indígenas em subsistir e também por conta de imigrantes venezuelanos, o que é uma grande mentira! – olhava para os demais – Além de não existirem imigrantes de tal nacionalidade no território ora em crise, é patente que o aumento vertiginoso do garimpo ilegal na região trouxe doenças e degradação ecológica e ambiental! – apresentava algumas imagens no telão – Como é possível plantar, caçar e pescar num ambiente devastado e com águas mortas? – exibia evidências do que dizia – Como se não bastasse tal estado de coisas, temos as consequências da vulnerabilidade social, ou seja, indígenas sendo aliciados para o mundo da violência ou da prostituição!

 

--Professora! – uma jovem levantou a mão – O governo Montanauro foi sabidamente anti indígena e anti ecológico! – afirmou – Tudo isso que vemos agora não é consequência natural dessa postura tão absurda e anti humanitária?

 

--Certamente! – Yara concordou de pronto – Não que os governos anteriores fossem exemplos a serem seguidos, mas o desmonte da assistência aos indígenas, dos órgãos de fiscalização ambiental e o incentivo aos madeireiros, garimpeiros e ao agro anti ecológico promovido por Montanauro foram fatais! – afirmou enfática – As consequências do garimpo e o adoecimento de tantos indígenas tornaram impossível que as atividades de subsistência dos povos originários no território Yanomã pudessem continuar! – apresentou mais imagens – Além do fato de que as pessoas que haviam sido designadas para estar à frente dos cargos mais importantes pra atuar nestas questões, não tinham o menor preparo ou experiência pra agir!

 

--Tenente coronel Elza, -- o major aviador Mendonça se aproximava da mulher – recebemos o reporte da Base Aérea de Roraima informando que os garimpeiros invasores se apossaram da maior parte da infraestrutura de atendimento destinada aos indígenas! – falava com preocupação – Até mesmo as pistas de pouso estão sob poder deles!

 

--Confio no senhor e na sua experiência como aviador de elite que sei que é para acabar com isso! – olhava nos olhos do homem – Estas pistas de pouso e a infraestrutura cooptada serão liberadas por nós mediante uso de todos os recursos que temos! – ordenou – Eu assumo a responsabilidade!

 

O major sorriu orgulhoso. – Nossa missão será cumprida com eficiência e êxito! -- prometeu

 

--De 2018 até o ano passado, 4,5 mil hectares do território indígena foi desmatado pelo garimpo! – Yara continuava apresentando – Pensem em algo como mais ou mesmos 4,5 mil campos de futebol. – mostrou uma escala comparativa – O governo Luiz Horácio prometeu providenciar urgentemente os meios para frear toda essa miséria que lhes expus aqui e estão sendo compostas missões de assistência e salvaguarda aos indígenas. – informou – Eu já me voluntariei e podemos montar um grupo de até vinte pessoas pra sairmos daqui no primeiro dia útil de fevereiro. – olhava para os demais – Quem gostaria de ir junto? – todos levantaram a mão – Estes são os meus alunos! – sorriu orgulhosa

(NOTA DA AUTORA 1: baseado em https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/o-que-voce-precisa-saber-para-entender-crise-na-terra-indigena-yanomami)

(NOTA DA AUTORA 2: Vale a pena ver este maravilhoso - CANÇÃO PARA AMAZÔNIA -  clipe: https://www.youtube.com/watch?v=yE1PENHOpDQ)

 

Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro

 

Elza fazia uma rápida viagem de serviço e aproveitou a oportunidade para visitar Alessandra e seu afilhado.

 

--Aí amiga, toda poderosa dando entrevista na TV, ui! – deu um tapinha no braço da outra – Tô gostando de ver que sob o teu comando as sacanagens contra os índios tão sendo devidamente cortadas! Já tem quem te chame de Capitão Nascimento da FAB! – brincou e riram

 

--A missão é árdua, mas estamos diligentes e dedicados! – respondeu com satisfação – Não é, meu lindo? Olha o aviãozinho! – brincava com o menino

 

--O legal é que tua marida também já deu umas entrevistas aí por causa disso. – Alessandra continuou comentando – Muito maneiro ver as duas panteras detonando! – sorriu para a negra – Cada uma de um jeito!

