AMOR SEM FRONTEIRAS
Lisboa, Estremadura, Portugal
--A gente correu um risco imenso de se desencontrar, sabia? – Yara olhava para Elza – Você me ignorou, mas eu não consegui te ignorar e cuidei de desmembrar a passagem ainda assim. – acariciava as costas da negra – Peguei um voo cavalo de cachaceiro só por você. – contava – Saí de Brasília pra Guarulhos e de Guarulhos pra cá. Quando for embora daqui, ainda vou ter uma conexão em Istambul e só depois chego em Moscou. – revirou os olhos – O que não se atura por amor? – sorriu
Sorriu também. – Não te ignorei, só não dei o braço a torcer te respondendo. Mas eu li tudo que me escreveu... – acariciava o rosto da indígena – Se tivesse te ignorado não estaria aqui, nesse hotel esquecido por Deus que você me arrumou em Lisboa! – brincou e as duas riram
--Não fala assim! – beijou-a – Foi o que meu dinheiro deu pra bancar e você não sabe da missa a metade! – contava – Tive que pedir favor a professora Beatriz, que acabou cedendo o número do cartão de crédito pra eu colocar no site de reservas e garantir esse quarto. – confessou – Pra mim é osso conseguir fazer essas coisas, mas pra te ver... eu faço qualquer coisa. – olhava nos olhos – “Inclusive começar o período sanduíche totalmente endividada!” -- pensou
--Também faço qualquer coisa pra te ver, por menos que você acredite! – beijou-a – E por mais que eu deteste cortar o clima, a verdade é que a gente tem que ter uma conversa bem séria, amor...
As duas mulheres estavam nuas deitadas de lado na cama, uma de frente para a outra.
--Eu sei e concordo. – movimentou-se devagar para se levantar – E tá frio também. – foi até o armário e pegou outra manta – Você não é tão frienta quanto eu, mas é bom se cobrir mais. – forrou a manta por cima daquela que já estavam usando – Vou pegar minha blusa térmica. – abriu a mala e pegou o agasalho para se vestir – Não tô dando conta desse frio. – vestiu uma calça de flanela também – Ave Maria! – sentou aos pés da cama e se encostou no estrado de madeira – Essa cama deve ser do tempo do império! – comentou – Trem antigo! – riram
--Eu sei que ela rangeu muito quando... – encostou-se nos travesseiros e se cobriu com as mantas na altura dos seios – Você sabe. – piscou maliciosa
--É... a gente tem que ter cuidado pra não quebrar esse trem...– esfregou as mãos uma na outra e gastou uns segundos calada – Linda, olha, eu já te pedi desculpas e me expliquei mais de uma vez nos meus e-mails, mas não custa repetir. A gente assim, conversando, é melhor porque dá pra se explicar com mais clareza. – olhava para a amada – Eu tenho muita dificuldade pra lidar com o que a gente tá vivendo, desse jeito que a gente tá vivendo. – gesticulava – Acho que fiquei com um certo trauma por causa do relacionamento que tive com Gil. – desabafava – Eu estudava em Brasília e não conseguia voltar pra Goiânia com frequência por causa da falta de grana. Ela vivia batalhando chances pra crescer como rapper e por isso se ausentava em viagens pra fazer shows aqui e ali. E eu também tinha o Comuna, tava numa época intensa de organização de greves e manifestações... Por causa disso tudo a gente se via pouco e em algum momento se perdeu. – lembrava da história – Aí ela quis terminar, não teve jeito, acabou e eu fiquei arrasada... – passou a mão nos cabelos – Então os anos passaram e me aparece você. Acontece você na minha vida! – pausou brevemente – E a verdade é que eu morro de medo de te perder, Elza! – admitiu – Nunca vivi nada tão intenso com ninguém e... a gente tem muita coisa contra! É a distância, o tempo escasso, as diferenças ideológicas entre nós... – enumerava nos dedos – Quando você me falou daquela sua colega que tá caidinha de amores, fiquei me sentindo tão insegura que chega doeu! Eu assumo isso! – confessou – E aí essa desaprovação do seu tio, as sacanagens dele pra nos separar... Sabe? – gesticulava – Eu esperava ver aquela Elza, tipo assim, a capitão, que encara, bate de frente e não aceita qualquer coisa, mas você me pareceu tão resignada com tudo... aí a insegurança me espetou ainda mais forte na alma... – abaixou a cabeça brevemente – Então eu me descontrolei e falei aquele monte que você ouviu!
--Na hora eu fiquei muito magoada, mas depois entendi. Só demorei a dar o braço a torcer, fui orgulhosa... Não é só você que tem os seus traumas, Yara... – pausou brevemente – Eu me entreguei cegamente à Carla e à Renata; principalmente a essa última. E as duas me machucaram profundamente... – confessou – Você sabe, já te disse que havia matado algumas coisas em mim por conta de tudo que aconteceu naquela época da Renata e da morte da tia Gracinha... – gesticulava -- Você também sabe que conseguiu me fazer ceder, que deixei você quebrar minhas barreiras e me entreguei nesse nosso relacionamento de uma forma que me assusta! Que muitas vezes me deixa insegura e eu detesto me sentir assim, refém do que não posso controlar! – desabafou – Também fiquei super insegura em saber que uma garota que tem tudo a ver contigo tá de olho em você! Virou até presidente do Partido como sua substituta, né? – resmungou ciumenta – Aí quando você me falou aquelas coisas pensei que tava querendo terminar comigo...
--Não me julgue tão por baixo! – pediu de imediato – Eu não sou do tipo que fica buscando subterfúgios pra fazer alguma coisa. Se quero fazer, faço mesmo e fim! – gesticulou – Definitivamente, não quero você fora da minha vida! – afirmou com ênfase
--Nem eu quero te perder! – respondeu de pronto – Embora você ache que me curve muito facilmente ao tio Goulart! – olhava para a namorada
--Você acha que não, linda? – queria saber – Você realmente pensa assim?
Respirou fundo e fechou os olhos brevemente. – Amor, entende uma coisa, por favor! – pediu – Tio Goulart é uma pessoa importantíssima pra mim e eu não quero entrar numa guerra com ele! – tentava se explicar – Eu já te pedi e repito: espera pelo menos até a gente voltar de vez pro Brasil? – postou as mãos como se orasse – Por favor?
Respirou fundo também. – Tá bom, eu já havia concordado com isso. Mesmo que de má vontade... – desviou o olhar – É que seu tio me surpreendeu negativamente e isso me balançou nessa decisão. – olhou novamente para a negra – Mas tá bom, eu aceito isso. – rendeu-se mais uma vez – E como vai ser? No final desse ano a gente se encontra aqui de novo, como já tava planejado?
--Que tal nas férias de julho, quando eu não volto pro Brasil? – Elza propôs – Pode deixar que eu cuido das coisas. Você só precisará seguir minhas coordenadas. – sorriu
Achou graça. – Já sei, coisa chique pra não cair numa esparrela como essa aqui, né? – brincou e elas riram
--Amor, sem orgulho ou sensação de desfeita, pode ser? – pediu bem humorada – Mas esse muquifo tem mofo nas paredes, a cama range como se gem*sse, o banheiro é tosco, os móveis tão cobertos de pó e a senhorinha da recepção me recebeu com um palito de fósforo na boca! Tinha teia de aranha até na caneta que ela me deu pra assinar a ficha do check in! – destacou – A única coisa limpa até agora foram as roupas de cama!
