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Nas brumas do Pico por Nadine Helgenberger

Ver comentários: 9

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Palavras: 4063
Acessos: 2080   |  Postado em: 08/02/2023

Capitulo 5

 

Muito antes do horário habitual, Walkiria já estava na sua área de lazer do loft, aos socos e pontapés. Seu saco de boxe nunca lhe valera tanto como naquela manhã. Precisava extravasar toda a tensão que a consumia. Os problemas vinham a galope na sua cabeça. A questão financeira, o banco que não tinha nenhuma razão para ser condescendente, sua atitude bastante contestável à frente de hóspedes, a falta de coordenação com sua sócia, a relação com Dália...

Tanta coisa, mas precisava pensar em um problema de cada vez. Sua terapeuta agradeceria. Há tanto tempo que não aparecia nas sessões. Mais um problema para resolver, mas esse poderia esperar.

A primeira tarefa do dia seria sem dúvida, remediar a péssima impressão que deixara junto aos clientes de Dália que agora eram seus. Aquela mulher...tinha alguma coisa nela que lhe parecia muito familiar.

            --Eu já a vi. Nunca esqueço um rosto, mas o problema é que vejo tantos...será que ela já esteve aqui hospedada? Bom, isso é fácil de saber, vou aos arquivos.

Depois de mais alguns chutes, socos e de pular muita corda, foi agraciada por mais um maravilhoso amanhecer. Tudo ali era tão lindo e a natureza sempre generosa. Abriu os braços para receber o dia e o sol acariciou toda a sua pele. Ele estava mais lindo do que nunca e brilhava majestosamente. Bom sinal, o dia correria bem.

            --Banho dona Wiki e vamos para mais um dia no paraíso. - Brincou tentando camuflar o seu estado apreensivo.

 

*****

Na cozinha, Diana já estava às voltas com seus preparos e sempre bem-disposta e a cantarolar.

            --Bom dia, Diana!

            --Bom dia! Hoje a senhora chegou mais cedo.

            --Pulei da cama ainda era madrugada...

            --Então a senhora não dormiu quase nada. Ah como é que eu sei? A Isis é namorada do meu irmão e ele veio buscá-la na saída à meia-noite e disseram que a senhora ficou na receção porque ainda tinha hóspedes circulando na área comum. A Isis mora lá em casa...

Walkiria sorriu. Aquelas características tão típicas do interior que no princípio a incomodavam, mas que com o passar do tempo, passou a achar engraçado. Eles não falavam por mal, apenas qualquer coisa virava assunto.

            --Pois é, dormi pouco. Meu corpo aguenta, não preciso de muitas horas de sono para estar operacional.

            --Eu também sou assim.

            --Diana, não precisas de um ajudante?

            --Não! Nem pensar. Eu lido bem sozinha com minha cozinha. As melhores horas do meu dia são as que passo aqui. A senhora não está satisfeita?

            --Imagina, claro que estou. Só queria saber a tua opinião, ainda mais que fazes outras tarefas aqui no hotel...

            --E adoro! Preciso do meu dinheiro e de me ocupar e que bom que aqui aproveitam todas as minhas capacidades e ainda sou valorizada.

Walkiria sorriu enquanto tentava equilibrar alguns pratos num braço.

            --O ambiente de trabalho aqui é tão bom. Parece mais a extensão de nossa família. Eu já trabalhei em cada lugar, a senhora nem imagina.

            --Então, estás feliz?

            --Dona Walkiria, a senhora está insatisfeita comigo? Com o meu trabalho? - Olhou para ela, limpando as mãos freneticamente no pano de prato e com as sobrancelhas erguidas.

            -- Não, pelo contrário. Estamos muito satisfeitas. - esclareceu.

            -- Se a senhora está preocupada com a minha ausência nos dois dias de formação na Praia, não se preocupe, a Sónia, minha prima, virá me substituir e ela é uma cozinheira maravilhosa e melhor pasteleira de santiago.

            -- Já nem me lembrava disso, e sei que farás o teu melhor para que tudo funcione muito bem e fico muito satisfeita que estejas sempre a aprender coisas novas.

            --A dona Greta que me inscreveu na formação. Eu tenho as melhores patroas do mundo.

            --Tu mereces ter as melhores patroas do mundo. Fazes o teu trabalho como ninguém...

            --Ufa, eu estava um pouco apreensiva... - Fez uma careta.

