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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 6579
Acessos: 1127   |  Postado em: 07/01/2023

Capitulo 8


      Capítulo 08


Eu e a Ana Lu seguimos nossa habitual técnica patenteada de cola, como a prova foi de direito penal eu sabia bem sobre o assunto, então sentei na frente e ela na fileira ao lado, uma mesa atrás, posição exata para pegar as questões que precisasse. Assim que terminei, olhei pra ela, no nosso código entendi que estava tudo certo. Entreguei a prova e sai da sala. Assim que saí abri minha mochila procurando algo para comer, meu estômago só não estava na lua porque passear em gravidade zero é muito caro. 

- Me salvou Flávia, que prova foi essa? - A Ana Lu saiu com uma expressão de acabada, com caneta em uma mão, mochila em outra, toda torta. 

- Ele fez de propósito, para que uma prova dessa? Tava difícil. 

- Se você que trabalha com isso achou difícil, imagina pra mim. Peguei a prova toda de você.

- Espero que esteja certo o mínimo pelo menos - falei enfiando meus dentes em uma maçã que puxei de dentro da minha mochila.

- Vai rolar o bar Flavia? 

- Acho que sim, nem olhei o celular pra ver se alguém chegou. O Cantão já deve estar aí, ele estava doido para beber. O dia foi cansativo, mas descolamos umas informações lisas do caso do tráfico de órgãos. Talvez comece a desenrolar agora. 

- Ve ai se ele chegou, vou ao banheiro e a gente desce pra lá, pode ser?

- Tá vai lá - ela saiu andando pelo corredor e eu peguei o celular, estava desligado para a prova, liguei ele. 

- Nossa, difícil encontrar turista na faculdade hein?! - quase me assustei com ela falando, eu estava tão concentrada no sonho do meu celular ligar sem fazer drama

- Por isso eu nunca te vejo né Eve.

- Verdade, mais turista que eu impossível Flavinha - A Eve é uma caloura, dois semestres abaixo do meu, como a maior parte das mulheres do meu convívio, já ficamos. Mas ficamos no mesmo padrão de sempre, festa da faculdade, nada nunca sério ou com algum objetivo. 

- Teve prova Eve?

- Tive sim, mas foi tranquilo, faltava pouca nota, fechei já. Vai pro bar?

- Tem um pessoal me esperando pra beber. 

- Em qual bar você vai?

- No amarelinho. 

- Ah, queima eu ir junto? Queria beber, mas ninguém está no clima. 

- Não, cola junto. É um pessoal do meu serviço que vai, mas pode ir junto sim. Eu só estou esperando a Ana lu voltar do banheiro e vamos. - Meu celular finalmente ligou e começou a apitar. Olhei pra ele e comecei a mexer, o Cantão já estava no bar, provavelmente com a Bia, falou que pegou uma mesa para nós, mas já estava bebendo. Não comentou se a Bruna chegou ou não. Não havia mensagem dela no meu celular, a última foi a tarde quando convidei ela, então mandei uma: “ Terminei minha prova, já estou indo para o bar. Você vem?”

- Partiu? - A Ana Lu perguntou depois de voltar do banheiro. - Vai junto Eve?

- Vou sim, ninguém da minha turma está no gás de ir.

- Beleza, vem junto. Não tem problema, é um pessoal do trabalho da Flávia, vamos conhecer os podres dela na delegacia e tem o delegado pra eu dar uma olhadinha. 

- Ele está acompanhado Ana lu. Sossega. 

- Ah, não custa eu olhar. Só uma olhadinha - Acabos as tres dando risada. Fomos andando até da faculdade até o bar. A Ana já conhece a Eve das baladas da faculdade, elas têm bem mais assunto que eu com a própria Eve. Mas a todo tempo a caloura dava alguma insinuada ou daquelas esbarradinhas pra ficar encostando, eu detesto isso. 

A rua lateral da faculdade é só de bar, com uma universidade tão grande, não era de se esperar outra coisa. E em uma sexta feira a noite o lugar estava com gente na rua, calçada, dentro, fora, no teto dos bares. 

- Eve, segura a Ana Lu. Ela vai se perder no primeiro cara que olhar pra ela?

- Nossa, não sou assim não - olhou para o lado - olha esse que lindo Flávia!

- Aff, olha pra frente - fomos conversando sobre isso, fazendo piada uma com a outra. O bar amarelinho fica quase na metade da rua e com a quantidade de pessoas demoramos um pouco. Quando chegamos ao bar estavam as três dando risada, gargalhando e a Eve com a mão apoiada no meu ombro, com intimidade, mas sem importância alguma. Levantei minha cabeça na porta do bar procurando o Cantão, mas quem eu encontrei a Bruna.

Ela não reparou em mim, mas eu reparei nela. Os cabelos estavam bagunçados em cima, como no dia que conheci ela, mas estavam com a franja de lado. A camisa social creme que ela estava vestindo de manhã estava aberta, quase que como um blazer, mostrando a blusa de alcinha por baixo. Ela estava conversando com o Cantão e a Bia, com um jeito cansado, ombros baixos, quase que inclinada para frente. A perna estava dobrada no joelho, formando um quatro e o copo de cerveja estava em sua frente, transpirando, com um colarinho leve, prestes a ser devorado. Ela levantou o copo, conversando com o Cantão, virou um gole e deixou descer. 

