Patrícia e Diana conversavam ao telefone.

 

--Aí foi o de sempre, sabe amiga? Minha família pra lá, eu pra cá... – contava sobre as festas de final de ano – Colei com umas amigas e a gente fez uma festinha tranquila no natal. Réveillon foi nas areias de Copa. Lotaaaado! – enfatizou a última palavra

 

--Taí uma coisa que eu um dia pretendo fazer: curtir a virada vendo a queima de fogos em Copacabana! Mas antes tem que convencer a mulher, que morre de medo de multidões! – achou graça

 

--Diz pra ela que não faz medo. Se quiserem apoio de uma guia local na ocasião, tô dentro! – brincou

 

--Bom saber! – respondeu animada – Ter uma poderosa influencer lésbica como guia não é pouca coisa não!

 

Pensou no assunto e se entristeceu. -- Ai, amiga, sabe? Depois do sucesso todo que aquele Congresso fez e de ver meu perfil no SeuTubo chegar a marca dos 500 mil inscritos, pensei que fosse ficar rica! Mas que nada... Continuo dependendo desse emprego explorador que acaba comigo! – desabafou

 

Achou graça do que ouviu. – Paty, olha só, se situa! O tempo em que se podia ficar milionária como SeuTuber num estalar de dedos já passou! – advertiu – Tem muita gente no páreo e você tem que ralar muito pra conseguir seu lugar ao sol! Não basta ter quinhentinhos inscritos, porque isso muita gente tem! – explicava – Pra monetizar a ponto de viver disso, e sem apelar pros anúncios gráficos como você faz, fica bem mais difícil!

 

--É, tô sabendo... – suspirou – Mas eu não quero que meus seguidores sejam bombardeados por anúncios de coisas que nem uso só pra ganhar dinheiro às custas disso. A militância tem que ter algo de poesia também, né? – pausou brevemente -- Enfim, é como diz Camarada Sapa: a labuta LGBT continua! – brincou

 

--E aquela tua chefa louca? – perguntou curiosa – Tá te vendo bater papo comigo aqui e não fala nada? Quê que deu nela?

 

--Viajou pra Porto Alegre, relaxa. – respondeu despreocupada -- Hoje a coisa aqui tá tranqui. – começou a digitar no notebook

 

--DONA PATRÍCIA!!!! – a voz de Joelma ecoou inesperadamente – TRAGA UM CHÁ DE CAMOMILA PRA MIM AGORA MESMO!! – ordenou

 

--Ai, meus sais... – Patrícia levou uma susto e derrubou o fone no colo

 

--Ué? Ela tá aí?? – Diana perguntou surpreendida – Amiga, fui! – desligou

 

--O que a senhora faz aí de fofoca no telefone da empresa, posso saber?? – parou diante da funcionária

 

--Que é isso, chefinha? – colocou o fone no gancho – A senhora não deveria estar num avião a essa hora? – perguntou sem graça – “Mas que praga que essa desgraça não viajou!” – pensou contrariada

 

--Voo cancelado por causa do mau tempo em Porto Alegre. – seguiu para sua sala – Tá esperando o que pra trazer meu chá??? – gritou—CORRE!!!

 

--Tô indo, chefinha! – levantou-se de um pulo e correu para a copa – O mau tempo é lá mas a trovoada é aqui, na minha cabeça! – resmungava

 

--CORRE!!! – gritou novamente

 

--Ai, meu Deus, tô correndo! – começou a correr

 

***

 

Zorayde conversava com a neta na sala da mansão dos Ajami-Hafeez.

 

--Confesso que fiquei chocada ao saber que o jovem e tão promissor Hassan Haroon é um viciado em jogo. – passava hommus no pão – Está cada vez mais difícil encontrar bons partidos na região! – mordeu um pedaço

 

Revirou os olhos discretamente. – Vóvys, por favor! – fez um gesto afetado – Eu até quero me casar um dia mas não vai ser por agora! – bebeu um gole de suco – E, pardonne-moi, será com quem eu escolher, by the way. – deixou claro

 

--Humpf! – não gostou do que ouviu – Eu me casei bem cedo, menina, e sua mãe foi aos 20! – limpou os lábios com o guardanapo – E com quem a família escolheu, seguindo a tradição.

 

--E a senhora, mamys e eu somos bem diferentes! – cruzou as pernas – Ao contrário das duas, eu sei dizer não! – sorriu e se serviu de um pedaço de pão com hommus

 

Decidiu mudar de assunto. – Como vai a carreira de... influencer ou seja lá como for que se chame o que você faz? – perguntou para ter assunto

 

--Bombando! – respondeu satisfeita – Mas não considero como carreira. Pra mim é um prazer, sem qualquer compromisso, e sendo rica não tenho necessidade de me preocupar em ganhar dinheiro ao fim de cada mês.

