"A experiência da solidão pode levar uma criatura a fazer coisas inesperadas, pouco prováveis, até extremas". (Aline Valek)
8. Saudade
8. Saudade
Elas queriam continuar juntas, faziam muita falta uma na vida da outra e a saudade é uma terrível inimiga dos apaixonados.
Thayná tinha conhecimento que deveria ter feito diferente, inclusive ouviu de sua mãe, que não soube lidar com a questão da melhor forma, ficou chateada por não ter nem mesmo pensado em comunicar com antecedência, poderia ter evitado toda a problemática, mas, com tanta coisa acontecendo, optou por resolver quando voltasse, só não sabia se daria tempo, se não seria tarde demais, pois, lidar com o coração não é nada simples, requer muita sensibilidade e quando magoamos alguém, é ainda mais complicado, não foi proposital, todavia, faltou tato. Resolveu se jogar de cabeça nos seus estudos e embarcou para o Canadá, disposta a enfrentar novos desafios e a aprender muito, batalhou bastante por esta oportunidade, procurou ser extremamente racional e até egoísta, focando no que no seu ponto de vista era o mais importante e deixando para depois o que não tinha condições de resolver naquele momento.
Mônica ficou muito triste e decepcionada, sentindo saudades de todos os momentos juntas, dos passeios, da intimidade, de toda a entrega, da amizade e de fazer amor. Suas férias não foi como imaginava, passou a maior parte do tempo deitada lendo e ao invés de sair, preferiu ficar dormindo. Detestou todos os sintomas de saudade e desamor, várias noites, antes do sono chegar, as diversas lembranças chegaram com tudo e Thayná era o nome da saudade, que ela sentia todas as noites, antes de adormecer. Inúmeras vezes pensou em dizer que esperaria o tempo que fosse, queria lidar bem com a distância, porém, não conseguia e estava magoada, esperava por mais consideração da parte da outra e para ela em seis meses poderiam acontecer muitas coisas. Estranhou também ficar sem aliança e num rompante foi até um estúdio de tatuagem, fez um coração no anelar, já tinha outras quatro tatuagens, uma no braço esquerdo o símbolo do infinito com as iniciais dos seus pais, outra na perna idêntica a do irmão, fizeram juntos DNA em aquarela, no pulso tem a balança do direito e na nuca tem uma lua.
Murilo notando o quanto a irmã andava deprimida, no final do mês de julho, convidou uns amigos e organizou um churrasco, visando anima-la e conseguiu, curtiram o sábado ensolarado na piscina e fizeram uma boa farra a tarde inteira, até o começo da noite.
- Brother, muito obrigada, eu estava precisando.
- Fico feliz que você se divertiu.
Com o início do segundo semestre, além de voltar para faculdade, ela também voltou a viver intensamente, deixando de lado a moderação, aproveitando todas as baladas e barzinhos da cidade, também aceitou todos os convites de festas particulares, não parava mais em casa, foi a forma que encontrou para conseguir tocar a vida, caindo na gandaia, mas, com o passar dos meses, acabou extrapolando, andou consumindo muitas bebidas alcoólicas e estendendo as noitadas até o dia seguinte. Limite é fundamental sempre.
- Alô!
- Irmão, você pode vir me buscar?
- Nossa mana, esse horário, eu estava indo dormir.
- Tentei chamar Uber, mas, já cancelaram duas vezes e já bebi, tem vários homens aqui, só eu e uma colega de mulher, estou com medo de dormir por aqui, sei lá (explicou).
- Fica tranquila que já vou sair de casa. Me manda a sua localização.
Murilo ficou preocupado, se ela estava ligando de madrugada, era sério, pegou rapidamente uma blusa de frio, um boné, sua carteira e a chave do carro.
- Filho, vai sair?
- Vou buscar a Mônica.
- Aconteceu alguma coisa?
- Pai, estou com pressa.
- Vou contigo.
- Não precisa.
- Eu já disse que vou junto, tua mãe teve um pesadelo e acabou me acordando. Estava tomando um copo de água e me bateu um pressentimento ruim.
- Então vamos logo.
Eles levaram alguns minutos, o endereço era num bairro mais afastado.
- Onde sua irmã foi se meter?
Focado na direção, não respondeu e também optou por omitir o que a irmã tinha dito. Depois de estacionar retornou a ligação, avisando que tinha acabado de chegar. Desceu do carro, ficou aguardando perto do portão e seu pai abaixou o vidro do carro.
- Mu, obrigada por ter vindo. Eu queria que a Liza voltasse comigo, não sei se é seguro ela ficar, chamei, mas, ela está muito grogue, acho que bebemos algo muito forte.
- Pai, espera aqui no carro, vou entrar com ela e já volto.
