O OVO DO COBROLHO
Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro
Elza tomava café da manhã em um hotel de luxo na cidade quando foi abordada por um funcionário no restaurante.
--Bom dia, senhora. – o homem cumprimentou formalmente – Desculpe incomodar mas... será que poderia me apresentar o e-mail que garante sua reserva, por gentileza? – olhava para a negra – Qual foi mesmo a instituição? A senhora viaja à serviço, não seria isso?
A militar estranhou o pedido e respondeu após limpar os lábios com o guardanapo: – Desde que entrei aqui nesse restaurante notei olhares desconfiados comigo e algumas caras e bocas por parte de alguns funcionários. – olhava para o homem – Também reparei que o senhor não abordou qualquer outro hóspede com esse tipo de pedido. Posso saber por que só comigo essa confirmação de reserva é necessária? – falava com firme educação – Estranho que ontem à noite nada anormal aconteceu no meu check in.
Ficou um pouco sem graça. – A equipe deste horário não é a mesma de ontem à noite. – olhava para a mulher – Como expliquei, precisamos conferir algumas informações, por gentileza. – insistiu
--Tudo bem, então eu aguardo o senhor conferir essas informações com os outros hóspedes. – levantou-se da mesa – Por ora, gostaria de tomar meu café em paz. – voltou para o buffet para se servir
O funcionário ficou nitidamente contrariado e se uniu ao gerente do restaurante. Ambos ficaram aos cochichos e observando Elza, enquanto ela se servia.
“Eu não acredito que tô passando por esse constrangimento por ser negra, não acredito!” – pensava contrariada – “Desse jeito se perde até a fome!” – voltou para a mesa para se alimentar
Após algum tempo, o mesmo funcionário voltou para abordá-la, dessa vez acompanhado pelo gerente do restaurante. Elza percebeu, pegou o celular, mexeu no aparelho e o colocou em cima da mesa.
--Senhora, por favor. – abordou-a novamente – Precisamos conferir os dados relativos a sua reserva.
--E creio que a senhora já tenha terminado seu café, não? – o gerente comentou não muito simpático
Outros hóspedes prestavam atenção.
“Finja que não sente vergonha! Finja que não sente vontade de chorar!” – respirou fundo e limpou os lábios com o guardanapo – Sem dúvida terminei meu café porque não é possível se sentir à vontade em uma situação dessas. – olhava para os homens – De racismo! – acusou
Ambos se entreolharam e ficaram sem graça. – Ora, senhora, por favor, não vamos apelar! – o gerente pediu seriamente
--Apelar? – achou graça do absurdo – Então me explique, senhor... – leu o nome dele na identificação – Ribeiro, por que somente as minhas informações precisam ser checadas no meio de todos os hóspedes que aqui se encontram? – olhava nos olhos – Por que sou a única negra presente no local, será?
Os homens não responderam.
--Minha reserva foi feita pela Aeronáutica, viajo à serviço e vou agora mesmo na delegacia mais próxima registrar um boletim de ocorrência por racismo! – levantou-se e pegou celular – Gravei toda essa conversa desagradável, fiquem sabendo! -- informou
--Ah! – o gerente ficou sem saber o que dizer
--Mas, senhora, por favor! – o outro funcionário ficou preocupado – Não é nada disso, vamos conversar com calma! – gesticulava nervosamente – Não é racismo, senhora, é que... – não sabia o que dizer -- Senhora...
--Major Elza! – interrompeu a fala do homem – Pros senhores o tratamento é major Elza! – olhava para ambos – E tenham certeza que a Aeronáutica processará esse hotel nas esferas criminal e cível! Além do fato que o marido de uma grande amiga minha, também advogado, se encarregará de fazer muito alarde em torno desse caso! – preparou-se para partir – Farei o check out hoje mesmo! Com licença! – saiu do restaurante deixando os homens atordoados
(Nota da autora: episódio baseado em Biomédica negra denuncia racismo estrutural em hotel de luxo em SP: 'Duvidaram que eu poderia ser uma doutora' | São Paulo | G1 (globo.com))
***
Elza seguia em um táxi olhando sem ver a paisagem exterior. Sentia-se muito mal e triste pelo infeliz episódio ocorrido no hotel.
--Olha só isso! Eu me revolto com essas coisas! – o taxista reclamou – Se os caras forem bandidos, tudo bem! Mas por que será que nunca vi a polícia fazendo isso com os playboyzinhos brancos da zona sul ou da Barra, hein? – apontou para a direção em que olhava
--O que, moço? – Elza despertou de seus pensamentos
“A carne mais barata do mercado é a carne negra...”
--A polícia dando uma dura naqueles caras! – apontou novamente – Tudo preto! – balançou a cabeça contrariado – É como diz essa música que tá tocando agora, senhora! – olhou rapidamente para a passageira pelo retrovisor – Nós que somos pretos, somos tudo carne barata pro sistema sangrar! – desabafou
“A carne mais barata do mercado é a carne negra...”
--É verdade... – a mulher concordou antes de começar a prestar atenção na música – É verdade...
“A carne mais barata do mercado é a carne negra...”
Elza analisava o que via através da janela do carro e constatou que a maioria absoluta dos moradores de rua eram negros. “E em todo lugar é assim!” – pensou amargurada
“A carne mais barata do mercado é a carne negra...”
Meninos limpavam os para brisas dos carros no sinal fechado. “Todos negros...” – Elza constatava
“(Só serve o não preto),
Que vai de graça pro presídio,
E para debaixo do plástico...”
“Quantos negros convivem diariamente comigo no ambiente de trabalho?” – Elza pensava – “Conto nos dedos...”
“Que vai de graça pro subemprego,
E pros hospitais psiquiátricos...”
“Minha mãe... qual era o ganha pão dela?” – pensou na humildade de Edna
“A carne mais barata do mercado é a carne negra (diz aí!),
A carne mais barata do mercado é a carne negra...”
“Quantas humilhações passei nessa vida por causa da cor da pele?” – Elza se perguntava
“A carne mais barata do mercado é a carne negra,
A carne mais barata do mercado é a carne negra...”
“Mesmo hoje, essa situação chata que vivi no hotel! E quantas experiências desagradáveis nos Estados Unidos...” -- pensava
“Que fez e faz história,
Segurando esse país no braço, mermão,
O cabra aqui não se sente revoltado,
Porque o revólver já está engatilhado...”
“Como é difícil ser negra ou negro nesse mundo!” – Elza não se conformava
“E o vingador é lento,
Mas muito bem intencionado,
E esse país vai deixando todo mundo preto,
E o cabelo esticado...”
“E quantas vezes alisei o meu só pra ser aceita?” – lembrava-se da Elza mocinha
“Mas, mesmo assim,
Ainda guardo o direito de algum antepassado da cor,
Brigar sutilmente por respeito,
Brigar bravamente por respeito,
Brigar por justiça e por respeito (pode acreditar),
De algum antepassado da cor,
Brigar, brigar, brigar, brigar, brigar,
(Se liga aí!)...”
“A gente tem que brigar sempre! E nada sutilmente! É na marra!” – pensava revoltada
“A carne mais barata do mercado é a carne negra,
(Na cara dura, só serve o não preto),
Negra,
Negra,
Carne negra,
(pode acreditar)
Carne neeeeeeeeeeeeegra...”
A Grande Elza Soares – A Carne [1]
***
--Amiga, eu tô passada! – Alessandra exclamou inconformada – Que situação revoltante, hein? – fazia cara feia – Você fez muito bem em ter gravado a conversa e saído daquele hotel de merd*! – apoiava – E fez melhor ainda em ter registrado o BO e feito a queixa formal junto à Aeronáutica! – gesticulava – Pode deixar que quando Jonas chegar, conto tudo pra ele e podes crer que essa história vai ser notícia até na TV Mundo! – garantiu – Ah, se vai!
--É uma merd*... – suspirou chateada – Quando eu penso que nunca mais vou viver uma coisa assim, acontece uma dessas no hotel! – balançou a cabeça contrariada – Mas vivi episódios desagradáveis nos Estados Unidos também, né? – fez um gesto de chateação – Houve um lance bem nada a ver no aeroporto de Lisboa, na Hungria muita gente me olhava, fosse com admiração ou desconfiança, e na Turquia certos homens acharam que sex* comigo era garantido por eu ser preta! – desabafou – O mundo tá todo errado, é foda!