--E não é o que importa? – perguntou maliciosa ao se enfiar por baixo das mantas – Hein? – começou a seguir uma trilha de beijos em uma das pernas da amante – Hum? – deslizava uma das mãos na outra perna
--Tem horas que você só pensa nisso, né, sua sem vergonha? – fechou os olhos sorrindo – Ai... – sentia os lábios da indígena percorrendo seu abdômen – Ah... – gem*u ao sentir os dedos que lhe provocavam o sex* – Se vai brincar, brinca direito! – afirmou dengosa ao abrir os olhos – Tira essa roupa! – puxou a blusa térmica da parceira até deixá-la livre dela – Tira! – puxou o cós da calça para baixo – Tira... – beijaram-se com desejo
--Tudo tirado! – sorriu antes de beijá-la -- Teremos pouco tempo aqui, -- beijou-a novamente e se posicionou entre as pernas dela -- então eu quero fazer com que esses cinco dias rendam muito! – beijou-a demoradamente
--Ai... – gem*u quando o beijo terminou – Hoje ninguém sai daqui! – mordeu o lábio inferior da indígena – Ninguém! – beijou-a
--A senhora manda, capitão! – apertou uma das coxas da parceira com força e começou a se esfregar contra ela – Essa cama ainda vai gem*r muito hoje... – beijou-a – Muito... – introduziu dois dedos dentro da amada – “Ô, glória, queima, fogo da perdição!” – pensou excitada ao beijá-la novamente
“A cama e eu!” – Elza pensou ao fechar os olhos – AH! – gem*u alto
São José dos Campos, estado de São Paulo
“Então ela foi estudar na Rússia?” – Goulart lia um boletim do Comuna – “Que maravilha!” – sorriu – “Agora tá definitivamente longe da vida de Elza!” – mirou um ponto no infinito – “Ou não!” -- amassou o periódico e o jogou fora no lixo – “Elas não terão como se encontrar no final do ano porque Elza vem pra cá, mas... e nas férias de verão?” – conjecturava – “Talvez seja interessante uma visitinha de surpresa em julho!” – pensava – “Pra garantir, dar uma sondada...” – considerou – “Tenho que me organizar no trabalho aqui pra ver o que consigo fazer.” – balançou a cabeça pensativo
***
--E aí foi assim: a gente pensou, avaliou e decidiu juntar as escovas de dente, sabe? – Fernandão comentou animada – Tamos organizando tudo pra poder casar em meados de dezembro e ela se firmar logo aqui! – deu uma garfada
--Alvissaras! – Machado gesticulou animado – Vossas bodas não poderiam acontecer em um mês mais abençoado! – considerou – Além do nascimento do Mestre, o Brigadeiro Mor dos Céus Divinos, teremos ainda a presença da minha empoderada capitão para abrilhantar esta união que se mostra benfazeja em vossas vidas, minha garbosa sargento! – sorria – Apressai-vos a cuidar de tudo, pois o tempo urge e casamento é algo de grande monta na vida de um ser vivente! – deu uma garfada
Fernandão e Machado almoçavam no rancho do Centro Tecnológico.
--Sim, eu sei. Nós sabemos! – pensava em Alana – Mas, me responda, com todo respeito: -- pensava em como perguntar – será que já não era hora do senhor procurar uma companheira pra aquecer esse coração solitário? – olhava para o amigo – “E principalmente o coronel, pra ver se deixa Elza e Yara em paz!” – pensou contrariada ao beber um gole de suco
--O amor visitara-me uma vez apenas, garbosa. – respondeu timidamente – Hoje, a mulher com a qual celebrei bodas chama-se Aeronáutica! E a ela sou fiel com todo meu furor varonil! – limpou os lábios com o guardanapo
Achou graça. – Mas esse casamento acabará quando o senhor for pra reserva. – respondeu com jeito – Enfim, não quero ser invasiva, mas seria bom que o senhor começasse a olhar pro lado. Vai que surge alguém interessante? – piscou para ele – Conheci Alana quando Elza e Alê se formaram e nem nem... quem diria que anos depois, no casamento da irmã dela, o amor iria acontecer? A vida tem destas coisas! – encerrou a refeição
--Aquelas bodas foram memoráveis! – Machado lembrava da festa – Quiçá, outras bodas do porvir trazer-me-ão um novo amor, de modo análogo ao que vos ocorreu naquela consagração festiva. – considerou – Enquanto isto, apenas zelo por minha empoderada capitão e sirvo à musa Aeronáutica com todos os meus gametas, células, corpúsculos e organelas! – destacou
--Tá certo... – decidiu não insistir no assunto – Outra coisa, sargento... -- limpou os lábios com guardanapo – Nesse ano quais serão os planos? – sondava – Uma vez que Elza vem pra cá em dezembro, o senhor e o coronel pensam em ir pra lá visitá-la novamente nesse ano? – queria saber
--Impossível me seria empreender tal deslocamento intercontinental neste ano que ora se descortina. – respondeu de pronto – Além da provisão financeira não me permitir excessos, muitos são os chamados que nossa idolatrada Aeronáutica convoca-me a atender no inopinado! – explicava – Já o prestimoso coronel... desconheço-vos os planos traçados! – dizia a verdade
“Hum... se alguém pode estragar os planos das meninas é só o coronel!” – Fernandão pensava – “Não sei se ele planeja ir pros Estados Unidos, mas convém tentar descobrir e se possível, atrapalhar...” – espremeu os olhinhos
Brasília, Distrito Federal
--O que está acontecendo com a esquerda brasileira, camaradas? – Jurema questionava ao microfone diante da Praça dos Mil Poderes – Desde que Luiz Horácio assumiu a presidência já tivemos um número de escândalos, como agora os mais recentes dos fundos pensionistas, o do mensalinho, o caso do súbito enriquecimento do filho do presidente graças ao aporte financeiro de estatais em sua empresa de tecnologia... – citava – E já começamos a ouvir sobre mais outro! – destacou – Vem aí agora o escândalo sobre a máfia das licitações na área de Saúde! – advertiu – E quando nós, do Comuna, e outros entes da sociedade civil cobramos satisfações sobre isso e nos mobilizamos, o que a massa dos camaradas de esquerda nos diz? – provocou – Que sempre foi assim! Que era daí pra pior, mas que antes a imprensa não noticiava! Antes, a Achadoria Geral da República engavetava tudo e agora ela teria, em tese, mais liberdade para trabalhar! – repetia os argumentos que ouviam – Não importa se antes era pior, o que nos cabe, enquanto comunistas, enquanto esquerda, é cobrar do governo uma postura digna e lutar pela administração honesta da coisa pública! – gesticulava – O que nos cabe é pressionar o governo pra que as medidas adotadas sejam sempre em favor da maioria da população e não para atender aos interesses de quem bancou e banca as campanhas eleitorais do partido de situação! – falava com atitude – Luiz Horácio é candidato à reeleição? Que seja! Mas não nos cabe o apoio cego e sim o devido questionamento e uma postura digna da militância que dizemos conduzir enquanto comunistas ou enquanto esquerda!
Alguns poucos concordavam enquanto a maioria entendia aquele discurso como oriundo de uma esquerda extrema e radical.
--Comuna é luta! – gritos ecoaram em apoio
--É Luiz Horácio na cabeça!! Fora Comuna! – muitos gritaram em discordância
***
--Eu fico muito chateada, camarada! – Jurema dizia para Celeste – A esquerda como um todo parece que entrou de férias desde que Luiz Horácio assumiu o poder! – reclamava – E quando a gente fala, eles taxam nosso discurso como radicalismo!
--A esquerda não tá vendo o que tá acontecendo, camarada! – Celeste advertiu – Além de tudo que você destacou na sua falação, o governo tá dando muito espaço pros militares, especialmente pros de linha dura! – observou – Hoje o discurso deles ainda é discreto, aceitam a política de conciliação que o governo promove. Mas amanhã não vai ser assim! – olhava para a outra – Pode até demorar, mas isso vai custar caro! Muito caro pra todos nós enquanto sociedade!
As duas mulheres voltavam de ônibus para Goiânia. Estavam sentadas juntas.
--Eu soube de um grupo de militares do Vale do Paraíba que têm tido muita penetração no meio civil através de visita às escolas, palestras e tal. E também de um periódico que esse mesmo grupo tem circulado, promovendo sempre ideias militaristas, militarização do ensino e coisas do tipo. – Jurema comentava – Até aí, podem dizer que não tem nada de mais, porém temo que após conquistar corações e mentes na região, eles endureçam o discurso e se voltem pra reconquistar o poder! – gesticulava – Não vejo a esquerda fazendo uma doutrinação ideológica parecida. O que vejo é o pessoal vangloriando conquistas do atual governo e acreditando que essa política de conciliação entre empresários, agronegócio, militares, esquerda e etc vai durar pra sempre!
--Concordo com você, camarada! – Celeste respondeu de pronto – A esquerda, de um modo geral, me parece despreocupadamente dormindo com o inimigo... – afirmou pensativa – “Só espero que Yara não esteja dormindo mais!” – pensou – Camarada, à propósito... tem tido notícias de camarada Yara? – perguntou curiosa
--Ah, trocamos e-mails algumas vezes pra tratar de assuntos do Comuna... – olhou na direção da janela – Nada mais pessoal do que isso. – suspirou
--E ao que me parece... você gostaria de algo mais pessoal, não? – Celeste arriscou
Sorriu envergonhada. -- É assim tão óbvio? – continuava olhando para fora
--Digamos que eu sempre fui uma pessoa muito observadora. – respondeu bem humorada – Mas se não quiser falar sobre isso, não serei eu a lhe constranger.
--Não é constrangedor... – olhou para Celeste -- Yara ainda não tirou aquela tal de Gil do Beco do pensamento. – pausou brevemente – E agora na Rússia, tudo fica mais distante entre nós...
--Gil do Beco? – estranhou – “Tomara que seja isso mesmo! Se Yara continuasse vivendo um romance com aquela militar de direita, a coisa seria muito pior!” – pensou – Mas... Gil tá noutra e não vejo como poderia haver uma reconciliação ali!