            --Sim? Porquê?

            --Ah, a senhora sempre aqui comigo nas manhãs, me ajuda, e faz tudo para que nada saia fora dos nossos padrões...

            --Mas... - Walkiria sorriu já antevendo o desfecho daquela conversa.

            -- É que a senhora nunca conversa tanto, é sempre muito pratica e diligente, mas de poucas palavras e hoje...

            --Estou falando pelos cotovelos. - Sorriu enquanto pensava que aquela conversa despretensiosa valera tanto quanto uma visita à sua terapeuta.

            --Sim, um pouco. - Sorriu olhando para as panelas.

            -- É que estou preocupada e não sei muito bem o que fazer com o redemoinho dentro da minha cabeça, a solução é virar uma gralha.

Riram juntas.

            --Posso ajudar? Não sei como se não tiver nada a ver com meu mundo das panelas, mas...

            --Já me ajudas tanto sendo perfeita com as tuas panelas. Se cada um ajudar com o seu melhor, quem sabe, tudo não volta ao normal.

            --Ah, hoje fiz cuscuz com goiabada. Costuma ser unanimidade por aqui e quero agradar nossos hóspedes novos.

            --Eles vão adorar!

 

*****

Seguindo a sua rotina diária, Walkiria passou o resto da manhã a trabalhar em casa. Tentou resolver o maior número de pendências com as agências de turismo, com as operadoras, questões do dia a dia do hotel e ao final da manhã, ligou ao advogado. A conversa não conseguiu acalmá-la, bem pelo contrário.  Tanta coisa para resolver...

Precisava de Greta. Precisavam unir-se num time, na dupla perfeita de outrora. A situação exigia. Estava cansada e nem era apenas cansaço físico provocado pela falta de sono. Era uma sensação de estar de mãos atadas, presa e sem saber como agir. Reagir.

Lembranças de um passado nem tão longínquo assim vieram assombrá-la. Sem saber o que fazer com aquele amontoado de pensamentos, deitou por alguns minutos no sofá da sala. Precisava acalmar a mente ou continuaria a meter os pés pelas mãos...

Perdeu a noção do tempo e adormeceu por algumas horas. Nem tantas quanto necessitava, mas, serviu para melhorar o seu humor e as ideias.

Perto do horário que sabia que encontraria Greta e que ela estaria bem calma, dirigiu-se ao lounge do hotel. Lá estava ela concluindo mais uma aula de pilates. Tudo naquele momento inspirava calma. A calma que Walkiria precisava para contornar os obstáculos que ameaçavam engoli-la.

No ritual de despedida da prática, notou a presença dos tais hóspedes e respirou aliviada. A atividade de pilates, bem como outras que o hotel oferecia, eram cobradas à parte e tinha certeza que Greta tinha ofertado pelo menos uma aula aos clientes. Greta era tão perfeita em certas coisas...

           --Ei, já ia bater lá no teu loft. Está tudo bem?

           --A aula correu bem? Vejo que os clientes de ontem participaram...

           --Sim, e foi oferta do hotel. Acho que era o mínimo a ser feito...

           -- Estás coberta de razão!

           --Tudo foi contornado muito bem. Se bem que os dois Franceses não me parece que tenham notado qualquer problema. A senhora que parece ser inglesa, se notou, a minha aula foi suficiente para apagar qualquer constrangimento.

            -- Como é nome dela?

            --Da inglesa? Achas que eu sei.  Porquê?

            -- Estou com a sensação de já ter visto essa cara em algum lugar...

            -- Será que ela já se hospedou aqui? Eu não me lembro da cara dela, mas quem é boa de fisionomia, és tu.

            --Fui ver os arquivos, e não, ela nunca esteve aqui...

            --Foste aos arquivos? Ficaste mesmo impactada...

            --Viste o tamanho do meu destempero...

      --Pois, e por falar nisso, podemos saber o motivo? Suponho que seja algo relacionado ao hotel e sendo assim, preciso saber.

            --Viste o correio eletrónico?

            --Hoje ainda não. Problemas? Claro...

            --Sim, mas falámos depois que tomares conhecimento. Ok?

            -- É o banco? - De repente, Greta ficara agitada.

            --É...

            --Vamos resolver!

            -- Vamos sim, e nada de tomar decisões sem me consultar. Sabes bem a quê me refiro.

            -- Eu sei e não costumo cometer o mesmo erro duas vezes.