Deu o braço para irmã apoiar e entraram. Viu um cara sentado na escada, que nem mesmo notou eles passando, estava concentrado em bolar um beck, na sala tinham dois caras jogando cartas e outros dois bebendo sentados no sofá, cumprimentou os rapazes e perguntaram da moça, avisaram que ela estava no banheiro lavando o rosto e que tinha passado mal. Aguardaram alguns minutos, quando ela abriu a porta Murilo conferiu se ela estava sozinha e ficou aliviado quando não viu mais ninguém, ela não estava nada bem, até tremia, ele tirou sua blusa e colocou nela, que estava cambaleando, por isso, a pegou no colo e pediu para irmã segurar em seu braço. Queria sair o quanto antes dali.
- Achei que vocês duas passariam a noite aqui (um dos que bebia falou).
- Já vamos indo, bebemos muito, meu irmão e meu pai vieram nos buscar.
- Que pena, mas, voltem mais vezes.
Eles se despediram e deixaram o local.
- Pai, abre a porta para elas, irmã entra primeiro e segura a cabeça dela para não ter perigo dela se machucar. Em casa vocês tomam um bom banho e vai ficar tudo bem.
- Obrigada!
- Mônica, você está fedendo bebida e o estado da tua amiga é pior ainda. Onde você estava com a cabeça? Por acaso perdeu o juízo? Que situação deplorável de vocês.
- Desculpa.
- Achei que você já tinha passado dessa fase, de irresponsabilidade e imaturidade, que absurdo, qual a necessidade de fazer isso e ficar neste estado? Fico inconformado. Não tem nenhuma justificativa para essa estupidez. Não creio nisso.
- Pai, por favor, agora não (interviu Murilo que dirigia).
- E você vai passar a mão na cabeça dela? Ela está errada e você sabe disso.
- Eu falei que o senhor não precisava vir e a real é a seguinte: ela está assustada, não é hora para sermão, ela sabe que bebeu mais que o habitual, me ligou preocupada e com muito medo, pois, eram só elas duas na casa e vários homens, talvez ela nem tenha bebido tanto, vai saber se não colocaram algo na bebida delas, nem sei o que pensar, se ela não tivesse me ligado, o que poderia acontecer com elas? Tem tanta notícia bizarra e infelizmente sabemos o quanto é complicado ser mulher neste país. O mais importante é que elas estão bem, vamos focar nisso e amanhã vocês conversam com calma.
- Filha, alguém te machucou? (Perguntou com preocupação).
- Não, só estou com dor de cabeça e muito sono.
Eles não disseram mais nada, chegaram e acompanharam as duas até o quarto.
- Amiga, consegue tomar banho? Vem cá, vou te ajudar, você sujou sua roupa.
Depois de auxiliar e acomodar a amiga na cama, também tomou uma ducha e chorou. Prometeu para si mesma ter mais cautela, ficou com muito medo de sofrer algum tipo de violência. No dia seguinte, acordou já no final de manhã, ainda bem que era sábado.
Encontrou com a mãe na cozinha, ela estava preparando o almoço.
- Meu bem, teu pai me contou, tomo remédio e tenho sono pesado. Você está bem?
- Estou, mas, fiquei muito assustada. Preciso de um café.
- Tem ali na cafeteira.
- Bom dia filha, descansou?
- Sim. Pai e desculpa viu. Serei mais cuidadosa.
- Nós nos preocupamos contigo, tua mãe teve um pesadelo, ficou se sacudindo na cama e deu grito. Acalmei ela que voltou a dormir, mas, fiquei com um sentimento estranho, achava que era do susto, talvez tenhamos sentido que você estava em apuros.
- Foi um susto, prefiro nem pensar no que poderia ter acontecido. Não vai se repetir. Vou levar um café para Liza, ela vai estranhar se acordar sozinha no quarto.
- Vai lá, seu irmão chama por vocês quando o almoço estiver pronto.
- Obrigada!
O almoço foi tranquilo e optaram por não tocar mais no assunto.
- Eu vou levar tua blusa para lavar e mando pela Mônica. Obrigada!
- Liza, não precisa ter o trabalho de lavar, tem uma moça que limpa a casa e lava as roupas, pode deixar e não precisa agradecer.
Depois deste episódio os dois se aproximaram, ela fez questão de devolver a blusa de frio lavada e ele pediu para irmã o contato dela, passaram a trocar mensagens.
Mônica se voltou para o seu curso e trabalho, tendo mais cautela ao sair.
Fim do capítulo
Olá! Senhoras e senhoritas, estamos chegando ao final. O título do próximo capítulo é reencontro.
Tenham um ótimo final de semana, que seja excelente, feliz, repleto de amor e boas notícias. Beijocas!
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 28/10/2022
Vixe! Mônica apelou pra farra e quase se complica.
Resposta do autor:
Olá! Marta, como vai?
Um perigo né levou um baita susto.
Bom final de semana! Beijinhos.
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