Capitulo 3
Walkiria chegou à receção do hotel Morabeza, faltando 5 minutos para as 10 da noite. Bastante ansiosa, agia como alguém que tinha uma única chance entre vencer ou ser derrotada. Tinha combinado um jantar às 20:30 com Nimah e já contava com um atraso de mais de uma hora. Detestava se atrasar. Tinha fama de pontual e odiava não cumprir com seus compromissos. As coisas simplesmente tinham saído dos trilhos. Mas se analisasse bem, os contornos da sua tarde, tinham sido o estopim das mudanças de roteiro em mais um dia comum como tantos. Perdera-se um pouco e depois...
--Desculpa, não entendi. - Estava com a cabeça a mil e não entendera uma virgula que lhe tinha sido dito.
--A hóspede em questão, está no restaurante que fica aqui na subida da rampa que dá acesso ao hotel.
--Restaurante do hotel?
--Não, mas é um associado nosso. O primeiro do calçadão.
--Será que ela ainda está lá? - Encarava o rececionista com impaciência.
--Acredito que sim. Ela deixou o recado aqui que estaria lá, que se atrasasse para a partida ao aeroporto que a chamássemos. Ela já fez o checkout, então. Disse que ia jantar com uma amiga.
--Eu! Vou lá.
Saiu correndo numa velocidade considerável e quase derrubou um bagageiro.
Em menos de 3 minutos estava dentro do restaurante especializado em frutos do mar e que curiosamente, era um dos seus favoritos. Olhou de um lado para o outro e dentro do salão, nada de Nimah. Correu para a varanda e quase pulou de alegria ao vê-la sentada de forma descontraída, olhando o mar.
--Desculpa! - Disse tentando recuperar o fôlego. - Eu tive um...
--Senta e se acalma. - Interrompeu-a com o sorriso mais quente que Walkiria já vira. - Respira.
--Eu nem sei como ainda estás aqui...
--Não tinha mais nada para fazer. Vou embora daqui a pouco e entre ficar no quarto de hotel e apreciar essa vista, imagina o que preferi...
Walkiria sorriu. Começava a gostar do jeito doido daquela mulher. Ela parecia estar sempre envolta numa aura de mistério, nunca tinha certeza se brincava ou se falava a sério. E sem mencionar que não sabia nada sobre ela. Mas não estava preocupada com esse detalhe, queria aproveitar as poucas horas que ainda tinha daquele que tinha sido um dia tão fora do comum e simplesmente maravilhoso. Às vezes era bom quebrar algumas regras...
--Sabes, hoje eu saí completamente da minha linha reta e entrei em curvas e contracurvas, minha mente ficou em ziguezague e acabei por esquecer completamente compromissos de trabalho. - Sorriu.
--E presumo que eu tenha sido a culpada dessa intempérie.
Riram juntas.
--Desculpa mesmo. Eu sou a pessoa mais pontual da face da terra. Chega a ser quase doentia essa minha mania de perfeição...
--Está tudo bem. Estamos aqui, não estamos?
--Estamos! Que bom que estamos. Eu quase corri uma meia maratona para chegar aqui e completamente descrente que te encontraria. Estou toda atrapalhada, quase rasguei minha roupa, tropecei e ia derrubando um pobre funcionário do hotel...
--Vontade alucinada de comer uma lagosta comigo?
Walkiria caiu na gargalhada. Aquela mulher...
--Vontade de cumprir meu compromisso. Sou assim...
--Podes ser o que quiseres, podes mudar um pouco...
--Vamos comer lagosta? Ainda podemos comer? Olha que estou faminta. - Mudou de assunto porque não gostava muito de falar de si e o olhar daquela mulher a convidada a coisas nada ortodoxas.
--Podemos comer porque eu sou uma mulher prevenida e...
--Ousada e abusada!
Riram mais uma vez.
--Um pouco. Pedi com educação ao chefe que servisse o nosso jantar um pouco mais tarde. Ele disse que, aos hóspedes do hotel, eles sempre abrem exceções. A cozinha fica aberta até mais tarde e com isso, vamos comer risoto de lagosta com lascas de nozes.
--Adoro! Já comi algumas vezes e é um prazer dos céus.
--Que bom! - sorriu. - Já captei um ponto fraco da senhorita.
--Qual?
--Comida! Boa comida.
--Meu bem, com fome, pode ser até arroz com nada que eu sucumbo, me entrego e caio em cima.
A gargalhada que se ouviu ecoou longe.
