Um casamento às pressas
Naquela semana eu encontrei mais vezes com Gwen na rua, tivemos o segundo encontro no sábado, e na próxima semana eu continuei a encontrando na rua. O que era bom por um lado, porque os demais soldados não me interrogavam com frequência se não fosse ela quem estivesse lá, porque sempre havia algum que me reconhecia como sendo a “companheira de G”. Por outro lado, Gwen estava sempre séria e mais contida desde o nosso primeiro encontro.
Quando a encontrei na rua durante a segunda semana e ela estava me revistando sem grande minúcia, eu decidi testar a paciência dela, porque estava irritada com o seu comportamento. Eu queria acabar com as encenações públicas de uma vez e ela não estava ajudando, mantendo-se fria quando devíamos mostrar o quanto estávamos envolvidas. Apaixonadas o suficiente para nos casarmos sem pensar nas consequências. Era o que falavam de amor verdadeiro, não é mesmo? O que as pessoas adoravam comprar nas vitrines.
Pensei então que apimentar a imaginação dos soldados não nos faria mal algum, pelo contrário, mostraria nosso engajamento. Eu só esperava que ela entendesse isso.
— Você podia vasculhar mais devagar, para eu aproveitar por mais tempo. — Digo com um sorriso de lado enquanto ela estava abaixada a minha frente, apalpando minhas pernas.
— Em público? — Ela me olhou por um instante, erguendo a sobrancelha.
— Não seja por isso. — E ela tinha falado exatamente o que eu queria que ela dissesse. — Passe lá em casa depois que terminar aqui. Manuela vai para a casa do Samuel, teremos a casa livre para nós. Digo... ainda tem Aurora, mas ela gosta de você também, então não será problema.
— Ir à sua casa? — Ela se levantou e inclinou a cabeça, genuinamente confusa. Olhei sobre o seu ombro, para os seus colegas soldados logo ali, fingindo não prestar atenção na nossa conversa, então envolvi o pescoço dela, juntando nossos corpos.
— Sim, por que não? Ou você vai estar no trabalho essa noite também? Seria bom ocupar aquele espaço na minha cama.
— Ana... estamos na rua, podemos combinar isso depois, sem pressa.
Suas mãos pararam na minha cintura, expressão séria, mas eu via suas bochechas coradas, denunciando que a tinha atingido com a minha proposta. O fato é que eu queria acabar logo com aquilo, se pudesse enfi*ria uma aliança no dedo dela se significasse que não precisaria mais lidar com as abordagens dos soldados. A verdade era que eu ainda tinha medo; temia pelo encontro com a soldado que quebrou o meu braço, porque eu sabia que aconteceria, mas não sabia até onde ela iria uma segunda vez.
Se Gwen estivesse certa, eu queria o casamento para não precisar nunca mais lidar com a desconfiança de um soldado tão diretamente. E para isso eu tinha que ser uma boa atriz, ainda que odiasse a plateia. Gwen teria que colaborar para isso também, porque não estávamos saindo do lugar naquele relacionamento de mentira.
— Por que ir devagar? Eu compenso meu braço de outras formas. — Sorrio com malícia, vendo suas bochechas ruborizarem com maior intensidade, o que considerei uma vitória, porque ela não podia conter isso.
— Eu pego o turno da noite hoje, querida. — Ela apertou os dedos na minha cintura, os olhos escurecendo.
— Eu cubro você essa noite. — Um colega soldado se pronunciou de repente, ficando ao nosso lado. — Não se preocupe, você nunca faltou, e seria um motivo muito importante para faltar hoje.
— Vê? É realmente importante que venha, G, ou vai deixar sua mulher jantar sozinha? — Insisto, vendo suas bochechas ficarem ainda mais vermelhas.
— Vá, G! — O homem ao lado insistiu também, dando um tapinha no ombro dela. — Deixar a própria mulher desacompanhada a noite é um pecado. O que ela pensaria de você, deixando-a sozinha? A menos que queira que eu vá fazer companhia para ela, eu não vejo qualquer problema. — Ele riu e eu sorri, vendo que ela o encarou com seriedade, mas suas bochechas vermelhas tornavam a tarefa de o repreender impossível.
— É o que você quer, G? — Inclino-me em sua direção, tendo o seu rosto perto, mas desvio até sua orelha, fingindo falar baixo, mas deixando que o outro soldado escutasse. — Eu te farei trabalhar a noite toda na minha boca.
Se ela pudesse desaparecer, ela o teria feito, toda a sua pele estava vermelha e o seu colega soldado ria alto da cena. Minha missão estava cumprida, e eu a tinha deixado constrangida o suficiente para ela nunca se esquecer de não me tratar com tanta distância. Algo que ela tinha feito desde o nosso primeiro encontro, tornando toda aquela situação muito incômoda.