Enquanto o líquido descia ela olhou para a porta  e meu mundo parou por um segundo. Os olhos cansados se alegraram e quase brilharam, os ombros dela subiram, a postura voltou a ser impecável e o sorriso, gente, o sorriso foi de orelha a orelha ao me ver, verdadeiro leve. A mão da Eve que estava no meu ombro perdeu o apoio porque a minha vontade era abraçar aquela garota. Segui em direção a mesa, não falei com o Cantão nem com a Bia, fui direto na Bruna. Ela levantou da cadeira para me cumprimentar. O meu braço passou por cima do ombro dela e fechou atrás do pescoço dela, enquanto os braços dela se encaixam sob os meus. O perfume dela subiu ao meu nariz, suave, meu corpo se acalmou, se acalmou da agitação da manhã, da tensão da prova, um momento de segundos que valeu o meu dia. 

- Oiii - ela falou soltando o corpo do meu, mas com a mão subindo e tocando o meu rosto, aproximando as bocas para um selinho, um pouco mais demorado, mas não um beijo. Acho que me assustei pois quando ela separou as bocas, ela deu risada. Eu não estava esperando ora. Não mesmo, mas gostei. 

Soltei da Bruna, fui até o Cantão dei um beijo em cumprimento e depois o mesmo com a Bia. A Ana Lu seguiu junto o cortejo, mas primeiro Cantão, depois Bia e por último Bruna. A Eve não cumprimentou ninguém e foi direto ao bar pedir cerveja. 

- Ana essa é a Bia, fotógrafa, trabalha com a gente no DP. O delegado não exige apresentação - os dois deram uma risadinha concordando, afinal já se pegaram algumas vezes - E essa é a Bruna - falei sentando ao lado ela. 

- Essa é a mocinha das mensagens então? - a Ana Lu falou

- Mocinha das mensagens? - A Bruna completou. 

- É que a Flávia recebe uma mensagem sua e fica toda bobona, rindo por ai. 

- Fica quieta Ana, nada a ver. 

- Não? - a Bruna me olhou com uma carinha de pidona, enquanto apoiava a mão na minha coxa. 

- Aff, tô feita com vocês duas. 

- Não minto. - a Ana retrucou e sacudiu a cabeça para a Bruna, confirmando que eu fico bobona com as mensagens. 

- Vou ignorar vocês. Já pediram? - perguntei pro Cantão que estava na frente da Bruna, enquanto a Bia estava na minha frente. A Ana  Lu sentou entre a Bruna e o Cantão, na ponta da mesa. A Eve pegou a bebida, mas foi para uma outra mesa, que ela achou algum colega de faculdade. 

- Pedimos só a cerveja. A Bruna chegou agora, nem pediu nada, tá só se hidratando com álcool. 

- Tá, você bebe o que Ana Lu? Pode ser a mesma cerveja pra você?

- Pode, eu bebo dessa aí mesmo. 

- Ok. Bia, vai igual ou quer outra coisa?

- Bebo dessa também. 

- Tá, eu vou chamar o tiozinho - Estiquei a mão chamando o garçom. - Opa, tudo bem? Vê mais duas dessa cerveja aqui, geladinha. E aquele suco de cupuaçu sucesso. Obrigada - Acho que em automático depois que falei com ele, coloquei minha mão em cima da mão da Bruna que estava na minha coxa e comecei a fazer carinho nela. 

- O cupuaçu é pra você Flavinha? - a jornalista perguntou

- É sim Pic, ela não bebe nada alcoólico - o Cantão respondeu por mim - nem adianta tentar, nada é nada. 

- Não mesmo Flávia?

- Ah, não gosto de álcool, sou bem mais de um suquinho gostoso no esquema. E o que é isso de Pic aí?

- Ah - deu risada junto como Cantão, eu, a Bia e a Ana não entendemos nada - o Thiago, irmão do Bibo, não sabia falar Gabriel, por isso ficou Bibo. E ele me chamava de Pink, por que eu tinha uma camiseta do Pink, do Pink e o cérebro, mas ele não conseguia falar, então ficou Pic. 

- Cara, vocês fumam algo muito pesado. Sério - eu completei. 

O mocinho do bar trouxe as duas cervejas bem geladas, encheu o copo de todos  e deixou na mesa. O meu suco veio em um copão bem bonito, quase meio litro. 

- Brinde equipe, ao sucesso da operação. - O Cantão falou. 

- Ao fim de Direito Penal - A Ana falou. Eu, o Cantão e a Bia rimos da ironia. 

- Saude! - A Bruna completou. Todos beberam um gole. Eu olhei rapidamente a mesa, gostei do que eu vi. Amigos, eu tenho amigos. Eu tenho gente boa comigo, gente competente. E tem a Bru, sorrindo, encantadora. 