--E o vinho, aprovado? Foi sugestão do maître...
--Esse que já passou aqui 10 vezes em 2 minutos. Achou que ele se encantou com o sorriso da senhora. - Brincou.
--Ele é atencioso e bom de sugestão. Esse vinho é perfeito no meu paladar.
--É...perfeito. Ei, eu me atrasei porque tinha uma reunião marcada para as 8 e não me lembrava. O cliente ligou pouco depois das 8, e não é simplesmente alguém que eu podia dizer, vamos remarcar. E ele fala, meu Deus, como essa criatura fala.
--Será que podes relaxar? Um pouco que seja...a mim só me interessa que vieste.
--E a mim interessa manter a minha educação. Não vás pensar que...
--Eu não pensei nada. Fiquei aqui até agora porque sabia que virias.
--Como? Tu nem me conheces...
--Ah sei lá...sabia. A nossa comida, finalmente. Vamos nos deliciar?
Walkiria sorriu e fez um gesto com as mãos agradecendo o manjar. Nimah riu. Seus olhos brilhavam.
Mais tarde Walkiria refletiria que correu até ao hotel, mesmo com o avançar das horas, porque sabia que ela estaria à sua espera. Não fazia a menor ideia do motivo de toda aquela certeza. Apenas sabia.
*****
--Esse vinho é bom...Hmmm, muito bom.
--Peço mais uma garrafa?
--Não! Eu já estou a um passo da embriaguez.
--Exagerada! Para mim é bom, assim durmo a viagem inteira.
--Pois é, vais embora daqui a pouco. Sabes porque estava doida para vir a esse jantar?
--Hmmm, estou muito curiosa. - Sorriu e inclinou o tronco em direção a Walkiria.
--Queria ouvir-te falar em crioulo. É tão lindo e...
--Ridículo! Ah, eu não acredito que estás a goz*r do meu esforço. Saiba que conseguir me expressar e entender crioulo é um feito incrível. Há anos que não tenho contato com nativos, pelo menos não com pessoas que só falem crioulo. Meus amigos daqui falam comigo em inglês e...
--Mas tu és chata, hein. Eu levo a fama, mas a senhora, pelo amor de Deus. Eu estava a elogiar. ELOGIO! É lindo e sexy quando falas crioulo. Pronto, era isso que tinha a dizer e acho que quero mais vinho.
Nimah quase caiu da cadeira de tanto rir. Obedeceu ao desejo de Walkiria e pediu mais uma garrafa de vinho.
--Teu marido era diretor do Hotel Morabeza?
--Meu marido? - Nimah franziu a testa.
--Não disseste que vieste morar cá em Cabo Verde porque teu marido foi destacado como diretor de um hotel?
--Ah, sim. Mas não desse. Ele geria um desses mega resorts all inclusive.
--Eu prefiro hotéis como o Morabeza a grandes Resorts.
--Eu também! Esse é o meu hotel de eleição aqui no Sal.
--Desculpa, mas é tão engraçado ouvir-te falar. Eu acho lindo como tentas não errar as palavras e o sentido do que queres dizer. Não me leves a mal...
--Acho que estás levemente embriagada. - Provocou, sempre com o sorriso no rosto.
--Devo estar...estou. E muito feliz também. Passar o dia contigo, fez-me entender que preciso de mais momentos assim. Eu vivo numa correria, numa ansia de chegar sabe lá Deus onde, não aproveito o que de melhor a minha terra tem a oferecer.
--Eu sempre que posso, fujo para cá...
--Da próxima vez que arrumares o teu plano de fuga, vê lá se me encontras.
--E pensar que me odiaste lá na Palmeira. - Provocou. Sempre a sorrir.
--Para. Eu não te odiei. Eu odiaria qualquer um que se infiltrasse no meu lazer. Mas tu sabias cantar meu zouk favorito...covardia.
Riram alto, completamente descontraídas. Vez ou outra perdiam-se numa breve troca de olhares...
--Pois, esse teu zouk favorito e mais uma variedade infinita de músicas, é que me permitiram ter esse crioulo sofrível que provoca gargalhadas em certas criaturas sem noção.
--Teu crioulo é perfeito. PERFEITO! - E ria sem parar.
--Perfeito é esse lugar...
--Tu não sabes de nada. Isso aqui em noites de lua cheia, é quase divino. O reflexo da lua sobre o mar transforma até o mais frio ser humano, num sonhador.
--Hmmm, és boa de marketing. - Riu.
