Capitulo 100
Capítulo 100º
Alice
Estou a meia hora encarando nossas malas que estão arrumadas na sala de casa. O dia mal amanheceu e fui obrigada a sair da cama. Não sei quais artimanhas que Rebeca usou para convencer a mammy a ir passar o Natal na fazenda. Seja lá o que for funcionou. Fecho os olhos por um instante. Estou cansada demais. De nada adiantou tentar negociar com Rebeca para sairmos mais tarde. Ela apenas disse que quanto mais cedo fossemos melhor seria. Embora eu discorde, não tenho forças nem disposição para entrar nessa briga.
Agora ela está tentando tirar Teodoro do berço enquanto eu sigo tentando descansar ao menos mais dez minutos. Escuto a campainha tocar. Estou decidida a ignorar o barulho. Tereza vai estar de folga por todos os dias que estivermos fora. Assim como a babá.
— Alice! Eu sei que está em casa. Abre a porta. — a voz de Anna me faz saltar da poltrona.
Caminho apressada até a entrada. Giro a maçaneta me deparando com a figura um tanto cansada da minha amiga, atrás dela estão pelo menos cinco malas. Encaro-a confusa.
— Pensei que disse que não iria conosco. — digo com a sobrancelha erguida.
— E não vou. — responde empurrando suas malas para dentro.
— Então o que significa essas malas? — pergunto enquanto ela atira uma delas em mim.
— Significa que estou oficialmente me mudando para cá. — responde com tranquilidade.
— Como assim? O que aconteceu?
— Nada. — mentiu na cara lisa. — Cansei de ficar na Heloísa.
— Medo de não resistir à tentação? — brinco.
— Muito engraçada. — revira os olhos. Atira-se no sofá.
— Sério, o que aconteceu?
— Já disse. Não foi nada.
— Anna, eu te conheço.
— Heloísa levou aquela ruiva para lá. Cheguei ontem e elas estavam quase peladas cozinhando juntas. — conta com a cara fechada.
— Hum! Entendo. — tento segurar o riso.
— Isso não é engraçado.
— Tudo bem! Desculpa.
— A casa é dela. Eu não posso impedir que ela leve alguém lá. E não quero sentir que estou atrapalhando.
— Impedir você pode. É só dizer que gosta dela.
— Alice, eu não gosto dela. Não posso gostar. — esfrega os olhos. — Eu não consigo confiar mais nos meus sentimentos. Péssimas escolhas. — diz pensativa. — Ainda sinto falta dela. — confessa.
— Eu também. — digo me sentando ao seu lado. Acaricio seus cabelos.
— Mas vamos combinar que desde a festa na boate você estava implicando com a ruiva.
— Ela é feia. — disse estreitando os olhos. Fiz menção em falar. — Se for discordar de mim juro que procuro outra melhor amiga. — resmunga.
— Tudo bem, ela é feia. Mas só estou dizendo para não correr o risco de ser substituída. Que isso fique claro. — completo rindo.
— Obrigada. — me fita.
— Anna, não sabia que decidiu ir conosco. — Rebeca aparece com Teodoro no colo.
— E não vou. Mas estou oficialmente morando com vocês. — sorri.
— Morando? Conosco? — ela me olha. — E vai ficar sozinha enquanto estivermos fora?
— Sim. Não se preocupe. Minha festa terá apenas umas cinquenta pessoas. — brincou.
— Ela está brincando, não está? — me olha desesperada.
— Claro. Serão apenas vinte. — Anna ri do olhar de desespero dela.
— Anna, você sabe onde tem tudo, sinta-se em casa. — falo para ela.
— Obrigada.
Despedimo-nos e fomos para a garagem. Rebeca me perguntou o que havia acontecido e eu contei. Ela concorda comigo sobre Anna gostar de Heloísa, assim como o fato do histórico de seus relacionamento não serem os melhores a intimidar. Saímos de casa sendo levadas pelo motorista e em outro carro os seguranças. Amélia, Letícia e Heloísa já estavam na fazenda desde a noite anterior. Hoje iriam apenas, Carmem, Lívia, minhas mães e meus irmãos. Rebeca convidou Nina e Maria, mas alegaram preferirem evitar andar na fazenda. Coisa que entendemos perfeitamente devido a todos os traumas.