 

--Marida... – achou graça da palavra – Ela ainda não é minha marida... – beijou a cabeça de Emmanuel – Primeiro tem que se mudar pra Manaus e aí sim, casar comigo. – brincava com o aviãozinho – Mas essa transferência dela não sai nunca! – reclamou

 

--Vai sair, amore, tenha fé! – fez um gesto despreocupado – Além do mais a dança das cadeiras tá rolando e daqui a pouco alguém com poder pra isso dá o jamegão que autoriza Yara a pousar em solo manauara. – cruzou as pernas – Falando em mudança, você viu? – olhava para a outra – Os manifestantes que andavam acampados por lá e cá finalmente caíram na real e pararam com tanta bobeira! – gesticulava – Especialmente depois que Montanauro e os sete filhos fugiram pra Disneylândia.

 

--Isso é muito surreal! – Elza balançou a cabeça contrariada – O clã acaba com o país e foge pra Disney! – fez um bico – Absurdo! – continuava brincando com o aviãozinho – Não é, bebê, um absurdo? – fez uma voz fininha

 

--Mas, aqui, dona Elza Machado, eu tô aqui só filmando e vendo qual é a sua! – afirmou bem humorada – É impressão minha ou você tá querendo fazer do meu filho um milico da Aeronáutica? – cruzou os braços – Até os brinquedos que dá pra ele, as roupas... Esse aviãozinho aí te entrega!

 

--Sou madrinha, tenho que orientar! – respondeu igualmente bem humorada – E eu acho que meu Emmanuelzinho ia ficar lindo com uniforme, não é, lindo da dinda? Lindo da dinda? – mexia com o menino que sorriu batendo palmas – Viu? Ele concorda! – exclamou empolgada

 

Alessandra riu. – Ai, ai, Elza... – suspirou – Jonas e eu somos pela liberdade. – afirmou com brandura – Nosso filho será o que ele quiser! O importante é que seja feliz! – sorriu – E se ele quiser ser militar, igualzinho a madrinha dele, nós só teremos motivos pra nos orgulhar! – dizia a verdade

 

Elza ficou toda prosa com o que ouviu.

 

 

São José dos Campos, estado de São Paulo

 

--Que pena que você não pôde ir na festa que fizeram pra ele, Alana! – Malu exclamou com Juliana em seu colo – Foi tão bonita! – sorriu – Fiquei muito feliz em saber que o Sérgio era tão querido no trabalho! – olhou para a garotinha – Você também ficou feliz, não foi, Juju? – perguntou com voz fina

 

--Igualmente, senti o peito varonil regozijando de júbilo inigualável! – Machado afirmou sorridente – Pena, Alana, oh grande lástima, que perdestes o conluio festivo que marcou minha despedida do ambiente militar aeronáutico! – segurava uma das mãozinhas da menina – Mas minha afilhada foi... – beijou a mão da criança

 

--Infelizmente era dia de plantão e nem consegui quem trocasse comigo. – respondeu com a verdade – Mas a Fê me representou junto com a Juju! – sorriu – Ela me disse que a festinha foi ótima! – olhou para Machado – E agora, como se sente como um militar da reserva? – queria saber

 

--Sensação de dever cumprido! – afirmou de imediato – Servi à amada Aeronáutica com devoção inominável e entreguei a ela dois grandes tesouros: -- sorria satisfeito – minha empoderada filha, oficial de escol, e a garbosa, desta feita promovida a suboficial! – falava como se discursasse – O prestimoso brigadeiro, onde quer que esteja, deve sentir o peito a estufar de orgulho varonil!

