Capitulo 42
CAPÍTULO 42
Fabiana se sentou no banco do carona e passou o cinto, olhou para ver se a filha estava bem acomodada vendo que Biatriz estava servindo de cama para que Marina ficasse quase toda deita escorada em seu peito, com as duas trocando afagos e confissões que só elas mesmas escutavam, olhou para a mulher ao seu lado dirigindo distraidamente e segurou a mão da amiga que estava no câmbio passando a marcha, Luiza olhou surpresa com a atitude da amiga. Desceu os olhos para as duas mãos e sorriu, engatando a marcha e se afastando do local indo, finalmente, em direção à casa.
Assim que chegaram, Luíza só teve tempo de ajudar a tirar tudo do carro e voltar para levar a filha para o local onde ia fazer a prova ENEM que graças a Deus ficava bem pertinho.
— Lu, não vai comer nada? — Fabiana segurou com as duas mãos o braço da amiga antes que a loira partisse.
— Não dá tempo, Fabiana. Eu como no caminho. — Então seu tom ficou um pouco mais sério. — Cuidado que ele pode aparecer, não fique a sós com ele, promete?
— Pode deixar, eu irei avisar nas portarias que a entrada dele está proibida, também chamarei um chaveiro para trocar as fechaduras das portas e portaõ.
— Agora sim, eu estou mais tranquila. deixa eu ir, vai acabar ficando muito tarde. Até mais, balinha de café. ― Luíza olhava dentro dos olhos da morena, e quando quis virar para seguir seu caminho novamente foi puxada e dessa vez seus corpos quase se tocando passavam de um para o outro o calor e desejo que ambas estavam sentindo, Luíza usou de força mental para se afastar quando na realidade o que queria era agarrar aquela morena e fazer loucuras, mas ela parecia tão sedutora com as palavras no momento da pergunta, que estava ficando difícil, fugir.
— Por que me chama assim sempre que estamos sozinhas? — Estava curiosa, e só de imaginar sentia um frio na barriga como se uma fosse adolescente.
— Da próxima vez eu te conto. — Quando estava de saída Fabiana segurou outra vez sua mão.
— Vou cobrar. Dirija com cuidado. Quando tudo isso passar vamos conversar. — Segurava suas mãos e olhava dentro dos seus olhos.
— Não me olhe dessa forma, eu posso interpretar mal. Não tenho mais forças para ser outra vez dispensada.
— Vá logo, quando voltar venha para cá. Vou guardar almoço para você. — A morena disse enquanto a loira se afastava.
Ficou olhando Luíza ir às pressas chamando a filha e olhando para ela. Fabiana sentia seu corpo todo tremer, sabia que estava sendo louca, mas estava cansada de ser certinha. De agora em diante, não ia se privar de mais nada que fosse para ser seu, se anulou durante toda sua vida, agora queria ser feliz.
Subiu para o quarto de Marina, queria organizar tudo e ajudar a menina a se deitar. Mal deitou ela e a garota já estava dormindo, talvez efeito dos remédios e da noite mal dormida. Encostou a porta do quarto e foi cuidar do almoço e conversar com os filhos, não ia ser uma conversa agradável. Virginia não era mais criança, já estava uma mocinha, com certeza entenderia. O problema eram os gêmeos, talvez não entendessem o porquê da mãe e da irmã quererem o pai deles na cadeia.
— Márcio e Marcilio desçam aqui queria falar com vocês. — Chamou ao pé da escada, alto o bastante para ser ouvida, em poucos segundos os garotos desceram e ficaram em frente a ela, olhando com aqueles olhares parecidos com o dela, mas no resto a cara do pai deles, a diferença era a doçura de Márcio, que passava mais tempo nos hospitais que em casa e as travessuras de Marcilio, que em matéria de pregar peças era bem melhor que o Marcos.
— Sentem-se quero ter uma conversa seria com vocês, a respeito do Alberto, como devem saber, ele andou fazendo umas coisas que um pai não deve fazer. Eu sei que e pai de vocês, mas não posso permitir que ele faça essas coisas e não responda pelos seus atos, vocês entendem?
— Claro né mamãe? Na minha escola a maioria dos meus amigos, são filhos de pais separados, eles dizem que é melhor do que ver eles brigando. O pai do Levi batia na mãe dele, aí um dia os vizinhos deram parte e ele foi preso. — Marcilio explicava e Márcio concordava de vez em quando completava o que seu irmão dizia, era comum pra eles um começar a conversar e o outro completar a frase.
— Pelo que vejo, vocês entendem, pois bem, vou pedir o divórcio ao pai de vocês, e dar queixa na polícia sobre o espacamento da Marina. Tudo bem quanto a isso para os dois?
― O papai vai preso mamãe? ― Marcilio estava com cara de choro.
