6.     Namoro

 

- Minha bela, agora que estamos alimentadas, que tal voltarmos para o meu quarto, para ficarmos num chamego, o que acha?

 

- Gosto da ideia, mas, primeiro temos que organizar a cozinha.

 

- Não se preocupa, coloco na lava louças.

 

- E teus pais chegam que horas?

 

- No final da tarde.

 

- O quê você vai fazer no carnaval?

 

- Ainda não marquei nada, nem sei quando vai cair neste ano.

 

- Daqui uns quinze dias. Vi fotos suas nas redes sociais, você gosta de cair na folia né.

 

- Já pulei em Salvador, foi muito bom, ano passado fui com meu irmão nos bloquinhos de São Paulo e adorei quando meus pais me levaram na Sapucaí. É uma festa linda!

 

- É.

 

- Você não gosta?

 

- Acho bonita, vejo pela TV, mas, é tanta gente, eu passo mal em muvuca, às vezes em algumas festas que o pessoal da faculdade convida, sinto até tontura, não vou muito. Eu saio e gosto, só que não com tanta frequência (explicou).

 

- Então neste ano nada de aglomeração.

 

- Imagina, sem problemas, nem precisa deixar de ir por minha culpa não.

 

- Você vai para sua cidade?

 

- Não, vou trabalhar normal no sábado e na segunda de carnaval. Vou para Ribeirão só no final de semana do meu aniversário. E o que vamos fazer hoje?

 

- Podemos almoçar no shopping e aproveitar para escolhermos nossas alianças.

 

- Eu vou amar, confesso que andei vendo umas fotos de alianças (contou sorrindo).

 

- Seu sorriso é muito lindo, me mostra as que viu (falou interessada).

 

Escolheram com facilidade, foram comprar com várias opções em mente, gravaram seus nomes e na hora de pagar resolveram dividir.

 

- Ainda mais bonita que nas fotos, gostei muito.

 

- Eu também Thay, agora vamos almoçar?

 

- Sim.

 

E elas tiveram um final de semana incrível, regado de muito afeto e cumplicidade.

Durante a semana Mônica conseguiu convencer a Thayná e passou a levá-la até seu apartamento ao término das aulas.

 

- Linda, durma bem e até amanhã!

 

- Tua vez de dormir neste sábado aqui comigo, só que a minha cama é de solteiro.

 

- Bom que fico agarradinha em você.

 

E no final de semana elas aproveitavam a companhia uma da outra e namoravam bastante.

Certa noite Mônica não teve a última aula e foi para o bar com os colegas, com isso acabou se perdendo no horário. Thayná aguardou alguns minutos próximo do carro.

 

Vou de ônibus. Boa noite!

 

Quando leu a mensagem, saiu correndo do bar, só que já era tarde. Tentou ligar, mas, apenas chamou. Passou em frente ao ponto e estava vazio. Mandou mensagem pedindo desculpas por ter atrasado. No dia seguinte nem sinal da outra.

 

Thay, te mandei várias mensagens, vai continuar me ignorando?

 

Não quero brigar, depois conversamos e hoje não precisa me dar carona, prefiro ficar na minha.

 

Desculpa e se cuida.

 

Lembrou que tinha postado foto no status com o seu pessoal no bar e achou melhor apagar, foi então que viu o horário que a namorada tinha visualizado e em seguida tinha mandado a mensagem que estava indo embora, entendendo o motivo dela ter ficado chateada. Comprou chocolates, deixou com o porteiro e pediu para ele fazer o favor de entregar para morena. Thayná ficou surpresa, não estava esperando nenhuma entrega.

 

Thay, desculpa. Eu te amo!

 

Leu o bilhete e sorriu. Antes de abrir o chocolate mandou mensagem agradecendo e avisando que poderiam conversar no dia seguinte.

 

- Oi, tudo bem?

 

- Sim e contigo?

 

- Estava com saudade.

 

- Você não deveria ter combinado comigo, já que iria para o bar.

 

- Eu não tinha planejado nada, o professor da última aula não apareceu e nem mesmo avisou, acabei indo com o pessoal, só que me atrapalhei com o horário. Desculpa!

 

- Também não é certo beber e dirigir. Não precisa mais me levar e a gente se encontra aos finais de semana com mais tempo. Vou para aula agora.

 

- Demorei para te convencer e vacilei, mas, não vai acontecer novamente. Prometo.

 

- Boa aula!

 

- Obrigada e para você também.

 

No restante da semana conversaram por ligação e por mensagens. Voltaram a se encontrar na sexta-feira.

 

- Bolo no pote, uma moça passou vendendo no escritório e é bom, trouxe para você.

 

- Obrigada!

 

- É de beijinho.

 

- Vou comer no intervalo. Tem um filme que estreou ontem que estou querendo ver.