--Só não sei fazer marketing pessoal. Nisso sou bem fraca...
--Duvido! Já percebi que a senhora sabe ser bem sedutora e convincente.
--O único teste que passo com louvor é com as mulheres. Nessa arte, convenço qualquer uma. Se for o caso...
Sim, Walkiria estava levemente embriagada e já falava sem pensar duas vezes.
A gargalhada de Nimah ecoou pela varanda.
--As novinhas...mas aí nem é tão difícil assim.
--O que sabes tu sobre esse assunto?
--Nada! Nem fui ao exame.
Foi a vez de Walkiria rir com vontade.
--Eu acho que estás quase sempre a flertar. De uma forma bem subtil, ou às vezes nem tanto, mas sempre a flertar.
--Achas que estou a flertar contigo? - Fez um ar sedutor e teve alguma dificuldade em evitar uma gargalhada.
--Comigo...não. Mas com a situação, com a forma como falas com as pessoas. E se isso for natural, então a senhora é um perigo.
--Temo que seja.
--Meu Deus. Preciso correr? - Brincou.
--Eu já vou embora. Não corres qualquer risco.
Sorriram. Encararam-se pela primeira vez por mais de um minuto sem desviar os olhares. Tinha ternura...simpatia...curiosidade...e ansia de alguma coisa que não fazia muito sentido. E era mútuo.
--Acho que poderíamos ser amigas...
--Poderíamos? Podemos! Eu volto para cá, sempre volto. E podes visitar-me em algum lugar que esteja. Sou um bocado nómade, mas sempre tem um lugar para os amigos...
--Vou dizer algo que pode soar rude...
--Então não diga...ou melhor diga, eu aguento. - Fez mais uma careta e riram.
--Quando as coisas são tão perfeitas, eu prefiro que aconteçam uma única vez. Esse dia foi tão surreal, que custa-me acreditar que possa repetir...
--As coisas podem sempre melhorar...
--Ou não. Tu és otimista e eu cética. Que combinação... - riu.
--Por algumas horas, funcionou muito bem. Agora vamos falar a sério?
--Vamos! E ela também tem esse ar de mulher séria que também é um perigo.
Riram às gargalhadas.
--Tu és muito engraçada. Essa tua mania de querer ser chata, intransigente, é estimulante.
--Cada doido com sua mania.
Mais uma sonora gargalhada.
--Sobre teu sonho...não deixes que o medo te roube as asas. Se ficares presa ao medo, só vais projetar o que pode não funcionar. Cuidado com a armadilha do e se...e se...
--Eu acho que já estou velha...
--Velha? Walkiria, estás doida? Quantos anos tens?
--Vou fazer 30...
--Se te servir de estimulo, saiba que eu estou com 35 anos e só há três, tomei as rédeas da minha vida.
--Então ainda vou a tempo. - Sorriu sem muita convicção. - E se nada der certo, eu vou embora.
--Será que mudar de país é a solução? Falas com tanta paixão desse teu projeto, isso é um combustível que não pode ser desperdiçado. A paixão, quando bem canalizada, pode mover mundos. Tu ainda nem tentaste e já te dás por vencida?
--Eu quero construir um hotel, ou comprar um, e só tenho dinheiro para o terreno e isso se conseguir uma pechincha.
--Tu só tens isso? É sério que achas pouco? Tens dinheiro para começar, tens conhecimento, com certeza, um projeto fabuloso e achas que não é nada. Com essa idade, só terias o teu sonho realizado se fosses rica, herdeira. Walkiria...
--Fazes tudo parecer tão fácil...
-- Às vezes é...nós é que sempre temos a tendência em complicar.
--Eu preciso de muito dinheiro...
--Trabalhas com investidores, não é possível que não haja um com interesse. Tu nem tentas...
--Excesso de prudência...medo e talvez falta de confiança...
--O que os teus amigos acham desse teu medo?
--Eu não costumo falar sobre isso com os meus amigos...
--Não?
--Ah, eu tenho medo de parecer presunçosa, de rirem de mim. Para ser sincera tenho medo de críticas.
--E porque contaste a mim? - ela parecia realmente admirada.
Walkiria respirou fundo, olhou de um lado para o outro e encarou-a com um semblante dúbio.
--Porque não vou ver-te mais na vida, logo, não tenho medo do teu julgamento, ou ele não me afeta.
-- Eu já fui essa pessoa, presa na minha zona de segurança profundamente sufocante e cheia de medo de abrir uma janela que fosse...