Mas ela se vingou também, mais rápido que eu premeditei, e no instante seguinte ela estava me beijando. Eu não pude afastá-la porque estávamos perto de soldados, então retribui ao beijo enquanto seus colegas faziam barulho a comemorar. Quando ela se afastou, mordeu meu lábio, olhando-me de perto.
— Vamos ver quão boa essa boca é ou se é só conversa sua, srta. Martins. — Ela me disse em desafio.
— Eu vou te esperar em minha casa em breve então, soldado. — Sorrio, selando seus lábios antes de me afastar. — Não demore.
— Eu iria agora mesmo. — Ela me piscou o olho. — Mas eu te darei um tempo para se preparar.
— Claro. Vou me arrumar especialmente para a nossa noite, G.
Seus colegas ainda faziam piadas entre si, mas acenaram respeitosamente para mim quando eu passei por eles, rumo à minha casa. Minha ideia inicial, além de tirar Gwen do seu estado de frieza, era mostrar aos soldados que estávamos apaixonadas e empenhadas a estarmos juntas, ao menos em público, o que indicava que estávamos sérias sobre aquele relacionamento. Casais que não queriam ser vistos juntos não queriam levar a relação adiante, era algo mais comum das pessoas pensarem. Se Gwen e eu mostrássemos abertamente que estávamos juntas, então não tínhamos receios de que nos vissem. Eu sabia que eram detalhes pequenos como esses que iriam convencer as pessoas de que éramos apaixonadas o suficiente para casarmos. E eu esperava que Gwen entendesse que meu convite explícito em frente aos seus colegas para trans*rmos era somente para mostrar que estávamos ativas em nossa relação de mentira.
Manuela me ajudou a preparar o jantar, eu coloquei roupas confortáveis após tomar banho, sem precisar realmente me arrumar para a minha namorada de mentira. Gwen chegou pouco depois que Manuela saiu, indo colocar em prática seu próprio namoro de mentira com a minha namorada. Ela ainda vestia o uniforme do seu trabalho, e eu vi o jipe com seus colegas em frente à minha casa. Acenei para eles, que também acenaram, então puxei Gwen para dentro e suspirei, olhando pela brecha da janela para ter certeza de que foram embora. Quando me virei, Gwen me encurralou na porta, as mãos espalmadas na parede de cada lado meu, seu rosto próximo e a respiração quente e lenta, a expressão séria.
— Qual é o seu problema? — Seu tom saiu duro e controlado, em contraste com a expressão firme. — Quer apressar o processo de termos filhos também agindo como uma cadela no cio?
— Eu tenho um braço quebrado, mas tenho todo o resto para quebrar seu nariz se me chamar de cadela no cio de novo. — Digo na defensiva, sem entender o tom dela.
— É? Eu adoraria te ver tentando até ter o outro braço quebrado, princesa.
Eu não pensei muito quando forcei minha cabeça para frente e acertei a testa no seu nariz. O impacto não foi grande porque estávamos próximas, mas ela se afastou, cobrindo o nariz com uma mão e gem*ndo com dor.
— Se vai começar a agir como um soldado sem cérebro, é melhor que vá embora e nunca mais olhe na minha cara, Gwendoly. — Digo com seriedade ao sentir meu coração acelerar, temendo irracionalmente que ela me atacasse de alguma forma.
— Você estaria morta em menos de um mês. — Ela falou entredentes, com raiva.
— Talvez, mas pelo menos Isa estará viva e eu não precisarei ser lembrada diariamente que você é uma idiota, eu não estarei te devendo nada!
— É o que você acha? Que você me deve alguma coisa? — Seus olhos estreitaram por uma fração de segundo, incrédula.
— E não é exatamente como você tem agido? Como se eu fosse uma missão sua? Um estorvo que você está fazendo o favor de ajudar?
— Eu gosto de você, Ana. — Admitiu, para a minha surpresa, ela revirou os olhos e tirou a mão do nariz, checando se sangrava, mas não havia sangue nenhum. — Eu tenho mantido minha distância de você porque você tem alguém e eu sei que vocês são próximas. Mas não muda meu desejo de querer que isso aqui fosse de verdade. Ainda mais quando você age daquele jeito em público, mesmo eu sabendo que é encenação para você, para mim não é.
— Mas... — Balanço a cabeça, sem acreditar. — Você disse que gosta de homens.
— E gosto. Mas eu também gosto de você desde que coloquei os olhos em você. E isso é uma maldição. Eu tenho tentado manter a situação sob controle, mas você gosta de complicar a situação.
— Eu gosto? Eu sequer imaginava que você gostava de mim dessa forma, Gwen, ainda mais quando você ficou tão conturbada no primeiro beijo.
— Eu gostei do beijo mais do que deveria, foi só isso.
— Só isso? Gwen, não é só isso. Você não pode gostar de mim, você sequer me conhece. Só estamos fazendo isso para eu poder ajudar os grupos ainda em vida.