 

- Vamos ao cinema? Então você está me desculpando?

 

- Já desculpei, podemos ir amanhã a noite?

 

- Claro! (Confirmou toda feliz).

 

Elas se acertaram e descobriram juntas o potencial do sex* de reconciliação. Com a chegada do carnaval, ficaram quase uma semana sem aulas. Enquanto Thayná aproveitou para estudar na biblioteca, Mônica só quis saber de descansar.

 

- Tem certeza que não quer ir comigo? Vai ficar aí mofando?

 

- Sai daqui tentação. É começo de namoro e estamos bem, não quero problemas.

 

- Você vai passar o carnaval inteiro presa dentro de casa?

 

- Brother, relaxa vou ficar bem, amanhã encontro com a namorada e planejo algo.

 

- Se mudar de ideia avisa.

 

Seus pais também informaram que aproveitariam para fazer uma viagem.

Na sexta marcou de sair com a Thayná para jantar.

 

- Hoje você só não foi no campus porque ficou fechado.

 

- Verdade. Na quarta-feira foi ótimo, aproveitei que estava tranquilo e conversei bastante com o meu orientador e ontem a biblioteca estava mais silenciosa que o normal, deixei tudo em ordem e ainda adiantei umas coisas.

 

- Que bom, já que seus estudos estão em dia, vamos aproveitar esses dias juntas?

 

- Sim, vou adorar. Amanhã depois do meu trabalho podemos ir numa balada, só não prometo que vou aguentar virar a noite, mas, podemos dançar, vai ser bom.

 

- Mesmo? Obrigada linda, vai ser ótimo! Vai ter uma bem carnavalesca neste sábado.

 

Elas aproveitaram muito, dançaram bastante e beberam juntas, conseguiram curtir e foram dormir quando já estava de madrugada. No domingo acordaram tarde e ficaram assistindo séries. Na terça-feira de carnaval aproveitaram a piscina na casa da loira.

 

- Gostei muito destes dias na tua companhia. Você sentiu muita falta de todo o agito?

 

- Não, foi uma delícia! Adorei teu convite para balada, foi maravilhoso dançar colada em você, dormir junto e namorar muito todos este dias. Gostei muito também e é ótimo aproveitar ao teu lado.

 

- Que bom, fico feliz. Você trabalha amanhã?

 

- Não, só na quinta, como meu pai retorna só amanhã de viagem, optou por não abrir o escritório e também porque a minha mãe não tinha nenhum paciente.

 

- Entendi, eu trabalho depois do almoço.

 

Elas se despediram e na quarta a noite voltaram a se encontrar depois da aula.

 

- Meus pais querem te conhecer, te convidaram para jantar no sábado a noite.

 

- Vou morrer de vergonha, os dias que dormi na tua casa eles nem estavam.

 

- Se você não quiser, aviso que já tem compromisso, invento algo.

 

- Não precisa mentir, posso ir, só é um pouco constrangedor, mas, é bacana o convite.

 

- Você é adorável, vão gostar de ti, não se preocupe.

 

O restante da semana seguiu tranquilamente.

 

- Amor, não sei o que vestir, já troquei de roupa três vezes.

 

- Relaxa, meus pais são tranquilos e sua roupa está ótima.

 

- Estou um pouco nervosa.

 

- Fica tranquila, vai ser agradável, eles não te conhecem e já te adoram, por me fazer feliz.

 

- Então vamos (disse pegando uma sacola com vinho, não queria chegar de mão vazia).

 

Murilo estava no sofá da sala, resolveu ficar para jantar e sair só depois.

 

- Cunhada, boa noite! Meu pai está no escritório, esperando para falar contigo e saber das tuas intenções com a minha irmãzinha.

 

Ela começou a tossir de nervoso.

 

- Meu bem, ele está te azucrinando, é mentira, meus pais estão na cozinha. Murilo sossega e deixa ela em paz (falou enquanto ele gargalhava).

 

O jantar foi delicioso, Thayná foi bem acolhida e adorou a família da namorada, que além de simpáticos, foram muito atenciosos.

 

- Anjo, você me leva para casa?

 

- Fica e dorme comigo.

 

- Hoje não, acabei de conhecer teus pais, vai parecer folga da minha parte.

 

- Quero ficar contigo.

 

- Então dorme comigo, não tem ninguém no apartamento.

 

- Vou pegar minhas coisas.

 

Murilo aproveitou para pegar uma carona, resolveu não sair de carro, estava indo numa cervejada e quando bebe não dirige, já perdeu amigos em acidentes e tem cautela.

 

- Thayná já conquistou os sogros, eles te adoraram.

 

- Que bom. Gostei muito deles também, foram super gentis.

 

- Você faz a mana feliz, então ganha vários pontinhos conosco.