            -- Ficas até às 19Hs?

            --Sim.

            --Então podemos tomar um chá mais tarde e conversar um pouco?

            -- Claro! É tempo de tomar um banho e inteirar-me dos emails.

            -- Combinado! Vou voltar para casa para esmurrar um pouco meu saco de boxe.

Riram juntas.

            -- Antes nele do que nos meros mortais.

*****

A caminho de seu loft, movida por uma inquietação não muito usual, Walkiria desviou pela direita e com passadas firmes, dirigiu-se à área das kitnets.                        Eram 3 e uma delas estava ocupada pela tal mulher que não lhe saía da cabeça. Precisava trocar meia dúzia de palavras com aquela criatura, ou permaneceria naquela ansiedade sem sentido. Bom, não era de todo sem sentido, tinha agido como uma perfeita idiota...

Interrompeu as passadas intempestivas tão logo viu a mulher. Ela estava do lado de fora da kit e falava ao telefone. Algo nos gestos dela era absolutamente familiar. A forma como passava a mão pelo cabelo preso, como gesticulava, a mão na nuca enquanto alongava a cabeça. Conhecia aquela mulher, mas de onde? Onde?

Atordoada, ou enfeitiçada, perdeu a noção de tudo, até que a mulher a viu. Trocaram olhares. Segundos, mas alguma coisa soou ainda mais familiar a Walkiria.

             --Olá...vim dar as boas-vindas. Sou a Walkiria, também proprietária da Pedras do Vale. É um cumprimento da praxe. Está tudo bem? - Estava atrapalhada, mas disfarçava bem.

             -- Está tudo maravilhoso! Acabei de fazer uma aula de pilates com a outra sócia. Que aula. Ela está bastante comprometida com o bem-estar dos hóspedes. - Mantinha um semblante neutro.

Aquela frase soou como uma crítica a Walkiria, mas ela não tinha como se defender.

             --Como é o seu nome?

             --Nahima! - ela parecia divertir-se com aquele interrogatório.

             --Já esteve cá outras vezes?

             --Depende...

Walkiria percebeu o leve tom provocativo, mas ao invés de cortar, resolveu embarcar na brincadeira. Alguma coisa ali prendia a sua atenção...

              --Se a pergunta é se já estive aqui no teu hotel, a resposta é não...

              --Em algum momento haverá uma resposta afirmativa...presumo...

             --Pareço-lhe familiar? Minha cara é comum...

             -- Desde ontem, estou com a sensação que já te vi em algum lugar.    

            -- E agora? - Nahima aproximou-se ficando muito próxima de Walkiria.

            -- O quê? - Walkiria percebeu-se sustendo a respiração. Afinal, que estava a acontecer ali?

            --Acha que me conhece?

A voz pausada, o olhar que mesclava mistério e doçura...sim, já a tinha visto. Varreu a mente à procura daquele rosto e nada.       

             --Costuma visitar Cabo Verde?

             --Hum-hum...- ela continuava a divertir-se com aquela charada.  - Há alguns anos que não vinha, mas costumava vir muito.

E se aproximava ainda mais...

             --De onde eu te conheço? - Impacientou-se. -Eu sinto que tu me conheces também, o teu olhar não mente...

             -- O meu olhar...- Sim, ela se divertia com aquela situação. - . Estou um pouco diferente, meu cabelo está bem mais comprido, estou mais velha, meu corpo mudou um bocado...

             -- Já percebi que gostas de jogos, mas diga-me, de onde eu te conheço? - Walkiria quase agarrava a mulher.

            --Teu black curtinho era muito lindo, mas esse afro está incrível. Teus cachos soltos são tão lindos - ela quase sussurrava.

             -- Black curtinho...eu usei o cabelo assim há muito tempo...- Walkiria vasculhava a mente e por essa altura seu coração pulava enlouquecido no peito.

             -- Pote de chocolate, só faltam os salpicos de ouro...- Tocou-lhe a pele, fazendo leves carícias com a ponta dos dedos.

Ergueu o olhar e sorriu. O mundo de Walkiria girou e parou numa tarde perfeita, o dia mais doido da sua vida, quem sabe o mais feliz. Com certeza, um dos mais marcantes. O sorriso de Nimah. O único. O mais lindo que já vira. Que acolhia, aliciava, prendia...que convidava a ficar mesmo quando não havia mais tempo...o sorriso de Nimah.