 

--Que Deus o tenha! – Malu se benzeu respeitosa, seguida por Machado

 

--Ele, que Deus o tenha, eu não sei, mas a Fê... – Alana respondeu bem humorada – Depois dessa promoção, ficou impossível! Pode-se dizer que você fez escola, Machado! – riu brevemente

 

--Sargento Luciana, cabo Lucas, sentido! – Fernandão aplicava uma voz de comando no Instituto – Uma jubilosa missão vos aguarda e vosso dever é atendê-la no inopinado! – olhava para os subordinados – Preparai-vos sem tempo de pestanejar as pálpebras pertinazes, pois incomensurável é a responsabilidade que paira sobre vós outros!

 

--Eu tenho entendido quase nada do que ela fala. – Lucas cochichou de boca torta para a colega

 

--E eu! – Luciana cochichou de volta concordando

 

***

 

--Esta guerra na Ucrânia que já completou um ano, o aumento da tensão entre China e Estados Unidos, os exercícios balísticos das duas Coreias, além do novo tipo de vírus Ebola que surgiu na África, são assuntos que têm me inquietado! – brigadeiro Paz comentava enquanto caminhavam de volta ao prédio principal – Somado aos problemas internos que temos neste país, um contexto internacional desfavorável dificultará a recuperação do Brasil! – considerou

 

--É verdade! – Luiza concordava – Também me preocupo, mas não gosto de pensar nestas coisas que estão muito além do meu alcance e possibilidades de ação. – pausou brevemente – Não é uma resposta que se espere ouvir de uma militar, mas fico atenta ao desenrolar dos fatos entregando sempre nas mãos de Deus.

 

--De fato, é o que se pode fazer. – o homem concordou – E focar nos problemas internos que são muitos. – olhou rapidamente para Luiza – Soube que nossa amiga foi promovida a coronel! – sorriu – E soube que o atual comandante da Base de Manaus irá para a reserva. – continuavam caminhando – Não me surpreenderia se a coronel Elza Machado fosse a nova comandante, especialmente depois de toda a repercussão positiva que causou no caso da crise humanitária Yanomã.

 

--É como eu sempre digo, brigadeiro: as pessoas certas devem estar nas posições certas. – olhou rapidamente para o homem também – Nossa cara Elza Machado já está, mas ainda falta uma outra pessoa chave.

 

--O que quer dizer com isso, major? – perguntou sem entender

 

--O senhor tem alguns amigos influentes no governo, não tem? – respondeu sem esclarecer de pronto – Será que algum deles não poderia ajudar no deferimento de um certo pedido de transferência? – pensava em Yara

 

 

Brasília, Distrito Federal

 

Yara estava reunida com representantes do Comitê de Assistência aos Indígenas, o qual fora montado em caráter de urgência desde que se soube da crise no território Yanomã.

 

--O ex presidente e vice presidente, os ex dirigentes dos Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente, da Justiça e da Defesa têm que ser responsabilizados por isso, além dos ex dirigentes da Fundação Indígena, dos órgãos de fiscalização ambiental e da Polícia Federal! – um ministro afirmava enfático – Não podemos ficar aqui correndo contra o tempo pra reverter essa crise enquanto os verdadeiros culpados passam sem qualquer penalização!

 

Após uma série de falações e discussões sobre o plano de ação elaborado pelo grupo, Yara se preparava para sair quando foi abordada por um assessor do Gabinete da Presidência da República. – Será que podemos conversar brevemente, professora? – o homem perguntou educadamente

 

--Pois não. – a indígena concordou

 

***

 

--E foi por isso que a convidamos pra reunião, professora Yara. – o homem olhava para ela – Sua ação marcante no caso do assentamento dos indígenas no território que foi dos Kenko Wiwa, sua ação diante da crise atual com os Yanomã e todo o seu histórico de luta são muito meritórios e dignos de nota! – sorriu – Saiba que nosso partido presta atenção na senhora desde que era uma estudante de graduação!