–Não sei, camarada... Mas o fato é que o coração dela ainda bate forte por aquela rapper... – respondeu pensativa – E como Yara só vai voltar pro Brasil ao final desse período sanduíche no exterior, porque não tem dinheiro, as passagens são caras, não dá pra vir passar as férias aqui, então... é isso! -- lamentou – Nada muda nesse cenário!
Celeste ficou pensando até que decidiu falar: -- Mas, quando menos se esperar ela vai voltar. Afinal, essa estadia fora tem princípio, meio e fim! – sorria – E quando voltar, estaremos esperando, não? – piscou para a outra – Pode contar comigo pra... dar uma mãozinha!
Jurema sorriu em cumplicidade.
São Paulo, estado de São Paulo
--Minha candidatura vai de vento em popa! – Renata conversava com o pai – Tenho certeza que me elejo como deputada e podes crer que a família vai ter muito do que se orgulhar de mim! – exibia-se – Eu trouxe um material promocional e... – colocou um embrulho em cima da mesa – Se o senhor e nosso pessoal puder me ajudar e fazer umas de cabo eleitoral pra mim... agradeço! – sorria – Meu irmão ainda tá desempregado? – perguntou interessada – Quando for eleita posso arrumar uma oportunidade pra ele! – piscou para o homem – De repente pra minha cunhada, pros primos... – gesticulou brevemente – A coisa tá pintando muito boa pro meu lado! E não é de hoje! – sorria
Renata e o pai conversavam em uma lanchonete na cidade onde haviam acabado de fazer um lanche.
--A julgar pela sua aparência, você parece muito bem de vida. – comentou ao limpar os lábios com um guardanapo
--Ah, não é que tenha ficado rica, mas a situação melhorou pra cacete! – passou a mão nos cabelos – E eu fiz um trabalho super da hora na Secretaria de Estado dos Direitos do Povo, inclusive me envolvendo com obras públicas. Aliás, ainda tô fazendo um trabalhão! – exibiu-se mais uma vez – Daqui a pouco vou ter que me afastar por causa do período eleitoral, mas... – gesticulou – Tá tudo muito bem pra mim!
Achou graça e sorriu brevemente. – Eu aceitei esse convite pra vir te ver por pura curiosidade e porque sua madrasta me incentivou. Talvez você tivesse algo interessante pra me dizer, ela pensou. – o homem olhava para a filha – Depois de tanto tempo longe, né? Aí eu queria mesmo saber o que teria pra me dizer, embora não levasse fé que fosse alguma coisa boa. – cruzou os braços -- Vez por outra via você na TV e ficava pensando: o povo é realmente muito burro pra achar que Renata vale um centavo que seja!
--Pai?! – surpreendeu-se com o que ouviu
--Eu nunca tive o menor orgulho de você, Renata! – afirmou à queima roupa – Sempre uma mentirosa, manipuladora e além de tudo sapatão! – riu brevemente – Seu irmão tá bem empregado agora porque passou num concurso público. Sua cunhada também tem um emprego digno e seus primos... eles não precisam de você pra nada! – debruçou-se sobre a mesa – Especialmente porque tenho certeza que esse... trabalho da hora – falava com ironia – que você diz que fez e faz, nada mais deve ser que pura politicagem e patifaria! – movimentou-se para tirar a carteira do bolso
--Por que esse tom comigo, pai? – perguntou desapontada
--Ora e ainda me pergunta? – retrucou indignado – Sua mãe me deixou sozinho pra cuidar de você, Renata, e eu fiz o que pude, mas o que recebi em troca? Sempre você se metendo em confusão, mentindo, fazendo merd*! – falava com mágoa – Investi tanto em você quando passou pro CEFET, te dei liberdade pra que morasse sozinha naquele apartamento do seu avô e o que você fez? – relembrava – Fez do apartamento um puteiro lésbico e enrolou por anos no CEFET até ser expulsa! Ainda se meteu naquelas merd*s de Comunismo, Partido Comuna, sei lá! – falava impaciente – Não me venha agora pedir que tenha orgulho da deputada pilantra que sei que vai ser! – abriu a carteira e tirou dinheiro de dentro – Também não pense que vou pedir voto pra você porque nunca faria isso! – levantou-se da mesa – Minha parte na conta! – pegou as chaves do carro – E não me procure mais! – foi embora sem se despedir
A loura acompanhou a partida do pai com o olhar e derramou uma lágrima sentida. “O senhor ainda vai se arrepender muito por isso!” – pensou magoada – “E se um dia vier me pedir qualquer coisa, vai levar um sonoro não pelo meio da cara!” – prometeu vingativa
São José dos Campos, estado de São Paulo
--Muito bom, tenente, a senhora não cansa de me surpreender! – Goulart exclamou ao terminar de ler o relatório – Acho que com essas revisões que propôs ao texto, estamos prontos pra submeter ao Ministério de Defesa nossa modesta contribuição aos rumos do Plano Nacional de Defesa que está sendo esboçado a várias mãos! – sorriu para Luiza
--Obrigado, senhor! – agradeceu com formalidade – Mas eu devo ser honesta e reconhecer que fiz muito pouco. – admitir – Os grandes artífices desse documento foram o tenente-coronel Paz, major Cipriano, capitão Elza e sargento Olga. – olhava para o homem – Só fiz revisar, propor pequenas alterações e o esquemático do plano de implantação.
--Como diria Clarice Lispector, o melhor está nas entrelinhas! – o coronel respondeu gentilmente – A senhora é uma profissional de visão, inteligente, dedicada e muito meticulosa! – elogiou – Já de muito acho que a senhora e a capitão Elza formam uma excelente dupla. – pausou brevemente – As duas assentam perfeitamente bem juntas! – falava com duplo sentido
--Ah... obrigado, senhor. – agradeceu timidamente – “Será que eu tô interpretando demais aqui?” – pensou surpreendida – “O coronel tá me encorajando com a sobrinha dele?” – não acreditava
--Dispensada, tenente! – afirmou de forma direta – Tenho que me preparar pra uma reunião que começa em 5 minutos. – olhou rapidamente para o relógio
--Oh, claro! – prestou continência – Permissão para me retirar, senhor! – pediu
--Permissão concedida. – levantou-se e caminhou até outra mesa para pegar uma pasta – E lembre-se, tenente: -- advertiu mais uma vez – atenção, sempre, às entrelinhas! – fez um gesto de cabeça
--Sim, senhor! – desfez a continência e saiu da sala do homem – “Será que é isso mesmo?” – pensava intrigada ao caminhar – “O coronel está querendo me dizer que me apoia pra ficar com Elza? Estas são as entrelinhas?” – não acreditava – “Então, se é isso, ela é mesmo lésbica...” – concluiu – “Mas como ele saberia de mim? Sou assim tão óbvia?” – não entendia – “Seja como for, se é isso mesmo e ele me apoia, vou investir com tudo que puder quando Elza voltar!” – decidiu – “Com o coronel me dando uma forcinha, quem sabe?” – sorriu esperançosa
Lisboa, Estremadura, Portugal
--Agora fala, amor, você leu o livro que te recomendei? – Elza massageava a namorada -- Se leu, diz o que achou?
--Claro que li, minha linda! – respondeu de pronto – Leio tudo que me recomenda, você sabe. – deleitava-se com a massagem – Deu pra entender um pouco do raciocínio militar, da estrutura extremamente hierarquizada... – relembrava a leitura – Entendi a importância da dissuasão militar num mundo que se impõe pelas armas e o papel das Forças Armadas em situações de contingência como catástrofes naturais, operações de busca e salvamento e por aí vai... – falava com os olhos fechados – E embora o Brasil se destaque em algumas áreas militares, pra mim tá claro que nunca teremos força de dissuasão contra os Estados Unidos, a Rússia, a China ou mais um monte de países. – concluía – Mas quer saber? De certo modo não me lamento por isso porque acho que o mundo tem que se desarmar e não o contrário!
Elza e Yara estavam sentadas dentro da banheira, com a negra por trás da outra, massageando-lhe os ombros.
--Hum, que linda! – beijou-lhe o pescoço e a nuca – Entendeu tudinho! – exclamou orgulhosa ao voltar a massagear – E será que sua visão sobre nós ficou mais favorável depois do que leu? – perguntou curiosa
--Pode-se dizer que agora entendo a utilidade das Forças Armadas. – confessou – Mas não apoio de forma alguma um governo capitaneado por elas! – respondeu convicta
--Já me dou por satisfeita! – afirmou com sinceridade – Também li o livro de Galeano que você me recomendou. – contava – E posso dizer que hoje entendo melhor as bandeiras que você defende. – admitiu – De fato, o Capitalismo cria muitos excluídos em seu processo.