Aquela frase saiu como um desabafo e pela primeira vez, Walkiria pôde vê-la como uma pessoa normal, sem aquela aura de mulher poderosa, inabalável.
Quando se preparava para entrar em terrenos mais íntimos, foram interrompidas por um funcionário do hotel. Ela era a única retardatária para o transfer ao aeroporto.
--Perdi a noção do tempo...- Sorriu.
--Não perca mais tempo. Eu pago a conta. -Walkiria adiantou-se.
--Eu já paguei! Não te preocupes com isso...
--Já? Ok! Então, se calhar eu vou contigo até à receção...
--Sim! Vem comigo!
Em 4 minutos, elas chegaram ao estacionamento do hotel, onde o carro aguardava apenas a chegada de Nimah para partir rumo ao aeroporto.
Antes de subir na van, Nimah encarou Walkiria com seu melhor sorriso. Aquele que ela não esqueceria nem que se passassem cem anos.
--Eu não tenho palavras para agradecer. Obrigada por ter feito tudo valer a pena e de forma surpreendente. - Segurou-lhe as mãos entre as suas.
--Já sabes, se algum dia voltares...
--Com certeza eu vou encontrar meu pote de chocolate salpicado de ouro. - Os olhos dela brilhavam.
Sem pensar, Walkiria puxou-a para um abraço que foi correspondido sem ressalvas. Entregaram-se ao momento e perderam mais uma vez a noção que havia mais vida além das suas. O ronco mais acentuado do carro, trouxe-as á realidade e riram juntas. Olharam-se e Walkiria aproximou-se e cheirou o cabelo de Nimah.
--Tu vais lembrar de mim como um pote de chocolate salpicado de ouro e eu jamais vou esquecer que o teu cabelo tem cheiro do próprio paraíso. - E cheirou mais uma vez. Profundamente.
--Preciso ir...- ela pareceu subitamente alterada.
--Boa viagem! Espero que consiga dormir...
--Vou...e sonhar com certeza. Tchau...obrigada.
--Tchau.
Olharam-se mais uma vez sem se soltar do abraço. Walkiria tinha a sensação de mais coisas por viver. Mil e uma aventuras com aquela doida que misturava as melhores características numa única mulher. Nimah queria guardar aquele dia no melhor lugar. E já estava guardado.
--Não desista do teu sonho. Eu sinto que tens capacidade de transformá-lo numa realização maravilhosa. - Beijou-lhe a testa com uma carga emotiva tão grande que Walkiria sentiu suas pernas tremerem. E entrou no carro.
Walkiria saiu dali antes que o carro arrancasse e não olhou mais para trás.
À deriva e com as pernas bambas, decidiu ficar na praia. Pelo menos por alguns minutos até se colocar de novo no prumo. Caminhou um pouco pelo areal e sem conseguir colocar as ideias no lugar, decidiu ficar por ali. Há muito tempo que não dormia na praia e era prática que adorava quando mais jovem. Sentada na areia, tentava processar aquele festival de acontecimentos de um dia que tinha tudo para ser apenas mais um.
--Que dia...
E ria enquanto as ondas vinham quase beijar-lhe os pés. Agradeceu em silêncio como sempre fazia quando era agraciada por pequenos milagres. Sim, tinha sido um milagre. Não se fechara ao novo, coisa que fazia com alguma frequência. Gostava de ter controlo de tudo e era extremamente convicta de suas ideias. Jamais aceitaria fazer nem metade do que acontecera naquele dia. Jamais. E, no entanto, ousara e agora sentia-se quase como as ondas. Leve, livre, fluindo...para onde? Nada de questionamentos. Não naquela madrugada. Depois, quem sabe...
O que tinha sido aquele vendaval na sua tarde? Sorria e até ria alto, enquanto tentava entender como aquela estranha tinha invadido o seu espaço sempre protegido. Ela invadia quando queria, jamais o contrário. E a invasão subtil era perigosa e tão atraente...
--Devo ter confundido tudo, afinal não estou tão acostumada a mulheres como ela e muito menos a não estar no controle. Acho que foi isso que me deixou zonza, não estar no controle e ela ser tão intensa sem esforçar. - Suspirou ao lembrar do cheiro do cabelo e do sorriso, ah, não esquecendo os olhos lindos, grandes, doces, misteriosos...a boca...
Em meio a devaneios, adormeceu deitada na areia da praia.