 

“Ô glória!” – surpreendeu-se – “Por essa eu não esperava!” – pensou em choque – “Sai, zóio de cobra!” – praguejou

 

--Nosso governo está de portas abertas para contar com seu trabalho em prol do povo brasileiro, especialmente dos povos originários! – gesticulou gentilmente – E nas próximas eleições por que não pensar numa candidatura a deputada federal? – propôs – Precisamos de pessoas com o passado limpo como a senhora pra renovar a imagem do partido depois de tudo que passamos nesse mundo das fake news e dos Justiceiros dispostos a tudo pra fazer valer seu ponto de vista retrógrado!

 

A indígena respirou fundo e balançou a cabeça negativamente. – Olha, senhor, eu agradeço muito e fico lisonjeada com tamanha atenção, mas sou comunista e não participo de políticas de conciliação! – sorriu – Não estou interessada em candidaturas ou em participar das eleições burguesas de qualquer forma! – dizia a verdade – Quero fazer o que puder em prol do povo brasileiro e, especialmente, dos indígenas, mas como militante, do lado de fora do “sistema”, – fez aspas com os dedos – influenciando os que estão dentro dele a agir de forma correta! – pausou brevemente – E isso me basta!

 

Surpreendeu-se com a resposta. – Mas... – riu brevemente – Ora, não há nada que a senhora deseje conquistar e que esteja muito longe por agora? Podemos ajudar! – propôs – Não pense mal, não estou oferecendo nada ilícito! Acho que a senhora não me compreendeu!

 

--Compreendi sim, senhor! E não lhe acusei de ilicitudes, apenas lhe expus o meu ponto de vista. – preparou-se para se levantar da mesa – Eu não preciso do governo pra seguir na minha luta. De nenhum governo! – frisou – Até porque o meu sonho é viver em uma sociedade que não tenha governo, nem exploradores e nem explorados. Uma sociedade onde o Capitalismo esteja presente apenas nos livros de História, como lembrança de tempos que foram superados. – levantou-se – Foi um prazer conversar com o senhor, mas ainda preciso retornar pra Goiânia. – fez um gesto de cabeça e se despediu

 

O homem acompanhou Yara com o olhar sem nada dizer. “Até hoje uma iludida sonhadora!” – pensou contrariado – “Desisto! Essa aí nunca virá pro nosso lado!”

 

 

Goiânia, estado de Goiás

 

Renata e Jaqueline almoçavam na casa de Jurema.

 

--Eu adorei essa refeição! – a mulher mais velha exclamou satisfeita ao final – Jurema, você é uma cozinheira daquelas! – elogiou

 

--Minha gata arrasa em tudo, mãe! – Renata concordou – Também adorei, amor! – sorriu para a amada

 

A indígena ficou toda prosa com o que ouviu. – Feito com todo carinho pras duas louras da minha vida! – sorriu – E à propósito, queria fazer um convite pra ambas. – olhava para elas – Eu visito minha família uma vez por ano, porque a viagem é longa, trabalhosa e tal... – gesticulou – Nas férias de julho estarei lá e gostaria que vocês fossem comigo!

 

--Ai, eu adoraria! – Jaqueline respondeu empolgada – “Nunca estive no meio dos indígenas, que da hora!” – pensou

 

--Amor, eu... – Renata se preocupou – E como será que eles vão reagir, hein? – perguntou constrangida – Quando souberem que a gente se amarrou, casou... – gesticulou brevemente – Não vai rolar uma cisma?

 

Achou graça. – Pois você vai se surpreender! – Jurema respondeu de pronto – Por muito tempo tive medo de me assumir e quando fiz isso, eles foram super compreensivos. – dizia a verdade – Além do mais, eles entendem que o Amor escolhe as almas e não os corpos!