--Especialmente nos países que ficamos na periferia do jogo internacional do poder. – Yara complementou – E será que sua visão sobre o Comunismo ficou mais favorável depois do que leu? – abriu os olhos
--Pode-se dizer que entendo a utilidade ideológica do Comunismo. – confessou também – Mas não apoio de forma alguma um governo capitaneado por esse regime! – respondeu de modo parecido com o que ouviu antes
Sorriu. – E eu me dou por satisfeita! – mudou a posição e se sentou de frente para a outra – Nós aqui gastando água, né? Tem que aproveitar bem essa banheira! – puxou-a para junto de si e a beijou
Achou graça. – Concordo plenamente! – envolveu a cintura da indígena com as pernas – Amor, que tal sairmos hoje à noite pra jantar e assistir um show de fado? – propôs – Tenho a maior curiosidade em ver como é isso! – beijou-a novamente – Como tô convidando, fica por minha conta! -- sorriu
Suspirou. – Linda, olha só: -- acariciava as costas da negra – você já tá bancando um hotel caro e ainda quer ficar bancando programas pra gente fazer! – pausou brevemente – Eu me sinto uma exploradora e não fico nada confortável! – admitiu constrangida
--Ah, Yara, para com isso! – pediu dengosa ao envolver o pescoço dela com os braços – Você vive na maior pindaíba no Brasil, na maior pindaíba na Rússia... deixa eu quebrar o galho pelo menos quando estamos juntas? – beijou-a novamente – Hein? – beijou-a mais uma vez
--Elza... – sentia vários beijinhos em suas bochechas – Assim fica difícil argumentar... – arrepiou-se ao sentir as mãos que lhe arranhavam levemente as costas
--Eu adoro deixar você sem argumentos na intimidade! – sorriu antes de morder o lábio inferior da amante – Aceita, vai? – insistiu dengosa
--Se o seu tio já é todo cismado comigo sem saber dessas coisas, imagine se soubesse que você fica me bancando quando estamos juntas! – sentia mordidinhas em sua orelha e pescoço
--Não te banquei em Goiás e nem em Brasília! – beijou-a – Ali foi o contrário e eu achei tudo muito fofo! – sorria – Façamos assim: na próxima, é com você! – propôs – Hein?
--Aí cê vai reclamar! – beijou-a – Igual reclamou no nosso encontro de janeiro nessa mesma cidade! – lembrou
--Ah, não, amor! – achou graça – Você lembra daquele hotel, né? – argumentou bem humorada – Além de tudo, o que aconteceu quando fomos tomar o primeiro café da manhã? – acariciava o rosto da indígena – Encontramos quase todos os pães mofados, pratos sujos e xícaras cheias de traça! – riu brevemente – Duvido que qualquer comunista gostasse daquilo! – brincou
--É, eu sei que foi punk, mas... foi o melhor que meu dinheiro deu pra bancar naquelas circunstâncias! – justificou-se – Só se... no ano que vem a gente marcar de se encontrar em janeiro em Budapeste. – considerou – A moeda lá vale menos que o euro e me disseram que os trem não são caros não! – propôs – Quem sabe terei condições de usar minha bolsa de doutoranda pra bancar algo melhor e mais dentro dos padrões elzianos? – beijou-a com paixão – Hein? – devorava o pescoço da outra com beijos e mordidas
--Pedindo assim, me encontro com você até no meio de uma guerra! – concordou com os olhos fechados – Budapeste em janeiro e por sua conta, ok! – sorria – Mas agora, Lisboa por minha conta, pode ser? Ai... – gem*u
--Tá certo! – beijou-a mais uma vez – A gente tá ficando muito chique, viu? – brincou e elas riram
--Pois é! – abriu os olhos – Que dupla arrasadora vivendo um amor sem fronteiras! – brincou – Ninguém nunca fez uma guerra fria tão gostosa quanto nós!
--Fria? – perguntou maliciosamente – Com a gente tudo é pegando fogo! – beijou-a – Hum, amor, lembrei! Eu quero comprar um presentinho de casamento pra Fernandão aqui. – olhava para a negra – Trouxe uma lembrancinha de Moscou também. – acariciava a cintura da parceira – Me ajuda a escolher alguma coisa boa mas em conta? – pediu – E por favor, entrega pra ela e diz que fui eu que dei. – pediu – Quero que ela saiba, apesar dessa coisa da gente viver se escondendo.
Achou graça. -- Claro que te ajudo a escolher e claro que vou deixá-la saber que foram presentinhos seus. – garantiu – Só não vou contar pra Alana porque ela é meio língua solta. – beijou a namorada – Tio Goulart não frequenta a casa da Fernandão, ele não vai saber e nem ver que tem adereços de Portugal e da Rússia enfeitando lá.
--E falando nele, como foi que você conseguiu impedir que o homem fosse te visitar nos Estados Unidos? – perguntou curiosa – Você me falou que tava preocupada com isso, mas até agora não me disse como levou a melhor dessa vez.
--Digamos que... Fernandão e eu até fomos favorecidas pela sorte, mas bolamos um plano que pegou tio Goulart de calça arriada. – sorriu – E provavelmente ele nunca vai saber quem esteve por trás disso!
São José dos Campos, estado de São Paulo
--Eu realmente não entendo! – Goulart reclamava com o amigo – Meu passaporte sumiu como por encanto, Machado! – olhava para o homem – Procuro por ele desde que esse mês começou e nada! – deu um soco no ar – Tomei um baita prejuízo, porque perdi passagem aérea, seguro de viagem e ganhei nem um centavo de reembolso! – continuava reclamando – Que azar o meu, vou te contar!
--Prestimoso, não vos inquieteis! – aconselhou – Há males que vêm para o livramento humano. Quem poderá dizer-vos se o pretenso infortúnio não fora, na verdade, a mão Divina a poupar-vos de uma desdita? – considerava – Um acidente de viagem ou qualquer outra vicissitude imprevista na senda humana? – filosofava – Elucubrai-vos nos recônditos da alma e as respostas surgir-vos-ão de modo a clarificar-vos o entendimento! – balançava a cabeça pensativo – Futuramente, num súbito chofre do destino, vosso passaporte surgir-vos-á diante dos olhos!
Suspirou. – Eu vou esperar até o final do mês e se não encontrar esse passaporte vou ter que pedir outro e dar entrada em um novo pedido de visto americano também. – reconheceu a derrota – “Só espero que Elza esteja mesmo viajando pelos Estados Unidos sozinha, como disse que faria...” – pensou inconformado – “Foi muito azar o meu!”
Lisboa, Estremadura, Portugal
--E aí Fernandão recebeu uma ordem do tenente Flávio pra ir no Centro Tecnológico buscar uns documentos com um major que trabalha no setor do tio Goulart. – Elza contava a história – Eu já havia pedido a ela que se fosse pra lá por alguma razão, que desse um jeito de passar na sala dele, porque com certeza o passaporte estaria ali. – explicava – Claro que ela teria que ser discreta, entrar quando a sala estivesse vazia, mexer em gavetas e tal, mas era uma tentativa. – olhava para Yara – Qual não foi a surpresa quando, justo no dia em que ela foi ao Centro... tio Goulart havia deixado o que em cima da mesa? – fez um suspense
--O passaporte? – deduziu impressionada – Caramba, que sorte! – achou graça – E ela conseguiu entrar na sala dele e pegar o trem sem ninguém ver? – achava incrível
--Porque ela teve uns contratempos no Instituto e só conseguiu chegar no Centro Tecnológico lá pela hora do almoço... – fingia inocência
Riu novamente. – Essa foi ótima! – Yara adorou a história – E o que vocês vão fazer com o passaporte dele? – queria saber – O documento vai reaparecer quando menos se esperar?
--Hum... não! – beijou-a – Fernandão já tocou fogo e tio Goulart, infelizmente, terá que viajar pra São Paulo pra requerer novo passaporte e também um novo visto pros Estados Unidos. – beijou-a novamente – Minha pequena vingancinha pelas surpresas que ele me preparou no ano passado! – riram
--É... – beijou-a mais uma vez – Quero morrer sua amiga, Elza Machado! – beijou-a
--Tenha medo, viu, Yara Saraíba? – brincou antes de mordê-la nos lábios – E o show de fado essa noite? Posso ligar pra reservar dois lugares no restaurante que vi anunciando na recepção? – beijou-a
--E quem sou eu pra dizer não depois dessa? – beijou-a – Vou até começar a treinar pra aprender a cantar uns fados também! – brincou
--No meu ouvidinho, hein? – beijaram-se demoradamente
Moscou, Distrito Central, Rússia
Yara dormia no alojamento universitário após uma longa apresentação que havia feito aos professores locais sobre o caso do assentamento e integração dos indígenas do Alto Alalaê nas terras que foram de sua tribo. Seus últimos pensamentos antes do sono foram dedicados à extinta nação Kenko Wiwa, seguidos por uma oração de agradecimento a Deus pelas boas notícias que havia recebido recentemente do Brasil sobre o caso do assentamento.