— Não tem mesmo chance de Anna dar uma festa enquanto estivermos fora? — questiona aflita.
— Sempre há uma chance de a Anna fazer merd*. É quase parte de quem ela é. Mas no estado que está o máximo que vai acontecer é ela acabar com meu estoque de bebidas.
Com essa informação Rebeca pareceu menos preocupada. Havíamos combinado minhas mães já nos esperavam na saída do condomínio. A viagem foi tranquila, Teodoro dormiu por todo o percurso. Já era quase hora de almoço quando atravessamos os portões da fazenda Cardoso. Amélia e Letícia nos esperavam.
— Pensei que erraram o caminho. — Amélia brincou.
— Acertaria de olhos fechados. — Rebeca responde. Abraçam-se. — Espero que já tenha almoço, estou faminta.
— Você sem fome seria algo inédito. — Letícia provoca.
Sigo Amélia enquanto observo Rebeca e a mammy ficarem para trás. Gosto da proximidade delas. Isso me causa uma ótima sensação de que fiz a escolha certa. Teodoro está adormecido em meus braços. Cumprimento o caseiro e sua mulher. Os dois ficam surpresos com o tamanho de Teo. Peço licença e sigo para o quarto. Um berço já estava instalado no quarto que ficaríamos.
— Amor? — ouço a voz de Rebeca.
— Aqui. — respondo do banheiro.
Após deitar Teo, decidi precisar de um banho antes do almoço. Estou com os olhos fechados, deixando a água banhar meu corpo. Até que, mãos quentes me envolvem.
— Nem me esperou. — reclamou beijando meu pescoço.
— Você me parecia em um papo ótimo.
— Ah! Verdade. Gosto de conversar como Isabella. — concorda. — O pessoal já vai comer. Podemos terminar esse banho?
— Claro que sim. Desde que você me solte e se comporte. Nada de mãos bobas. Caso contrário à minha única refeição será você. — afirmo e escuto uma alta risada.
— Tudo bem. — solta meu corpo. — Sabe o que eu pensei? — questiona me fazendo virar para olhá-la.
— O quê?
— O quanto Dominique e Eliel iriam adorar estar aqui. — por um segundo vejo seus olhos perdendo o brilho que eu tanto amo.
— Eu sei. Pensei nisso também.
— Queria muito saber deles, se estão bem. — deu um longo suspiro.
Esquecendo completamente nosso acordo de nos manter longe uma da outra, eu a abracei. Por um momento pensei em contar sobre ter visto André, mas a incerteza de que era mesmo ele me fez repensar a informação.
— As notícias ruins chegam logo. Ele é um garoto inteligente, sabe se virar. Vai fazer de tudo para cuidar dos sobrinhos. — afirmo. — Agora vamos terminar o banho, estou faminta.
O clima se desfaz, mas depois de nossa conversa não consigo parar de pensar nos três. Almoçamos todos juntos. Os gêmeos estavam ansiosos para andar a cavalo. Amélia se encarregou de ir com eles. Minhas mães decidiram dar uma volta a pé, para conhecer as redondezas. Letícia foi descansar com Elisa. Rebeca e eu fizemos o mesmo.
— Teodoro está cansado. — ela diz quando o coloca no berço novamente.
— Não só ele. — digo dando um bocejo. — Você me acordou cedo. Sua sorte é que eu te amo. Caso contrário eu te mataria. — ela ri baixo, negando com a cabeça.
— Você só me mataria de amor. — responde se aconchegando a mim.
— E seria suficiente.
Essa foi nossa última conversa antes de apagarmos completamente. Meu sono foi tranquilo. Não tinha dimensão do quanto estava cansada. Acordo com o meu celular vibrando. Tateio em busca do aparelho. É um número desconhecido, já havia pelo menos três chamadas perdidas.
— Alô. — falo enquanto me afasto da cama.