             -- Eu não acredito! - Agachou. - Não acredito! - Gritou.

De pé, com as pernas bambas, mãos tremulas e a cabeça às voltas, foi agraciada com mais um sorriso. Sem pensar em mais nada, abraçou-a com força e instintivamente cheirou-lhe o cabelo. Tremeu da cabeça aos pés.

            --Sim, és tu. Meu Deus, é ela. - Gritava enquanto a outra ria dentro do abraço.

Olharam-se com calma e tocaram-se, devagar. Parecia irreal...

            -- Cabelo com cheiro de paraíso. Nimah, Nahima, sei lá como te chamas, não interessa. - Walkiria estava completamente absorvida pelo momento e não se policiava como normalmente faria.

            --Nahima, esse é o meu nome. Mas pode ser Nimah também. Meu irmão me chamava assim quando eramos crianças e gosto de me apresentar assim, quando estou descontraída. Nas férias...

Abraçaram-se mais uma vez. Parecia que queriam ter certeza que era real, ou talvez tivessem medo de acordar. Mas havia pequenos detalhes que tornavam tudo muito real.

            --Eu te reconheceria em qualquer lugar, esse cheiro do teu cabelo...- e continuava a cheirar como quem cheira o melhor perfume e se vicia.

            --Demoraste quase um dia para me reconhecer. Eu te reconheci naquele momento lá na receção. Estás diferente, mas eu não esqueci essa tua cara de insuportável. A chata mais doce de Cabo Verde.

Riram às gargalhadas e estreitaram ainda mais o abraço. Entre sorrisos, risos e silêncio, assim permaneceram até serem interrompidas.

           --Dona Wiki, desculpa incomodar. Estão à sua espera no chá...a dona Greta e a senhora Dália. Pediram que eu a procurasse em casa...

          -- Wiki...lembrei-me agora do teu esforço em parecer chata...da tua amiga lá das Salinas, que te chamava Wiki com aquela voz forte e ao mesmo tempo carregada de amor...

          -- Lembras de muita coisa...- Sorriu. Riu alto. A sensação era tão boa que não havia espaço para filtrar emoções.

E o pobre do Luís permanecia ali sem saber o que fazer e sem entender absolutamente nada.

         --Eu ainda não acredito que estás aqui. - Walkiria tocava-lhe a face, o cabelo.

         --E eu não acredito que te encontrei no interior de Santiago. Estive algumas horas no Sal e me perguntei, por onde andará a chata maravilhosa?

Riram.

        --Cada dia mais chata, posso assegurar. - Fez uma careta e riu.

        --E maravilhosa, dona de um hotel lindo. Sonho realizado!

        --Lembras do meu sonho?

        --Claro! Lembro do brilho nos teus olhos, na paixão em descrever a tua ideia de negócio. Lembro também da insegurança, dos medos. E olha onde estamos. - Sorriu e Walkiria sentiu algo como estar muito à vontade. Raridade. E ela era quase uma estranha. Tudo muito estranho, mas o momento era de sentir. Apenas isso e era tanto.

        --Eu tenho tanta coisa para te contar...- Sonhava de olhos abertos e sorriso escancarado.

        -- E eu quero ouvir tudo, com detalhes. Sem pressa.

        --Dona Wiki, posso dizer que a senhora está ocupada? - Luís já não sabia mais o que fazer.

        --Luís, peço desculpas. O que aconteceu?

        -- Dona Greta e Dália estão à sua espera para o chá...estão há algum tempo lá no lounge...

        --Já vou! Diga que já vou, ok. Obrigada.

        --Sim senhora. Desculpa qualquer coisa...

Ele foi embora com receio de ter cometido algum deslize.

        --Temos quanto tempo dessa vez? - perguntou transparecendo alguma ansiedade.

        --Não falemos de tempo agora. Estão à tua espera...

        --Sim, o dever me chama. - Sorriu. - Só não corte minhas asas dizendo que vais embora amanhã.

Nahima riu muito. Encarou-a com aquele olhar doce, profundo, intenso e que acolhia como o melhor abraço.

         --Não vou. Prometo. Dessa vez temos mais tempo...

         --Seja muito bem-vinda à Pedras do Vale, meu sonho realizado.

Riram juntas e Walkiria correu em direção à área comum do hotel.

 

*****

          -- E tu ainda ris, ah Dália...