“—Engraçado... eu tava em Moscou, como pode? – a indígena olhava para todos os lados – De repente me pareceu que vim parar no Alto Alalaê Canã... – caminhava em direção a uma grande rocha – Nossa, mas... eu não vi essa pedra quando estive aqui... por que parece que me lembro dela? – perguntava-se
--Porque essa pedra te salvou! – uma voz de mulher se fez ouvir – A proteção dela livrou você e Alice de sentir os efeitos da chuva de pó!
Yara olhou para trás surpreendida e avistou uma indígena muito parecida consigo mesma. – Meu Cristo Santo! – exclamou boquiaberta – A senhora é...
--Kramna Cayê, líder das mulheres Kenko Wiwa, esposa do cacique do tribo. – olhava para a outra – Sua mãe!
Ajoelhou-se diante de Kramna. – Mãe! – respondeu emocionada – Eu nem sei o que dizer...
--Não se ajoelhe diante de mim, Yara! – pediu gentilmente – Sequer sou um espírito de Luz. – fez com que a filha se levantasse – Sou uma devedora no circuito das encarnações e não devo ser tratada como santa.
--Mãe, eu... – beijou as mãos dela em reverência – Eu tenho feito tudo que posso pelos indígenas! – falava com emoção – Conseguimos assentar no território Kenko Wiwa todos aqueles índios que viviam dispersos na região e, antes disso, conseguimos terras abandonadas pra ocupação de indígenas de outros lugares do Brasil! – contava – O assassinato de camarada Paulo foi uma terrível tragédia, mas a repercussão ao redor do caso nos ajudou a dar visibilidade à causa dos povos originários! – queria que a mãe se orgulhasse dela
--Sei disso, minha filha! E sei que depois de anos de negação de sua própria identidade, você tem se portado maravilhosamente bem! – sorria para a outra – Só tenho motivo de orgulho! – dizia a verdade – Porém, não conversamos agora sem motivo! – salientou – Devo lhe advertir que virão ainda tempos muito duros e que lhe trarão grandes sofrimentos. – advertiu – Não só a você, mas ao já sofrido povo brasileiro!
--E o que será, minha mãe? – perguntou preocupada
--O tempo lhe mostrará. – respondeu enquanto desaparecia devagar – Por enquanto, apenas lhe peço o que Jesus nos ensinou: orai e vigiai!”
Yara acordou sobressaltada e constatou que realmente continuava em Moscou. Sentou-se na cama e passou a mão nos cabelos. “Meu Deus, que sonho incrível! Tudo me pareceu tão real!” – pensava – “Mas eu não lembro de tudo... minha mãe veio me advertir sobre o que?” – tentava lembrar – “Senhor, eu vos imploro, me ajude a entender o que ainda não tenho entendimento!” – implorou mentalmente
Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos
Elza dormia após um dia de intensas atividades no MIT. Adormeceu empolgada em saber que o Ministério da Defesa recebera com entusiasmo as propostas contidas no documento que ajudara a preparar.
“Caminhava pelo Parque Trianon e se impressionava com o fato de estar ali. “Mas eu não tô nem no Brasil, como pode isso?” – pensava intrigada
--"O vento sopra onde quer, tu ouves o seu som, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai;” – uma mulher citava conhecida passagem do Evangelho de João – “assim ocorre com todos os nascidos do Espírito.” – pausou brevemente – Não importa que seu corpo esteja nos Estados Unidos. Seu espírito pode vir pra cá sem problema algum!
--Mãe?! – virou-se na direção da voz – Meu Deus, mãe! – emocionou-se ao revê-la – Mas... o que é isso? – cobriu os lábios com as duas mãos – Ai... – chorava contidamente
--Não chore, meu bem. – aproximou-se devagar – Eu nunca estive longe de você. O pensamento sempre nos uniu, mesmo quando você não pensava... – sorria com os olhos marejados
--Mãe! – abraçou-a com força – Eu nem sei o que lhe dizer! – controlava o choro
--No futuro teremos tempo pra conversar, minha filha. – desvencilhou-se gentilmente – Agora sou eu quem tenho o que lhe dizer e sei muito bem o que me cabe te falar!
--O que é, mãe? – segurou as duas mãos dela – Estou ouvindo! – prestava atenção
--Você conquistou muitas coisas; tudo aquilo que deveria. – olhava para a filha -- Mas há de ter cuidado pra que a sua verdadeira missão não seja desvirtuada por interesses mesquinhos de pessoas que vão se aproximar de você desejando apenas se aproveitar da credibilidade que ora conquista e consolida! – advertiu – Não se deixe cegar por vaidade, nem por preconceitos ou impulsos geniosos! – falava com seriedade – Muitos eventos marcantes mudarão o curso da história do Brasil e você precisa estar preparada!
--Eu não entendo, mãe... – sentiu-se confusa – Do que a senhora tá falando?
--O tempo lhe mostrará! – respondeu ao soltarem-se as mãos – Saiba perceber o momento quando acontecer! – aconselhou
--Mas... – não entendia
--E quanto ao seu pai, -- afastava-se andando de costas – ele não teve culpa de nada e muito sofreu e sofre por pensar justamente o contrário. – desaparecia devagar
--A senhora fala do...? – lembrou do acidente de carro e se desestabilizou
Sons de uma freada forte e chuva invadiram a mente de Elza. De repente, um estrondo.”
--AH! – acordou nervosamente ao gritar – Ah... – sentia o coração batendo acelerado – Meu Deus, o que foi isso? – não conseguia se lembrar do sonho – Meu Deus! – levantou-se da cama e caminhou a ermo pelo quarto – Há tanto tempo esse acidente não vinha me perturbar! – tentava se acalmar -- Mãe? – olhava para todos os lados – Sonhei com minha mãe? – perguntava-se – Respira fundo, Elza! – lembrava dos exercícios de respiração que Yara lhe ensinou – Respira! – fechou os olhos – Respira...
Goiânia, estado de Goiás
--Infelizmente é uma triste marca dos nossos sucessivos governos deixar acontecer uma tragédia primeiro e palidamente tomar as providências depois! – Jurema discursava diante de repórteres – Num ano em que o Brasil deveria comemorar o feito de Santos Dumont, o que nos acontece? – olhava para as câmeras – O maior desastre da aviação civil desse país, envolvendo um avião de uma empresa aérea nacional e um jato estadunidense! Acidente esse que custou a vida dos 160 ocupantes daquele avião! – falava com pesar – Com isso, todas as falhas e problemas existentes no comando da aviação civil foram expostos e o caos que veio por consequência já recebe o nome de apagão aeronáutico! – gesticulava – E qual a solução que o governo deu até agora? Trocar o ministro da Defesa! – sorriu irônica – Lembram do apagão elétrico durante o governo Ferdinando Patrick? Lembram que o Comuna denunciou que especialistas advertiram aquele governo que seriam necessários investimentos estratégicos em infraestrutura pra evitar que o país ficasse desabastecido? – rememorava – Da mesma forma, especialistas advertiram este governo com dois anos de antecedência quanto ao risco do apagão aeronáutico e à semelhança de Ferdinando Patrick, o que fez Luiz Horácio? NADA! – enfatizou a última palavra – Só falta agora ele privatizar os aeroportos, seguindo o exemplo de Ferdinando Patrick, que privatizou empresas subsidiárias do setor elétrico sem consultar a sociedade e depois cobrou de nós a conta da irresponsabilidade! E as empresas privatizadas, por sua vez, investiram em NADA!
“Como camarada Jurema sabe tanto do setor aeronáutico?” – Celeste pensou intrigada – “Tô boba!”
***
--Camarada, eu fiquei impressionada com aquela sua falação! – Natália comentou sorridente – Você sabia tanto fuxico do setor de aviação que perdi até a chave! – riu brevemente
--Isso também me chamou atenção! – Celeste comentou – Sua falação foi certeira como uma flecha bem lançada! Como você sabia que Luiz Horácio foi advertido sobre o tal apagão aeronáutico? – estava curiosa – E aquelas coisas que falou sobre a greve branca, que a maioria dos controladores de voo são militares e por isso não aderiram a ela... – gesticulava – Onde estudou tudo isso?
--Também queria saber! – Omar olhava para a indígena – E devo salientar que sua conduta como presidente do Comuna tem sido irrepreensível, camarada! – elogiou
--Obrigado, camaradas, mas devo ser bem honesta com todos. – olhava para os colegas – Foi camarada Yara quem me passou todas aquelas informações numa troca de e-mails que tivemos sobre os assuntos do Partido. – dizia a verdade – Não fosse por ela, eu não daria nem pro cheiro!