--Por essas e outras que o meu marido e a sua índia comunista se dedicam às causas coletivas! – piscou para a outra – Cê sabe, já te contei que migrei pra área de Ciência de Dados, fiz um MBA em Business Intelligence e fui promovida à gerente há pouco tempo na empresa. – gesticulava – Aí um dia, um sujeitinho de uma empresa prestadora de serviço vira na cara grande e fala: Ué? A gerente de vocês é preta? Aonde vamos parar? – imitou a fala do homem – E eu respondi: Eu vou lhe dizer onde o senhor vai parar, que é no olho da rua! E aguarde a denúncia formal que eu vou fazer em nome da sua pessoa por conta de racismo! – narrava o episódio – Amiga, marquei uma reunião com os chefões da empresa dele e rodei uma baiana como nunca se viu na história desse país! – enfatizou – Maridão me deu todo o apoio e o processo tá correndo na Justiça!
Acabou achando graça. – Esse aí se ferrou! Logo com quem foi se meter, né? – sorriu
--E o hoteleco de pseudo luxo, foi pensar em tirar onda logo com quem? – brincou também – Com a super recém promovida Major Elza Machado! – sorria – Moral, hein, amiga? – ajeitou-se no sofá – Agora vamos falar das coisas boas! Me conta, como a família reagiu com essa promoção? – queria saber – Alana me disse que Fernandão ficou toda prosa!
--Ah, você não queira saber! – ajeitou-se no sofá também – Tio Goulart quase teve um troço e meu pai TEVE um troço! – contava as novidades – Depois de fazer um discurso com as palavras mais desconhecidas da Língua Portuguesa, ele simplesmente desmaiou! Teve que ficar internado no hospital até o dia seguinte em observação! – olhava para a amiga – Mas agora ele tá bem.
As duas amigas conversavam na sala da casa de Alessandra.
--Gentem! – arregalou os olhos e depois acabou rindo – Ai, mas entendo ele, amiga! Ver a filha, com seus 32 aninhos recém completos, promovida a major depois de um baita doutorado no MIT é pra estremecer o coração de qualquer pai ou mãe! – reconheceu – Quando a minha mãe e tia Malu souberam da minha promoção a gerente quase tiveram um treco também! – riu brevemente – Agora falemos da parte mais bandida dessa tua vida! – bateu uma palma – Depois de dois anos se encontrando às escondidas no exterior e da viagem mega romântica pra Istambul, como estamos nessa relação de vocês, hein? – queria saber – Já se viram tête-à-tête depois que voltaram pro Brasil? – perguntou curiosa
--Ainda não, mas já me emputeci muito com dona Yara! – cruzou os braços de cara feia – Esse é outro assunto que me entristece aliado ao racismo de hoje! – pausou brevemente -- Por ora a gente tá brigada!
--Oi?? – Alessandra não entendeu – Como assim, brigada?
--Ah, porque quando ela chegou, dona Kedima organizou uma festinha de boas vindas no abrigo e o que aconteceu? – contava de cara feia – Simplesmente Jurema e Damiana caíram no pau por causa dela na cozinha! – olhava para a amiga – E o detalhe bem básico é que a tal da Damiana tava nuazinha em pelo!
--Hein?? – riu brevemente – Amiga, me explica esse babado fortíssimo! – pediu curiosa – Quem é Jurema, quem é Damiana e como foi isso de briga? E por que a maluca tava nua? Yara tava onde numa hora dessa? – perguntou tudo ao mesmo tempo
--Ai, Alê, que memória fraca essa sua, viu? – levantou-se do sofá – Jurema é a índia comunista que tem olho em Yara e Damiana é uma doida que vive no abrigo, entrou no cio e tá de olho em Yara também não é de hoje! – andava de um lado a outro na sala – Então essa Damiana foi cercar Yara na cozinha, já chegou nua, Jurema viu o lance e as duas caíram no pau!
--É muita mulher, gente, eu me perco! – justificou-se – Mas e aí, como terminou essa baixaria toda? – não se aguentava de curiosidade
--Terminou com Damiana sendo expulsa do abrigo, o pessoal do Comuna arranjando um outro lugar pra ela ficar e Jurema toda melosa pra cima de Yara porque, sem querer, deu-lhe um tremendo tapa na cara!
Alessandra não aguentou e riu gostosamente. – E por isso vocês ficaram brigadas, depois de tudo que viveram? – não acreditava – Ô quarta-série, viu? – gesticulou – Elza, major, pelamor de Deus, fia, dá pra lembrar que já chegou na casa dos 30?
--Ah, tá! – olhou para a outra de cara feia – Queria ver se fosse com Jonas se você ficaria assim, tão zen! – provocou – O fato, Alê, é que Yara mora num lesbicário, conhece uma pá de lésbicas, tem duas em cima dela cercando e a única lésbica solteira que eu conheço é Luiza! – reclamava – Aí, quando eu falei umas poucas e boas pra ela, a safada veio querer comparar a alcovitice do tio Goulart em relação a Luiza com essa realidade que ela tem lá em Goiás! – ajeitou os cabelos – Pra variar, Yara tá sem um tostão e não pode vir aqui me ver! Fico puta! – continuava resmungando
--Ai, ai... – balançou a cabeça negativamente – E eu pensando que você ia dizer que tavam no maior love, pensando em assumir essa relação de uma vez por todas e tals... – suspirou – E as cenas dos próximos capítulos, amiga? O que vai ser? – queria saber – Eu me recuso a acreditar que vocês vão terminar só por causa disso, então me diz. – cruzou as pernas – Vai assumir ou o fato de virar major te deixou ainda mais encagaçada? – perguntou diretamente
Elza não gostou do que ouviu e demorou uns instantes para responder: -- É, eu não quero terminar... – confessou – Depois vou acabar dando o braço a torcer e... – não completou a frase – Mas assumir... – pausou brevemente – Cada vez mais fora de cogitação! -- decidiu
Goiânia, estado de Goiás
--Sabe que você e Elza pra se formar em burra só faltam as penas, não é mesmo? – Kedima falava contrariada – Ô, duas bicha!
--Burro não tem pena, dona Kedima. – acabou achando graça – Então quer dizer que já somos burras completas, né? – Yara concluiu
--É isso mesmo! – levantou-se da cama e andou até a janela do quarto – Vivem nove semanas e meia de sacanagem no estrangeiro, aí voltam pra casa e o trem desanda! – fez um bico – As duas mereciam boas chineladas na rabichola!
A indígena sorriu e balançou a cabeça. – Só a senhora pra me fazer rir... – suspirou – Mas eu fiquei muito chateada! – encostou-se em um travesseiro na cama da idosa – E eu acho que agora que virou major, ela não vai querer saber de assumir a gente é nunca!
--Essa é outra coisa complicada. – encostou-se no beiral da janela e olhou para Yara – Do lado de cá, temos Celeste só sondando pra saber se você ainda tá com ela, além te alcovitar com Jurema que vive que nem galinha quando quer botar ovo! Não pode te ver, que cisca!
Achou graça novamente. – Camarada Celeste veio me falar abertamente sobre isso. – contou – Falou de novo que se os camaradas souberem que estamos juntas, meu nome cai no descrédito e blábláblá! – fez um gesto de contrariedade
--E você disse a ela que tão juntas? – perguntou intrigada – Todas as vezes que ela veio me curiar eu neguei!
--Também neguei! – respondeu de pronto – Detesto bancar essa mentira, mas eu neguei... – suspirou – Ai, dona Kedima... onde a gente vai parar desse jeito hein? – perguntava mais para si do que para a outra – Até hoje vivendo escondidas, mentindo, armando...
--Daqui a pouco vão fazer dez anos assim! – a idosa comentou – Essa lambição vem de longe e vai mais longe ainda!
--É mesmo... – Yara considerou – Se contarmos desde a nossa primeira vez em 2000, e levando em consideração que nunca mais estive com outra mulher depois disso, faremos 8 anos juntas nesse ano! – pausou brevemente – Não sei se quero fazer um aniversário de 10 anos de namoro às escondidas...
--Não sabe? – achou graça – “Pois se bobear, vão fazer até 30 anos de namoro escondido!” – a idosa pensou – “E de namoro escondido e de bestagem, porque eita duas mulher inteligente e besta!” – deu um suspiro profundo – Mas olhe, não fique aí se danando e nem pensando na morte da bezerra! Tuas professora não disseram que vai ter concurso nesse ano? Mete a cara e estuda pra você virar professora também! – aconselhou – E sair desse emprego na prefeitura que só dá chateação e paga uma miséria! – gesticulou
“Todo mundo implica com meu emprego na prefeitura!” – pensou intrigada – Eu sei, dona Kedima, bote fé que vou estudar! – prometeu – E quanto ao meu salário na prefeitura, deixa eu contar pra senhora... – pensava em como dizer – Eu tava de licença não remunerada porque fiquei dois anos fora, né? Então... – pausou brevemente – A prefeitura só vai voltar a me pagar em março, que seria o salário de fevereiro... – sentia-se envergonhada – Nesse mês de janeiro e em fevereiro recebo nada não... – olhou para a idosa timidamente – Vou precisar de um dinheiro emprestado pelo Partido pra cuidar do básico e não vou poder contribuir aqui... – sentia as bochechas queimarem – Em dezembro, pelo menos, o magro dinheirinho que consegui trazer de volta me deu uma forcinha.