 

--Hum... – balançou a cabeça pensativa – Sendo assim, eu concordo! – a loura sorriu – Vamos lá e vamos deixar sua família saber que estamos unidas no amor e na luta! – exclamou empolgada

 

--E eles sentirão o mesmo orgulho que eu sinto! – Jaqueline afirmou, deixando as outras duas felizes

 

 

Manaus, estado do Amazonas

 

Machado, Malu, Fernandão, Alessandra, Jonas e Emmanuel estavam presentes na cerimônia da posse de Elza como a nova comandante da Base Aérea da cidade.

 

--É muito orgulho neste peito varonil de pai! – o homem afirmava emocionado – A emoção abunda-me n’alma de tal forma que a razão obumbrara-se por completo! – olhava para esposa – Veja, minha Beleza Negra, é o sangue do meu sangue, plasma do meu plasma, assumindo o comando desta base valorosa e vibradora no mais fiel patriotismo aeronáutico! – sentia-se zonzo – Só de pensar que cada uma das mitocôndrias daquela empoderada coronel – apontou para a filha -- carrega metade dos meus gametas paternos, as pernas se me bambeiam e o músculo cárdio militar ameaça saltar-me pela boca!

 

--Amor, tenta ficar mais calmo! – aconselhou o marido – Não vai passar mal pra perder a cerimônia! – advertiu – Tá tudo tão bonito, não vai arrumar ideia de desmaiar!

 

--Partilho-vos do arroubo, oh, meu infante amigo! – Fernandão concordou – Não houvesse minha esposa ficado em casa cuidando da nossa menina rebento que por ora adoecera, certamente ela aqui estaria, aconselhando-me tal qual tua Beleza Negra adverte-vos! – gesticulou – É muita emoção prum só peito! Mesmo tendo dois! – apertou brevemente os seios

 

--Eu hein! – Jonas exclamou achando graça – Ela agora fala assim? – cochichou com a esposa

 

--Desde que foi promovida a sub e seu Machado foi pra reserva! – Alessandra cochichou igualmente e riram baixinho – Olha lá a dinda, Emmanuel! – beijou a cabeça do filho – Manda bejo pra ela, ó! – falava com voz fininha

 

Ao final da cerimônia, ao som da banda militar que tocava o hino da Aeronáutica, o coronel que comandara a Base até aquele dia se aproximou da negra, que o saudou com uma continência. Ele retribuiu à continência e afirmou olhando nos olhos da mulher: -- Quando estive fora por motivo de doença, a senhora me substituiu brilhantemente! – sorriu – Não tenho dúvidas de que esta Base não poderia estar em melhores mãos! – dizia a verdade

 

--E eu prometo que darei o melhor de mim para esta Base e todos os que dela fazem parte, totalmente em prol de servir à nação e ao povo brasileiro! – falava com o coração

 

--Ao seu comando, coronel Elza Machado! – o homem passava o bastão para a negra

 

Elza se posicionou diante do microfone e a banda interrompeu a música. Mirou todos os presentes com os olhos marejados e respirou fundo antes de falar: -- Assumo o comando desta Base como a maior de todas as honrarias que já recebi dentro da Aeronáutica! – sentiu a pele arrepiar – Não tenho muito o que dizer, além de lhes garantir que farei o meu melhor para defender a nação, o povo brasileiro e garantir o respeito ao patrimônio natural e humano que é nosso! – afirmou com ênfase – ASAS SOBERANAS A SERVIÇO DO BRASIL! – bradou para os demais

 

--PROTEGENDO A NAÇÃO! – todos os militares responderam, inclusive Machado e Fernandão

 

--Nossa! Fiquei até arrepiada! – Malu comentou com Alessandra

 

--ASAS SOBERANAS A SERVIÇO DO BRASIL! – Elza insistiu

 

--PROTEGENDO A NAÇÃO! – os militares mais uma vez responderam

 

--ASAS SOBERANAS A SERVIÇO DO BRASIL! – Elza bradou pela última vez

 

--PROTEGENDO A NAÇÃO!