- A operação é do que? - A jornalista soltou a pergunta. Eu olhei super rápido para o Cantão, ele entendeu no olhar que era pra ficar quieto e não contar, mas esquecemos de segurar a Bia café com leite. 

- De tráfico de órgãos, hoje conseguimos uma ocorrência e tanto - ela não percebeu o que falou, o Gabriel mudou a expressão, mas tentou controlar. Eu olhei pra ele e logo já puxei outro assunto para disfarçar. Uma das grandes regras é não contar sobre uma ação a nenhum civil, muito menos a um jornalista. 

- Foi tranquilo trocar a reserva Bru?

- Foi sim, só temos essa questão do horário, preciso dar entrada no máximo às 19h senão perco. 

- Reserva? - a Ana Lu cutucou - Vão onde?

- Vamos a um restaurante Vietnamita. Uma das poucas coisas que consigo fazer em campo, fora do jornal, é uma coluna de crítica gastronômica relacionado a lazer na cidade. Aí preciso visitar esse vietnamita. Estava marcado pra hoje, mas a Flávia não podia. Acabei trocando pra amanhã. 

- Tipo um encontro? - o Cantão gritou da mesa, me olhando com desdém 

- Pode ser como um encontro sim, é só a Flávia querer - a Bruna respondeu pra ele, me olhando fixamente e apertando levemente minha mão por baixo da mesa. Eu devo ter ficado completamente vermelha, porque até a Bia achou a situação engraçada. 

- A Flávia é lenta Pic, você quer que seja um encontro? - O Cantão continuando brincando com a situação e a Bruna também. 

- Eu quero, já até dei um toque. Vamos ver se pega no tranco. - e caíram na gargalhada. 

- Tá chega. Já entendi o recado dos dois. Agora chega de me zuar. 

- Esse é meu hobby sapatão. 

- Cara besta.  Ele era assim na adolescência?

- Era pior ainda, sempre dava um jeito de dar em cima de mim - A Bruna continuou falando.

- Sério? - A ana completou desorientada. 

- Era sim, quando o delegado aí era adolescente era gamado na minha. 

- Ah, você também era na minha. Se não gostasse de mulher estaria comigo. 

- Um pequeno detalhe esse. E o que te faz pensar que você é a última bolacha do mercado?

- Meu charme - ele falou virando o rosto pra Bia, fazendo palhaçada com o sorriso. 

- Tem charme Bia? - eu perguntei. 

- Pra mim tem um montão - falou encostando o rosto no ombro dele. De um jeito bem fofo ele passou o braço pelo pescoço dela, abraçando-o. A Bruna apertou levemente minha mão, em sinal de “olha que fofo”. 

- Eu preciso ir ao banheiro. Vem comigo Flavia? - A Ana Lu me chamou. 

- Vou sim - soltei brevemente da mão da Bruna, mas assim que levantei aproveitei e dei mais um selinho nela, quem sabe não gosto dessa idéia? Mas ainda estou no sistema de meio passo por vez. Segui a Ana por entre várias pessoas, até chegarmos ao banheiro - Fala!

- Nada não, só não queria vir sozinha. 

- Até parece Ana, você não dá ponto sem nó. Manda. 

- É que tava meio mala eu ficar de vela na mesa, só queria dar uma volta. 

- Tá pesado? Se quiser troco de lugar. 

- Não, não precisa. Gostei dela. 

- Da Bru?

- É. Você sorriu. Não vejo você leve e sorrindo há muito tempo. Gostei. 

- Estou indo bem devagar. Adoro conversar com ela, mas estou indo devagar. 

- Não precisa correr Flavinha, no seu tempo. Precisa viver, se dar esse direito. Ela aparenta ser calma, centrada. E é bem amiga do Cantão, o que facilita uma vida pra você. 

- Eles são amigos de longa data. Acho que fizeram a escola juntos, mas não sei. E você vendo ele com a Bia, como você está?

- Ah, segue o baile. Ele nunca prometeu nada, nem eu forcei a barra. Ela também parece gente boa, super tímida pelo jeito. 

- Ela é na dela, mas é bem travada sim. Nem sei como se soltou um pouco mais hoje. 

- Ela é mais travada?

- Sim, bem mais. Olhou pra ela, ela fica agitada. Mas é super gente boa. Queria que tivesse dado certo vocês dois, mas segue o baile. Falando em baile, onde foi parar a Eve? Chegou com a gente e depois sumiu. 

- Mas claro, com o jeito como a Bruna olhou pra ela quase que eu fui junto. 

- COmo assim?

- A Bruna só faltou jogar xixi lá da mesa pra marcar território, você não percebeu?

- Não, que horas foi isso?

- Quando a gente chegou, que você foi cumprimentar o Gabriel e a Bia. A Eve foi direto pro bar e não voltou mais. 

- Ai cacete, que merd*. Depois eu falo com ela, peço desculpas e dou um toque na Bruna. 

- Flavia, ela quer algo com você, está dando várias deixas, inclusive marcando bem o território. Vai no seu tempo, mas aproveita. Nem reclama com ela, foi bom, pelo menos a Eve não vai mais te abordar por aí. Preciso usar mesmo o banheiro. Segura meu celular?