— Eu não te conheço por completo, você me odiava por ser soldado, e eu me apaixonei por você da mesma forma.
Ela se afastou, indo para a cozinha, mas eu fiquei parada, sem saber o que fazer. Gwen? Apaixonada por mim? Só podia ser uma piada de mal gosto. Como isso tinha acontecido? Constatar que foi por isso que ela tem agido estranho quase me confortava por não ser uma completa missão para ela, mas não tornava o plano mais simples agora.
Eu a segui porque não havia muito o que eu pudesse fazer para obter explicações. Ela bebia água enquanto desabotoava a jaqueta, então retirou as luvas e respirou fundo, sentando junto ao balcão, eu sentei ao seu lado.
— Gwen... você sabe que eu não fazia de propósito as encenações, certo? Eu nunca imaginei que você tivesse sentimentos por mim, pelo contrário. Eu não sei o que fazer sobre isso. Você quer terminar?
— Não, não podemos terminar, Ana. Vamos continuar com o plano original. Só...
— Sem tanta demonstração em público? Sim, eu concordo. Eu só queria te irritar hoje por ter estado tão fria.
— Garanto que fria foi a última coisa que senti com a sua provocação. — Isso me fez rir, ela me olhou, suspirando. — Desculpa, eu devia ter sido sincera contigo desde o começo, mas eu achei que fosse passar. Não é como se eu tivesse chances contigo. Mas eu simplesmente não consigo desligar isso, se houvesse uma forma, eu faria.
— Eu sei como é isso, acredite em mim. Eu só sinto muito por não poder dar o que você quer.
— Eu sei, não se preocupe, eu sei que não é sua culpa. Eu só me sinto uma idiota agora.
— Você não é uma idiota. Quer dizer... — Sorrio, levando a mão no seu rosto e tocando seu nariz. — Está doendo? Devíamos colocar gelo para não inchar.
— Você nunca me disse.
— O quê?
— Que eu beijo mal.
— Porque você é uma idiota. — Levanto e vou até a geladeira, pegando gelo e colocando num saco plástico, volto para perto dela e coloco sobre o seu nariz, sentindo-me culpada agora em a ter acertado. — Mas não, você não beija mal. O ponto é que você pode ter qualquer mulher para explorar essa parte da sua vida, G, você não precisa se segurar por minha causa quando eu já tenho uma namorada.
— Eu não posso realmente procurar por diversão quando não conheço pessoas dessa forma, Ana. E não podemos chamar a atenção. Você tem sido discreta, isso é bom.
— Você quer alguém para diversão? — Sorrio, mantendo o gelo pressionado na região.
— Você não precisa me achar alguém para se sentir menos culpada. Eu não estou desesperada. E eu prefiro manter cautela para não estragar nossos planos.
— Não é só culpa, eu só não acho justo que você fique sem explorar algo tão importante.
— Esqueça isso, está bem? Vamos só nos concentrar em manter o que começamos. Meus colegas estão empolgados, então estamos fazendo um bom papel.
— Sim, estamos. Não deve demorar para você começar a planejar o pedido de casamento, não é mesmo?
— Não, talvez com dois meses?
— Podemos começar a morar juntas logo.
— Sim, isso nós podemos. Minha casa é maior, mais espaçosa, e sua amiga pode vir morar lá também.
— Manuela?
— Sim.
— Ah, eu tinha me esquecido dela. Ela não conseguiria pagar as contas daqui sozinha. Então sim, ela pode vir junto, ajudará a manter o disfarce já que Amy está fingindo namorar com ela. Então se ela for na sua casa, ninguém vai desconfiar.
— Você fez a sua namorada entrar nessa brincadeira de encenação também? — Ela ergueu as sobrancelhas. — Não tem medo que ela acabe envolvida com sua amiga?
— Não, de forma bastante estranha eu confio na Manuela. Eu nunca achei que isso fosse acontecer, mas desde que quebrei o braço ela tem me ajudado em tudo e isso tem nos aproximado. Então sei que posso contar com ela para fazer as coisas mais estranhas.
— Como namorar com a sua namorada.
— Sim, como isso.
— Isso é bom. Então na próxima semana começamos a morar juntas, que tal?
— Sim, pode ser. Eu deixo minha casa para alugar?
— Vende. Assim mostrará que não tem segundos pensamentos sobre voltar atrás.
— Mas é a única casa que tenho. Não vamos passar a vida inteira casadas, vamos? Eu vou acabar precisando de uma casa depois que tudo isso passar.
— Até lá nós pensamos nesse problema, nesse momento ainda precisamos convencer de que estamos perdidamente apaixonadas e malucas o suficiente para fazer tudo rapidamente.
— Você tem certeza? — Respiro fundo, desconfortável.
— Sim, eu tenho. Mas de qualquer forma, depois do nosso encontro sábado eu te levo na minha casa para você conhecer com os seus próprios olhos.
— Claro. Falando em pensar no agora, que tal o jantar?
