"Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente". (Martha Medeiros)
7. Despedida
7. Despedida
Em junho, no dia dos namorados elas não conseguiram sair, queriam comemorar, mas, estavam em semana de prova, trocaram presentes dentro do carro e combinaram de dormirem juntas no final de semana. Thayná comprou para namorada uma pelúcia, chocolates e um licor artesanal. Mônica a presenteou com uma cesta com guloseimas.
Na última semana do mês a estudante de direito já estava de férias, a outra também já tinha terminado todas as provas, mas, ainda estava indo normalmente para faculdade, disse que precisava resolver umas coisas e andava ainda mais ocupada que o habitual.
- Meu bem, você nem ficou de exame, chega, já deu de estudar.
- Depois te explico, como suas aulas terminaram não precisa ir me buscar. Minha semana vai ser corrida, no final de semana nos falamos com mais tempo.
- Poxa amor.
E todos os dias foram assim, Thayná cheia de afazeres e Mônica já em ritmo de férias.
- O quê foi mana? Que desânimo é esse?
- Gostar de mulher inteligente dá muito trabalho, seria ótimo se a Thay fosse menos estudiosa, ela anda sem tempo para nós, este mês foi muito chato.
- Relaxa mês que vem vocês estão de férias e vão ficar bastante tempo juntas.
- Do jeito que ela é tenho até medo dela arrumar um curso de férias e me abandonar.
- Você carente é a pessoa mais dramática do mundo.
No sábado foi buscar a namorada que saiu mais cedo do trabalho, achou ela um pouco estranha, imaginou que fosse cansaço do final do semestre e do mês exaustivo que tiveram.
- Linda, precisamos conversar, tenho que te contar algo.
- Algum problema?
- Não. É que eu consegui algo que eu vinha batalhando já tem um tempo.
- Um trabalho na sua área? (Tentou adivinhar, mas, nem sonhava com o que ouviu).
- Não deixa de ser, é tipo uma bolsa, tudo pago para fazer um intercâmbio.
- Para qual localidade?
- Canadá.
- Quando?
- No próximo semestre.
- Nossa, mas, já? Assim tão em cima. É sério?
- Sim.
- Quando você viaja?
- Dia quinze de julho, estes dias eu estava resolvendo questões da viagem.
- E eu feliz com a chegada das férias, achando que passaríamos mais tempo juntas.
- Vamos conseguir aproveitar o começo do próximo mês, vou passar uns dias em Ribeirão, se você puder ir comigo vai ser ótimo e vou adorar ficar contigo.
- Desde quando você vem planejando este intercâmbio?
- Venho tentando desde o meu segundo ano de faculdade, mas, ainda não tinha dado certo, é difícil conseguir, são várias etapas.
- Então quer dizer que antes de nos conhecermos você já tinha isso em mente?
- Já, sempre quis.
- Você poderia ter me contado.
- Estava aguardando até conseguir.
- Você estava batalhando para dar certo, se quisesse poderia ter compartilhado esse teu desejo, ao menos avisar com certa antecedência.
- Eu não sabia se daria certo.
- Um relacionamento sério, engloba compromisso e as decisões tomadas impactam muito, logo precisa ser comunicado, quando estamos namorando geralmente incluímos quem amamos na nossa vida e você não compartilhar este seu sonho, que você está prestes a realizar, não faz sentido.
- Estava cheia de coisa da faculdade, nem pensei em falar antes. Muita correria.
- Nós conversamos sobre tudo e algo tão sério você nem pensa em falar? Parece até piada, fiquei tipo corno, sendo a última a saber. Se você tivesse dito antes, sei lá eu poderia me organizar, tentar me programar, até para te visitar, porém, você nem disse nada. Estou sem acreditar nisso.
- Se você conseguir me visitar, vai ser perfeito.
- As coisas não funcionam assim, eu também estudo e trabalho.
- Mas, você trabalha no escritório da tua família, tem mais liberdade.