- Sim, dá aqui - Fiquei do lado de fora da cabine esperando a Ana Lu. Não vi essa cena da Bruna dando um corte na Eve, tadinha, ela só queria alguém pra beber junto. Gente, sexta feira pode. Depois eu converso com ela. E mais pra frente dar mais um toque na Bruna, ela fez a mesma coisa hoje cedo na academia. Não gosto disso. 

- Vamos? Não vai usar?

- Não, estou bem - voltamos para a mesa conversando. A Bruna abriu mais um sorriso quando voltei para a mesa. Assim que sentei chamei o garçom e pedi mais um suco, agora de Abacaxi com hortelã. Puxei conversa com a jornalista. - Tudo bem hoje no jornal? Está  com uma carinha de cansada. 

- Estou acabada. Sério, enquanto meu padrinho não voltar vai ser esse caos. Hoje a Mayra estava mais que insuportável. 

- Mayra é a que substitui seu padrinho?

- Isso. Ela não consegue segurar a pressão, se embanana toda nas coisas. Ela esqueceu de alinhar um câmera com um jornalista lá. Um caos.

- Quando seu padrinho volta?

- Sem ser segunda a próxima na outra. 

- Ótimo, só mais uma semana aguentando ela. 

- Na verdade nem isso, terça eu viajo, só volto na outra quarta. Aí ele já deve ter voltado. Estou tranquila, só domingo e segunda nessa agitação. 

- Vai viajar?

- A trabalho, não é nem viagem. 

- Você falou com o Thiago? Pra quando chegar lá Bruna? - o Gabriel se enfiou na conversa. 

- Falei sim, ele vai me buscar no aeroporto. Falou que quer me levar pra comer um lanche estranho lá dele, de porco. 

- Meu irmão e a culinária estranha dele - eles continuaram conversando e eu acabei reparando na Bia. Ela estava pálida, com o olhar longe, respirando com dificuldade. Olhei fundo pra ela tentando um contato visual, mas estava difícil ela me olhar. Estava olhando para a rua, em direção a um carro, sacudindo as pernas agitada. Me mantive olhando, quando nossos olhares bateram eu enxerguei o pânico nela. 

- Bia, vamos comigo ao banheiro? - ela não conseguiu responder com a voz ou com o corpo, mas respondeu com o olhar. 

- Acabou de ir Bruna - o Cantão falou. 

- Você é fiscal da urina? Me erra cara - falei tentando fazer palhaçada com ele. Olhei pra Ana Lu, ela entendeu que tinha algo errado, pois em seguida olhou pra Bia e pra mim. A Bia foi ao meu lado, passo a passo, quase que parando até o banheiro. Assim que entramos ela não segurou mais, começou a chorar. 

Assim que entrei no banheiro fui direto pegar papel, não imaginei a gravidade da situação. Um choro doído, ainda com dificuldade de respirar, parecia que o ar não saia, a cada respiração entre o choro só fazia barulho de entrada, tremendo. Ela apertava as mãos com as unhas, fechada nelas mesmo. O que eu faço? O que faço? 

Puxei rapidamente ela para perto do meu corpo, abraçando-a. Ela não moveu nenhum músculo, nenhuma reação diferente, só uma tentativa de puxar o ar entre soluções de choro. 

- Tá tudo bem Bi, tudo bem. Estou aqui com você. Não vai acontecer nada. Calma - Fiquei ali com ela no meu tórax, em pé em um banheiro, inserida em um caos pessoal, em algo muito doloroso e assustador - Bi, precisa respirar. Está tudo bem. Se não respirar vai desmaiar, respira. A única resposta era o barulho do soluço intenso.

Eu estava abraçada nela, mas ela não estava abraçada a mim, então me soltei por alguns segundos para poder olhar ela diretamente. O olhar da Bia estava perdido, mantendo a sensação de pânico. Tentei segurar as mãos dela, mas era impossível, já devem estar machucadas. Forcei delicadamente mas firme meus dedos entre a mão cerrada dela, tentando separá-los da palma. Sua pele estava gelada, trêmula. Quando consegui finalmente segurar as mãos dela, ela cravou a unha na palma da minha mão, em pânico. Doeu, mas tudo bem, tudo bem. 

- Bia, segue comigo. Respira fundo - falei levantando os braços dela, guiando a intensidade da respiração. - agora solta - fui abaixando os braços dela em três etapas, a cada uma falando “solta”. - De novo Bi, respira devagar, e solta. - Fui repetindo o exercício, quase que de meditação até eu conseguir fazer ela levemente normalizar a respiração. Quando finalmente ficou um pouco mais calma, soluçava quase que em reflexo ao nível de estresse que teve. Ela voltou a respirar com mais calma, deixando o ar entrar e sair, mas em nenhum momento soltou minha mão ou desencravou as unhas. Encostou o rosto no meu peito mais uma vez, delicadamente puxei minha mão que já ardia e abracei a Bia, fazendo um cafuné nela, em silêncio, apenas deixando ela se recuperar. - está tudo bem, você está segura, está tudo bem. - me encostei na mesa do banheiro, percebi que iríamos demorar ali. 