— Estou faminta.
— Ótimo, eu também. Me ajuda a servir?
Ela moveu a cabeça para concordar, então nos movemos para pegar a comida e nos servirmos. Apesar do estranho fato de que ela gostava de mim, pudemos aproveitar a noite e o jantar em clima mais leve, descontraído. Não era tão ruim conversar com Gwen, ela se mostrava uma companhia bastante descontraída e gostava de contar como era a vida de soldado.
Manuela voltou mais tarde com Amy, então a mandei dividir o quarto com Gwen, uma vez que ela teria que passar a noite em minha casa para fazer parecer que passamos a noite juntas como prometido.
— Não que você seja a pessoa que mais fala aqui entre nós, mas você está tão quieta hoje. — Amy comentou.
Estávamos na sala, eu tinha soltado Lênin e Aurora e eles brincavam juntos. Eu disse a Amy que tornaria o cachorro dela responsável, então agora eu o impedia de fugir para a rua e ele passava o dia em casa com Aurora.
— Então... — Amy insistiu. — Aconteceu alguma coisa?
— Infelizmente, sim.
— A soldado fez alguma coisa?
— Sim.
— O que ela te fez? — Ela soou preocupada.
— Você vai acabar não gostando.
— Eu já não gosto da ideia que ela te fez alguma coisa.
Suspiro, deixando minha caneca de chá sobre a mesinha de centro e abraçando a cintura de Amy, deitando a cabeça no seu ombro. Ela me envolveu sem contestar, beijando o topo de minha cabeça.
— Ela está apaixonada por mim. Eu posso ter contribuído para ela sair do armário com toda essa encenação de sermos um casal, e posso ter piorado os sintomas ao ter me insinuado para ela hoje para parecer que trans*ríamos a noite toda.
— Ninguém trans* a noite toda.
— Não é esse o ponto.
— Eu sei. — Ela respirou fundo por um longo momento. — Eu imaginei que isso ia acabar acontecendo.
— Como você imaginaria algo assim? — Estranho sua calma, porque nem mesmo eu seria calma para lidar com essa situação se ela estivesse me dizendo que Manuela estava apaixonada por ela.
— Se dê um pouco de crédito. Vários grupos procuraram você para ajudar a propagar a mensagem de revolução. Você está na liderança do movimento de mudar a forma como as pessoas pensam e agem sobre isso. — Ela voltou a beijar o topo de minha cabeça, apoiando o rosto ali. — Você é inteligente, linda. É arredia, mas intensa, tem uma grande imaginação e se mantém calma mesmo quando poderia estar em puros nervos. Você não quebra fácil, Ana, e ela é um soldado, acha mesmo que esse seu jeito de ser não iria atrair alguém como ela?
Eu não respondi, agradecendo que ela não podia ver meu rosto, porque o sentia quente o suficiente para saber que estava vermelha. Por que ela tinha que ter essa capacidade de falar o que pensava de maneira tão simples?
— Eu falei algo errado? — Ela pareceu preocupada.
— Você é a melhor coisa que podia ter me acontecido, Amy. — É o que digo, incapaz de retribuir a tudo o que ela tinha me dito. — Espero que não se esqueça disso.
— Oh. — Ela riu sutilmente. — Enquanto pudermos termos momentos assim, eu sempre vou lembrar.
Eu esperava que sim, porque eu me sentiria quebrada de verdade se perdesse esses momentos com ela. Se a perdesse, de alguma forma. Eu não saberia como lidar com todas essas questões dos grupos se não a tivesse do meu lado para me apoiar.
Nas próximas semanas eu me mudei para a casa de Gwen, e nesse período de mudança, Aurora e Lênin ficaram na casa de Amy. Foi difícil ficar sem minha companheira inseparável de quatro patas, mas eu estava deveras ocupada e ela precisava de sossego para enfrentar a gravidez. Quando eu já estava estabilizada na casa de Gwen, eu pude escrever com mais afinco o primeiro livro independente de Isa Miranda.
Eu comecei a fazer fisioterapia todos os dias após o período de recuperação do meu osso, mas ainda estava longe de ter os movimentos perfeitos do meu braço. Ajudou o fato de que Gwen contratou uma cara fisioterapeuta que prometia uma recuperação rápida, utilizando métodos novos e tecnologia. Claro, o esforço ainda era todo meu de enfrentar toda a dor de cada exercício diariamente.
Apesar disso tudo, no fim do segundo mês que morávamos juntas, eu já não precisava da tipoia e conseguia fazer algumas coisas normalmente com o meu braço. Movimentos finos ainda eram complicados, mas nessa altura eu estava desempenhando essa função muito bem com a mão esquerda.
Nenhum soldado me revistava com tanta frequência ou me interrogava com afinco, a não ser, é claro, a soldado Joana Torres, Gwen me disse o nome dela, a mulher que quebrou meu braço. Ela mantinha suspeitas de mim e não gostava de Gwen, mas não podia forçar interrogatórios porque os demais soldados criaram amizade pela minha relação com Gwen e impediam sempre que ela tentava ir além em suas perguntas.