- Não me isenta de ter comprometimento, eu levo muito a sério a minha profissão e também a nossa relação.
- Eu sei.
- Te faltou responsabilidade afetiva, em nenhum momento você pensou em como eu me sentiria.
- Achei que você fosse ficar feliz por mim.
- Você só me avisa faltando quinze dias para viajar e quer o que eu pule de alegria?
- Calma, não precisa ficar brava.
- Pudera, brava é pouco, estou emputecida isso sim, tudo que não consigo é ficar calma, estou indo embora, vou para a minha casa, não vou ficar aqui brigando contigo. Foi muita falta de consideração da tua parte (disse pisando duro deixando o apartamento).
Thayná até pensou em ir atrás dela, tentar acalma-la, contudo, estava muito cansada, optou por deixar ela esfriar a cabeça e tomou um banho demorado. Quando saiu fez um lanche e depois de comer ligou para sua mãe, contou que tinha avisado no trabalho e que na segunda-feira fariam um acordo, formalizando a demissão, também contou sobre a discussão com a namorada.
- Filha, como assim você não tinha contado para ela; eu jurava que a Mônica já sabia e te apoiava. É compreensível ela ter ficado brava, foi pega de surpresa, eu teria ficado muito chateada.
- Amanhã ligo para ela, para que possamos nos acertar.
Entretanto, não foi atendida e não recebeu resposta de nenhuma mensagem que enviou, o que a deixou preocupada. Passou a semana inteira tentando contato, sem êxito. Antes da primeira viagem que faria, para a sua cidade, foi até a casa da namorada, o Murilo atendeu, permitiu a sua entrada e informou que a irmã estava no quarto. Bateu na porta antes de entrar e deparou com a loira deitada na cama.
- Eu vou viajar amanhã para Ribeirão, precisava falar contigo e te ver pessoalmente.
- Falar o quê?
- Tentar resolver esse problema.
- Acho melhor seguirmos com as nossas vidas.
- Respeito a tua decisão, queria mesmo que você me esperasse, mas, se não puder eu entendo.
- Acho que não consigo.
- Vou sentir a sua falta, pensei que poderíamos manter contato, não queria te magoar, desculpa por não ter contado antes, nem mesmo passou pela minha cabeça sobre a importância de já ter dito. Não foi proposital, acabei deixando para depois, das outras vezes não tinha dado certo. Não fiz por mal.
- Prefiro que você não me procure, não mande mensagem e não ligue. Melhor você me deixar em paz neste período, não quero ficar sofrendo, não vou saber lidar com isso e no meu ponto de vista relacionamentos à distância não dão certo, nem são duradouros.
- Eu sinto muito, de verdade (lamentou).
- Nestes meses, foi lindo o amor que construímos, só que nem tudo é como a gente quer ou planeja. O bom é que a nossa história foi linda, vamos guardar boas memórias. Queria ter te conhecido antes, ter passado mais tempo contigo.
- Jamais esquecerei de nós, creio que formamos um par perfeito. Não queria me afastar, gostaria que pudéssemos crescer juntas, apoiando uma a outra. Eu te amo tanto, vou sentir muito a sua falta, você me faz tão bem.
- Eu gosto muito de você, mas, em primeiro lugar vem o amor próprio e talvez não tenhamos nos encontrado no tempo certo. Nós duas precisamos ser felizes, só que não vamos conseguir fazer isso juntas com tanta distância, é impossível.
Tirou a aliança e entregou para ela.
- Você está desistindo de nós?
- Quando você retornar a gente conversa (falou com tristeza).
- Eu vou guardar e não vou tirar a minha. Se cuida!
- Você também, boa viagem e sucesso.
- Posso te dar um abraço?
Somente balançou a cabeça assentindo. Ficaram abraçadas por alguns minutos, ambas sofrendo, cada qual ao seu modo, durante o namoro evitavam brigas, faziam de tudo para ficar em harmonia. Queriam que o amor falasse mais alto que o distanciamento. Thayná respirou fundo e deixou o quarto, quando fechou a porta ouviu a outra chorando e aquilo partiu seu coração. Voltou a encontrar com o Murilo, que estranhou o semblante triste dela e logo imaginou que elas estavam enfrentando alguma crise.