— Alô. Alice, sou eu André. Eu preciso de sua ajuda.
— André? O que acontece? — saio apressada do quarto. Não quero acordar Rebeca nem Teodoro. Meu coração bate acelerado.
André me conta o que aconteceu. Entendo a urgência em suas palavras. Desço as escadas, apressada.
— Aonde vai? — Letícia me pergunta. — Isabella estava te procurando, disse que queria sua ajuda com algo.
— Eu preciso resolver umas coisas. Me empresta seu carro?
— Claro. — entrega as chaves. — Você não deveria sair sem seguranças. — repreende.
— Eu sei, mas é uma emergência. Nossos seguranças foram dispensados. Avisa a Rebeca que eu saí. — digo rapidamente.
— Pode deixar. Toma cuidado. — escuto sua voz longe, pois já estou chegando a porta de saída.
Dirijo apressada, mas com cuidado. O sol começa a se por atrás das montanhas. Escuto meu celular vibrar vez ou outra. Imagino que deva ser Rebeca ou a minha mãe. Entretanto, não quero perder tempo atendendo. Sei que vou levar um sermão por sair sozinha, porém no momento a única coisa que me preocupa é Eliel e Dominique.
Chego ao meu destino quando já é noite. Verifico se o endereço é mesmo aquele. O lugar não passa de um aglomerado de construções abandonadas. Tudo parece inabitável, se eu não soubesse que aqui era onde está Dominique e Eliel, jamais suspeitaria de nada. A escuridão é intensa. Não consigo enxergar nada a minha frente. Busco o celular para ligar a lanterna, na esperança de que possa facilitar a busca.
— Droga! — reclamo ao ver o celular descarregado.
— Quem está aí? — a voz indaga assustada. — Eu tenho uma arma. Fora que sei lutar.
— Eliel?
— Não! — ele está assustado.
— Sou eu, Alice. André me ligou para vir buscá-los. — afirmo. — Aí! — sinto meu braço arranhar em algo.
— É a Alice. — escuto a voz de Dominique.
— Não temos como saber se é mesmo ela. Não seja burra. — o menino repreende a garota.
— Ela veio nos ajudar, e eu estou com medo. — diz chorosa.
— Eu sei que seu tio disse que não era para falar com estranhos. — paro de andar. De nada adiantaria se não faço ideia para que lado eles estão. — Mas podemos fazer um jogo, assim vocês podem saber que sou mesmo a Alice. O que me dizem? — pergunto.
— Tudo bem. — Eliel responde.
— Então pode começar a perguntar.
— Como você nos conheceu? — Dominique pergunta. Sua voz é trêmula. Ela está assustada, engulo o nó que se forma em minha garganta.
— Na escola. Fui com a Heloísa.
— É a Alice. — Dominique comemorou.
— Calma, agora que foi uma pergunta. — Eliel disse desconfiado. — O que aconteceu na escola?
— A parede quase caiu em cima da Dominique. Eu a salvei.
— Ela acertou de novo. — Dominique fala impaciente. Parecia querer sair dali o mais rápido possível.
— Para onde você nos levou para almoçar?
— Shopping.
— Eliel, chega. Já sabemos que é ela. — Dominique repreende. Podia até imaginar sua cara de brava.
— Eu sei que a Dominique ama cavalos. E você diz que quando ela vir um vai fugir chorando.
— Eu falei, é ela. — Dominique completa animada.
Não sei em que momento começou a chover. Mas um raio cortou o céu.
— Meninos, não quero assustar vocês, mas precisamos ir. Vai começar a chover. — digo enquanto já sinto os pingos molharem minhas roupas.
— Não se mexe, vamos até você. — Eliel diz.
Escuto o movimento dos dois, porém não avisto nada. Eles já pareciam familiarizados com ambiente. Poderiam percorrer todo o lugar sem dificuldade.
— É bom te ver. — o garoto me abraça.
— É bom ver vocês. — agarro os dois. Não consigo conter as lágrimas. Por dias senti medo de que algo tivesse acontecido com eles, mas agora sei que estão seguros estando ali, em meus braços.