Eu tinha combinado de não me encontrar com ninguém dos grupos, então nossas reuniões eram online e eles me atualizavam das suas operações. Eu colocava algumas em meu livro, mencionava o nome do grupo, e todos cumpriam com a sua parte. Eu tinha combinado com eles de que só começaria a postar textos depois que publicasse o livro. Depois disso as coisas ficariam mais intensas e teríamos que aumentar nossos cuidados.
Aurora deu à luz nesse período de dois meses, cinco filhotes vieram de sua barriga, três machos e duas fêmeas. Dois machos e uma fêmea puxaram os traços de Lênin, pretos com faixas brancas nos olhos e nas patas. Um macho e uma fêmea eram mais peludos, marrom e o peito branco como Aurora. Eram lindos e fofos.
Amy tinha vindo fazer o parto porque eu não fazia ideia do que fazer, mas ela me deu instruções e disse que Aurora agiria de maneira mais protetora sobre os filhotes, então eu não poderia mexer com eles. Ela e Lênin ficaram alocados no quintal, que era coberto, o que os daria espaço e proteção.
O inverno foi se aproximando e com isso as chuvas, o vento gelado e os chocolates quentes vieram. A casa de Gwen era grande, tinha chaminé e aquecedor, os móveis eram simples e ela não tinha quadros, porta-retratos ou enfeites. Não que eu me surpreendesse, ela era simples e prática em tudo o que fazia.
— Ei. — Digo, batendo na porta do seu quarto e entrando, porque ela estava sozinha. — Eu vim pegar mais um cobertor.
— Claro. Fique à vontade.
Ela estava sentada na cama, com algumas armas sobre o colchão, desmontadas. Fui até o seu armário e peguei um cobertor, mas ela devia ter reparado na minha curiosidade porque bateu no colchão, chamando-me. Deixei a coberta na beira da cama e sentei em frente a ela, observando.
— O que está fazendo?
— Limpando, verificando se está tudo funcionando. Mas está tudo normal.
— E como monta de novo?
Ela gostou do meu interesse, e não se demorou em começar a me explicar como montava cada arma, nomeando as peças que eu nunca lembraria o nome de uma só vez. Ela era mais exibida que Amy com uma arma, e não fez mistério em me deixar manusear uma pistola, provavelmente porque estava sem munição como ela mesma me disse, o que achei bom, porque meu braço ainda precisava melhorar.
— Você já está conseguindo manter o braço firme. — Ela comentou enquanto eu mirava o espelho, mas somente porque eu queria me ver segurando a arma.
— Ainda incomoda, dói para manter.
— Você quer testar com munição? — Ela ofereceu. — Assim você sente o coice da arma.
— Você quer que eu atire com um braço meio ruim? — Baixei a arma, olhando para ela.
— Não em mim, é claro.
Reviro os olhos, ela riu, levantando-se e afastando o espelho, revelando uma parede revestida com alguns alvos vermelhos marcados. Ela pegou a pistola da minha mão e colocou o pente com munição, então parou do meu lado e posicionou na minha mão ainda com a trava acionada.
— Isso não vai atravessar a parede, vai? — Perguntei, erguendo o braço e mirando nos alvos.
— Não é tão potente assim. Agora, se fosse uma granada, ou um fuzil, então sim, iria derrubar minha parede.
— Você tem essas coisas em casa?
— Sim, estão guardadas. Longe do alcance de crianças. — Ela apontou para cima, eu olhei, vendo um relevo no teto que mostrava um puxador, o que me fez soltar um ar surpreso porque nunca tinha reparado. — Precisa do código para liberar.
— Interessante. Eu vou poder testar também? — Sorrio, somente para a provocar.
— Em casa? Nunca. Mas posso te levar até a base e você poderá praticar com armas mais pesadas.
— Sério?
— Sim. E você teria que aprender de qualquer forma depois que casarmos. Não faz mal que aprenda agora.
— Então como eu faço para mirar certo? — Voltei minha atenção aos alvos, fechando um olho e mantendo o outro pressionado para enxergar.
— Não fique tão tensa, relaxe os ombros. — Ela pousou uma mão sobre meu ombro, baixando-o. — Preste atenção na sua respiração, devagar, assim você tem o controle do seu corpo. Mantenha o pulso firme quando tirar a trava, então quando se sentir pronta, puxe o gatilho.
Eu fiz o que ela falou, relaxando meus músculos, mas mantendo as mãos firmes. Baixei a trava, respirei fundo, então atirei. O coice foi mais sutil do que estava esperando, o estalo ecoou em meus ouvidos, diferente da arma de Amy que tinha silenciador. Eu não acertei o ponto central, mas era na base do 60, então considerei que fosse bom.