--Nem nos cafundós da Rússia camarada Yara esquece a gente aqui! – Natália balançou a cabeça surpreendida – Olhe, vocês indígenas sabem brocar! – elogiou
--Camarada Yara...? – Celeste ficou desconfiada – “Então... ela não se afastou daquela militar!” – concluiu preocupada – “Yara não teria condições de obter essas informações ainda não divulgadas estando tão longe daqui!” – pensava – “Ela mentiu pra mim...” – considerou – “Não vai dar certo isso! Esse relacionamento tem que acabar!” – cruzou os braços contrariada
***
--Mas será possível? – Kedima surpreendia Damiana e Francilene no maior amasso às escondidas no quintal – Eu já não disse que não admito pouca vergonha nessa casa? – colocou as mãos na cintura
As duas se separaram imediatamente e abaixaram a cabeça envergonhadas. – A gente não tava na casa, dona Kedima... – Damiana retrucou respeitosamente
--Aqui é o quintal, né? – Francilene complementou
--Do muro pra dentro, é a casa sim! – a idosa objetou – Corre pra dentro, Francilene! Quero ter uma conversa com Damiana! – ordenou – E fique sabendo que na terceira advertência é expulsão! – lembrou
A jovem obedeceu sem nada responder.
--E você, hein, menina? – falava com o dedo em riste – Segunda vez que te pego com a boca na botija alheia! – ralhava com Damiana – Mas já me deram o serviço que a senhora esteve com quase todas as lésbicas desse abrigo! – falava de cara feia – Não tenho nada com sua vida, mas resfulengo aqui, não! – advertiu
--Ah... – fez beicinho – Foram muitos anos assexuada... quando a libido voltou... – gesticulou – É uma fome incontrolável! – justificava-se
--E eu não tenho nada a ver com a sanha dessa sua curnicha assassina, mas já lhe disse e repito: vá partir pro resfulengo onde você e a próxima vítima quiserem, mas aqui não! – repetiu a advertência
--Tá entendido... – balançou a cabeça humildemente
--Espero que esteja mesmo! – gesticulou de cara feia – Hum! Vamos pra dentro, que a noite hoje tá fria. – chamou – Venha! – seguiram em direção à porta
--Dona Kedima, é verdade que Yara só volta pra cá no final do ano que vem? – Damiana perguntou interessada
--É, por que? – respondeu desconfiada
--Por nada, só pra saber... – passou a mão nos cabelos – “Ninguém nunca me disse não aqui dentro, só ela! Quando Yara chegar, eu pego ela de jeito!” – sorriu -- “E depois que eu pegar, nem ligo de ser expulsa!”
Goiânia, estado de Goiás / Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos
--Boa viagem, minha linda, vá com Deus e muito cuidado! – Yara recomendava – Aproveite a festa de casamento da Fernandão, manda meus parabéns pra ela e que Deus ilumine o natal e o ano novo de vocês! – desejou – E por favor, querida, cuidado com as artimanhas do seu tio! Olha lá se não vai ter mulher deitada na sua cama lhe esperando quando você chegar em casa! Aquela tenente Luiza, por exemplo!
Elza riu gostosamente. – Amor, que é isso? – olhava para a tela do notebook – Por mais que tio Goulart esteja disposto a me ver com Luiza, isso seria um pouquinho demais, né? – achava graça – E eu moro com meu pai, como seria uma coisa dessas? – riu novamente
--Eu não duvido de mais nada! – fez cara feia – E sinto ciúmes, nunca neguei!
--Own, minha indiazinha linda! – respondeu dengosa – Você não corre nenhum risco! – dizia a verdade – Vou pro Brasil e volto de lá tão sua como tenho sido desde que esse nosso amor delicioso começou! – sorria
--Assim espero! – benzeu-se – Eu que vou passar as festas aqui em Moscou, literalmente abandonada e com frio... – fez um pequeno drama
--Tadinha! – fez beicinho – Mas pensa assim: em janeiro estaremos juntas em Budapeste! – sorria – E aí, te dou todo o calor que você não tem por agora! – prometeu maliciosa – Cê vai pegar fogo, amor! A gente vai!
--Ô, glória! – exclamou empolgada – “Só de pensar nessas aleluias, a hosana pega fogo! Ave Maria!”
Fim do capítulo
Solitudine postando.
Meninas, ainda vou responder a todos os comentários, se Deus quiser, isso lhes asseguro.
Gostaria de desejar-lhes um 2023 rico de tudo aquilo que o dinheiro não compra. E quanto ao que ele compra, que não faltem os recursos para uma vida digna e sem carência do básico. Também lhes agradeço pelo tempo que se dispõem a me dar quando param e leem o que escrevo e agradeço também ao site pelo espaço valioso que nos proporciona.
Fiquem com Deus e que Ele nos dê sabedoria e força para a luta diária para a qual a Vida nos demanda para que o mundo seja um lugar melhor.
Jasin Solitudine
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Minh@linda!
Em: 09/02/2025
Meu dia passou muito rápido, ontem. Não deu pra fazer tudo que eu queria. Tentei até ler, mas o sono me pegou. Hoje tá mais tranquilo!
Essa coisa de as meninas só se verem uma vez ao ano, acumula muita saudade. A cama poderia ser digna de um hotel seis estrelas e, ainda correria o risco de sofrer danos.
Não tem como elas não ficarem inseguras, ainda mais com tanta gente torcendo contra. A insegurança faz com que a gente se sinta menos do que somos. A gente cria dificuldades e empecilhos que não existem...super compreensível na relação que elas vivem.
Mas que diacho de hotel é esse!? Tá digno do Hotel Transilvânia rs. Tenho minhas dúvidas quanto a integridade da roupa de cama rs rs.
Cinco dias é? Só os fortes sobrevivem!
Definitivamente, Goulart tá precisando de alguém ou algo que lhe tome o tempo. Já virou obsessão perseguir às meninas! Quanto ócio, viu!!
Agora, voltando para o lado bom da força...Fernandão não perde tempo, né?! Tá certa, ué!!
E o casório vem!!
Machado encara tudo com tanta leveza e naturalidade, que chega ser injusto ele ser o último a saber da sexualidade de Elza. Se é que ele não sabe, mesmo. Os pais sempre desconfiam.
Hoje em dia, tratando-se de política, tá tudo do avesso. As nossas convicções, o que a gente acredita como certo, já não tem importância, nenhuma. E o mais surpreendente é que as coisas estão muito claras, mas parece que ninguém ver. É retrocesso atrás de retrocesso! Não dá mais para apoiar, cegamente, ninguém!
Tá difícil, assim, viu!! Até tu Camarada Celeste?! Tá todo mundo querendo azedar o romance.
Neste sentido os extremos são unânimes!
Tô começando a achar que elas terão que deixar pra trás o Comuna e a Aeronáutica se quiserem seguir juntas.
Luiza e Jurema deveriam ficar juntas!! E a gente tem que achar uma ocupação pra Camarada Celeste, também. Shipa ela com Goulart!
Menina!!! Fiquei com pena de Renata. Sei que ela merece essas palavras duras, mas foi mais forte do que eu...
Essa passagem de tempo me deixou confusa. Achei que elas estavam tomando banho na banheira do hotel que Yara conseguiu pagar. Seria um risco tremendo!!! Mas elas não se arriscariam, tanto.
E a gente nem sabia dos pormenores Kkkkkkkkkk
Que dureza!! E o Amor venceu!!! Maior prova de fogo que esta, não há.
Tio Goulart 0 x 3 Meninas
Tenho a sensação de que esses presentinhos para Fernandão farão com que Goulart tenha a confirmação de suas dúvidas.
E os sonhos, em?!
Acho que por isso que às mães apareceram...
Tinha que ter um elo entre elas. Algo que unisse os ideais. Não consigo vê-las, ainda, lutando juntas. Tempos mais duros que os da pandemia, atualmente, não houve. Percebi que há um capítulo sobre a convide-0. Eita que Dona Kedima tá em risco.
Já, Damiana, tá uma máquina da seducência!!! Sabe-se lá quando esta periquita hibernará de novo kkkkkk.
Eu espero que Goulart não faça nada pra empatar este encontro em Budapeste. Vamos, que vamos!!! Mas confesso que estou com receios. Concordo com as desconfianças de Yara. Tem que ficar de butuca em Goulart. Tá com cara que ele vai aprontar jogando Luíza pra cima de Elza.
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Sem cadastro
Em: 03/07/2024
Amei a volta que o Goulart tomou e estou adorando a aula de história política. Como Bozo cresceu by Solitudine. Palmas!
Solitudine
Em: 10/07/2024
Autora da história
Olá amiguinha!
Elza virou o jogo com a ajuda de Fernandão. rs
Obrigada querida!