― Não meu anjo, primeiro a mamãe vai conversar com ele, depende de como ele reagir. Mas vamos tentar não chegar a esse extremo. ― Beijava a cabeça do filho, o dois já iam fazer doze anos mas Marcilio por viver doente parecia um garoto de nove.
― Vamos Marcilio a mamãe sabe o que esta fazendo. ― Marcio o mais novo 5 minutos também mais maduro entre os dois saíram conversando com Márcio explicando o que poderia acontecer.
Marina
Assim que me instalei no meu quarto, adormeci imediatamente, mas o sono durou pouco.
Sempre havia um irmão na minha cama. Marcelo, o mais velho, parecia querer se mudar de vez para o meu quarto, até um sofá ele colocou perto da porta para poder ficar deitado perto de mim. Bia demorou um pouco aqui, mas logo partiu, foi fazer a prova. Depois do almoço dormi a tarde inteira.
Lá pelas quatro horas, outra invasão tomou conta do meu quarto, dessa vez das minhas amigas.
— Você precisava ver a cara da Vivian quando chegou, tremia mais do que vara verde. — Betânia ria ao se lembrar.
— Eu não tremia, Betânia! Fiquei preocupada, só isso. Nunca tinha passado por isso, e olha que já namorei até meninas crentes da igreja e tudo, filha de pastor. Quando descobriram não fizeram nem a metade do que o pai dela fez. A gente não estava fazendo nada, vou deixar bem claro, porque ela não quer. — Vivian torceu a boca envergonhada por Betânia dizer aquelas coisas.
— Vivian, por favor, a gente já conversou. Eu não quero que você continue dizendo essas coisas, a Bia não vai gostar, aliás ela já não gosta. — Falei séria.
— Eu não falei nenhuma mentira, não aconteceu nada porque você não quer. Sua namorada tem que ter mais confiança no taco dela. — Fiquei encarando a garota que parecia não ter entendido nada do que falei na noite anterior e parecia que nem agora, só então eu compreendi que Vivian joga no mesmo time da minha prima e da Ana Clara, que deve se chamar. “As caras de paus futebol clube”, me segurei para não cair na risada com o meu pensamento.
— Mesmo assim, se quiser ser minha amiga, pare com essas coisas. Eu não me sinto bem com isso. Você NÃO pode dizer essas coisas para uma garota que já tem namorada, não fica legal. — Falei séria.
Ela me olhou um bom tempo, depois sorriu e concordou, eu só não sei por quanto tempo ela vai manter a promessa. As meninas ficaram em silêncio ouvindo e me apoiando, Lara foi quem falou:
— Eu sei que vão dizer que estou defendendo-a, mas Vivian se abriu comigo. Desde aquele dia na piscina que ela não para de falar em você, ela se apaixonou de verdade. Nós contamos para ela como você era antes da Bia chegar, cheia de não me toques, que a galera mandava recados e você esnobava. Ninguém conseguia derrubar a muralha de gelo do seu coração, até conhecer a Bia.
— Mas também, um machão daqueles até eu caio na cantada dela. — Vivian falou fazendo trejeitos de gay.
— Aí e que você se engana, a Bia não me cantou. Aliás, ela passava o rodo geral com as meninas na quadra, eu que corri atrás, eu que cantei ela, não foi galera?
Todas balançaram a cabeça em concordância
— Mudando o assunto. Marina, vou te contar, o teu pai é de lascar, isso lá é coisa que se faça? O Matias está louco de raiva, sabia que ele chorou e quase não conseguiu dormir ontem. — Rosely, minha cunhada, falou e eu agradeci mentalmente.
— Ele não é mais meu pai, vou tirar o nome dele do meu — falei —, vou ser uma filha sem pai... e que história é essa do meu irmão dormir na sua casa? A coisa está séria assim, é? — Perguntei enquanto sentava direito na cama tentando uma melhor posição, já que minhas costas estavam doendo.
Fiz uma careta de dor e Vivian se aproximou, ajeitou os travesseiros ficando de joelhos enquanto fazia, depois sentou bem próxima a mim. A todo momento ajeitava os travesseiros, eu agradeci e continuamos a conversa que agora era a explicação da minha cunhada.
— Eu vim para cá quando ele me contou e fiquei, então ele não dormiu na minha casa, eu que dormi na sua. Foi só dormir mesmo, eles estavam loucos ontem. — Rosely se corrigiu.
Todas começaram a fizer piadinhas e foi dessa forma que Bia as encontrou quando chegou. Seus olhos correram para o local onde Vivian estava sentada, na cama bem perto de sua namorada, mesmo não gostando tentou esconder e foi para o outro lado se sentar. Se esparramou em cima da cama, o que fez Marina abraçá-la e beijar seus lábios.
— Fez uma boa prova? Fiquei rezando para você ficar tranquila.