— Nada mal para a sua primeira vez. — Gwen me parabenizou.
— A primeira vez eu acertei o vidro do carro, mas agora parece bem melhor. — Baixei minha pistola e puxei a trava, gostando da sensação macia e firme do couro no cabo, que era vermelho escuro.
— Espero que a pessoa tenha merecido. — Ela riu. — Por que parou? Já está cansada? Termine a munição. E acerte no alvo central agora.
— Oh, eu realmente posso?
— Claro, por que não? Você começou bem, não pare agora.
Sorrio, alegre. Voltei a tirar a trava da pistola e mirei no alvo outra vez. Então eu apertei o gatilho uma vez atrás da outra, buscando manter meu braço firme na mira. Não incomodou o tanto que eu achei que fosse incomodar, eu estava ficando melhor do que estava me dando o crédito. Das 9 balas, eu acertei duas no 90, bem próximo do 100 central, as demais ficaram entre 70 e 80.
— Olha só, você leva jeito. — Gwen me parabenizou. — Está até merecendo minha Imbel.
— Ela tem nome?
— É a marca. — Ela riu.
— Se está oferecendo, eu aceito. — Eu a olhei em desafio, porque eu realmente tinha gostado.
— Tudo bem, você pode ter ela. — Ela tocou meu queixo. — Tão logo conseguir a licença de uma arma. E não me olhe desse jeito, eu não posso te dar uma arma se não tiver licença. Quer que eu vá presa?
— Eu tenho uma arma em mãos, você vai presa?
— Você está usando comigo do seu lado, não portando uma na rua. Como eu disse, você pode vir comigo e começar as aulas na base, não vai levar muito tempo para conseguir uma licença. Depois disso eu te dou essa de presente, que tal?
— Está bem, eu vou te cobrar. — Devolvo a arma para ela. — Eu gostei dela.
— Ela ficou muito boa depois que fiz modificações nela, causa bastante dano e é bem fácil de usar, não acha?
— Sim, achei bastante simples. E é confortável.
— A pergunta óbvia é: para o que exatamente está pensando em usar essa arma? Sua namorada não está levando a sério o namoro de mentira com a sua amiga, está? Porque se for por isso, eu sou obrigada a te confiscar.
— Ou me ensinar a ocultar corpos, fazer parecer que foi acidente ou autodefesa. — Sugiro com um sorriso de lado.
— Quem diria que você tem um lado perigoso. — Ela riu.
— Olha onde estamos, Gwen. Aquela idiota da Joana quebrou meu braço. Adoraria retribuir o favor, é claro. Estou sempre sabendo das operações de todos os grupos, sabendo que no menor descuido seremos todos presos e interrogados da pior forma.
— E então mortos. — Acrescentou.
— Vocês, sim. Eles me manteriam viva para eu não virar um mártir. Destruiriam a imagem de Isa Miranda primeiro, e então iriam me matar, mas devagar. Tudo será em vão. — Suspiro e desvio o olhar para os alvos na parede. — Eu sei que eles vão acabar descobrindo minha identidade, mas eu quero estar preparada para esse dia, porque eles não vão me levar viva.
— Que pensamento péssimo o seu. Por que não se concentrar em ficar viva e evitar que descubram o máximo de tempo possível?
— Estou fazendo isso, Gwen. O que estou dizendo é que não quero ser protegida e ainda ter que usar vocês de escudo para sempre. Eu quero ser mais útil se precisarem.
— Você está sendo útil, Ana. Nós queremos seu cérebro inteiro, você não precisa lutar. Queremos sua imagem, suas palavras, sua voz. Essas são suas armas. — Ela indicou a pistola que segurava, atraindo minha atenção. — Isso aqui é secundário. Eu sei que deve se sentir um peso para nós, dos grupos ativos, mas acredite em mim, você não é. Pelo contrário. Queremos você protegida porque você inspira as pessoas, Ana. Como uma rainha, nós somos seus soldados, e queremos você para estar sobre nós.
— Eu não escolhi isso.
— Eu sei que não. Mas você é a melhor pessoa que conheço para estar nessa posição. Você é aplicada, inteligente, gentil, e se preocupa com o destino das pessoas e quer fazer algo para mudar isso. Você tem uma percepção que ninguém tem. E está unindo os grupos por uma só causa. Você é mais que um soldado, Ana, você é muito mais.
Suas palavras me reconfortaram, eu a fiquei olhando, sentindo a intensidade. Eu tinha aprendido a gostar dela nesses meses em que estávamos... trabalhando juntas. Ela tinha esse lado atencioso que sabia o que dizer para me acalmar e tirar minha angústia, e eu não sabia o que fazer com isso, porque ela gostava de mim, eu sabia que continuava gostando, e já era tão confuso lidar com isso quando tínhamos que agir como um casal real.