          --Ah minha ranzinza deliciosa, ninguém perdeu nada. Aliás, nunca ninguém perde nessas negociações. Eu não perco credibilidade junto à operadora, vocês faturam mais, o Gary tem mais trabalho, ele, e os demais guias freelancer. Estás a reclamar de quê? - Dália soltou um beijinho no ar e piscou o olho.

        --Dália, minha sócia gosta de tudo seguindo um roteiro, tudo no plano. Tudo o que foge ao previamente planeado, é uma tortura para essa senhora.

        --Podem dizer o que bem entenderem, mas eu sempre vou preferir saber onde estou a pisar e nos negócios então...

Walkiria lembrou de Nahima e sorriu inadvertidamente. As pernas por baixo da mesa batiam sem parar. Queria mais algum tempo com ela. Tinha tanta coisa para contar e temia que mais uma vez o tempo fosse um algoz. Tempo...mordeu o polegar e suspirou.

        --Ei, ainda estás connosco? É impressão minha, ou estás longe daqui?

        --Hã? Seria um clone meu sentado aqui?

        --Sempre com brilhantes saídas pela tangente. Lembra-me porque sou doida por ti.

Riram.

Talvez Dália estivesse apenas a provocar a namorada, a relação delas tinha essa particularidade. Mas, Greta que a conhecia muito bem, tinha notado que ela estava efervescente. Sim, essa era a palavra. Ela parecia excitada e ao mesmo tempo extasiada. Seria uma reação diferente aos problemas que estavam a enfrentar? Walkiria estava diferente. Ah, e parecia aérea, talvez expectante...

         -- Ei Gary, tens trabalho agora á noite? - Walkiria perguntou ao guia e faz tudo que passou discretamente pelo lounge.

          -- Boa noite. Sim, vou levar 5 clientes para o Museu da tabanca e para conhecerem dois espaços culturais novos em São Domingos.

          -- Gary, os meus clientes estão nessa lista? Trate-os muito bem. Temos que agradá-los para não sofrermos nas avaliações.

           --Agora são nossos clientes. A partir do momento que fizeram asneiras nas vossas reservas e vieram para cá, são nossos clientes.

           --Opa, sim senhora. Defendendo com sentimento de posse, essa é minha Wiki.

Riram muito.

           --Ah essas duas, par perfeito. - Brincou Greta.

           --Somos mesmo, pena que ela ainda não saiba.

           -- Tu não tens juízo...

           -- Não tenho mesmo, fui me apaixonar por uma mulher que só pensa em trabalho e que para meu azar, é maravilhosa em todo o resto.

A atenção de Walkiria foi desviada para um burburinho ali perto. Gary seguia acompanhado pelos hóspedes que viera buscar. A caminho da saída, eles teriam de passar por ali. E passaram. Nahima fazia parte do grupo e como os demais, estava alegre. Cumprimentou as três mulheres com um aceno de cabeça e um sorriso. Parou dois segundos a mais na figura de Wiki e seguiu.

          --Eu acho tão elegante mulher que usa chapéu. Essa fedora da minha cliente que agora é vossa, é linda. E no final ainda ganhaste uma cliente linda e elegante. Para de reclamar, oh Walkiria. - Brincou.

          --Também acho muito sexy. Não sei se combina com o meu estilo, mas com a hóspede da confusão, ficou perfeito. - Concluiu Greta.

          --Ei Wiki, onde estás? Se nem mulher bonita chama a tua atenção, o caso é grave. Greta, o que essa mulher tem? - brincou.

        --Problemas sérios para resolver e eu nem notei na mulher de chapéu...

        --Meu amor, eu tenho a solução perfeita para a tua noite. A nossa noite.

        --Hmmm?

        --Vamos jantar em São Francisco. Foi inaugurado um restaurante com excelentes críticas e depois de comida boa e bom vinho, uma cama melhor ainda. O que me dizes?

O convite era tentador, ainda mais se pensasse na última parte...Dália era boa nos truques e sempre a convencia...

           --Hoje eu seria péssima companhia. Minha cabeça está um turbilhão. Acho que nem o melhor dos teus truques, conseguiria me relaxar.

           -- Tens certeza? Olha que podes te surpreender...

Dália beijou-lhe a boca com vontade. Um convite explicito ao prazer. Mas Walkiria não estava ali...