 

--ÃO!! – Emmanuel levantou os bracinhos empolgado

 

--Ih, meu Deus! – Alessandra reparou achando graça – Já era, amor! – olhou para o marido – Perdemos ele pra Elza! – comentou bem humorada

 

--Eu me sinto tão emocionado, Graça! – Goulart chorava contidamente no plano astral – Nossa menina promovida a coronel e comandando uma Base Aérea tão importante! – sorriu com os olhos úmidos – Entendo Machado e Fernandão, porque é emoção demais! – olhou para a mulher

 

--Também me emociono, querido! – respondeu sorridente – Elza finalmente se encontrou sob todos os aspectos e está pronta para cumprir o que lhe cabe! –  Graça afirmou convicta

 

--Todas as bênçãos pra você, minha filha! – Edna derramava bons fluídos sobre a negra – Tenha certeza de que nunca estará só!

 

Elza sentia-se tomada por uma emoção muito forte e uma bem vinda sensação de acolhimento invadia o seu coração. Nem imaginava que da pátria espiritual pessoas amadas lhe velavam, sob a permissão de Deus, para que fosse feliz no destino que dava cumprimento a partir dali.

 

 

Goiânia, estado de Goiás

 

Yara estava na sede do Partido Comuna, a qual se encontrava lotada. Com o coração acelerado e os olhos úmidos, fazia um discurso de despedida.

 

--Eu nem sei explicar o que sinto nesse momento! – a indígena buscava conter as emoções – O Comuna me acolheu desde que eu tinha 17 anos e graças às pessoas que constroem esse Partido diariamente, ou seja, vocês, hoje sou uma mulher de 47 anos que, apesar de todos os defeitos, está muito consciente de seu papel na sociedade! – pausou brevemente – Foram 30 anos de luta abrigada nesta sede, com praticamente 20 deles à frente do Partido e muito aprendizado! O Comuna me apresentou a pessoas incríveis, como camarada Natália, camarada Celeste, camarada Omar, só para citar alguns. E eles trouxeram a inesquecível dona Kedima pra dentro da minha vida, o que mudou tudo! – sorriu emocionada

 

--Gente, é uma vida, né? – Natália afirmou emocionada – Essas despedidas me deixam sensível! – fungou

 

--Nem me fale! – Celeste concordou – Conheci camarada Yara ainda menina e ver esse mulherão aí me enche de orgulho! – derramou uma lágrima

 

–Graças ao engajamento que aprendi aqui, conheci o saudoso camarada Paulo, camarada Jurema, camarada Maria e camarada João, os primeiros indígenas do meu relacionamento e que muito me ajudaram a ter consciência de quem sou! – a professora reconheceu

 

--Lembro daquele encontro como se fosse hoje! – Maria apertou a mão do marido – Vocês lembram que eu tava cantando? – sorriu emocionada

 

--E quando você não canta, amor? – João perguntou brincando

 

--A vida passa voando! Não dá pra perder tempo com bobagens, né? – Jurema filosofou – Camarada Paulo, quantas saudades...

 

“Yara tem uma história foda!” – Renata pensou emocionada – “Quisera eu, mas um dia chego lá!”

 

–Eu poderia citar muitos nomes e todas as lutas que encampamos, porque me lembro de cada greve, de cada manifesto e de cada passeata! – Yara derramou uma lágrima – Lembro das tantas entidades que trouxemos pra perto de nós, como o Movimento dos Povos Originários, o Movimentos dos Sem Posses, a Comissão Nacional dos Religiosos Católicos do Brasil e tantos sindicatos classistas, tantos estudantes e profissionais liberais! – falava com orgulho – Cada uma destas pessoas e instituições deixou marcas profundas dentro de mim e, certamente, nada foi em vão! – respirou fundo – Mas eu não vou abandonar a luta porque vou me mudar pra Manaus, muito pelo contrário! – prometeu – E lhes garanto, que o Comuna vai ter uma voz no Amazonas! – gesticulou – E vai ser ruim de calar essa voz, viu? – sorriu emocionada – COMUNA É LUTA!!!! – gritou dando um soco no ar com o braço esquerdo

 

--COMUNA É LUTA!!!!!!!!!! – todos gritaram repetindo o mesmo gesto

 

--Essa menina sempre apaixonada... – Kedima sorria – Mas fico tranquila. Sei que vai fazer bonito no Amazonas!