 

--De fato, isso é verdade. – concordou

 

“Onde será que ela quer chegar com essa visitinha básica?” – perguntou mentalmente – “Papys trabalhando no escritório, mamys no restaurante... o que será que ela quer?” – estava intrigada

 

--Eu soube que você foi convidada para passar o carnaval na Paulista... – a mulher comentou tentando ser casual – Seu pai me disse isso ontem.

 

“Hum... e eu que não sabia que papys vivia com esse nível de papitho com a sogra.” – pensou desconfiada – Pois é, vóvys. Frutos que se colhem quando se vira uma espécie de celebridade na internet, além de ser garota propaganda de uma série de marcas poderosas como S.Hterny e Viveráh. – respondeu antes de beber um gole de suco – Sabia que estou na casa dos mais de dez mil fãs? – exibiu-se

 

--Que ótimo. – respondeu sem empolgação – Mas... Samir me disse que você pediu para Sayruci ir junto e ele concordou porque estará fora à negócios. – prestava atenção na neta – Por que tanto interesse na companhia da sua mãe se você gosta mesmo é de viver assim... solta, vamos dizer? – queria entender o que havia por trás de tudo aquilo

 

--Bem ou mal, papys tem que concordar com esse tipo de coisa, porque se ele cismar de bloquear meus cartões de crédito... faço nada, né, vóvys? – pegou mais um de pedaço de pão – E qual melhor forma de conseguir isso do que tendo mamys ali pra me vigiar? – mordeu um pedaço – “Se ela pensa que vou dar mole de abrir o jogo... probecita!” – pensou com vontade de rir

 

--Você também andou levando sua mãe para São Paulo em novembro, não? – achava estranho

 

--Yes, I did. – respondeu calmamente – Imagina se papys ia me deixar sozinha, linda, leve e solta tirando fotos com a mais nova coleção de joias da Viveráh, sabendo que o sedutor Orlandinho Tzalys estaria presente? – considerou – No way! – fez um gesto afetado – Com mamys junto, aí... ele confiou! – piscou para a avó – É nisso que eu penso, vóvys!

 

--Hum... – prestava muita atenção ao que ouvia – E aquela sua história de virar uma defensora das causas LGBT? – continuava sondando – Depois do seu envolvimento no caso Telminha Magalhães Aguiar...

 

“Eu ainda não entendi qual é a dela!” – pensava intrigada – Vóvys, vou te contar a real, sem cortes. – bebeu mais um gole de suco – Acontece que tenho muitos seguidores LGBT e eu não gosto de desagradar os meus fãs. Vez por outra me chamam pra aparecer em algum evento tipo arco íris e eu vou sem trauma. – limpou os lábios com guardanapo – Mas nem por isso a bandeira LGBT é um símbolo que vivo empunhando por aí. Eu quero ibope, entende? – estava sendo sincera – Simple like that!

 

--Entendi. -- balançou a cabeça – Faz sentido, pois afinal, é tudo um negócio e negócios são negócios... – considerou -- “Ela não me parece estar ajudando a mãe a se aventurar com alguma mulher por aí! Realmente pensa apenas em si e em se favorecer...” – pensava – “Basta saber se Sayruci tem sido esperta o suficiente pra tirar proveito disso!”

 

“Se ela pensa que vou dar mole pra que desconfie que mamys tá de caso com Orlandinho...” – pensou divertida – “No way, vóvys!” -- sorriu

 

***

 

Vera estava ocupada em uma atividade do condomínio quando sente o celular vibrando no bolso da calça. – Quem me chama nessa hora imprópria? Mas que coisa! – olhou para a tela do aparelho – Ih, número privado! – arregalou os olhos – Eita, será minha namorada? – sorriu empolgada – Alô? – aguardou resposta

 

--Oi, minha caipira safadinha! – respondeu dengosa

 

--Khaalii! – deu um pulinho – Feliz ano novo, amor! – o coração disparou

 

--Feliz ano novo, meu amor! – olhava para todos os lados – Mas, escuta, tenho que ser rápida, me perdoe. – advertiu -- O que eu queria te dizer é que vou passar o carnaval na sua cidade! – mordeu o lábio inferior – “Será que ela vai gostar de saber?” – pensou animada

 

--Verdade??? – estava radiante – Então você vem me ver?? – sorria como boba – “Eu não acredito, que maravilha!” – balançava o corpo agitadamente

 

--Ah, se você quiser... – fez um dengo – “Tomara que queira!” – desejou mentalmente

 

--É claro que eu quero, uai! – respondeu enfática – E eu vou me preparar pra te receber como rainha! -- mais um pulinho

 

--Não precisa preparar nada... – respondeu dengosa – Pra mim, basta você...