— Então... — Ela caminhou pelo quarto e abriu a gaveta de cabeceira, pegou algo de dentro e voltou até mim, estendendo uma pequena caixa vermelha. — Eu comprei as alianças. Estava me perguntando se você me daria a honra de ser minha esposa, Ana Martins.
— Agora? Mas não tem ninguém aqui. — Eu peguei a caixinha e abri, sorrindo com os anéis combinando, simples e de ouro.
— Eu sei, mas julguei que seria melhor que ao menos algo nisso tudo fosse mais pessoal nosso do que uma encenação em público. — Balancei a cabeça para concordar. — Sei que não é uma situação fácil, para nenhuma de nós. Mas quero que saiba que adorei ter o prazer de te conhecer e passar tempo contigo, Ana. E quero manter nossa convivência o mais agradável possível.
— Você já faz tudo, Gwen, não é tão terrível. Eu gosto de você também. — Pego o anel e coloco no meu dedo, entregando para ela a restante. — E também quero tirar o melhor disso.
Ela sorriu, pegando a aliança e colocando no próprio dedo, deixando a caixinha sobre a cama.
— Vamos brindar?
— Claro.
Não paramos no primeiro brinde, no entanto, eu lembro que estávamos rindo e ouvindo música enquanto contávamos histórias constrangedoras. Foi bom, realmente bom, ter minha cabeça longe dos problemas e das responsabilidades, esquecendo a loucura que estávamos fingindo ali. Então lembro que Amy chegou junto a Manuela, e houve alguma discussão, mas eu acabei sendo levada para o banheiro e obrigada a tomar banho.
Eu me senti mais irritada com Amy por ter interrompido meu único momento de loucura em anos. Eu sei que fui mais grossa e disse coisas que poderiam magoá-la, mas por algum motivo eu não conseguia parar de falar, e ela insistia em me manter debaixo do chuveiro.
— Você realmente quer ser tão íntima da mulher que diz na sua cara, com todas as letras, que está apaixonada por você? — Ela me perguntava, irritada também. — Qual o seu problema, Ana? Você quer levar esse casamento a sério e ser a mulher dela?
— E o que você está fazendo para impedir isso? Você só sai com Manuela agora, faz semanas que sequer dormimos juntas. E você está preocupada porque eu bebi um pouco a mais do que estava acostumada?
— Você sabe melhor que ninguém que eu adoraria estar no lugar dela e sermos nós duas à nos casarmos.
— Então por que? Por que você está me deixando fazer isso? Por que não faz alguma coisa sobre isso ao invés de simplesmente vir aqui e dizer que não posso ter um dia para me divertir?
— Não é diversão se você perder o controle, Ana.
— O que você acha que eu faria, Amy? Só estávamos conversando!
— Você iria gostar se eu estivesse bêbada com Manuela?
— Você está sempre com Manuela, não há nada para gostar nisso!
— Foi sua ideia, Ana, sua ideia.
— Para você vir aqui, Amy, não para estar sempre com ela na rua. Mas ela deve ser mais interessante para você agora que eu não tenho mais nada para te oferecer, não é?
Ela desligou o chuveiro e seus olhos ficaram marejados, sua mão se fechou em punho e eu me arrependi no mesmo instante do que disse, porque não era como se eu acreditasse que ela esteve comigo por interesse por todo esse tempo. Ela sempre foi a primeira a querer me proteger, e não ao ideal de Isa Miranda. Mas eu estava tão irritada e frustrada por não poder estar com ela livremente, era impossível engolir a sensação amarga que me corroía nas últimas semanas quando a via sair com Manuela.
— O que você quer Ana? Você decidiu aceitar o plano do soldado, e eu entendo, está bem? É por sua segurança. Você teve a ideia de fingir esse namoro com Manuela. O que está pensando agora? Acha que estou tendo um caso com ela? Depois de tudo, acha que eu faria isso com você? Que droga, Ana, tudo o que tenho feito é para te manter segura e nos manter juntas, o que você quer agora?
— Eu quero que tudo pare, Amy, quero que tudo deixe de ser tão complicado. — Cruzo os braços, sentindo frio enquanto as gotículas escorriam pelo meu corpo e meus músculos contraíam para me aquecer. — Eu não queria nada disso, eu só achei que era o certo a fazer. Mas todo dia eu acordo achando que terei uma arma apontada para a minha cabeça ou que farei algo errado se não interpretar meu papel direito. E eu não quero morrer, eu realmente não quero morrer! Mas estou com medo que isso ocorra a qualquer momento, e eu sinto muito se quero passar tempo com você longe de todo esse drama, mas é simplesmente impossível fazer isso quando temos que fingir as coisas o tempo todo. Então eu não sei mais o que quero, eu só queria não querer nada por algumas horas. Mas eu não posso, posso?
— Não, não se isso te deixa pior. — Ela se afastou e pegou meu roupão, estendendo para mim. — Vá colocar uma roupa, eu vou pegar água e aspirina para você.