— Você está chorando? — Dominique pergunta a Eliel. Consigo vê-lo secar as lágrimas, tudo graças ao clarão de outro raio.
— Não! — nega. — Meninos não choram. — responde fungando.
— Meninos podem chorar. Isso não quer dizer que você seja fraco. Chorar requer muita força. — explico. — Acho melhor irmos embora. O que me dizem?
— Sim! — respondem juntos.
Antes de levá-los para casa, resolvo passar em um drive thru, eles parecem famintos. Devoram os sanduíches com rapidez. Eu apenas os observo. Lembro-me do pedido de André. Mas sei que preciso ajudá-lo também.
— Nós vamos para a minha casa. — informo.
— O tio André está nos esperando? — questiona Eliel.
— Não. Eu vou deixar vocês na minha casa, depois vou buscar André.
— Por que não podemos ir junto? — é a fez de Dominique perguntar.
— Já passa da hora de vocês estarem na cama. Não queremos deixar o tio André bravo, não é?
— Não! — respondem.
— Então, estamos de acordo?
— Sim!
Antes mesmo de chegarmos em casa eles adormecem no banco de trás. Paro o carro em frente a porta. Eliel desperta assim que o carro para, mas Dominique continua adormecida.
— Chegamos. Você pode descer, vou pegar sua irmã no colo. Tudo bem? — ele concorda apenas balançando a cabeça. Esfrega os olhos, é nítido o seu cansaço.
Apesar de ser pequena, Dominique é bem pesada. Quando consigo vencer o último degrau parando de frente a porta, estou exausta. Digito a senha da porta, que se abre em seguida.
— Alice!? O que faz aqui? Jurei ser um ladrão. Quase morri de susto. — Anna diz isso enquanto segura uma taça em minha direção.
— Você pretendia lutar com um ladrão com isso? — olho a taça. Ela sorri sem graça.
— Era a única coisa que tinha perto. — dá de ombros. — Oi! — fala para Eliel.
— Oi! — o menino responde sonolento.
— Será que você poderia colocá-los na cama? — pergunto.
— Claro.
— Obrigada. — agradeço já deixando Dominique em seus braços.
— Ei! Para onde você vai?
— Preciso resolver um assunto. Cuida deles para mim. Por favor.
— Você vai ficar me devendo. — reclama.
Sigo para o único que poderia me ajudar no caso de André. Paro em frente a casa, toco a campainha. Não demora e tia Milena aparece usando apenas uma camisola.
— Alice? Aconteceu algo?
— Sim. Tio Isaac está?
— Sim. Entra. Sai dessa chuva. — me dá passagem.
Concordo a seguindo. Não demora até que tio Isaac apareça. Explico a situação, ele diz que vai comigo. Mas acredita que nada será resolvido hoje, pelo avançar da hora. Explico que não preciso resolver só não posso deixar que André pense que está sozinho nisso.
— Eu te encontro na delegacia. — afirma.
— Obrigada.
Sigo para a delegacia, assim que paro o carro. Tio Isaac estaciona ao meu lado. Enquanto caminhamos para dentro, ele parece conhecer todos, cumprimenta desde o porteiro até o zelador.
— Boa noite! Sou o advogado de André Lourenço Xavier. — anuncia.
— Como vai doutor? — a moça sorri simpática.
— Bem. Só gostaria de falar com o delegado. Preciso saber da integridade do meu cliente.
— Claro. O senhor pode esperar uns minutos? — ele concorda.
Levamos um verdadeiro chá de cadeira. Passamos mais de uma hora sentados. Já era madrugada quando um velho com cara de cafetão apareceu.
— Agora entendo a demora. — tio Isaac diz. — Esse homem me detesta.
— Ótimo. Mais essa.
— Não se preocupe, ele não vai interferir.
Permaneço sentada enquanto os dois conversam. Tio Isaac parece irritado com algo que o homem diz. Mas acena concordando. Retorna para perto de mim.
— Ele não foi fichado ainda. — diz.
— Isso é ótimo. Não?