Percebeu o constrangimento da outra. – Ora, menina, sem essa vergonha toda! – pediu com carinho – Sei que você não faz corpo mole e nem é mesquinha! Não se preocupe com isso. Como sempre, a gente vai levando. – sorriu
--Obrigada, dona Kedima! – levantou-se para abraçá-la – O que seria de mim sem a senhora? – beijou a testa dela
--Tava aí abaixando pra cuspir que nem besta! – brincou e elas riram – E o que seria de mim sem você, minha menina? – abraçava-a com força – Graças a Deus que você voltou!
Olinda, estado de Pernambuco
--Julho costuma ser chuvoso por aqui, mas a Natureza está sendo muito gentil conosco. – Yara comentou sorridente – A previsão do tempo pra semana tá simplesmente ótima! E hoje o dia tá perfeito, não acha, minha linda? – bebeu um gole de água de coco
--Maravilhoso! – Elza exclamou de pronto – Eu adorei tudo, amor! Desde a cidade, esse restaurante, o atendimento e essa vista de tirar o fôlego! – olhou para o horizonte – Dá uma sensação de paz tão grande... – suspirou
Yara e Elza haviam acabado de terminar o almoço em um restaurante localizado no Alto da Sé.
--Não sugeri que nossa comemoração acontecesse aqui à toa! – a indígena olhava para a amada – Tenho muito carinho por essa cidade e queria trazer pra cá uma lembrança bonita. Algo de nós duas. – debruçou-se sobre a mesa
--Eu não conhecia Olinda. Nunca havia estado em Pernambuco antes. – debruçou-se sobre a mesa também – E amei comemorar nossos dez anos juntas nesse lugar, com essa vista impressionante! – olhava para a namorada – Depois quero que me mostre os lugares por onde a senhora andava. – piscou para ela
--Com prazer, major Elza Machado. – respondeu brincalhona – Mas não se preocupe. Chegamos ontem, ainda temos um roteiro aqui e em nove dias de férias vai dar pra gente rodar bastante!
--Sempre confiei nos seus roteiros, professora Yara Saraíba! – afirmou igualmente bem humorada – E tenho certeza que você pensou em algo que inclua muita praia, boa comida e noites deliciosas! – sorria cheia de charme
--Não tenha dúvidas disso! – piscou para a negra também – E agora que estamos bem alimentadas e felizes e eu tô prestes a pedir a conta, deseja fazer alguma coisa por aqui antes de voltarmos a circular?
--Como você não vive mais naquela pindaíba compulsória, não vou me preocupar com seu pedido de pagar a conta! – brincou e as duas riram – Se incomodaria se enquanto isso eu desse uma passada naquele Mercado de Artesanato? – indicou a direção rapidamente – A gente se encontra lá, pode ser?
--Sem problemas! – concordou e virou o rosto para localizar alguma das senhoras que trabalhavam no restaurante – Por favor? – fez sinal para uma delas
--Vou indo amor. – Elza pegou a bolsa tira colo e se levantou – Até logo! – soprou um beijinho
--Até! – soprou um beijinho para ela também e a acompanhou com o olhar – Elza adora comprar um monte de trem nos lugares... – falava sozinha achando graça
Após pagar a conta, Yara se preparava para sair do restaurante quando foi abordada por uma mulher com um tabuleiro de cocada nas mãos.
--Que tal uma cocada caseira, moça? Faço duas por... – calou-se bruscamente – Yara?? – arregalou os olhos – Meu Deus! – levou uma das mãos aos lábios – “Ela não mudou nada!” -- pensou
--Edivânia?? – surpreendeu-se – “Ela continua a mesma coisa!” – constatou – “Vestido colado, o jeito faceiro... Só ficou um pouco mais envelhecida...” – reparava na outra – Há quanto tempo! – olhava para a mulher – Como vão as coisas? – sorriu timidamente
--Nossa, eu... – ficou um pouco sem graça – Por tanto tempo eu quis te reencontrar pra pedir perdão e agora que você tá aqui... – colocou o tabuleiro em cima de uma mesa – Não sei nem por onde começar...
--Há muito tempo te perdoei. – respondeu com sinceridade – Entendi que você fez o que fez por medo de voltar a viver com sua mãe e seu padrasto. – pausou brevemente – O passado passou, não se preocupe. – afirmou com mansidão
Deu um sorriso triste. – Eu errei por medo e foi tudo em vão, mulher... – confessou -- Acabou que tive que viver mais mãínha e o cabra pouco tempo depois daquele fuxico todo... Minha madrinha morreu do coração, assim da noite pro dia, e não me restou o que fazer... – contava – Logo me enrabichei com um rapaz pra mudar meu destino, tive um filho com ele, depois uma filha, ficamos juntos por mais de dez anos até ele me deixar e sumir no mundo. – olhava para a indígena – Hoje eu trabalho como diarista, vendo cocada e também recebo o Bolsa Partilha. É o que me ajuda pra poder criar meus menino. – resumia sua história
“Pobre Edivânia! Que vida difícil...” – pensou condoída – E quantos anos têm seus filhos? – perguntou curiosa – Qual o nome deles?
--Oxe, deixe te mostrar a fotinha deles! – tirou uma bolsinha de entre os seios e a abriu – Esse aqui é Ignácio, tá com 14 anos. Ele é muito tranquilo, num sabe? – mostrou o 3x4 do jovem – E essa é Yara, de 12 anos. É uma pinga fogo! – mostrou a foto da menina – Mas os dois tão estudando direitinho.
A indígena olhava para as fotos emocionada. – Você... – os olhos marejaram – Escolheu esses nomes por...
--Porque padre Ignácio sempre me ajudou enquanto pôde. Mesmo depois que fui botar mãínha em Recife. Mesmo depois que me juntei com Zé Pedro. – os olhos marejaram igualmente – E porque... nunca esqueci de você. – confessou aos guardar as fotos – Já te vi na televisão! – mudou de assunto bruscamente e colocou a bolsinha entre os seios mais uma vez – Você é um orgulho! – pegou o tabuleiro de volta – Prazer te rever, Yara! – preparou-se para partir
--Espera, eu quero comprar cocada! – pediu ao secar os olhos com as mãos – Você voltou pra morar aqui em Olinda, não é? – queria saber – Onde vive com seus filhos?
--Perto da antiga Casa das Religiosas, que não existe mais. – respondeu de imediato – Quantas quer? – falava das cocadas
--Pode ser o tabuleiro todo? – riram – É sério! Eu quero o tabuleiro todo, por favor. – passou a mão nos cabelos – “O Comuna de Pernambuco vai ficar sabendo que vocês existem e vai te ajudar, Edivânia!” – pensava – “Eu prometo!” – dizia em pensamento
--Yara tá demorando! – Elza resmungava sozinha enquanto apreciava os artesanatos – Ela se perde batendo papo com o povo... – pensava em voz alta – Pronto, já escolhi o que vou levar! – juntou tudo que lhe interessava – Moça, por favor? – chamou a vendedora – Quero levar isso aqui, por gentileza. – sorriu
--Tá certa! – exclamou satisfeita – Vou pegar as sacolinhas pra senhora! – sorria também – É dinheiro ou cartão?
--Cartão. – abriu a bolsa ao responder
Após pagar e receber seus embrulhos a militar preparou-se para sair quando uma mulher que passava esbarrou nela sem querer. – Ui, me perdoe, eu... – levou um susto – Elza?? – arregalou os olhos
--Ana Maria? – surpreendeu-se – Você...tudo bem? – não sabia o que dizer – “Nossa, ela tá diferente!” – pensou surpreendida – “Tão magra!”
Reparou na outra de cima a baixo. – Não tão bem quando você, né? -- sorriu meio sem graça -- Tô sabendo que você virou militar, ficou até famosa na região do Vale do Paraíba... – ajeitou os cabelos – Conheço um monte de gente em São Paulo que lê e concorda com tudo que você escreve!