           --Já percebi que perdi para o trabalho. Eu sei quando perco uma batalha. Mas a guerra ainda está em campo. Vale a pena...

Walkiria riu e no íntimo, respirou aliviada. Não fazia o menor sentido, mas agradeceu a fama de workaholic. Às vezes era a salvação...

         --Bom, eu como sei aproveitar as coisas boas dessa vida e já se faz tarde, vou para a minha noitada. Amanhã eu te conto o que perdeste...

Beijou-lhe a boca mais uma vez, aprofundando o beijo na ânsia de persuadi-la a mudar de ideia. Mas, Walkiria era difícil de dobrar...

Dália foi embora e Greta encarou a amiga com um sorriso indagador.

           --Eu não conseguiria namorar contigo.

Walkiria riu alto.

           --E essa agora? Claro que não. Não fazes o meu tipo e até onde sei, a senhora é fã número 1 da rapaziada.

Riram.

          --Às vezes és tão seca, Wiki. A mulher maravilhosa, doida por ti, respirando sensualidade, e tu nem reages. Se eu te convidar agora para uma reunião de trabalho, teus olhos saltam para fora de satisfação.

         --Não saltam nada. Estou cansada...nossa reunião pode ficar para amanhã? Prometo que nos reunimos nas primeiras horas.

         --Até que enfim estamos sintonizadas.

         --Exagerada!

         --Eu ia pedir que fosse amanhã. Tenho um jantar com amigos e...

         --Vá sair com teus amigos. Eu vou dormir cedo. Minha cabeça não está muito boa...

         --Vamos conseguir solucionar esse problema. Já superamos tantos...

        --Hum-hum...

Greta beijou-lhe a cabeça e foi embora.

 

*****

A série que costumava ser seu entretenimento antes de dormir, desenrolava e só as paredes prestavam atenção. Em cima da cama, tinha uma pilha de documentos, contratos e na cabeça, dúvidas, medos e muita insegurança. Teria de encontrar uma solução para mais um dilema. Precisava de mais tempo para organizar e quem sabe descobrir uma fórmula mágica de contornar aquele pesadelo.

           --Formula mágica, Walkiria? Pelo amor de Deus...

Desabou o corpo na cama e olhou fixamente para o teto. Talvez uma ideia brilhante viesse de algum lugar. Precisava de ideias milagrosas. Precisava voltar a acreditar que tudo daria certo. De trabalho ela entendia bem e não tinha medo, mas precisava de outra coisa. Não sabia exatamente de quê, mas sabia que precisava de outra coisa.

Abraçou as pernas sobre o abdómen e sorriu ao lembrar-se da hóspede. Suspirou de olhos fechados e sorriso no rosto. Ela ali, era um milagre. Um acontecimento...

Durante muito tempo pensou nela, por onde andaria, se estaria feliz. Com o passar dos anos e com a vida nos seus atropelos, acabou por esquecer daquele dia tão estranho e ao mesmo tempo, perfeito. Nahima, que nome lindo e tão dela. Sorriu mais uma vez. Deu uma risada. Aquela mulher e seus efeitos...

O que ela estaria a fazer por ali? Interior de Santiago? Ela parecia uma mulher mais de sol e praia. A verdade é que não sabia nada dela. Tudo não passava de conjecturas.

           --E mesmo assim, não paro de pensar numa conjectura. Até parece que não tenho mais nada com que ocupar minha cabeça. - Riu alto e de repente estava relaxada.

            -- Se eu não fosse dona desse hotel...ah para Walkiria, estás doida? Por onde andará minha aclamada racionalidade? Ah, que mal há em querer ter uma amiga nova. Nos demos tão bem há 5 anos...

Sentou na cama e alongou os braços até ouvir o estalar de alguma coisa nas costelas. Precisava de massagem, acupuntura, autocuidado, de rir à toa...de paz.

Sem encontrar qualquer solução para os seus inúmeros problemas, decidiu descer as escadas do mezanino e preparar um chá que ajudaria a pegar no sono.

Na cozinha, teve a sensação de ouvir uma movimentação do lado de fora. Zuri, claro.

            --Agora vais esperar, vira-lata abusado e mundano. - Riu.

Escolhia o chá, quando ouviu algo como palmas do lado de fora. Zuri fazia muita coisa, mas bater palmas ainda não.

Intrigada, decidiu ver o que acontecia do lado de fora. Talvez fosse mais um fogo para apagar no hotel. Mas nenhum dos funcionários e muito menos Greta a chamavam com palmas. Estava cansada...