— Hoje era humanas, linguagens e códigos e a redação, acho que fechei a redação. Eu preciso disso, vou fazer medicina na UNIFOR. É a melhor na área. — Beijava na pálpebra e no rosto da namorada sem se incomodar com ninguém.
— Qual era o tema da redação desse ano? — Quem fez a pergunta foi Vivian que estava se sentindo incomodada com as duas.
— Aí, desculpa a falta de educação, vida. — Marina percebeu o vacilo. — Essa é Vivian, a prima da Lara que veio passar uns dias aqui, creio que vocês ainda não foram apresentadas formalmente.
— Muito prazer e obrigado por cuidar da minha namorada quando eu não pude. — Foi um pouco sarcástica, o que não passou despercebido por Marina que a conhecia muito bem.
— Não foi nenhum sacrifício, a Marina é muito inteligente e tem um papo interessante. — Vivian encarava Biatriz de cima abaixo, como se as duas estivessem em disputa.
— Eu sei. Respondendo a sua pergunta, a redação foi sobre cinema. — Disse virando-se para a namorada. — Lembra amor, que eu te falei do simulado sobre cinema que nós fizemos? Eu lembrei de tudo quando li o tema, passei tudo para o rascunho e dei uma melhorada, por isso que eu acho que fechei na redação.
— Eu sabia que você ía se sair bem, era o mínimo que podia fazer, já que vai ter que me bancar. Eu gasto muito, vou logo avisando. — Marina dizia isso com um sorriso brincalhão no rosto.
— Nem que eu trabalhe em três hospitais, mas vou conseguir bancar seu padrão de vida. — Se beijaram de leve e as amigas ficaram pigarreando chamando a atenção do casal.
— Ei! Nós viemos visitar uma amiga que acabou de sair do hospital e não ver sex* explícito! — Betânia reclamou.
— Exagerada, só estou cuidando da minha namoradinha. — Bia passou o braço por trás das costas de Marina que se deitou em cima do seu peito.
Ficaram conversando e rindo, quando de repente ouviram uma gritaria lá embaixo. Marina ficou nervosa, pois reconheceu a voz do pai. Biatriz abraçou e segredou no seu ouvido, fazendo-a rir.
— Shiiii. Ele não vai subir, seus irmãos não permitiriam. Se por acaso ele invadir aqui, dessa vez quem vai parar no hospital sou eu, porque ele vai me matar de peia antes de chegar até você.
— É, se ele passar por ela vai ser minha vez de apanhar também. Não sei se vai dar tempo de ir pro hospital, porque eu vou desmaiar primeiro. — Quando Vivian terminou de falar todas estavam as gargalhadas.
— Muito obrigada meu brother, mas pode deixar que para essa gata basta a branquinha aqui. Essa aqui eu não divido nem a amizade com outros sapatões como nós, a não ser que seja com meninas femininas ou casadas como a Betânia.
— Por que, meu chapa? Não confia no seu taco? — Mesmo que Vivian estivesse falando em tom de brincadeira, queria mesmo era tirar Bia do sério.
Sentindo o clima, logo peguei no braço de Bia e o apertei para que ela não desse importância. Não adiantou muito.
— Poxa, confio até demais, mas é que você sabe, ela é muito gata e neguinho vai babar por ela e confundir a maneira dela ser educada com estar dando mole, achando que pode chegar junto e cantar. Essa maravilha da natureza foi feita exclusivamente para mim. — Não dei tempo de ela terminar, já estava beijando... ou tentando, já que as meninas pularam em cima de nós para nos separar.
— Sou obrigada a concordar, mesmo assim, não vou deixar um parça apanhar sozinho quando eu posso apanhar junto, e para defender uma gata então... — Vivian tentou brincar, mas no fundo estava com inveja.
Queria que a Marina olhasse para ela com o a mesma admiração que oferecia a namorada, no fundo queria ter a conhecido primeiro e, quem sabe, estar no lugar da outra.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 07/06/2022
Alberto sem noção.
olivia
Em: 07/06/2022
Olá autora , acabei de ler Meu Único Amor. Esse ,li a primeira versão. Estou feliz com a leitura, parabéns,é muita emoção tanto no primeiro , como no segundo. Você é admirável ,essas meninas são maravilhosas. Alberto é um demônio mas ,faz parte do tema né? Esperando ansiosa o próximo!!
[Faça o login para poder comentar]
Lea
Em: 05/06/2022
A conversa foi séria,porém necessária! Fabiana sabe conversar com os filhos,tem toda a atenção deles e muito respeito.
Fabiana está vendo o amor e o desejo pela Luiza acender. E a Luiza não nega todo o amor que sente pela Fabiana
Essa Vivian é muito dissimulada.
A Bia é apaixonante,quanto amor ela demonstra sentir pela.namorada. Se ela pudesse pulava no pescoço da Vivian.
E esse Alberto,que não faça mais nenhuma merda.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]