--Ah, que bom. – olhava para a outra – Graças a Deus, tudo deu certo apesar de umas fofocas que criaram com meu nome lá em São Carlos, né? – jogou a indireta – Sabia que teve gente que chegou a ser presa por causa daquilo? Demorou mas aconteceu! – sorriu irônica
--É, eu sabia... – abaixou a cabeça brevemente – E te entendo, sabe? – cruzou os braços – Hoje eu trabalho numa empresa de metal-mecânica mas cheguei a ficar três anos parada por causa de uma depressão. – contava – No meu emprego anterior inventaram uma mentira com meu nome que me fez ser demitida e eu tentei provar que era a vítima da história mas não consegui. – gesticulou brevemente – Daí veio a depressão. – pausou brevemente – Bem, você não vai querer ficar ouvindo sobre a minha vida, né? – deu beijinhos de comadre na outra – Prazer te rever e tudo de bom! – afastou-se rapidamente
Elza acompanhou a ex com o olhar e ficou pensando nas coisas da vida. “Ela fez comigo e acabou provando do próprio remédio...” – considerava – “Eu que não devo ficar guardando mágoas porque é desnecessário... que Deus a ajude a superar o que sobrou da depressão! Ela também merece ser feliz...” – desejou com sinceridade – Agora vamos encontrar minha índia comunista! – decidiu
***
--A única coisa triste de me encontrar com você é quando chega a hora de ir embora... – Elza acariciava os ombros da amada – Amanhã já estaremos voando de volta pra casa... – fez beicinho – Esses dias em Pernambuco foram lindíssimos! – beijou-a – Adorei tudo que você planejou pro nosso aniversário de 10 anos! – sorriu – E depois daquela oração tão bonita na Igreja do Carmo, te prometo que vou trabalhar um monte de coisas na minha vida! –beijou-a novamente
--A viagem é só amanhã, então não pense em ir embora enquanto hoje ainda é hoje! – riram brevemente e se beijaram – Mas, nessa parte de trabalhar um monte de coisas... eu tava aqui pensando... – acariciava as costas da amada – Há pouco mais de dois anos atrás, depois daquele nosso desentendimento por causa do fuzuê de Jurema com Damiana e daquela alcovitação de seu tio Goulart com Luiza, eu conversava com dona Kedima sobre nós. – lembrava – E ela deixou bem claro que acreditava que faríamos 10, 20, 30 anos nessa mesma situação... – suspirou – Eu não quis acreditar mas aqui estamos. Não é, Elza? Do mesmo jeito de sempre!
--Ai, Yara... – balançou a cabeça contrariada – Quantas vezes tenho que te explicar que cada vez mais a vida nos impede de assumir, hein? – olhava para a indígena
--Linda, a gente não precisa ir no seu Instituto ou na sede do Comuna pra alardear sobre nossa intimidade, mas pelo menos podíamos viver sem essa agonia toda de tanta mentira, fingimento, histórias inventadas... – retrucou – Elza, a gente se viu uma vez em 2008, duas vezes em 2009 e até agora uma vez nesse ano! Sempre depois de você bolar altos planos pro tio Goulart não desconfiar! – reclamava com jeito – Até quando isso?
--Amor, eu vou viajar à serviço em dezembro pra Brasília. Já sei disso mesmo com essa antecedência toda! – sorriu – Aí a gente vai se ver mais uma vez nesse ano!
--Elza, você ouviu alguma coisa do que eu disse? – insistiu chateada – Quero te ver em dezembro, mas isso não muda nada do que eu tô falando!
As duas mulheres estavam sentadas nuas na cama, de frente para a outra, com Elza no colo da indígena. Envolvia a cintura dela com as pernas.
Deu um suspiro profundo. – Yara, agora me escuta você! – segurou-a pelos ombros – Você vai sair do abrigo e deixar dona Kedima sozinha em Goiânia? Você vai pedir transferência da UFG pra USP? Porque em São José não tem faculdade pública e você teria que morar em São Paulo! – provocava – Eu não tenho outro Instituto na Aeronáutica pra desenvolver o meu trabalho que não seja o que existe em São José. Então eu não tenho o que fazer em Goiás pra justificar um pedido de transferência! – olhava para a indígena – Aí nenhuma das duas vai sair de onde está, isso é um fato! Então a gente assume, você encararia pedreira com seus camaradas em Goiânia, eu encararia pedreira na minha vida em São José e pra que? Qual o ganho?? – insistia – Não entendo como você não vê isso! -- gesticulou
--Linda, a gente pode continuar onde cada uma está! – segurou o rosto dela delicadamente – Mas sem a parte da mentirada! – novamente argumentou – Dona Kedima sempre soube de nós e eu já situei camarada Celeste pra não ficar se metendo na minha vida! Se ela acha que estamos juntas, finge não saber e também se aquietou agora que Jurema tá namorando. – soltou o rosto da amada – De sua parte você podia situar seu tio Goulart, contar a verdade pro seu pai e parar de tanto rodeio. Luiza não tá namorando também? Não tem mais quem seu tio possa vir te alcovitar por enquanto! – considerou – Alana nem precisa saber. Eu sei que ela é mesmo linguaruda, embora nem a conheça.
Gastou uns segundos calada antes de responder: -- Se eu assumir pro tio Goulart que estamos juntas ele vai saber que menti por todos esses anos. E eu não queria perder a confiança dele...
--Diga que reatamos esse ano! – respondeu de pronto – Mentir por mentir, você já contou tantas histórias? Que diferença faria mais essa? – passou a mão nos cabelos – Por favor, Elza! – pediu com muito sentimento – Eu não aguento mais isso! – abraçou-a pela cintura – Somos adultas, independentes, isso não se justifica! – ponderou
--Tá bom, professora! – deu um sorriso cansado – Agora para de brigar comigo e vamos aproveitar o resto da noite, vai? – enroscou os braços no pescoço dela e a beijou – Hum? – beijou-a novamente – Hein? – mordeu-lhe o lábio inferior – Hein? – beijou-a
--Como eu sempre digo: -- em um movimento rápido deitou a ambas na cama – o hoje ainda não terminou! – beijou-a com paixão
São José dos Campos, estado de São Paulo
Elza entrou em casa e se surpreendeu com o pai sentado no sofá e tristemente admirando uma fotografia de sua mãe. Sentiu muita pena dele com a tristeza que percebia da parte do homem.
--Boa noite, pai. Chegou cedo. – aproximou-se e sentou ao lado dele – O que foi? – perguntou com jeito
Olhou brevemente para a filha e voltou a mirar o retrato da falecida esposa. – Boa noite, empoderada major. – cumprimentou-a sem ânimo -- Hoje fui acometido por severas dores cranianas e por tal desiderato solicitei sair antes do aprazado momento devido. – justificou-se – Aportando ao lar, banhei-me o corpo militar e recolhi-me ao leito. Prontamente naveguei nas brumas do sonho e lá estava vossa matriarca a esperar-me com aqueles olhos venerandos... – derramou uma lágrima – Sei que muito me fora dito, mas de nada logro êxito em recordar... – olhou para a filha – Despertei-me exasperado e desde aquele instante meu músculo cárdio-militar encontra-se desalentado, aquebrantado e assoberbado pela dor e pela saudade...
--Own, pai... – segurou uma das mãos dele – Sabe? Quando eu estava nos Estados Unidos também tive um sonho muito forte com a mamãe e acordei sem me lembrar do que conversamos. – confidenciou – Muito tempo depois me recordei que ela me disse que... – pausou brevemente – O senhor não teve culpa de nada! – olhou nos olhos do homem
Machado soltou a mão da filha e se levantou rapidamente. Colocou a fotografia no braço da poltrona e parou angustiado no meio da sala.
--Por muitos anos eu o culpei. – levantou-se também – Nunca tive coragem de acusá-lo, mas dentro de mim, eu o culpava. – confessou – E por isso acabei me tornando mais filha do tio Goulart do que sua! – admitiu – Ele me parecia um homem isento de qualquer culpa, normal e respeitável. – falava com cuidado – E o senhor, além de culpado, me parecia um tanto quanto... – buscava as palavras
--Louco? Insano? – olhou para ela – Antes que confessasse-vos tais acusações silenciosas e insondáveis a vociferar-vos na mente, eu sempre pude auscultá-las como ensurdecedores brados a vibrar cada célula timpânica em meus ouvidos aeronáuticos! – derramou uma lágrima – E embora recusasse-me a admitir, vossa vergonha sobre minha pessoa sempre fora um manto permanente a cobrir-me toda alma de rubro entristecer. – afirmou com tristeza
Aproximou-se do homem. – Eu sinto muito que tenha sido assim, pai... – derramou uma lágrima – Eu era uma criança e não tava preparada pra viver aquele acidente e ficar sem mãe. – confessou – E talvez... eu sempre tenha sido orgulhosa e arrogante e não admitisse um pai tão diferente quanto o senhor, ao invés de um homem do tipo do tio Goulart... – pausou brevemente – Cheguei a fazer terapia em diferentes épocas da minha vida e uma pessoa muito importante me disse que... – pensava em Yara – A gente não ama por causa de, mas apesar de... – chorava contidamente – O senhor não teve culpa pela morte da mamãe! – afirmava para ele e para si – E eu o amo apesar de sermos tão diferentes! – dizia a verdade – Eu o aceito do jeito que é!