 

--Ai... – suspirou – Quando você chega? – remexia-se inquieta

 

--Eu vou te procurar tão logo possa! – viu que funcionários se aproximavam – Tenho que desligar. Beijos, amor!

 

--Beijos, minha musa! – sorria – Ai, ai... – guardou o celular no bolso – Ela vem... – sorria embevecida – Posso ficar a pão e água depois desse carnaval mas enquanto ela estiver comigo não trabalho! – deu um soco na mão

 

--Vera, o galho tá rachando! – Anderson advertiu – Cuidado aí! – saiu de perto da árvore

 

--Como é?? – sentiu a madeira trincando abaixo de si – Sinto que me dei mal... – olhou para baixo

 

--Corre!! – os vizinhos gritaram

 

--AHAHAHAH!!! – a caipira gritou antes de cair de cima da árvore – Eita! – gem*u ao sentir os galhos e folhas debaixo de si – “E não é que a peste de um galhinho foi me cutucar justamente onde não devia?” – pensou dolorida

 

--Você ficou se remexendo lá em cima, criatura! – Anderson se aproximou da síndica – Como pode? Serrando o galho e batendo papo no telefone? – criticou – Você deu mole e acabou se apoiando na parte do galho que tava pra cair!

 

“Essa minha namorada me tira do prumo...” – pensava ao tentar se levantar – Ai! – gem*u – Ajuda aqui, gente! – pediu entalada nas folhagens – “Síndica sofre!”

 

***

 

Teodora entrava na casa de Abigail.

 

--Repare não, visse? – pediu ao apontar o sofá – Como te falei, é casa de pobre! – sentou-se

 

“E põe pobre nisso!” – pensou ao reparar discretamente – Que é isso, querida? – sentou-se – A casa da musa da gente é sempre um palácio, não importa o que! – bajulou – Onde é que as rainhas moram? – piscou para a outra

 

“Ave Maria, que essa aí é fã! Muito fã!” – pensou orgulhosa – Assim você me deixa encabulada... – fez um charme – “E que piscadela linda que ela dá!” – pensou assanhada

 

--Não fique, estou sendo mais que sincera! – ajeitou-se no sofá – Mas... e então, meu bem, pensou no que lhe propus? – foi direto ao assunto – Vamos começar um negócio juntas pra fazer de você a maior autora lésbica do planeta? – sorriu

 

--Quisera eu... – suspirou – Pensei, me atinei, me atinei mas não vi solução... – respondeu sem rodeios – Não tenho dinheiro e nem da onde tirar, não sabe?

 

Ficou decepcionada com o que ouviu. – Nossa, mas... – pensava no que falar -- Um empréstimo, talvez? – sugeriu

 

--Eu até pensei nisso de empréstimo, mas não tenho renda pra banco nenhum aceitar me emprestar dinheiro, não sabe? E pra agiota não peço nem ferrando! – afirmou enfática – “Lembro muito bem do que eles faziam com as menina de dona Tonha...” – pensou disfarçando a ojeriza

 

–Ninguém pra lhe ajudar? Nenhum parente, amigo, amiga? – continuou insistindo

 

--Ninguém... – respondeu pesarosa – É todo mundo sem dinheiro e uma das minhas amigas chegou a ponto de insinuar que você era golpista, vê se pode? – fez um gesto brincalhão para tentar descontrair – E olha que falei que vi tua foto com as artista gringa!

 

--Golpista, eu? – achou graça – Mas, tudo bem, eu entendo a desconfiança dela, dessa sua amiga. Tem muita gente safada por aí. – balançou a cabeça – Pense!

 

--Tem mesmo... – concordou sem saber o que mais dizer

 

Um incômodo silêncio se estabeleceu por alguns instantes.

 

--Querida, será que me serviria um cafezinho? – sorriu ao perguntar – Basta só o cafezinho, nada mais. Não se importe com lanche.

 

“Graças a Deus, porque tinha nada pra comer! Essa casa tá em petição de miséria!” – pensou aliviada --Ah, sim. – levantou-se – Eu vou passar o café agora. Com licença. – retirou-se para a cozinha

 

--À vontade. – continuava sorrindo

 

Quando Abigail terminou de preparar o café, veio trazendo um pequeno bule e duas xícaras em uma bandeja simples.