— Sim. Mas Alencar não vai facilitar. Temos duas opções, primeira: deixamos que ele seja fichado, mas ele vai responder processo. A segunda é a que menos me agrada. — ele cerra os dentes fortemente.
— O quê?
— Ele quer dinheiro para libertá-lo. Odeio esse corrupto. Já tentei de tudo para fazê-lo perder o cargo. Mas nada adianta, ele sempre se safa. — resmunga irritado.
— Mas se o problema é dinheiro eu posso resolver. — afirmo.
— Se fosse apenas um cliente meu, aconselharia a responder o processo. Seria melhor que colaborar com essa corrupção. Mas vendo que o rapaz é tão jovem, aconselho que a segunda opção seja a melhor. Apesar de detestar ajudar aquele idiota a comprar mais uma casa de praia.
— Vamos pagar. Posso fazer a transferência.
— Ele não deixa rastros. Prefere em dinheiro.
— E qual a quantia?
— Trinta mil.
— Não temos de onde tirar todo esse dinheiro a essa hora.
— Tenho essa quantia em casa, no cofre. Posso ir buscar. Fazemos o pagamento, amanhã você me devolve.
— Claro. Obrigada, tio. — o abraço.
— Não precisa agradecer. Vou fechar o acordo. — ele sai.
Alguns minutos se passam até que ele retorna.
— Alencar vai liberá-lo para me esperar aqui. Enquanto isso irei em casa.
— Certo.
Enquanto aguardo me lembro que não falei com Rebeca. Ela deve estar para surtar. Minha esperança é que a tia Mile avise as minhas mães que eu estou bem. Fito minhas mãos, até que lembro que cortei meu braço. O ferimento já está seco, mas sangrou um pouco.
— Alice. — André diz.
Fico de pé. Sem saber como agir. Da última vez que o vi, ele fugiu de nossa casa. Percebo que naquele momento ele não passa de um garoto assustado que precisa apenas de um abraço. É exatamente isso que faço, caminho até ele o envolvendo em meus braços.
— Me desculpa. — pede chorando.
— Vai ficar tudo bem. Você não está sozinho. — afirmo. Ele força um sorriso. — Vamos sentar? — indico a cadeira.
— Onde estão os meninos? Você contou para eles o que aconteceu?
— Eles estão seguros na minha casa. Não contei nada. Eles não precisam saber.
— Mas eu vou ser preso.
— Você não vai ser preso. Eu já cuidei disso. — seguro sua mão.
— Por quê? Por quê me ajudaria? Eu fui um idiota com a Rebeca.
— Ajudei porque me importo com você. Assim como me importo com os meninos.
— Se importa? — questiona incrédulo.
— Sim. Rebeca e eu. Naquele dia você entendeu errado. Não queremos tomar os meninos de você. — afirmo. Ele me fita curioso. — Queremos levar vocês três para morarem conosco. Queremos que façam parte da nossa família. — sua expressão muda. Ele funga secando uma lágrima que desce.
— Eu sou um idiota. — fala rindo.
— Você é apenas um garoto assustado. — tranquilizo-o.
— Rebeca deve me odiar. — lamenta.
— Não. Na verdade, ela estava preocupada com vocês. — confesso.
Seguimos conversando. Falo sobre estarmos fora da cidade. Ele me conta como foi para na delegacia. O pobre garoto pegou algo para comer, mas o segurança viu e chamou a polícia. Apesar de devolver o que pegou os policiais o conduziram para cá.
Tio Isaac chegou com o dinheiro, fez o pagamento. Então conseguimos ir para casa, quando entrei na sala Anna me esperava.
— Garota, sua namorava vai te comer viva e nem vai ser num bom sentido. Ela já ligou mil vezes para cá, para o meu celular. Está furiosa.
— Lido com Rebeca amanhã. Eu preciso dormir. — respondo cansada. — André os meninos estão no primeiro quarto. Se quiser pode ir vê-los. Fique à vontade para tomar um banho, vou ver se tem alguma peça minha que possa te servir. — falo bocejando.