Me reclinei na pia e olhei para fora do banheiro, a Bruna estava parada lá, não sei se chegou agora ou se olhou algo. Mas sua expressão era de preocupação e de nada mais, sem som algum saindo de sua boca e com a Bia enfiada no meu tórax, perguntou: 

- Está tudo bem? 

- Não - respondi também sem som, mas de modo que ela compreendeu. A Bruna então entrou no banheiro e falou comigo baixinho:

- Precisa de algo?

- pega uma água gelada pra gente Bru - ela rapidamente acenou com a cabeça concordando, mas antes dela sair completei - se o Cantão perguntar, fala que é problema de mulher, muita cólica. Ele não vai encher. 

- Já volto. - eu acenei com a cabeça e sorri em agradecimento. Me mantive com a Bia encostada no meu tórax, recebendo um cafuné no cabelo castanho e a todo momento eu falando: está tudo bem, você está segura. Está tudo bem. - ela se manteve chorando, mas aos poucos a rigidez da tensão foi se soltando. 

- Não conta pro Gabriel. Por favor. - e seus olhos já vermelhos voltaram a encher de água.

- Ele não vai saber de nada Bi. Vamos falar pra ele que foi uma cólica muito intensa. Só isso. Você não precisa contar nada. Está mais calma?

- Não. Estou com medo. 

- Quer sair daqui e ir embora? 

- Não - esse não saiu em um grito, explosivo. O pânico voltou a tomar conta dos olhos dela, enchendo de lágrima e fechando as mãos, apertando-as novamente. 

- Eu estou aqui Bia. Estou aqui com você - estiquei minhas mãos em volta do rosto dela, segurando-o firme, emparelhando meu olho com o dela. - Estou aqui Bi. Está tudo bem. 

- Quase matei 3 calouros de economia por essa água e gelo - a Bruna chegou no banheiro, descabelada, respirando ofegante. 

- obrigada linda. - falei no automático sem nem pensar, só reparei no elogiou quando ela sorriu meio boba. 

- Quer que eu fique aqui? 

- Melhor não. Acalma o Gabriel por favor, fala que é uma cólica muito forte, e que já já vamos pra mesa. 

- Tudo bem, se precisar de algo, me manda mensagem - esticou o corpo e me deu um selinho, retribui. 

- Bi, a Bruna trouxe água para você. Vem, toma um pouquinho - ela demorou a querer soltar o meu tronco, levantou a cabeça e secou os olhos. Eles estava, super vermelhos, o rosto dela inchado. - Toma, pega essa água gelada. 

Abri a tampa e entreguei na mão dela. Fiquei observando. Ela bebeu o primeiro gole devagar, quase engasgou por um soluço do choro. A mão que estava livre eu segurei apoiada na minha esquerda e com a direita fui passando o gelo no punho dela. É uma coisa super boba, mas sempre dá certo, pelo menos nas vezes que a Fabi teve crise de pânico deu certo com ela. 

- Troca a mão Bia, deixa eu passar gelo - ela me olhou grata, como um agradecimento por eu ter cuidado dela. Peguei a mão esquerda dela, apoiei e passei o gelo no punho, atenta para não queimar a pele, mas forçando o suficiente para ficar vermelha por causa do gelo, apesar que ela é tão branquinha que só de olhar fica vermelha. - está mais calma? Tudo bem.

- Sim - mais um soluço - estou sim. 

- Vamos voltar? 

- Não!  - mais uma vez com um grito. - algo está acontecendo aqui. O fator estressor dela deve estar fora desse banheiro. 

- Calma. Tubo bem. Não precisamos ir agora 

- Obrigada por ficar aqui Flávia. 

- Que nada, você não está bem. Podemos ficar aqui o tempo que precisar. 

- Só até ele ir embora. - falou com vergonha, baixinho, com o rosto virado para baixo.

- Ele quem? O Cantão? Posso expulsar ele Bia, e você não precisa nunca fazer o que não quiser. 

- Não. Tem um carro - soluço, voltou a chorar - lá fora. Um- soluço- cooper, minicoooper. 

- Tá, um minicooper. Que cor?

- azul escuro - soluço - marinho. 

- Um minicooper azul marinho lá fora. 

- Tem um boné no painel. 

- OK Bia. Quer que eu vejo se ainda está lá fora?

- Não, não me deixa aqui. 

- Bi, o Cantão já deve estar desconfiando de algo. Preciso ver esse carro. Vou chamar a Bruna pra ficar com você. Pode ser? 

- Não precisa. Você volta? - falou com uma voz quase infantil, fragilizada. 

- Volto. Só vou ver o carro. Aqui é seguro, está de frente com a mesa deles, está entrando mulher aqui o tempo todo. Está segura. Mas eu tenho que ir lá, tudo bem? - ela concordou com o rosto, bem agitada. 