- Vocês precisam se acertar, a Mônica passou a semana toda muito calada, não quis conversar. Acabei sem entender o que está se passando, espero que seja só uma fase.
- Eu vou viajar para o Canadá no dia quinze (contou).
- Vai passar as férias por lá? Retorna quando?
- Não. Vou ficar por lá até o final do ano, vou fazer um intercâmbio e contei para sua irmã no sábado passado.
- Caramba. Agora entendi o motivo dela ter andado deprimida nesta última semana.
- Ela precisa de você, cuida dela e até mais.
- Cuidarei sim, fica bem e boa sorte (falou a acompanhando até a porta).
No ponto de ônibus ela começou a chorar copiosamente, não queria ter magoado quem amava e não estava disposta a abrir mão de algo tão importante.
Tem consciência que sacrifícios são necessários para realização de sonhos, mas, não queria perder a namorada. Ela tinha se empenhado muito, vinha dando o sangue para conseguir aquela vaga, tinha até passado noites em claro, era algo que queria muito e não desistiria, jamais se perdoaria e nem cogitava largar tudo por amor.
Só parou de chorar depois de refletir que quanto mais sucesso pretendemos ter, mais obstáculos e problemas precisam ser enfrentados, toda grande realização requer esforço, decidiu que seguiria com o planejado, priorizando a sua carreira, optou por agir com praticidade, mesmo que precisasse ser dura consigo mesma e não deixou o coração falar mais alto, sabia que tinha errado por não ter dito antes, mas, não dava para retornar ao passado, estava totalmente decidida a dar continuidade nos seus planos e lidar com as consequências.
Fim do capítulo
Postei e sai fugida kkk minha médica me deu alta, já posso fazer atividade física, então já posso sair correndo, caso alguma leitora queira bater na May hahaha e veio a crise no paraíso, deu ruim e choro para todos os lados. A semana correndo bem e sem nenhum perrengue, até sexta retorno com o próximo capítulo e até a metade do próximo mês pretendo concluir essa história, vamos ver se consigo, vou me empenhar. Boa semana! Beijos, May.
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Vanderly
Em: 18/11/2022
Bom dia May!
Nossa!
Eu sou mais tranquila e amando eu ia ficar chateada, mas não terminaria. Acredito que quando duas pessoas querem a distância não apaga a chama de um grande amor.
Beijos!
Vanderly
Resposta do autor:
Bom dia! Vanderly, é sempre bom receber seus comentários, obrigada! Eu fico do lado da Mônica, detestaria não ser comunicada com antecedência, se fosse algo bem conversado, que ela tivesse explicado antes, ok sem problemas, faltou diálogo, a Thay vacilou com ela. Beijocas, May.
Marta Andrade dos Santos
Em: 25/10/2022
Eita Thay sujou com Mônica.
Resposta do autor:
Deu mancada das grandes né foi bem chato.
Marta, obrigada por ler e comentar. Beijos e abraços, May.
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Lea
Em: 23/10/2022
Thayná estou decepcionada com você, não por ir fazer o intercâmbio,mas por ter omitido essa informação. Se fosse ao contrário ela teria a mesma reação da Mônica,ou até pior,por ela ser insegura.
*
Fiquei com o coração murcho,em pedaços.
Vamos lá para o próximo capítulo,para ver como se resolveram nesse impasse!
*
Bom domingo, May!
Resposta do autor:
Lea, bom domingo para você também e uma bela semana.
Thay vacilou, foi até egoísta e a Mônica nem merecia.
Eu também terminaria e a briga seria feia rs muita mancada.
Te agradeço pela sugestão viu, estou adorando escrever sobre elas.
Beijos e abraços, May. Até breve!
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