Abriu a porta sem muito animo...

             --Ou eu matava a curiosidade, ou ela me matava...

 Nahima e seu sorriso largo capaz de iluminar o mais intenso breu.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Boa leitura e não se esqueçam de comentar o que estão a achar da história.

Com amor,

Nadine Helgenberger


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Comentários para 5 - Capitulo 5:
Mille
Mille

Em: 10/02/2023

Visita surpresa ou não, ou seria a força do pensamento??

Nah não é besta e foi atrás da Wiki. 

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Nahima é rapida, nao gosta de perder tempo rsrsrs. Adoro essa característica dela.

Muito obrigada.

Bjs

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 09/02/2023

Que reencontro maravilhoso! Doida pra saver da vida não.a depois desses anos. Quantos mesmo?


Resposta do autor:

5 anos. Vais sabe de tudo...aos poucos rsrsrs

Bjs e muito obrigada.

Responder

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mtereza
mtereza

Em: 09/02/2023

Como terminar o.capitulo assim menina e meu transtorno de ansiedade como é que fica rsrsr. Amei o capítulo e entendi porque a Walkiria não reconheceu a Nahima logo quando elas se reencontraram .


Resposta do autor:

Kkkkkkkkkkk, tu já me acompanhas e sabes que adoro fazer isso. Dá mais vontade de ler o próximo rsrsrs

Muito obrigada. Bjs

Responder

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 09/02/2023

Eu fiquei apaixonada com esse reencontro, Wiki liberou as emoções.... perfeito

Mas esse final deixou a aquela vontade de quero mais...

Até o próximo 

Bjus


Resposta do autor:

O próximo vem aí e carregado de emoções rsrsrs

Bjs e muito obrigada.

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 09/02/2023

Surpresa agradável Walkiria.


Resposta do autor:

Bastante! rsrsrs

Muito obrigada.

Bjs

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rebarlow
rebarlow

Em: 09/02/2023

Gente que sensação boa me deparar sempre com um novo capítulo. 

Amei o reencontro, que conexão heim... Gostando do rumo das coisas!!

Bom dia a todas!


Resposta do autor:

Que bom que estás a gostar :)

Muito obrigada. Bjs

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brunafinzicontini
brunafinzicontini

Em: 09/02/2023

Ai... que emoção! Nimah voltou! E o encanto sobre Wiki continua se fazendo sentir... Uma luz brilhou novamente para Walkíria. O encontro das duas foi demais! Ambas se tocando, se sentindo... que delícia de encontro!  A mulher não é fraca, não! Veio bater à porta do coração de Wiki, sem fazer rodeios.A noite promete!

Beijos,

Bruna

 


Resposta do autor:

É, Nahima tem seus encantos rsrsrsrs e que deixam nossa Wiki em alvoroço hmmm, gosto rsrsrs.

Ninguém é fraco aí. A Nahima é mais ousada, mas a Walkiria tem sua forma peculiar de a desconcertar e...bom, fiquemos por aqui para não me empolgar kkkkkkkk

Beijos meu bem e muito obrigada.

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 08/02/2023

É ela! Uhuuuuuu

E Wiki ficou encantada!

A namorada vai dançar em breve

E acredito que as duas vão ficar conversando até o dia raiar kkkk

Beijão procê ♥

 


Resposta do autor:

Simmmmm, é ela!!! kkkkk

Wiki quase sucumbiu kkkk tadinha kkkkk, parece que essa Nahima tem algo que deixa nossa caboverdiana á flor da pele uiiii, adoro.

Vem o sexto aí para tirares a tua dúvida sobre o raiar do sol kkkkkkkkk

Beijos meu bem e muito obrigada.

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Dandara091
Dandara091

Em: 08/02/2023

Alô autora!

Como não beijou a maluca? Primeiro beijou na mente quando a parada ficou salgada que eu manjo, hoje faltava o real. Tá dando mole. Quando eu quero uma mina conheço até pelo calcanhar. Bota fé!

Quero ver esse breu pegar um fogo.

#bocamisteriosa

#soltafrangamulherada

#boraprailha


Resposta do autor:

Alô Dandara!

Kkkkkkk morro de rir com os teus comentários. Ah o fogo vem, podes ter certeza que sim rsrsrs

Muito obigada.

Bjs

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