Eu andei pelo bar, cada vez mais cheio, tentando passar o mais longe possível da nossa mesa, para não gerar mais perguntas. Saindo do bar, de frente com a janela que estávamos, o minicooper que a Bia falou estava estacionado. Na lateral dele estava em pé um jovem, não mais que 30 anos, o rosto não me é estranho, barba por fazer, de camiseta branca da Lacoste, todo no estilo hétero top. Ele não percebeu que eu observei ele, olhei rapidamente mas com muita atenção para a placa, decorando-a. Ele olhava atentamente para dentro do bar, procurando algo, irritado. Eu cheguei perto dele e puxei papo:

- Tem um isqueiro aí cara?

- Não tenho nada. Cai fora. 

- Achei seu carro bonito, esse bonezinho no painel é maneiro. Combina com você.

- Já falei, cai fora. 

- Sabe de uma coisa? Estou doida pra descobrir porque você causa pânico na Bia. Quer me contar? - falei bem séria, fechada, olhando a cara dele. 

- Qual é a sua?

- Qual é a sua? Pergunto eu moleque. Rala. 

- E você que vai me obrigar ? - meti a mão na camiseta polo dele, puxando-o mais perto, por sorte ele estava desatento, não chego a ter tanta força assim. 

- Testa pra ver se não obrigo - olhei bem firme nos olhos dele e depois soltei. Ele ia começar a bater boca, mas eu acelerei em direção a ele. Como bom covarde, caiu fora bem rápido. Entrou no carro dele, o minicooper e acelerou. Fiquei olhando ele subir a rua da consolação até desaparecer aos meus olhos. Voltei rapidinho para o bar e fui direto ao banheiro. 

- Ainda está lá fora?

- Não Bia. Assim que eu saí pra procurar ele já estava acelerando pra subir a consolação. Está tudo limpo lá fora. - ela ficou tão aliviada que os ombros caíram e o ar entrou no pulmão - Vem, lava esse rosto e vamos voltar pra mesa. A Bruna falou pro Cantão que você estava com uma cólica muito intensa, se não quiser que ele saiba, tem que falar a mesma coisa. 

- Tá - falou colocando a mão embaixo da torneira para poder lavar o rosto e voltar a mesa.

- Flávia!

- Oi?!

- Obrigada. 

- Que nada Bi, quero o seu bem, só isso. Quando quiser desabafar e me contar, sabe que estou aqui e onde me encontrar - ela sorriu sinceramente, em agradecimento. - Você consegue voltar pra casa no mesmo carro que o Cantão ou quer ir sozinha? Como se sente mais segura?

- Volto no uber com ele. 

- Tudo bem mesmo?

-Sim, me sinto segura com ele. 

- Então tudo bem, volta com ele. Mas não se force a nada, você tem seu tempo e é o tempo que precisar. - não sei o que aconteceu com ela, mas foi forte e a machucou de modo bem Intenso. - Vem, vamos voltar pra mesa. Seu rosto está bem inchado, vou falar que você chorou por causa da cólica tá?! 

Ela acenou sim com a cabeça. Antes de sairmos do banheiro eu puxei ela mais uma vez para perto de mim e abracei. Ela por alguns segundos relaxou o corpo daquela tensão toda. Dei um beijo na cabeça dela, em sinal de proteção, cuidado. Voltamos pra mesa desviando da multidão que começava a lotar o bar. 

- Está melhor Bia? A Pic falou que você estava com cólica - o Gabriel perguntou assim que ela sentou na mesa, oferecendo o corpo, com o braço aberto, para ela se encostar. 

- Estou sim, a Flavinha tinha remédio pra cólica na bolsa. Esperei fazer o efeito, estava muito forte. - falou convicta, quase acreditei nela. 

- Pecado meu amor. Quer ir embora descansar? - ela ficou tensa em automático, o Gabriel nem reparou, ele é um desligado. Eu nem tinha sentado na mesa ainda mas já completei a missão:

- Cantão, vem comigo pegar um gelo?

- Ah Flávia, pra que gelo?

- Pra esse suco quente aí! Vem logo. - ele levantou bem de contra gosto, deixando a Bia na mesa e me seguindo. 

- Fala sapatao. Quando você me chama assim é bomba. 

- pega leve com ela hoje. Ela estava com muita cólica, morrendo de vergonha porque você chamou ela pra sair e estava passando mal bem no quase encontro. Vê se ela quer ir pra casa dela, não força a barra, por favor, a Bia é frágil, se forçar muito ela espana. 

- Tá bom, não entendi muito bem porque esse toque, mas não sou de forçar nada Flávia, sabe disso. 

- eu sei, mas quando você toma cerveja, perde bem o foco às vezes. Vê pra onde ela quer ir e leva de uber. Só sai se ela se sentir segura entendeu?! Ela está bem frágil por causa da dor. 

- Mas cólica dói tudo isso?

-Cara, cada um com sua dor. O útero dela é assim, então deixa ela na dela.

- Tá bom, recado recebido. Pega o gelo e vamos. - logo voltamos para a mesa, eu segurando meu copo de gelo. Sentei ao lado da Bruna, ela colocou a mão na minha perna de novo, sempre sorrindo. Coloquei o gelo no suco de abacaxi quente e deixei lá fazendo efeito. Passei o braço em volta do pescoço dela, oferecendo um abraço, que ela aceitou de bom grado. 