--E se nem eu mesmo souber o jeito que sou? – Machado perguntou chorando – Minha realidade sempre me castigou e fujo dela forjando um mundo onde nada de mau possa acontecer! – admitiu – Talvez eu seja mesmo louco, talvez eu... – não conseguiu completar a frase
Surpreendeu-se em ouvir o pai falando sem palavras rebuscadas. – Cada pessoa se protege com um tipo de fuga, pai! – segurou o rosto dele com as duas mãos – Eu me tranquei dentro de mim, endureci! O senhor criou um mundo de fantasias. Mas agora, o senhor não tem mais porque fugir! E nem eu porque me trancar! – afirmou olhando nos olhos – Deixemos o passado onde ele deve ficar! – controlava o choro – E também queria muito que o senhor me aceitasse do jeito que sou, porque... – pausou brevemente – Porque... porque sou lésbica e nunca vou me casar com um homem e lhe dar netos! – afirmou de uma vez só – Mas a gente pode conviver com isso, não pode? – chorava mais – E a gente pode buscar ajuda juntos pra tirar essas coisas tristes de dentro do peito, não pode?
Machado puxou a filha para um abraço apertado e fechou os olhos. – Cabe apenas ao Brigadeiro-do-Ar Celestial deliberar sobre Seus subordinados... – falava entre lágrimas – Você é minha filha, minha amada filha, e isso me basta!
Pai e filha perderam-se naquele abraço e em lágrimas que pareciam ser capazes de lavar-lhes a alma.
Brasília, Distrito Federal
Goulart encontrava-se na capital federal com vários outros homens em uma reunião restrita.
--Não sei se é do conhecimento dos senhores, mas o governo que aí está se mobiliza para implementar uma tal de Comissão de Investigação do Regime. – um homem idoso discursava com formalidade – E o objetivo da tal Comissão seria o de investigar a morte de determinadas figuras públicas, os mecanismos de repressão do governo militar, a pretensa participação do Brasil em violações no exterior, a Operação Gavião, em suma, eles querem revisar todos os anos do nosso governo em uma caça às bruxas injustificável e demagógica! – afirmava em tom de crítica -- A pretensão é que os trabalhos se iniciem no ano que vem, o que certamente vai acontecer, já que Vilma Youssef venceu as eleições presidenciais no mês de outubro! – olhava para os demais
--Mesmo com a sucessão de escândalos ocorridos nos dois mandatos de Luiz Horácio, o partido deles continuou se saindo bem nas urnas por conta da estabilidade econômica, dos programas paternalistas junto ao povo e daquilo que enxergam como avanços sociais. – outro homem idoso complementou – Vejo com muita preocupação que esse tipo de iniciativa esteja sendo tomada pelo governo, especialmente se a nova presidente do país se trata de uma ex rebelde comunista! – frisou – E pior ainda é o fato dessa iniciativa ser bem recebida pela sociedade! – olhava para os demais -- Lembremos que recentemente os documentos secretos dos Estados Unidos foram divulgados no Whisky Leaks por Juan Hassanjo, gerando repercussão mundial sobre o caso! Ultimamente parece que as pessoas estão animadas a tirar os “esqueletos do armário”. – fez aspas com os dedos
--Já não estamos na ativa, -- mais outro homem tomou a palavra – porém contamos com os senhores para trabalhar de forma a moralizar o que está prestes a acontecer! – pausou brevemente – O passado deve ficar em seu lugar e essa gente não quer a verdade, mas sim gerar um sensacionalismo barato para impressionar a opinião pública! -- condenou
--Peço perdão, senhores, mas respeitosamente lhes pergunto: -- Goulart tomou a palavra – o que os senhores esperam de nós neste sentido? – queria saber
--Há poucos dias deste mês de dezembro um deputado militar discursou na Câmara combatendo duramente essa Comissão, além de atacar o partido de Luiz Horácio e Vilma. – um dos idosos respondeu – Nós daremos todo apoio a ele daqui por diante e contamos que os senhores façam o mesmo! – recomendou – Todos os presentes aqui nesta reunião estivemos envolvidos, de uma forma ou de outra, em atividades patrióticas naqueles tempos e esta Comissão visa nos esmiuçar e condenar os atos! – enfatizou -- Temos que nos defender das intrigas e calúnias que virão! E precisamos dos senhores que estão na ativa para tal!
--O senhor, inclusive, coronel Goulart, tem uma sobrinha que há anos se destaca como uma formadora de opinião que já é ouvida por diversas pessoas espalhadas em todo o estado de São Paulo. – outro idoso respondeu diretamente – A major Elza Machado, sendo além de tudo mulher e negra, pode nos ajudar e desempenhar um papel muito importante no que se refere à doutrinação ideológica!
Goulart ficou calado pensando e nada respondeu.
Goiânia, estado de Goiás
--E depois desse balanço detalhado que acabamos de fazer sobre os dois mandatos do governo de Luiz Horácio, creio que o Comuna seja unânime em manter a mesma postura em relação ao futuro governo Vilma, ou seja, seremos um apoio crítico e oposição combativa no que tiver de ser enfrentado! – Yara olhava para os demais – Algum ou alguma camarada aqui presente tem desacordo com essa minha fala? – gastou uns segundos calada observando – Uma vez que não há oposição, peço que camarada Omar formalize em ata o extrato desse balanço assim como a posição oficial do Comuna. – olhou rapidamente para o homem – Camarada Natália, favor preparar matéria junto aos camaradas Omar e Quênia pra edição no boletim do Partido. – sinalizou para a baiana que fez um sinal de acordo – Como um último ponto de pauta, gostaria de falar sobre a proposta do governo Luiz Horácio relativa à criação da Comissão de Investigação do Regime. – caminhava lentamente pelo auditório – Como todos aqui sabem, minha falecida mãe de criação e eu somos sobreviventes de um genocídio que foi amplamente publicizado. E como também sabem, conquistamos o assentamento dos indígenas, antes dispersos na região do Alto Alalaê, no antigo território da minha tribo Kenko Wiwa. Até hoje, entes civis como a Universidade Federal do Amazonas, acompanhamos esse processo. – explicava – No entanto, nenhum responsável pelo genocídio foi identificado ou punido! – gesticulou – E quantos outros genocídios aconteceram? Quantas pessoas foram perseguidas, torturadas e ou mortas durante aqueles anos chumbo? – considerava – Tenho total acordo com essa Comissão e proponho que o Comuna apoie os trabalhos pleiteando assento de observador para acompanhar!
--Apoiada! – muitos bradaram
--Tenho alguns informes a dar sobre esse assunto! – Jurema levantou a mão esquerda
--Com a palavra, camarada! – Yara concedeu
Jurema se levantou e começou a falar. -- Recentemente um deputado militar conhecido por muitas polêmicas, fez uma falação bastante dura sobre os propósitos dessa Comissão! – olhava para os demais – Vejo com preocupação esse tipo de manifestação, pois pode muito bem unir os repressores do passado em torno dessa triste figura, assim como polarizar pessoas contra as esquerdas de um modo geral! – advertiu
--Ora, camarada, não exageremos! – Sérgio se manifestou em oposição – Esse deputado já foi muitas vezes ridicularizado até em programas de TV! – lembrava – Ninguém dará crédito a essa voz que clama no deserto! – desdenhou
--O maior erro das esquerdas é sempre menosprezar os riscos e os adversários! – Celeste se levantou ao falar – Tenho total acordo com camarada Yara e camarada Jurema não nos adverte em vão! O Comuna é o único partido de esquerda que se envolve em uma efetiva doutrinação ideológica através de ideias e exemplos! Os demais só sabem alardear com lente de aumento as bem feitorias do governo Luiz Horácio! – criticou – Enquanto isso, a direita pratica doutrinação ideológica de várias formas. Vejo, e não é de hoje, as movimentações no meio militar. Quem garante que estas movimentações não venham a ser cooptadas pra compor algum extremo? – gesticulou – Quem garante que não tenham começado a chocar um verdadeiro ovo do cobrolho, que amanhã ou depois reivindique novamente o poder? – provocou
A maioria dos presentes não concordou com os riscos que estavam sendo apontados. Yara, no entanto, imediatamente pensou em Elza e sentiu-se apreensiva.