Beijos,
Sol
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Ontracksea
Em: 17/01/2024
Gente gente, é difícil comentar porque os capítulos são tão ricos, acontece tanta coisa! Elza não vai assumir, ela tem medo, vai enrolar Yara até que ela dê um basta! E com o Goulart marcando, o pessoal do Comuna marcando fica complicado! Mas tô me empolgando com esse amor ao redor do mundo!
Renata vai ser eleita, o povo gosta dessa gentalha! Eu adoro quando a Yara sacaneia ela!
Solitudine
Em: 20/01/2024
Autora da história
kkkk Fico feliz em ver essa empolgação toda! Se todos os comentários extras que apareceram aqui forem seus, é sinal de que a empolgação durou ao longo da leitura inteira!
kkkk E quem não gosta de ver Renata perdendo para Yara? rs
Beijos,
Sol
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Femines666
Em: 01/04/2023
Autora uma curiosidade básica, pode ser? Você já viveu um amor sem fronteiras?
Solitudine
Em: 08/04/2023
Autora da história
Sim. E foi maravilhoso! rs
Beijos,
Sol
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Femines666
Em: 01/04/2023
Esqueci de dizer que adorei as partes de política e as espirituais com nossas duas super heroínas.
Machado merecia uma namorada e Goulart tinha que arrumar o que fazer! Nem parece pessoa que trabalha!
Solitudine
Em: 08/04/2023
Autora da história
Eu acho muito importante rechear as histórias com os temas espirituais, pois isso é vida, e com política, a qual está em tudo! São coisas que despertam a razão e o questionamento; mais que nunca algo necessário a meu ver!
Machado e Goulart estão em sintonias diferentes. O primeiro até gostaria de um novo amor. Já o segundo...
Beijos,
Sol
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Femines666
Em: 01/04/2023
Que capítulo interessante! Esse amor sem fronteiras tá um luxo! Enquanto isso, Goulart levou um migué, bem feito! kkkk
Renata se fazendo no maravilhoso mundo das falcatruas políticas. Bem a cara dela...
Solitudine
Em: 08/04/2023
Autora da história
Olá querida!
Essa parte do amor sem fronteiras é realmente massa, não é? Encontrar a pessoa amada cada hora num canto diferente... E Goulart pensou que era o único esperto; se deu mal! kk
Renata descobriu o mundo da corrupção e se encantou. Vamos ver aonde ela vai com isso.
Beijos,
Sol
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Zaha
Em: 11/01/2023
Boa Tarde,
Saiba que tô acabada aqui kkkk.
Fernandão feliz!! Finalmente!
Luiza tem que tomar um semacol, apesar que é uma boa pessoa. Investi em que mulher?!! A mulher já disse que n QR nada com vc...
Machado e suas palavras excêntricas. Me diverte!
Goulart ainda neurótico com essa coisa de atrapalhar o que Deus juntou!! Mas ainda bem que tem gente ajudando do outro lado TB!! Essa do passaporte foi ótima!!!
E Machado, apesar de n saber nada, o que falou , pra quem sabe desse lado o que passou pare-feu até q sabia sem saber kkkk. Adorei seu pensamento e n me canso de gostar da sua forma peculiar de falar. Dessa vez ele arrasou mais ainda!!
Então, olha que bonitinho elas juntas e conversaram sobre seus medos, inseguranças. É complicado pras duas, nem mais ,nem menos!! A família é complicada porque um não quer desentendimentos e evita ao máximo, até que um dia tem que tomar uma atitude...mas estão indo bem nesse vai e vem! Tem que ter muita força pra aguentar um namoro a distância, mas nada impedirá, por agora, se continuam nessa madurez.
Gosto TB que estão conciliando as coisas e até dividindo as contas como um casal na mesma casa... Às vezes se necessita ceder e tirar o orgulho e pensamentos como " vão achar q tto aprroveitando" é certo que o primeiro que põem fizer é isso, mas bem, é assim que dá por agora!!
Gostei TB que uma tá tentando entender o mundo da outra, lendo, apesar de n concordar , compreender pq tem certa ideologia é um grande passo, mas até quando será suficiente? Um dia as decisões terão que ser tomadas e pra que lado cada uma vai? Será um empecilho? Poderá aguentar o amor as decisões que cada lado terá que tomar?
Esse relacionamento escondido gera é problema qndo o povo inventa de se fazer de casamenteiro . Celeste incentivando Jurema...n sabe de nada, então....
Renata não aprende, não é mesmo? Que incrível é o ser humano. Eles fazem as cosias mal e depois dizem que vão de vingar quando foram eles que atuaram mal e por n ter apoio,se fazem e vítima. N sei o que passou com ela pra chegar aí, já que pelo que vejo o pai se esforçou. N sei como ela se perdeu no caminho e deixou o poder chegar nela. Talvez achasse q pudesse controlar as coisas. A rejeição do pai ao ser gay, porém,ele ajudou ela em outros fatores, muitos teriam expulsado de casa, mas bem, para tudo existe uma explicação . Seu comportamento TB. Mas , quem sabe, quando se veja sozinha, sofrendo pelas consequências , não repense nas coisas que fez pra chegar onde está agora... espero! Todos merecemos novos recomeços sempre. Mas a raiva, rancor nos cega ..
Que lindo sonho com a mãe, Yara teve. Adoro esses momentos TB. Ao menos ela pode ver a mãe, apesar que a vinda dela foi pra alertar!!
Elza, ficou mais surpreendida. Sua mãe veio aclarar coisas que ela necessitava ouvir e o que melhor que mãe pra te orientar quando se perde? As "verdadeiras" mãe!! Ela falou justamente o que Elza tem feito. Tem que tomar cuidado mesmo com o que virá e como de porta para não de desvirtuar fonque veio fazer. Se ela tá nesse lugar de poder, é pra mudar atitudes, estar numa situação que pese duas ideias. Que poderá fazer a diferença. Estamos onde devemos estar!! Mas temos que ter cuidado TB pq podemos nos perder qndo estamos em certos meios como o dela. Muito tubarão rondando, esperando o momento certo...
Yara deu uma mancada gravíssima! Como vai falar pra Jurema tudo que aprendeu com Elza e vem lido? Achou que ninguém ia desconfiar? Agora Celeste tá retada pq mentiu e pq TB acha que Elza n é pra ela. E mais uma a gerar conflito na relação!!
Kedima mandou bem! Assertiva, porém essa Menina vai dar trabalho pra Yara. É só fogo pra tudo que é lado!!! Espero que Kedima que falta as cosias rápido, se dê conta!!!
O final me preocupa..kkkk. Essa Luiza pode MT bem aparecer já cama e n mais por Goulart , ela tá por ela mesma kkkk.
Lindo capítulo!!
E a guerra já tá começando!! O partido comuna com Jurema na frente e com esse conhecimento vai ganhando mais força!!! A separação estar por vim ...vai ter uma divisão braba. Olha o que a mãe das duas alertaram... Tá chegando!!
Mais um capítulo lido e comentado! Espero que esse tenha sido Melhor! N dividi tanto!! Aproveitei que acordei cansada e n fiz nada...sonsai com Mocita pra comer as 16:00 kk
Agora vou malhar e dps treino na rua....pra recuperar minhas energias! Mas isso n pode votlsr a acontecer! N poderei ler de madrugada pq necessito dormir bem para que as cosias funcionem emocionalmente bem. Por isso disse que poderia demorar pra ler. Eu gosto de ele tranquila. Hj li as presas.... até sexta termino, ao menos os que faltam agora ...
Beijos de luz!
Mando forças e vibrações de amor, cuidado e muita fé pra todos da sua família! Que sua mãe receba meus fluidos de carinho e minhas energias douradas !!!
Resposta do autor:
Lailièe Doré Sadikii Dahab Atletovisky!
Espero que ao invés de acabada você esteja começada e cheia de força! Um 2023 com zero pistingas no front!
Yara e Elza vão evoluindo como casal gradativamente, ao passo que ambas são extremamente influenciadas pelo contexto político de seu tempo. Goulart ama Elza profundamente mas ele tem o defeito de ser controlador e não dar liberdade. Luiza e Jurema são meio inconvenientes às vezes, mas elas se iludem acreditando que suas respectivas amadas estão solteiras e à espera de um amor.
Machado é um homem ímpar e, no jeitinho dele, tem grande sabedoria. Fernandão finalmente encontrou um amor e está totalmente disposta a vivenciá-lo plenamente.
Yara não deu mancada. Ela realmente queria que o conhecimento que obteve com Elza viesse à público. Já pensou que talvez a própria Elza também quisesse? ;P
Contagem regressiva para o momento de ruptura que dividiu o Brasil. Vamos ver como será. Confia na caipira, Lailinha, e muita atenção! Vamos ver o que você vai pescar!
Eita, que ela está só na maromba!!! Vai com tudo!