— Obrigado.
Faço tudo o que disse. Deixo uma roupa para ele. Antes de sair do quarto que estão observo Eliel e Dominique completamente adormecidos. Sinto um alívio absurdo ao saber que agora eles estão seguros. Sorrio para os três e saio.
Caio na cama após um rápido banho. Adormeço em seguida. Acordo na manhã seguinte assustada.
— Beck, não é nada disso. Alice está...
— Com alguém. Só pode ser. Como ela some desse jeito? Não me avisa nada. Vou acabar com a raça dela. — a porta é aberta com força.
— Bom dia! Amor. — sorrio sentando na cama.
— Bom dia! nada, quero saber onde está a mulherzinha que você veio ver. — fala procurando a tal mulher no quarto.
— O problema agora é seu. — Anna falou batendo a porta.
— Onde está ela? — questionou de novo.
— Amor, não tem mulher nenhuma. — afirmo ficando em sua frente.
— COMO NÃO TEM? VOCÊ ACHA MESMO QUE VOU ACREDITAR QUE ME LARGOU SOZINHA EM OURO PRETO E VEIO PARA CÁ POR ALGO MAIS IMPORTANTE DO QUE EU E SEU FILHO? — gritava acertando socos nos meus ombros.
— Rebeca, calma. Não é nada disso.
— Por que estão brigando? — a voz de Dominique ecoa em meio aos barulhos que Rebeca faz.
Ela paralisa, olha da garota para mim. Sem nada entender. Dominique está com os olhos arregalados, assustada.
— Esse foi um dos motivos pelo qual voltei. — falo. — Os outros dois devem estar dormindo. — digo prendendo o riso.
— Dominique! Que saudade. — Rebeca a abraça.
A menina sorri feliz. Posso jurar que elas choram simultaneamente. Rebeca ficou de joelhos na frente dela. Nesse instante Eliel aparece na porta. O garoto usa um pijama meu antigo, adoro roupas folgadas para dormir.
— Eliel, querido. Vem cá. — estende a mão para o menino.
Ele correu se atirando nos braços dela. O abraço foi caloroso. Parecia um reencontro de alguém que não víamos há muito tempo. Eliel chora de emoção. Observo André encarar a cena do lado de fora. Ele se esconde fugindo do campo de visão de Rebeca.
— Onde está André? — ela me pergunta.
— Aqui. — surge na porta.
Rebeca sorri. Caminha até ele, o abraçando tão calorosamente quanto abraçou as crianças. Ele chora de soluçar. Em meio ao pronto pedia desculpa a Rebeca.
— Sinto muito. Me desculpa. — falava em meio ao choro.
— Shiii! Não precisa se desculpar.
Eliel e Dominique seguram em minhas mãos. Cada um de um lado. O clima do quarto é pura emoção. Ninguém faz questão de esconder as lágrimas.
— Venham. — Rebeca nos chama.
Pela primeira vez damos um abraço em grupo. Sinto como se minha vida estivesse completa. Esta a partir de agora era minha família. Faltava apenas Teodoro para minha felicidade ser completa.
Fim do capítulo
Que momento fofura, não acham?
O fim está pertoooo.
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Baiana
Em: 01/05/2022
Rebeca é do tipo que atira primeiro,e pergunta depois kkkk
Infelizmente hoje em dia, tá difícil diferenciar bandidos de policiais,ainda bem que alguns se salvam
Oba! Família reunida,agora só pegar a tropa e voltar para a fazenda para o encontro da grande família
Ana e Heloísa,as duas em negação,e sendo orgulhosas,como se isso esquentasse cama...
Marta Andrade dos Santos
Em: 01/05/2022
Eita Rebeca quase mata a pobre da Alice.
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Lea
Em: 30/04/2022
Nossa,sou muito chorona, estou me derretendo em lágrimas por ver esse reencontro. Foi lindo!
A Alice desafiou a morte, porém foi por uma boa causa.
E como o André decorou o número da Alice? Que bom que ele tem uma boa memória!
A Anna merece ser feliz! Torcendo por isso!!
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