— Você não precisa fazer isso. Eu sei que não estou em meu melhor agora, e sei que você está magoada comigo. Você pode ir embora se quiser.
— Você quer que eu vá?
— Não, mas também não quero discutir com você.
Ela suspirou, movendo a cabeça para concordar. Ela foi embora, mas porque eu era uma idiota e tinha estragado tudo. Eu somente fui para a minha cama e busquei dormir, a ausência do efeito do álcool fazendo todo o trabalho. Pela manhã senti a dor de cabeça, tinha sido minha própria culpa e eu sabia disso, mas não amenizava o impacto.
Eu não queria ouvir ninguém naquela manhã, então troquei de roupa, deixei comida para Aurora e Lênin e limpei a sujeira deles no quintal. Peguei o meu carro e dirigi para a lanchonete, porque queria paz longe de todo mundo. Eu me senti bem com o café e os pães de queijo, a dor de cabeça foi diminuindo com aquela minha antiga rotina de frequentar à Helena.
O que eu estava fazendo com a minha vida, afinal? Iria me casar com um soldado somente para me manter a salvo. Amy deveria me odiar, mas eu duvidava que ela era capaz de odiar qualquer um, porque mesmo tendo o lado mais profissional e determinado, ela era doce e tinha o sorriso mais cativante. Como eu podia estar estragando algo que eu realmente gostava quando tínhamos concordado com aquela situação desde o começo?
Eu queria poder culpar o álcool, mas eu era a única culpada. Eu não queria perder Amy, por mais egoísta que pudesse estar sendo. Estava exausta de toda aquela situação que nos colocamos, mas eu tinha que aguentar. O ideal da revolução precisava de sacrifícios que todos nos grupos estavam dispostos a lidar, eu não podia ser exceção; não quando já faziam tanto para me ajudar. Por mais avassalador que pudesse ser, eu tinha que tolerar essas dificuldades. De que outra maneira mudaríamos o sistema se não nos modificássemos primeiro?
Agir como um cordeiro dentro das normas da nossa sociedade era um preço a pagar se eu queria a segurança de não ser mais abordada nas ruas. Principalmente quando estava provado que o meu temperamento nunca me ajudaria nessas situações. Se eu fosse comparar às mortes, prisões, tortura que muitos sofreram nessa luta quase silenciosa por mudanças, não estar publicamente namorando com Amy era um preço menor, ainda que não fizesse doer menos ou tornar menos complicado.
Ainda assim eu não me daria ao risco de perde-la. Eu precisava dela, porque seria insano continuar nessa luta ao lado dos grupos se não a tivesse do meu lado. Eu tinha que achar uma forma de consertar as coisas. Liguei para Samuel; uma ideia me ocorrendo.
— Olha só quem resolveu ligar, eu estava quase indo verificar se sua esposa de mentira não tinha te colocado num saco preto para dormir e não na cama. — Ele falou bem humorado.
— Desculpa sumir, as coisas tem estado bastante agitadas nesses tempos. — Digo com sinceridade, sentindo-me culpada por não manter contato diário com ele, como fazíamos antigamente.
— Eu estou brincando, sei que você está lindando com outra vida agora. Eu posso ir na sua nova casa para conversarmos.
— Não, estou na Helena agora. Mas eu preciso de sua ajuda em algo.
— Claro, qualquer coisa.
Ele gostou da ideia, claro que gostou, acima de todos ele gostava de ser o cupido. Ele me pediu dois dias, eu concordei.
Mas eu não tive dois dias.
Noivei num dia, e no seguinte, Gwen me levou para uma confraternização entre soldados e o General. Mas não era só isso, nós descobrimos isso tarde demais, pois um juiz estava lá e ele iria colher nossas assinaturas para oficializar nossa comunhão. Quem tinha organizado tudo isso? Joana Torres.
Fim do capítulo
E estamos nos aproximando do fim, gurias :D
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A autora escreveu, corrigiu, contratou uma pessoa para revisar, registrou, e ainda está doando o livro, diz que não é muito amor haha
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Em ambos dá para garantir o livro físico :)
Em breve Born, livro 2 entrará em fase de pré-venda com conteúdo exclusivo e preço imperdível hm? Não deixe de apoiar a autora ;)
Até a próxima, e não se esqueça!
Revolucione-se!
Comentar este capítulo:
Dressa007
Em: 16/04/2022
E o tiro saiu pela culatra... Gwen está apaixonada isso era de se esperar... Amy coitada não está fácil pra ninguém... espero que fique tudo bem com o meu casal ... Ana e Amy
Autora mais uma vez obrigado por mais um capÃtulo.
Resposta do autor:
Tadinha da Gwen. Já se descobriu sapata no sofrimento
Vamos acender as velas para a Amy e rezar, as coisas tão complicadas ahahah
Eu quem agradeço dona Dressa :) por comentar ;)
Até o próximo!
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