- Pessoal, o momento está ótimo, mas eu já vou indo. A freguesia do ó é longe e eu perdi minha carona de hoje. Preciso ir indo - falou a Ana Lú, levantando para comprimentar o Cantão. Confesso que é meio estranho ver eles sem contato físico, dariam um casal bem bonito. Depois ela foi na Bia, falou algo no ouvido dela e colocou a mão no ombro, como se fizesse um carinho. Conhecendo bem a Ana é provável que tenha sido um fica bem ou algo do tipo. Depois ela veio em direção a Bruna, que levantou para se darem tchau. Achei fofo, as duas se abraçaram, em agradecimento ao momento. A Lu falou alguma coisa com a Bruna que as duas me olharam e riram, fiquei sem graça mas ri do contexto. 

- o que estão falando de mim?

- nada não centro do universo. Quando eu tenho que dar Flávia?

- nada Lu. Você não tomou nem uma cerveja. Eu pago o seu, fica como desculpas pelo furo da carona. Como você vai voltar? 

- Você dá carona pra ela Flávia? - a Bruna começou a falar e ela mesmo completou - Leva ela, eu volto de uber. 

- Claro que não Bruna, eu pego o metrô e depois pego um uber até em casa, não moro tão longe assim não. - a Ana Lu justificou pra não cortar o role. 

- tem certeza?

- Claro Flávia. 

- Tá bom então. Me avise quando chegar em casa? Cuidado na volta. - ela esticou os braços e me abraçou em despedida, mas falou no meu ouvido antes de ir: vai no seu tempo, mas vai. Ela é linda e gente boa, não deixa de viver. Quando nos soltamos eu sorri, confirmando que entendi a mensagem. - Me avise quando chegar. 

Ela falou mais um tchau geral a todos e seguiu em direção ao metrô, que fica um quarteirão acima do bar que estávamos. Eu retornei a mesa, onde o Cantão tinha pedido a conta. 

- QuAnto deu aí delegado? - a Bruna estava perguntando quando cheguei na mesa. Passei por ele, sem ele perceber e puxei o cartão com a conta. 

- Ele não deixa ninguém ver Bruna - falei rindo, abri o cartão e olhei o valor - Deu um beijo e tchau pros três. Vou lá pagar. 

- Para de frescura Flávia, dá aqui - ele estava puto por eu ter pego o papel da conta. A Bruna achou o máximo eu ter puxado e deixado ele nervoso, realmente são como irmãos, um atazanando o outro - Cacete sapatao, me dá essa merd*. 

- Nossa, que bravinho. Toma - a Bruna puxou o cartão da minha mão e entregou na dele. A Bia estava bem apática, mas acabou dando risada da situação. 

- Deu pouquinho meninas, eu chamei pra beber, então eu pago. 

- Então paga Cantão. - eu nem dei mais corda não, quer pagar então paga, tanto porque deu pouquinho mesmo, cinco cervejas, dois sucos e a água da Bia. Ele levantou para pagar, mas antes de ir ao caixa, fez um carinho no rosto da Bia. 

- Bi, você está melhor? Consegue ir embora? Vai ir pra sua casa? Está segura lá?

- Vou pegar um uber até lá, consigo ir sim. Estou bem mais calma, foi só um susto mesmo. 

- Mas sua casa é segura? Se não for, damos um jeito, arrumamos outro lugar. 

- É segura sim. O Gabriel vai comigo no uber. 

- Tá bom, mas qualquer coisa você me avisa tá?!

- Sim sim, obrigada Flavinha. - eu sacodi a cabeça em um gesto de saudação e olhei pra Bruna, que acompanhou toda a conversa atenta, com uma expressão de apoio, compreensão. 

- Bru, você quer ficar mais? Quer ir? - perguntei esticando a mão e indo, delicadamente, em direção ao rosto dela, fazendo um carinho leve no rosto. Ela se aninhou no carinho que eu fiz, sorrindo com o gesto. 

- Você quem sabe? Aqui tá ficando meio cheio, quer ir para outro lugar? - olhou pra mim com expectativa pela resposta, mas acho que eu devo ter me entregado com o pânico dessa pergunta - Ou podemos ir embora também, já está tarde. 

- Ta pago. Partiu meninas - Por sorte o Cantão chegou antes de eu me entregar no não verbal - Bia, você vai comigo né?! Te deixo na sua casa. Aí você não se esforça muito, pra não piorar a cólica. - ela olhou pra mim, quase que buscando uma aprovação minha. Tentei passar calma com o olhar pra ela, falando faça só o que quiser. Mas acho que ela conseguiu compreender. O Cantão por sorte é um cara muito gente boa, foi criado por duas mães que ensinaram a ele o limite é o respeito. - Já pedi aqui Bia, tudo bem se formos indo lá para a porta? Chega em 4 minutos. 