Ilha de Phuket, distrito Kathu, Tailândia
--Meu, eu não canso de dizer que esse lugar é fodasticamente incrível! – uma bela morena entrava no quarto de hotel – E esse tal de Kalim Beach Private Beach é o hotel mais espetaculoso que eu já vi na vida! – colocou as bolsas em cima de uma poltrona – Meu apê inteiro é menor que esse quarto! – sorriu para a outra
--Gata, você não tá viajando com qualquer pouca bosta, não! – a loura se aproximou e abraçou-a pela cintura – Aqui quem fala é Renata Vilani, -- beijou-a – deputada reeleita com uma porr*da de votos em 2010! – beijou-a novamente – Defensora dos fracos e oprimidos, representante master dos LGBT do Brasil! – riram – Quando eu viajo, é só na base do luxo ostentação! Essa porr* de quarto tem 80 metros quadrados, só isso! – sorriu – Quem tá comigo se dá bem, minha gostosa! – beijou-a – “E tem que fuder muito do jeito que eu quiser!” – pensou maliciosa
--Hum, mas você também não se pegou com qualquer bosta! – envolveu o pescoço da parceira com os braços – Com quantas modelos do meu nível você já esteve, hein? – perguntou provocando – Aposto que com nenhuma! – beijou-a
“Com quantas? Você é a quinta, meu bem!” – pensou sem verbalizar – É por essas e outras que somos duas mulheres de sorte! – beijou-a mais uma vez e sorriu
--Que tal a gente ir tomar um banho agora e se preparar pra curtir a night? – propôs empolgada
--Proponho que façamos mais! – beijou-a novamente – Tomamos um banho, botamos pra fuder na banheira, saímos à noite e na volta vai ter foda em cada cômodo desse quarto mansão de hotel, que tal? – beijou-a mais uma vez
--Do jeito que você quiser, deputada! – sorriu antes de beijá-la sensualmente
“Ter dinheiro é uma delícia!” – Renata pensava enquanto seguia aos beijos com a morena para o banheiro – “Ninguém nunca me diz não!”
São José dos Campos, estado de São Paulo
Goulart estava deitado em sua cama, solitariamente pensando na vida.
“Por causa de Graça deixei de colaborar com a Inteligência durante o governo militar... e, ainda assim, agora o passado volta a bater na minha porta...” – conjecturava – “Por que tinham que inventar essa palhaçada de fazer Comissão pra ficar procurando pelo que já está morto e enterrado?” – agitou-se na cama – “Tenho que ter uma conversa muito séria com Elza, porque ela vai ter que se posicionar!” – decidiu – “Quero ver até que ponto aquela maldita índia comunista plantou ideias tortas na cabeça dela!” – suspirou – “Quero ver como Machado e Fernandão se posicionarão!” – pensava nos amigos – “Que falta você me faz, Graça... queria tanto conversar com você agora, ouvir seus conselhos...” – visualizou o rosto da esposa na mente -- “Que Deus me oriente da melhor forma!” – benzeu-se e fechou os olhos tentando dormir
Fim do capítulo
Solitudine postando. Bom final de semana!
Música:
[1] A Carne. Intérprete: Elza Soares. Compositores: Marcelo Yuka / Seu Jorge / Ulisses Cappelletti. In: Do Cóccix Até o Pescoço. Intérprete: Elza Soares. Maianga, 2002. 1 CD, faixa 6 (3min39)
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Em: 13/02/2025
"A carne mais barata do mercado, foi, a carne negra, já não é mais."
Confesso que gosto da interpretação desta música, A Carne, cantada por Larissa Luz. Dá uma sensação de esperança, de melhora, de mudança. Me arrepiei ao ouvi-la, um tempo atrás.
Ela, interpretada com a força de Elza Soares, é a confirmação do quanto estamos a margem e, que as nossas vidas não tem valor, pra alguns.
O que Elza viveu, infelizmente, ainda é bem comum. Apesar de já termos leis que nos ampare em casos de racismo ou injúria racial.
Eu mesma já fui seguida dentro de um supermercado e, em uma loja, situada em um Shopping. A sensação não é boa!!
Eu não sou bandida pra ser seguida, nem tampouco, desonesta. A presunção de inocência não existe! você é culpado até que se prove o contrário. A máquina pública só funciona pra preto.
E tem que fazer barulho, mesmo! Expor e exigir que a lei seja cumprida.
Racistas Não Passarão!!!
O mundo tá todo errado, mesmo.
Vou sentir falta de Damiana no abrigo. Dona Kedima prometeu e cumpriu. Nada de lexo, lexo sob o teto dela. A casa caiu!
Major Elza nem pensa em assumir o relacionamento com Yara. Vamos ver até quando isso vai durar.
Eu acredito na lei do retorno.
O que gente faz, aqui, a gente paga.
Fico feliz por Yara e Edvania terem se reencontratado. Edvania precisava pedir perdão. É uma pena ela ter tido que se casar com um cara pra se sentir protegida, pra fugir do padrasto. Mas, geralmente, você só cai em outra arapuca. Infelizmente, isto é algo que acontece e por motivos diversos.
Colocando na balança, Yara e Elza se veem muito pouco. Por mais que os encontros sejam intensos, não há uma convivência ou planos pro futuro...
Machado está triste!
Parando pra pensar, eu não lembro a última vez que sonhei. Mas sei que já tive esta sensação de ter tido um sonho importante e, acordar e não recordar do sonho. Mas quando é pesadelo tu acorda lembrando de tudo.
Até que enfim chegou o momento que eu esperava. O reconhecimento, o reencontro deles.
Ele parece, ainda, muito ligado a esposa...
E ele não é louco, só está machucado! Assim como às muitas vidas que zanzão em seus "Mundinhos"nas ruas, em seu universo particular, totalmente fora da realidade.
Eu sabia que ele tinha consciência da vergonha que Elza sentia dele e, da preferência dela por Goulart. Isso deve ter machucado muito ele, mesmo. Mas eu entendo o lado dela, também.
"Ele tá falando de maneira compreensível!!"
Ficaria perdida com essa mudança dele. Mas, um "perdido" bom! Seria um outro Machado pra mim... mas também, significa que ele voltaria pra realidade.
Todo mundo tem suas excentricidades, né?! E ninguém é uma coisa só. Eu às vezes me acho esquisita, mas não gostaria de ser como todo mundo, não rs rs. Gosto de mim como eu sou!
Elza se assumiu!!! Já era tempo de ela e Machado terem esta conversa.
Minha alma está feliz!!! Eles se acertaram e as coisas estão do Jeito que deveriam ser! Unidos!!
Eu sabia que Machado não iria ligar por ela ser lésbica. Ele tem uma alma muito elevada pra se prender a essas besteiras.
Eu estou muito feliz com o acerto entre eles!!!!
O ovo do cobrolho chocou!! Tava tudo muito bom...
O Marco Zero
O Homem a ser batido
O Brasil polarizado
O Início das dores
Quero ver qual será o posicionamento de Goulart, agora, apesar de parecer óbvio. Cada um traça seu caminho, com a certeza de que ele é o certo. A única certeza que eu tenho, é que teremos opiniões opostas entre eles. Não tem como ser diferente da realidade.
Não consigo enxergar Fernandão e Machado apoiando os militares. Goulart, é praticamente certo...
Mas, Elza, eu tenho certeza que tomará a decisão correta de acordo com suas convicções e valores, também. E eles, não estão juntos às pessoas que, de alguma forma, dizimaram a tribo de Yara.
E Renata gastando o nosso dinheiro por aí. Cada um tem o representante que merece. Estou começando a ter certeza, disto, com os últimos acontecimentos da atualidade.
Minh@linda!
Em: 14/02/2025
Caipira abusada e antirracista!!
Gostei da combinação kkk
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PaudaFome
Em: 04/07/2024
Adoro o seu jeito de contar a história do Brasil e tem vezes que do mundo!
Solitudine
Em: 10/07/2024
Autora da história
Obrigada querida!!
Beijos,
Sol
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Ontracksea
Em: 17/01/2024
Inacreditável que em pleno século XXI uma pessoa negra passe pelo que Elza passou. O papo dela com Alê mostra muito e a música tudo a ver. Show! A major cada vez mais trancada no armário que merda!
Acho tão legal que você alterna as duas vivendo diferente situações paralelas. E alterna o triste com o bom. É muito legal!
Reencontrar Edivania e Ana Maria adorei. Tô adorando tudo né?