Acordou com os primeiros raios de sol invadindo o firmamento. Sorriu, espreguiçando e gem*ndo. Sentada, observou o mar por alguns minutos, enquanto respirava intencionalmente o ar puro da manhã. Que paz. Que bênção. Sorriu mais uma vez e depois de algum tempo, levantou, sacudiu a areia da roupa e seguiu seu rumo.
*****
--Ei meu amor, estás com muita saudade da tua best?
--Ah, até parece que estás longe há mil anos.
--Ah, finja que tens saudades minhas. Eu estou com saudades da minha ranzinza linda.
--Sei...namorando em Ponta Delgada com aquele Deus como tu mesma o apelidas. Nem lembras que eu existo.
Riram.
--E o que estás a fazer na minha casa em pleno domingo à noite? Meus peixes e minhas plantas sobrevivem a um fim de semana sem carinho.
--Ah, passei todo o fim de semana aqui, acreditas?
--Hmmm, ou tinhas trabalho a fazer em Santa Maria, ou alguma das tuas mulheres de uma semana.
Riram.
--Nada disso. Apenas fui permanecendo e estava a precisar de uns banhos no mar, momentos de introspeção e...
--Wiki, estás misteriosa. Aconteceu alguma coisa?
--Nada de especial...ah, fui nas salinas.
--Assim? Sem mais nem menos? Passo a vida a convidar-te e a resposta é sempre a mesma.
--Recebi um chamado dos céus. - Riu.
--Pateta!
--Fui com uma mulher que conheci de uma forma tão inusitada...
--Ah, tem mulher...claro.
--Nada a ver...
Relatou o encontro com Nimah em poucos minutos.
--Hmmm, interessante. Será que não a conheço? Se ela morou alguns anos no Sal e num resort. Trabalhei algum tempo no Solmare, mas não me lembro de nenhum diretor estrangeiro com mulher.
--Não sei em que resort o marido dela trabalhou...na realidade eu não sei quase nada...
--Já vi que não tiveste qualquer interesse mesmo, o que torna a tua dedicação a essa mulher ainda mais surpreendente.
--Dedicação? Apenas fui simpática...
--Amor, vamos combinar que tu tens muitas qualidades, mas simpatia com quem não conheces...
--Ah, essas minhas amigas...
--Manda foto dela, quero ver a cara da heroína que tirou o teu escudo.
--Que foto? Eu nem lembrei de foto...
--Então ela era feia. - E riu muito.
Walkiria suspirou profundamente. O cheiro dela não lhe saía da cabeça...o sorriso morava na sua retina...a intensidade no olhar provocava arrepios inesperados...
--Nem reparei...ah normal, casada e muito fora dos meus padrões. E eu não fico me atirando a qualquer mulher que aparece...
--Ninguém disse isso. Fora os teus momentos de pico, até te acho devagar...
--Se me comparar a ti, sou uma pobre coitada.
Riram muito.
--Wiki...
--O quê, Carla? Eu conheço esse olhar...
--Não sei definir exatamente o quê, mas tu estás diferente.
--Vou desligar essa porr* de camera.
--Essa é minha Wiki.
Riram.
--Estou a pensar no rumo que preciso dar à minha vida. Deve ser isso...passei o fim de semana refletindo, ponderando...preciso andar com a vida.
--Tu às vezes falas como se fosses uma velha. Tens todo o tempo do mundo.
--O tempo é uma ilusão, meu bem. Se eu não começar a agir, talvez minha hora nunca chegue.
--Misteriosa...quando voltar vou arrancar-te esse segredo. Alguma coisa aconteceu, tu não me enganas.
--Se te faz feliz acreditar em ficção mirabolante...
Riram muito.
--Fiquei curiosa com essa mulher aventureira e fora dos teus padrões. Por falar em padrão, depois da cantora maluca, tu nunca mais apareceste com ninguém. Pelo menos que eu saiba...a senhorita anda misteriosa...
--Ninguém! Aquela lá deixou sequelas e aumentou as minhas exigências. Estou de férias, preciso focar no meu futuro...
--Quem sabe para o futuro não tenhamos mulheres mais maduras, intensas, misteriosas, como essa nossa amiga que te carregou por uma aventura. Que feito! Ela é sagitariana?
Walkiria riu muito com a pergunta típica de Carla.
--Achas mesmo que eu tenho essa resposta?
--Claro que não. Mas ela é sagitariana, me identifiquei e uma sagitariana reconhece a outra a quilómetros de distância.
--Eu não tenho tempo para signos e afins, essa matéria é tua. Não entendo patavina dessas loucuras. Não sei quase nada da mulher, imagina o signo.