Beijos caipirescos,
Sol
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Dandara091
Em: 31/12/2022
Alô autora!
Só na responsa! Capítulo delicioso e nossas meninas em puro love! Pior saber que Renata vai ganhar e tem um monte delas e deles na política.
#cancelagoulart
#elza&yara
#abundaleluiaem2023
#amorsemfronteiras
FELIZ 2023!!!
Resposta do autor:
Olá querida!
Feliz que esteja sempre aqui e gostando. E sim, várias Renatas (e Renatos) no front!
kkkk morro de rir com esses hashtags!
Beijos,
Sol
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Seyyed
Em: 30/12/2022
Cararra caipi não é que veio capítulo novo pra fazer feliz o ano novo? é festa no banhado tá certo tche! Capítulo gostoso de ler. Morri de inveja dessa mulherada que cada vez se encontra num lugar e agora tão no partiu Budapeste hehe Porra Yara que merda de hotel tu me arrumou guria? Hahaha pelo menos no outro a Elza conseguiu salvar a pátria. Mas show defado tô fora puta merda! Hahaha Tu mostrou bem a coisa como começou Esquerda adormecida achando que a vida tava ganha e direita só criando força Depois veio a ultradireita e essa merda toda que a gente tá vivendo.
Porra mas quanta gente alcoviteira puta merda! Nosso casal preferido sofre! Eu acho que felicidade de vez em quando causa inveja. Compromisso agora CAPÍTULO NOVO LOGO NO COMECINHO DO ANO! hahaha
Feliz 2023 caipirinha! Te adoro! E fica feliz que o Bozo fugiu! Hahaha
Resposta do autor:
kkkkkkk Que bom que você continua empolgada aqui! Adoro ver isso!
kkk Embora você aprecie as viagens não iria num show de fado? Creia que é bacana.
Pois é, menina! A Esquerda comeu (e come) moscas demais. Nem para fazer como fez a Esquerda em Portugal...
kkk É muita gente alcoviteira e dando o contra. Vamos ver como as duas se sairão.
De fato, a felicidade alheia faz muita gente morrer de inveja.
kkk Bozo fugiu foi ótimo! O problema não é ele, mas a ideologia que defende e que ainda tem muitos adeptos. Um passo de cada vez, vamos caminhando.
Feliz 2023! Também tenho muita simpatia por você!
Beijos,
Sol
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Mille
Em: 30/12/2022
Oi Sol
Amei o capítulo
Olha acho que esses presentes aí vai dar b.o e o tio vai descobrir o mesmo que Natália já descobriu que elas estão juntas mesmo distante.
E as apaixonadas não correspondidas doida para dar o bote kkkk Luíza com a benção do tio já cheia de graça. Jurema e a Damiana atirando pra todo lado.
Amei a rasteira do Goulart levou, mais acho como disse acima ele vai descobrir.
Bjus e até o próximo capítulo
E feliz 2023 para sua família
Resposta do autor:
Olá querida!
Que bom que o capítulo te agradou!
Vamos ver o que Goulart vai descobrir e o que fará!
kkk As apaixonadas estão cheias de esperança!
Feliz 2023!!!!!!!!!!!
Beijos,
Sol
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Irina
Em: 30/12/2022
Kotinha querida!
Não te sintas carente pois estamos aqui por ti!
Desejo-te novamente um 2023 abençoado. Que meus votos estejam a tocar os teus amados e amores como as asas de um Anjo de Guarda!
Capítulo maravilhoso a me ajudar a entender a história política do país Brasil. Tanto lá quanto cá, muitas sujidades.
Elza e Yara cada vez mais a me encantar. Adoro os momentos delas. Estive a rir com os medos da Yara ao final. Confesso-te que ver tantos a se interpor entre elas me aborrece, mas sei que tal se dá com certos casais.
Até o próximo capítulo, teu primeiro em 2023!
Com estima
Irina
Resposta do autor:
Olá querida!
Obrigada pela presença e pelo carinho! Não deixo de reiterar meus bons votos para 2023!
Espero que eu não a decepcione com este conto, pois muito me alegra ver essa empolgação e identidade toda!
Beijos cheios de estima!
Sol
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Joabreu
Em: 30/12/2022
Boa noite,
OMG ela me atendeu! Mais um capítulo antes de 2023!! Sempre all hiting divaça!! Não é devassa, essa é Damiana! lol
Presentes que o capítulo trouxe:
Empata do Goulart se froideu!
Vtzeira da Renata tomou!
Fernandão vai casar!
O casal que eu tô shippando mais namorandinho e altogether do que nunca!!
Nota dez!!!!
Jo Abreu {}
Resposta do autor:
Olá querida!
kkk Nem sabia, mas atendi! Transmissão de pensamento! rs
kkk Entendi que é divaça e não devassa! Vocês me divertem! rs
kkkkkk Esse comentário foi bem divertido! Obrigada
Beijos,
Sol
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Marta Andrade dos Santos
Em: 30/12/2022
É muita treta pra essas duas.
Resposta do autor:
Há relacionamentos que são muito boicotados. Vamos ver como essas duas se sairão!
Beijos,
Sol
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Lea
Em: 30/12/2022
FELIZ ANO NOVO,SOL!
FELIZ ANO NOVO,SAMIRA!
*
Pelo o que vêmos,nossa meninas ainda terão muito o que lutar,se quiserem ficarem juntas!
*
Gosto muito dos temas abordados no livro!
Resposta do autor:
Olá querida!
Reitero meus bons votos já deixados para você e os amores do seu coração! Feliz 2023!
Sim, muita luta pela frente! E o que é a vida senão uma belíssima luta diária?
Fico feliz que você goste e que ainda entenda este conto como um livro! Isso me lisonjeia!
Volte sempre!!!! Não abandone a caipira e comente! rs
Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 30/12/2022
Amoreee vc posta CAPS novo e não me avisa né safadinha? Adorei esse CAPS as usual e tô amando ver Elza e Yara cada vez mais juntinhas. Goulart dançou!! Huahuahua Jurema Luiza e Damiana só de olho gente se metendo, é muita pedra no caminho. Mas elas dão conta. Perguntinha... o muquifo de Lisboa seria uma licença poética de um certo muquifo inglês? huahuahua Budapeste elas escolheram muito bem. No próximo encontro que é o de julho manda elas pra alguma terrinha, vai? Por mim... Tá eu confesso que exagero na promoção interna da Solitudine mas é tudo por amor, habibem!! Feliz 2023!!! Bjuss
Resposta do autor:
Olá querida,
Desculpe, eu sempre esqueço. Você vive tão antenada aqui que nem me ocorre! rs
Que bom que você continue gostando! Obrigada pela fidelidade de sempre!
O muquifo de Lisboa... digamos que você esteja certa! kkkk
Alguma terrinha? Você já havia me pedido isso verbalmente e atendi (eu acho). Você verá no próximo capítulo.
Você exagera sim, como tantas vezes disse. E também não quero desavenças ou quaisquer provocações ou falta de respeito com as pessoas, especialmente com as minhas amigas.
Dito isso, você sabe que eu te amo, mas nem por isso fico cega diante de certas coisas.
Feliz 2023!!!!
Beijos,
Sol
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Young
Em: 30/12/2022
Olá Solzinha,
Eu simplesmente achei esse capítulo muito legal, especialmente por Goulart ter levado a pior nessa! Também gosto bastante da forma como você trabalha política. Essa história é muito boa!
E que foi aquele hotel ou muquifo que Yara arrumou, Jesus? Uma pessoa pobre pagando em euro é dose! Se fosse hoje, ficariam numa barraca de camping em frente ao Tejo! Já viu a cotação como tá?
Sobre sua mensagem final, você é muito especial e querida. Estarei sempre aqui.
Feliz 2023 pra você, Samira e famílias!
Young Cy
Resposta do autor:
Olá querida!
Fico feliz que a história esteja te mantendo interessada. Espero que assim seja até o final!
kkkk Quem nunca se hospedou num muquifo? Fico quieta... Sim, a cotação está problemática! Talvez nem o camping em frente ao Tejo fosse possível! Certamente a polícia espantaria elas de lá! rs
Obrigada pelo carinho!
Feliz 2023 para você e os seus amores!
Beijos,
Sol
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Solitudine Em: 13/02/2025 Autora da história
Olá minha linda querida!
Elza e Yara seguem prejudicadas pelos fatos da vida que naturalmente as separam, aliando-se as torcidas contrárias, especialmente a marcação de Goulart. E ele não parece interessado em ter outra mulher em sua vida. Cuidado Elza!
Os sonhos foram reveladores, mas de que? Vamos ver para onde cada uma delas está indo.
Machado e Elza terão seu momento, acredite.
Damiana ninguém segura! kkk
Será que Goulart vai atrapalhar o encontro em Budapeste? Vamos ver!
Beijos,
Sol