Detesto o Goulart! Só podia ser um a chocar esse ovo do cobrolho!
Solitudine
Em: 20/01/2024
Autora da história
Olá querida!
Inacreditável mas infelizmente muito real! O racismo ainda é uma ferida aberta no seio da sociedade, assim como o machismo, a LGBTfobia e assim vai.
Fico realmente feliz com essa receptividade tão positiva de sua parte!
Goulart anda numa fase de fato detestável. Não a culpo. rs
Beijos,
Sol
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Femines666
Em: 02/04/2023
Que capítulo interessante! Essa narrativa fictícia do ovo do cobrolho explica muito navida real!
Entendo a agonia da Yara! Entendo os medos da Elza! Seu Romeua e Julieta no Brasil moderno também não é fácil. E sendo duas mulheres, pior ainda!
Solitudine
Em: 08/04/2023
Autora da história
Olá querida!
Que bom que a narrativa está lhe agradando!
Exatamente, não é fácil! Ainda mais em um Brasil polarizado e resgatando pautas tão conservadoras!
Beijos,
Sol
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Zaha
Em: 13/01/2023
Boa tarde, Solvisky!!!
Tudo bem? Como foi a semana?
Bem, como solicitado, aqui estou a comentar o último capítulo publicado até hj
Começamos falando sobre e racismo. Não importa a classe social, como se mostram sempre serão questionados. Sempre terão que se esforçar mais para serem vistos!
Elza fez muito bem, de posicionou bem! Sabia dos seus direitos e TB soube se empoderar e colocar os dois funcionários do hotel em deu lugar! Infelizmente, é necessário fazer isso. Quem pode fazer ,deve fazer para conscientizar as pessoas ao redor e defender quem n pode. Abrir o olho. Porém é uma luta que leva anos e ainda levará, mas cada dia se empodera mais, de vê mais negros em um situação melhor a qual podem lutar por todos.... Sim, n é a toa que a maioria dos pobres são negros, nem menos oportunidades. Sabe, aqui praticamente n tem negros, qndo vejo são nigerianos vendendo na praia ou colombianos... porém levei muitos anos pra ver mais de 5. Acho que esse ano vi uns 2... E ainda não sei se são Argentinos.. quando volto pro Brasil sempre fico besta com o trato, como todo o pessoal que trabalha no shopping em serviços gerais são negros. Como n podem subir no elevador social, não, no de serviço onde sobe lixo e cachorro. A n ser que vc seja moradora...eu sinto tudo tão supérfluo. Chego e vejo cada dia um país mais racista com menos oportunidades. Onde as pessoas já ficam com medo quando entram no shopping a pedir algo na sala de alimentação....ou nas ruas. Nas ruas e qualquer coisa que passa..acusam e é negro. Triste, mas ainda é a dura realidade ...
Sobre a relação de Yara e Elza...anos de passaram e viveram escondidas, se vendo muito pouco, apesar disso, não desistiram desde amor. Brigaram, se desentenderam, foram imaturas, graças a Dona Kedima e Ale, puderam sustentar TB pq um necessita de suporte emocional. N é fácil ter uma relação que é mais difícil até que relação na internet. Tengo que andar delicadamente pq tinha gente olhando qualquer movimento. Mas elas chegaram e ao longo do capítulo vinha pensando, justamente em que podiam se assumir prós mais achegados e assim, mais ou menos foi. Eu sabia que Machado ia levar de boa! Falando nisso, que momento esse de Elza e o pai falando abertamente e ele mostrando a verdadeira dor dele...espero que ele possa guiar Elza nessa luta que tá por separar muita gente. Espero q Goulart sonhe com a amada para guiar ele TB. Estamos chegando sbum ponto chave.... Goulart tá numa encruzilhada com os superiores e os que já não tão nesse lugar que pode fazer rslgo diretamente, mas tá sendo pressionado e sem Graça, ele vai cair na pressão e vai querer levar Elza. Como Elza reagirá? Ela vai ficar de que lado? Ela enfrentará ele? Os três ficarão juntos, mas lutando no lado correto. Como Yara vai fazer? Como se posicionará? Ela com certeza ficará onde tá, fingir que n passa nada e irem pra outro lado n tá no papel! A questão é o que ela fará se Elza for pressionada e decidir ou der quase obrigada a estar contra....obrigada , não. Ela tem o livre arbítrio, mas terá que perder sua posição. O que será mais importante pra ela? Dps de tantos anos, a relação tem base,uma base fraca, mas tem, só n sabemos se poderá aguentar certas decisões e dps sobreviver ou recomeçar desde outro lugar. Será que essa guerra poderá ter um fim com resultados positivos, ja q é uma estória...
Bem, vamos vendo o que vai rolar quando esse Cabrolho sair do ovo....
Quero que Goulart tenha um sonho com Graça!!! Assim fecha tudo....já teve Elza, Machado e Yara ...
Bem, espero que tenha tido uma semana melhor, minha amiga carentizinha de comentários Dourantes!!! Espero que tenha gostado dos comentários Lailescos. Olha, só, eu li tudo e comentei...acho que lembrei bastante....rsrs.
Que sua mãe receba , como sempre, munhas vibrações de carinho, cuidado e sanação...
Beijos caipirescos!!
Resposta do autor:
Lailinha Sadikiinha Dorinha Atletoviskinha!
A semana foi punk mas a gente leva! rs
Eu li sobre um episódio de racismo e dei uma adaptada. Acho importante mostrar a todos que isso existe, deve ser combatido e como pensar em reagir. Elza era a pessoa para fazer isso!
Você fez excelentes conjecturas sobre o relacionamento de Elza e Yara. Não quero comentar para não dar pistas do que virá, mas repito: confia na caipira e seja atenta! rs
O cobrolho está só crescendo...
Você me conhece, sabe que meus desencarnados sempre voltam. Graça virá, mas não ainda. Confia!
Algo que me diz que essa história ainda trará muitas surpresas para vocês. Ontem sonhei com o conto e agora já sei exatamente como farei.
Você estava atualizada, agora falta um capítulo! kkk
Obrigada por sempre lembrar de maama!
Beijos caipirescos,
Sol
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mtereza
Em: 10/01/2023
Fico pensando se não tivessem substimado o inominável teria sido possível freada a ascensão desse neonazista ao poder e teria sido evitado tanto sofrimento. Apesar desse movimento fascista de supremacista de extrema direita ser um movimento a nível mundial.
Que bom que Yara reencontrou Edvania achei tão bonitinho ela ter colocado no nome de Yara na filha.
Será mesmo que ela irão comemorar 20 , 30 anos dessa forma
Emocionante a conversa entre Elza e seu pai.
Resposta do autor:
Olá querida!
Também pensei muitas e muitas vezes nisso! Foi todo um movimento (simplificado, romantizado e cheio de licença poética no conto, que é ficcional) que ainda não acabou e vai demorar a "pacificar", digamos assim.
Gostou do reencontro? Yara não poderia voltar em Olinda sem que isso acontecesse, concorda? rs
Serã? Vamos ver... Continue acompanhando! rs
Elza e Machado precisavam daquela conversa que demorou muito a acontecer. Mas, foi no tempo deles.
Beijos,
Sol
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Dessinha
Em: 09/01/2023
10 anos já nesse amor sem fronteiras, e acobertado por todas as barreiras... É difícil mesmo viver assim, hein?! Mas qual a saída para essas lindas poderem viver esse amor...
Estória linda, e riquíssima. Abraços e até os próximos!
Resposta do autor:
Oba, olha quem voltou!!!!!!!!
Garota, a caipira anda carente. Não abandone a bichinha desse jeito. Volte sempre, comente todos os capítulos, mesmo que seja para me dar puxão de orelha! rs Mas não suma, que isso é maldade com uma espécie em extinção! kkk
Sim, são dez anos num relacionamento difícil, com pouca presença, muita distância, mas pensamentos que unem e o poder da internet para facilitar a vida um pouquinho.
Vamos ver até onde elas conseguem. E como se sairão em meio a tudo que ainda virá.
Obrigada pelos elogios!
Beijos,
Sol
PS: Farei um drama de novo. Oh, não, não suma, volte, volte... rs
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Dandara091
Em: 09/01/2023
Alô autora!
Quero só ver o que nasce de um ovo de cobrolho! E quero ver qual vai ser a da Elza nessa hora!
#saidomuroelza
#cadeiaprarenata
#cancelagoulart
#muitaleluianessahora
Resposta do autor:
kkkkkkkkkkkkkkkkkk Olá querida!
Você sempre me divertindo!