 

- E você seu atoa, quase mata ela do coração, Murilo você é um palhaço.

 

- Desculpa, nem resisti. Valeu meninas, agradeço pela carona e aproveitem o final de semana!

 

E elas aproveitaram muito, fizeram amor e dormiram juntinhas.

 

- Bom dia! Thay, acordou faz tempo?

 

- Amor, bom dia! Tem um tempinho, despertei e fiquei estudando.

 

- Vem cá me dar um beijo e um abraço de bom dia (disse espreguiçando).

 

- Dormiu bem?

 

- Sim e você?

 

- Também, vou fazer ovos mexidos e suco. O que quer fazer de bom  hoje?

 

- Assistir série contigo e ficar embaixo das cobertas, hoje tem previsão de chuva.

 

Elas passaram o domingo todo juntas e começaram a ficar inseparáveis.

No final de semana do seu aniversário, Thayná viajou para a sua cidade na sexta-feira, aproveitou para matar as saudades dos pais, sua mãe fez um bolo para comemorarem no sábado e seu pai ficou responsável pelo churrasco. No domingo a noite ela retornou para Franca e a Mônica fez questão de buscá-la na rodoviária.

 

- Amor, parabéns! Te liguei ontem, mas, estava doida para te parabenizar pessoalmente, te abraçar e beijar muito. É para você (disse estendendo um saco de presente).

 

- Obrigada minha linda, trouxe bolo para você, minha mãe quem fez, é de prestígio.

 

Ganhou da namorada um colar com um pingente do seu signo, um livro de romance lésbico, duas camisetas e ainda saíram para jantar. Teve um dos melhores finais de semana, celebrando a vida e sendo muito amada.

Com a chegada do final do primeiro bimestre elas precisaram dar uma pausa nos passeios, focaram nos estudos, foi puxado na semana de provas, mas, procuraram conciliar e ao menos de forma rápida conseguiram se encontrar.

Depois da correria, voltaram a aproveitar e passaram a aprender a lidar bem com a agenda apertada, de quem estuda e trabalha. Além de namoradas, tornaram-se amigas.

Certo sábado, Thayná estava preocupada, não tinha conseguido conversar com a mãe no dia anterior e mesmo com a distância, elas conversavam com frequência, ao menos mensagem trocavam diariamente. No seu horário de almoço soube que seu pai tinha sofrido um acidente com um maquinário, o que aumentou a sua preocupação.

 

- Amor, vou tentar sair uma hora mais cedo do trabalho, vou viajar para Ribeirão, quero ver meus pais, minha mãe comentou que estavam no hospital, que a noite nos falávamos com calma, mas, prefiro pegar um ônibus e ir até lá.

 

- Linda, vamos de carro, é uma emergência, não quero que você vá sozinha.

 

Adorou a mensagem e o cuidado da namorada, aceitou, desta forma chegaria mais rápido e no final da tarde pegaram a estrada.

 

- Não tive nem tempo para ficar ansiosa por conhecer meus sogros.

 

- Pena que não é numa situação mais agradável.

 

- Seu pai vai ficar bem.

 

- Vai sim, minha mãe disse que foi só um susto, só que quero ver pessoalmente.

 

- Eu te entendo, nada como ver com os próprios olhos.

 

- Vou ligar para ela, para saber se vamos para o hospital ou para minha casa.

 

- Isso, confirma certinho.

 

Foram direto para residência, pois, ele já tinha recebido alta. Chegando apresentou a namorada e soube de todos os detalhes do ocorrido, na sexta, próximo do horário do almoço, ele sofreu uma queda no trabalho quando carregava uma máquina, com isso, acabou machucando a perna direita, precisou levar vários pontos, ficou no hospital em observação por vinte e quatro horas, por ter batido a cabeça quando caiu, os médicos optaram por acompanhar seu quadro, que felizmente não foi grave e por isso, após realizar todos os exames foi liberado. Ficou de retornar só para tirar os pontos e ainda não sabiam se seria necessário fisioterapia. A morena ficou bem mais tranquila na presença deles, que adoraram a loira. Elas retornaram no domingo a tarde, depois do almoço e prometeram voltar num feriado, para ficarem mais tempo juntos.

 

O companheirismo intensificou a união entre elas, que ficaram ainda mais próximas.

 

Em abril, o aniversário de Mônica caiu num domingo, seus pais organizaram uma reunião familiar para comemorarem, ela ganhou de Thayná uma sandália e um vestido.

 

No namoro, elas começaram a descobrir que estavam criando um elo, que a relação delas vai muito além de toda a química que possuem e com o passar dos meses, tiveram a certeza que é muito mais do que paixão. Tem toda a amizade, cumplicidade, amor, companheirismo, lealdade, cuidado e dedicação, ou seja, a combinação perfeita para um relacionamento feliz.

 

Fim do capítulo