 

--Ela foi preparada por todos estes anos não à toa! – Alice concordou

 

--Dona Alice, dona Kedima, será que Yara sabe ou sente que nós estaremos sempre dando apoio a ela? – Paulo perguntou curioso – Será que ela sabe que toda a nação Kenko Wiwa segue junto nessa luta, dando suporte aqui do plano astral? – olhava para elas

 

--Nem tudo tem precisão de saber, menino. – Kedima respondeu mansamente

 

--Que ela sinta a Chama Divina aquecendo-lhe o coração é o que basta! – Alice considerou

 

Os padres Ignácio e Camilo benziam a indígena em sua movimentação de despedida de Goiás.

 

 

Manaus, estado do Amazonas

 

Julho estava em seus primeiros dias quando Yara finalmente aportava em Manaus. Seus poucos pertences haviam sido enviados uma semana antes para a casa que Elza providenciou para abrigar os sonhos conjuntos de ambas.

 

“Ô, Minha Nossa Senhora, me oriente por piedade! Que eu não dê rata!” – parou diante da casa e benzeu-se -- “Eu nunca tive uma casa e vou viver aqui, com o amor da minha vida!” – emocionou-se – Coragem, mulher! – pegou a chave e abriu o portão – Coragem pra viver a sua nova vida! -- entrou lentamente – Vai dar certo, tenha fé! – fechou o portão e encaminhou-se para a porta da sala – Linda? – tocou a campainha

 

--Pode entrar, querida! – Elza respondeu lá de dentro – Você tem as chaves, lembra? – comentou bem humorada

 

Yara abriu a porta com o coração a ponto de explodir. Tirou o mochilão das costas e o colocou no chão, ao lado de um sofá – Linda? – chamou mais uma vez – “Nossa, tudo tão bonito!” – reparava no ambiente

 

--Oi, amor! – Elza apareceu na sala e se encostou no portal – Fez boa viagem? Tá tudo bem? – sorria – “Ela fez a tatuagem de onça que eu ADORO!” – pensou ao constatar

 

“Ô, glória!” – sorriu espontaneamente – “Linda como sempre!” – gastou uns segundos calada – Estou bem melhor agora! Parece até que entrei no paraíso! – as duas riram um pouco nervosas

 

--De certa forma, sim. -- olhava nos olhos da amada -- Eu não trago mais quaisquer mágoas no coração, deixei as dores do passado pra trás, tô super motivada com o que faço e o mais importante... -- pausou brevemente -- Finalmente vou viver com a mulher que há anos habita em meu coração. O paraíso não seria algo diferente disso pra mim. 

 

--É ... -- respondeu abobalhada

 

--Depois de tantos anos... – aproximou-se do home e mexeu no celular – Finalmente, temos um lar pra vivermos juntas! – olhou para a indígena – Você pensou que eu não ficaria aqui, não foi? – deixou o celular sobre o móvel – Achou que eu iria embora assim que pudesse... – aproximava-se da outra lentamente – Mas eu fiquei... só por você! – olhava nos olhos

 

O som de uma bela música invadiu a casa.

 

“Amor,

Se for por seu carinho,

Se for por seus beijinhos,

Diga ao povo que fico,

E mudo tudo...”

 

--Eu mudei tudo por você, simplesmente porque é só com você que desejo ficar! – Elza afirmou enfática

 

Yara não disse coisa alguma. Sentia-se hipnotizada.