--Seria a minha primeira pergunta, para saber as compatibilidades, ou não...
Riram.
--Ah Carla...- E ria das loucuras da amiga.
--Já adianto que a vossa compatibilidade sexual é um estrondo.
--Meu Deus, essa informação mudou a minha vida. Vou correr pelo mundo atrás dessa mulher e fazer de uma cama a nossa casa.
Riram até não aguentarem mais.
--Ah minha amiga, de compatibilidade sexual entre signos eu entendo e te garanto, a acontecer esse encontro, é para chamar o corpo de bombeiros. Uiiii, que calor!
Riram.
--Sinceramente, eu não sei como somos amigas há tanto tempo. Tu não tens um pingo de juízo.
--E te conheço como ninguém. Siga o meu conselho, se encontrares com essa mulher mais alguma vez nessa vida, não perca a oportunidade de enlouquecer numa cama ou no chão, ou...
--Ah cala a boca. Eu estou na seca há meses e vens com essa ladainha.
--Ooops, esqueci que minha amiga furacão está em recesso. Calei-me. Não posso acordar a gigante a essa hora...
E seguiram por mais algum tempo naquela conversa doida de amigas que se queriam muito e que se conectavam em qualquer assunto.
*****
Nos meses que se seguiram àquele encontro inusitado e transformador, Walkiria passou a agir de forma diferente. A ousar mais. Estruturou muito bem o seu projeto, inteirou-se ainda mais das instituições locais que apoiavam ideias como a sua e lançou-se um bocado no mundo. Frustrou-se com a burocracia e com a lentidão dos processos, pensou em desistir, mas de repente, o sonho ganhara uma força irrefreável.
Na quadra festiva daquele ano, ainda, conheceria Greta, uma sueca de passagem pela ilha e que embarcaria com ela no sonho do hotel nas montanhas do interior da ilha de Santiago.
Fim do capítulo
Olá :)
Tem alguém desse lado gostando da história? Estamos no inicio, mas penso que já dá para saber rsrsrs
Abraços
Nadine.
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mtereza
Em: 08/02/2023
Será que vai ter reencontro das duas e qual o papel dessa nova personagem citada no final do capítulo Greta . Coriosa com a história e estou amando
Resposta do autor:
Olá :)
Siga acompanhando a aventura que vais saber de tudo ;)
Muito obrigada. Bjs
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brunafinzicontini
Em: 05/02/2023
Gostando da História? Estou adorando, querida! Impossível não se sentir fascinada por essas duas criaturas – tão diferentes, mas ambas encantadoras! Nimah está sendo, embora em tão pouco tempo, uma influência maravilhosa na vida de Wiki. Você sabe criar um clima envolvente que nos hipnotiza!
Beijos!
PS: Não acredito que você não se lembra da outra Dina - mãe de Raquel, amiga de Nayami – Sob o Sol de Naya...
Resposta do autor:
Eitaaaa que eu não me lembrava mais da maravilhosa Dina de Sob o sol de Naya. Acho que gosto desse nome. Tem cara de gente acolhedora rsrs
Nahima e Walkiria são tão diferentes e tão parecidas, ai ai ai, adoro. Apaixonada por esse universo e suas possibilidades.
Gracias, meu bem.
Bjs
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HelOliveira
Em: 04/02/2023
Um encontro transformador para Wiki.... E Nimah como será ficou a vida dela ....
Já estou apaixonada pela história
Resposta do autor:
Vamos descobrir juntas o que será da vida delas a partir de um encontro inocente e inusitado rsrsrs
Muito obrigada.
Bjs
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Dandara091
Em: 03/02/2023
Alô autora!
Já que ela foi traz pra cá que eu quero!!!
Muito bom! Teremos vidas transformando na parada!
#nadinemataamulherada
#soltafranga
#temamorquetransforma
Resposta do autor:
Rsrsrsrs, muitas vidas transformadas. E vamoquevamo ;)
Muito obrigada.
Bjs
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Mille
Em: 02/02/2023
Muito bom, aliás todas suas histórias são fantásticas.
Walkiria e seu encanto, e a mulher misteriosa deixou a vida dela mais leve e com passo de se soltar.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Muito obrigada :)
Parece que a Nimah tem alguns pozinhos mágicos rsrsrs
Bjs
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Marta Andrade dos Santos
Em: 02/02/2023
Adorando a história.
Resposta do autor:
Muito obrigada :)
Bjs
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