- Tudo bem - ele esticou a mão, dando apoio para a Bia levantar- Bruna, obrigada por ter vindo com a gente - a Bia abraçou ela em despedida e depois veio em minha direção - Obrigada Flavinha - me abraçou, nesse momento falei pra ela no ouvido: qualquer coisa você me liga, qualquer horário. Ela acenou o entendimento. - Nós vemos amanhã cedo. 

- Depois mando mensagem para vocês confirmando o horário. Juízo os dois. Me avisem quando chegar. - esperei eles saírem do bar abraçada a Bruna, por trás, já que pela altura dela, ela me abraçar por trás seria impossível, assim que eles entraram no uber eu falei quase que no ouvido, mais pela posição - E você linda, vai fazer o que? Quer uma carona até a sua casa?- ela se soltou e virou o corpo, ficando de frente comigo.

A diferença de altura não impediu dela olhar pra cima e eu pra baixo, firmes nos olhar. Naquele breve momento nada mais importou, nem o som da rua da consolação, o som das pessoas gritando nos bares ou o som do funk ao fundo, absolutamente nada. Os olhos castanhos dela eram tão profundos. Encostei minha mão no rosto dela, sem forçar o toque, apenas sentindo a pele suave, sem desviar o olhar. Ela mexeu o rosto, se encaixando mais na minha mão, fechou os olhos como se aquele momento fosse um deleite. Minha respiração estava levemente acelerada, de ansiedade. Ainda com a mão leve fui sentindo o rosto dela, passei  dedão sobre seu lábio inferior, apenas explorando. 

Minha vontade de beija-lá era tão intensa quanto o meu medo. A mão esquerda encostou nas costas dela, puxando a para mais perto, mais próxima.  Meu rosto finalmente encostou ao seu, leve. Senti sua boca abrir levemente, esperando, desejando. Não pude mais prologar esse momento, encostei meus lábios no dela, primeiro encaixado entre os dela, depois empurrando a abertura. Um lábio macio, quente. Minha mão direita se manteve no rosto dela, acariciando, mas a esquerda foi a base do pescoço da Bruna, com os dedos entrando pelo cabelo, massageando a nuca. 

Ela ditou a velocidade, que começou a acelerar quando suas mãos encostaram no meu corpo, estreitando mais ainda o espaço. Nosso conjunto, que estava no meio da calçada foi sendo empurrado por ela, até encostarmos na parede da lateral do bar, onde uma menina de 1,55, dominou completamente uma se quase 1,80. Os lábios se mantinham encaixados, suavemente, sem pressa, sentindo o momento, dancando. Depois de conhecer o sabor da boca da Bruna, senti a língua dela passar pelo lábio inferior, procurando espaço. Encontrou a minha, em um enclave exato, enquanto minha mão já não estava mais no rosto e sim no cabelo, próximo a franja, bagunçando-o. Ela passou a mão pelo meu pescoço, intensificando a pegada, enquanto o rosto virava de um lado pro outro em uma sintonia exata, com mordidas no lábios, puxando-o. 

Confesso que meu corpo respondeu rápido aquele momento e respondi bem. Depois dela sentir minha boca, quando faltou o ar, se soltou de mim, eu mantive o olho fechado, deleitando aqueles segundos. Mas a Bruna esticou o corpo e beijou meu pescoço, com mordidas e passando a língua. Voltou a minha boca depois de respirar, continuando o beijo, explorando cada cantinho do novo brinquedo dela. Caraca, que beijo delicioso, intenso e cheio de contato, de toque, de exploração. Paramos alguns segundos depois, quando ela finalizou com um selinho longo, como o da chegada no bar, mas dessa vez eu abri os olhos sorrindo, completamente contraída, querendo pelo menos mais um beijo. 

 

Não houve palavras para uma ou outra, apenas um sorriso sincero das duas, sorriso vivo, que mostrou claramente a satisfação de cada uma de nós com esse beijo. Sensação tão intensa que ela me abraçou, passando os braços por baixo do meu e apoiou o rosto no meu peito. Minha mão voltou ao cabelo dela, bagunçando ele, circular, fazendo carinho. Até nós olharmos novamente e reiniciar a valsa dos lábios e o tango da língua em um novo beijo ao mesmo tempo frenético e sútil. 


Fim do capítulo


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Comentários para 8 - Capitulo 8:
Petrolina Nova
Petrolina Nova

Em: 02/10/2025

Até que enfim kkk

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Elliot Hells
Elliot Hells

Em: 29/10/2023

Algum ex toxico no caso da Bia... ou algo mais.

 

A Bruna é bem atacante, as menores são desse jeitinho mesmo. Determinadas! gosto bastante! De fato, é facil a pessoa ficar com os 4 pneus pela Bruna. A Flávia conversar mais, um terapeuta ajuda nessas questões e principalmente em analisar todo o contexto. 

 

E fazer algo ficar saudável... mas é no tempo dela..

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thays_
thays_

Em: 21/03/2023

Perfeito esse beijo...

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 08/01/2023

Eita Flávia tu está arriada na Bruna, e a Bia o que deve ter acontecido com ela ?

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 08/01/2023

Eita Flávia tu está arriada na Bruna, e a Bia o que deve ter acontecido com ela ?

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