Vamos ver o que sai desse ovo e como Elza (e os demais) vai lidar com isso!
Beijos,
Sol
#muitaleluianessahora!!! kkkkkkkk
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Lea
Em: 09/01/2023
Terá conflitos diretos entre Yara e Elza? Se isso vier acontecer, será o fim desse casal,mesmo que tenham todo esse amor?
*
A conversa da Elza com o pai foi, emocionante.
O episódio do racismo,doeu em mim!
Acreditando no amor como acredita o pai da Elza, será ele contra o relacionamento da filha com uma comunista?
*
São tantas perguntas que,só nossa saudosa Sol poderá nos responder nos próximos capítulos!
*
Ótima segunda-feira e uma ótima semana,Sol!
Resposta do autor:
Olá querida!!!
Hum, que pergunta difícil. Como aquelas duas vão se sair se os seus respectivos meios se polarizam cada vez mais? Será o fim do casal ou apenas um novo começo? Não sei. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos. ;)
A conversa foi bonita, não? Eles precisavam. E o racismo, creia que doeu em mim também. Fico revoltada demais com essas coisas!
Como Machado lidaria ao saber de Elza e Yara? É uma boa pergunta. Ele seria mais por Fernandão ou por Goulart? Vamos ver o que virá.
Não tenho todas estas respostas hoje. Vamos construindo juntas. Confia na caipira! rs
Obrigada e também te desejo uma ótima semana.
Reforço o pedido: não suma!!!! Volte sempre aqui. É sempre muito importante saber o que vocês pensam e como sentem o que se escreve.
Beijos,
Sol
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Alexape
Em: 09/01/2023
Como diria dona Kedima tô super enrabichada nessa história! Roendo as unhas pra saber no que vai dar. Autora linda fofa e cheirosa não faz a gente esperar muito tá bom?
Resposta do autor:
kkkkkkk Enrabichou? Que bom! Continue assim e de preferência com as unhas intactas! rs
Linda, fofa e cheirosa, nossa, quantos elogios! kkk Não tenho feito...
Beijos,
Sol
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Seyyed
Em: 09/01/2023
Caipira cararra! Sinto prenúncio de guerra e Elza vai ter que assumir um lado Yara todo mundo já sabe qual lado está. Tenho meu palpite mas vou ficar quieta assistindo de camarote. Muito boa a narrativa tô de cara e acompanho fielmentchê! Renata puta que pariu. Quero ver quando a casa vai cair! Machado merecia ouvir aquele perdão ou aceitaçã. Emocionou aqui
Resposta do autor:
Olá minha divertida amiga!
Prenúncio de guerra? Vejamos. Será que Elza e Yara serão um espelho do país? Ou não?
Vamos ver se o seu palpite é certo, me conte, porém te adianto que o futuro delas nem eu sei. Construo dinamicamente junto com vocês e ao fluxo do Tao que me conduz. rs Pior que é verdade.
Fico feliz com sua fidelidade e com sua presença constante.
Beijos,
Sol
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Young
Em: 08/01/2023
Olá Solzinha!
Cada capítulo me deixa mais ansiosa sobre o vai acontecer com Yara e Elza! De um lado Yara demanda respostas da Comissão. De outro, Elza será pressionada a trabalhar para calar a Comissão. E vem nascendo esse fenômeno facista que nos governou por 4 anos e não quer passar, é o tal ovo do cobrolho sendo chocado.
Genial dilema! Dilema de amor, política e ideologia.
E eu? Ansiosa!
Young Cy
Resposta do autor:
Olá querida!
O destino de Elza e Yara é algo que dá ansiedade mesmo por conta das condições de contorno. Não é fácil estar do lado que cada uma delas está. Mas vamos ver como se sairão.
Sim, exatamente. As pessoas pensam que o tudo foi um movimento burro, da ignorância, mas isso não existe!
Obrigada pela sua leitura e comentários.
Beijos,
Sol
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Irina
Em: 08/01/2023
Kotinha!!!
Estive a me emocionar com o racismo sofrido por Elza, o aniversário de dez anos brindado pelo encontro entre Yara e Edivânia e, mais que tudo, o diálogo entre pai e filha. Lindo capítulo!
E com ele, o nascedouro de uma era trevosa no Brasil. Não quer calar a pergunta sobre Elza. De que lado, Kotinha?
Conto maravilhoso!
Com estima,
Irina
Resposta do autor:
Olá querida!
Imagino que esses episódios de racismo ecoem forte dentro de você, pois deve tê-los sofrido ao longo da vida e nisso me solidarizo com esse sofrimento.
Mas, me felicita vê-la tão envolvida no conto. Obrigada por isso!
De que lado, todas estão me perguntando... Só posso dizer o mesmo: aguarde! rs
Beijos cheios de estima,
Sol
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Marta Andrade dos Santos
Em: 08/01/2023
Eita confusão agora vai pegar acorda Elza.
Resposta do autor:
kkkkkkkkk Você é sucinta e sempre certeira no que escreve. Adoro!
Vamos ver o que Elza fará! Continue conosco, viu?
Beijos,
Sol
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Joabreu
Em: 08/01/2023
Boa tarde!
Querida autora caipira lets go:
Achei o título engraçado e agora fui eu que fiquei out porque não sei o que seria esse bicho! Um tipo de cobra diferente? Cobra cringe?
* ?—?/*
O capítulo muito bom. Fiquei emocionada e curiosa. Elza vai ficar em cima do muro? Vai ter spoiler?
Dona Kedima sempre me faz dar altas risadas lol
Renata e Goulart que ranço!
Be spunky autora caipira. Sempre hitando!
Jo Abreu {}
Resposta do autor:
Boa noite, querida! Ou boa madrugada! rs
kkkkkkkkk Juro que ri muito com esse trem de cobra cringe! kkkk
Cobrolho é uma caipirice minha. É como se fosse uma cobra muito desproporcional, como uma que vi na Amazônia. Também uso o termo para ironizar pessoas que vêm bancando para cima de mim como se achassem a si mesmas o máximo. Aí digo: Ih, lá vem o (a) cobrolho de tal assunto! rs
Fico feliz que o capítulo tenha te agradado e que você esteja vindo aqui sempre! Spoiler? Não, senão perde a graça. Vá acompanhando aí e não suma! rs
Dona Kedima é um amorzinho e Renata e Goulart, digamos que eles farão o caminho mais longo para chegar lá.
Tudo de bom!
Beijos,
Sol
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Mille
Em: 08/01/2023
Oi Sol
Que capítulo lindo e emocionante
Chorei junto de Machado e Elza e que bom que ela pode se abrir com o pai.
E agora esse final de capítulo, acho que Goulart vai levar uma rasteira, acho que Fernandao, Machado e Elza não vai aceitar fazer parte dessa idolatria ao tal deputado. E assim espero.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá minha querida!
Gostou do capítulo? Fico feliz que ele tenha te emocionado.
Elza precisava daquela conversa com o pai. Nunca é tarde para resolver, ou ao menos tentar resolver, os problemas da vida.
Vamos ver o que Elza fará. Mas creia que ela será bem requisitada! rs
Beijos!!
Sol
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Samirao
Em: 08/01/2023
Amoreee que capítulo fodastico!!! Vc pulou dois anos pra mostrar da onde vem a progresso do Coiso! Amei! E Elza? De que lado vai ficar? Goulart foi espião na ditadura? Logo vi! Posta mais caps nessa semana senão eu morro!!! Huahuahua bjuss
Resposta do autor:
Olá querida!
Sim, fomos de 2008 para 2010. Elza será requisitada por vários lados. Vejamos como se decidirá! rs
Vou tentar produzir para que surja um capítulo nessa semana, mas eu não tenho demorado, confesse! rs Vou te passando a medida que vá concluindo e você posta na periodicidade que quiser.
Beijos,
Sol
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Solitudine Em: 13/02/2025 Autora da história
Olá querida!
Fiz questão de retratar essa cena de racismo, pois colegas de trabalho minhas passaram por isso e não me conformei. Certa feita comprei uma briga com um gerente de hotel para defender minhas caríssimas colegas negras. A caipira é abusada! rs
Foi importante para nossas meninas reencontrarem afetos/desafetos de seu passado e deixar claro que tudo passou. O que não passa é a agonia de Yara em querer assumir e a de Elza em querer preservar oculto. Até quando vai isso? Vejamos
O ovo do cobrolho sendo chocado. Algumas companheiras do Comuna advertiram; a esquerda não viu. Como ficará o cabo de guerra no clã de Elza? E ela, como se posicionará? Vejamos!
Só para constar: estou simplesmente amando estes comentários!
Beijos,
Sol