 

“Amor,

Nada mais é tão sério,

Só você me importa,

Tô fechando a porta,

E é só você...”

 

--Você quebrou minhas defesas, superou minhas barreiras e plantou todas as sementes possíveis dentro de mim! – parou diante da indígena – A do Amor e a da Luta!

 

“Pra mim sempre foi duro,

Minha vida ia correndo,

Cheguei em um ponto,

Que não sentia mais,

Meu coração não via

Era cegueira pura...”

 

--Você me fez ver coisas que eu nunca tinha parado pra prestar um segundo de atenção! – Elza reconheceu -- E às vezes o que a gente deixa passar é a nossa própria vida!

 

“Mas quando vi você,

Ele me disparou...”

 

--Já perdi tempo demais! – a negra tirou algo dentro de um bolsinho do vestido – Agora chega! – estendeu a mão revelando uma caixinha

 

“É tanta gente doida,

Tanta gente carente,

Eu que já vi de tudo,

Nisso tenho certeza,

Que nesse mundo cão,

De tantas malvadezas...”

 

--Casa comigo, amor? – pediu ao abrir a caixinha

 

--Ô, glória! – abestalhou-se

 

“Você é um presente

Que eu não posso perder...”

 

--Isso é um sim? – Elza perguntou com um sorriso tímido

 

--Eu digo sim desde o momento em que nos beijamos pela primeira vez! – respondeu com os olhos marejados

 

“Amor,

Se for por seu carinho,

Se for por seus beijinhos,

Diga ao povo que fico,

E mudo tudo...”

 

--Yara Saraíba, Yara Cayê, – segurou-a delicadamente pela mão esquerda – eu te quero como minha esposa pelo resto da vida! – colocou a aliança – Porque antes de hoje, eu já era irremediavelmente sua! – sorriu emocionada

 

“Pelas ruas que andei sem rumo certo,

(Não foi tão bom),

Ninguém que chegou dava saudade,

(Era o vazio),

Nada do que lá fora me deram,

Tinha sua qualidade... “

 

--Elza Machado, -- segurou-lhe pela mão esquerda – você me tem há 23 anos! – colocou a aliança – E agora me terá por mais todo tempo que Deus nos permitir! – derramou uma lágrima

 

--Amém! – derramou uma lágrima igualmente

 

“Amor,

Se for por seu carinho,

Se for por seus beijinhos,

Diga ao povo que fico,

E mudo tudo...”

 

– Acho que agora nos falta uma festa! – Elza sorriu com os olhos marejados – Vamos marcar de fazer uma? – propôs

 

--Que tal agora? – puxou-a pela cintura – Não precisa de festa, minha linda! – olhava nos olhos – Somos só você e eu e fim! – beijou-a com paixão

 

“Ô, glória!” – Elza pensou embevecida

 

“Amor,

Nada mais é tão sério,

Só você me importa,

Tô fechando a porta,

E é só você e eu...”

 

Yara ergueu a esposa pela cintura ao final do beijo e rodou com ela pela sala, como se dançasse. Elza abriu os braços e as duas riam invadidas pela mais pura felicidade.

 

“Lá, lá,

Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá,

Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá,

Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá,

E é só você e eu...”

 

As duas mulheres sabiam que muitos desafios viriam, inclusive as dificuldades do convívio diário, mas estavam prontas para encarar. Definitivamente, sentiam-se unidas por laços indestrutíveis no Amor e na Luta.

 

“Lá, lá,

Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá,

Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá,

Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá,

E é só você e eu...”

Vanessa da Mata - Só Você e Eu [1]

 

A Felicidade não exige muito, mas há que se ter um pouco de coragem, não é verdade?

 

E coragem, é algo que pode-se dizer que Elza e Yara aprenderam a ter de sobra!

 

Elas entenderam que sob todos os aspectos, já era mais que tempo de agir.

 

E agiram...

 

TEMPUS AGENDI

 

 

Fim do capítulo