 

--Passado na hora! – serviu as duas

 

--Obrigada, querida. – agradeceu gentilmente – Meu bem, por favor. – lembrou-se de algo – Será que me traria um guardanapo? – pediu ao sorrir

 

--Ai, que cabeça abestada essa minha! – sentiu as bochechas arderem – Vou buscar! Instante. – voltou para a cozinha

 

--Hum... – mexeu na xícara da outra mulher

 

--Pronto! – voltou com o guardanapo – Desculpe, visse?

 

--Que é isso, não se desculpe. – recebeu o guardanapo – Sem essas formalidades entre nós. – piscou para a outra

 

“Ô, piscadela safada...” – pensou empolgada – “Galega bonita!” – sorria

 

Bebeu um bom gole do café. – Delicioso! – fez um charme com a xícara – Hum... – saboreava – Café da musa... -- sorriu

 

--Ai... -- cruzou as pernas -- Também gosto muito de um cafezinho. Sabores fortes porém suaves... – fazia um charme

 

Teodora examinou atentamente o rosto de Abigail enquanto ambas tomavam o café. Ao finalizar, colocou xícara e pires de volta na bandeja. – Eu vou ser sincera, como até então não fui! – falou repentinamente – Não foi só minha vontade de trabalhar pra você que me fez te procurar... – caprichou no olhar – Foi muito mais que isso! – espremeu os olhinhos

 

--E é? – paralisou com a xícara na mão – “Ave Maria!”

 

--Foi um fogo! – aproximou-se mais – Um fogo que se acendeu dentro de mim, desde o primeiro momento em que meus olhos pousaram sobre as letras de teu conto fantástico! – fazia caras e bocas

 

--E é? – colocou xícara e pires de volta na bandeja também – “Ô, meu Pai Amado, sinto que essa fã me quer!” – pensou excitada

 

--É sim! – aproximou-se ainda mais – E aquela tua aura de mistério no Congresso... me deixasse toda... – lambeu-se – Molhadinha...

 

“É hoje!” – o coração acelerou – Pois eu vou te deixar molhada é agora! – segurou o rosto da loura com as duas mãos e a beijou nos lábios com desejo – “Ô, coisa boa!” – sentia a língua quente da outra a provocar

 

--Oh! – interrompeu o beijo com falta de ar – Um beijo de minha ídola! – jogou-se no chão da sala – Tô a ponto de desmaiar! – abriu os braços e fechou os olhos

 

--Oxe, não desmaie, não! – começou a se despir – Tem muita coisa boa pela frente, mulher! -- jogou-se por cima da outra – Venha! – beijou-a mais uma vez – E tire essas roupa... – seguiu beijando ao longo do pescoço da fã -- Pelas caridade! – enfiou a cabeça por baixo da saia de Teodora

 

--Vixe! – arregalou os olhos – Ai... – gem*u surpreendida – “E que fome de passarinha, meu Deus!” – sentia a outra devorando-lhe o sex* com lábios e língua – Ai... – sorria satisfeita

 

“Que mulher gostosa, Ave Maria!” – pensava – “E vamo tratar de deixar toda peladinha...” – levantou a cabeça e puxou a saia da loura – Fique nua! – ordenou excitada – Fique nua pra tua musa, vá! – arremessou saia e calcinha para longe

 

--Tu é um vulcão, minha rainha! – espremeu os olhinhos

 

--Tire esse roupa, mulher! – começou a tirar a blusa de Teodora – “E tinha que ter tanto laço?” – pensou agoniada

 

--Espere, minha deusa! – desvencilhou-se da outra e se ajoelhou – Eu tiro... – começou a desatar os laços lentamente fazendo um charme – E quero me entregar inteira pra você! – mordeu o lábio inferior

 

Mal Teodora se libertou da blusa, Abigail novamente deitou-se por cima dela e cobriu-lhe um dos seios com lábios famintos.

 

--Oh! – gemia segurando a outra pelos cabelos – Que loucura... Ai... – fechou os olhos

 

A escritora deteve-se ainda explorando os dois seios da parceira até voltar a se deleitar com o sex* dela.

 

--Ah... – abriu bem as pernas – Ai, não pára... – pedia ofegante – Ah, que maravilha... AH! – gritou – AH!

 

“Tô deixando minha fã maluca!” – pensou orgulhosa – “Não vejo a hora dela vir em mim!”

 

--AHAHAH!!! – Teodora gozou rapidamente – Ah... – sentia o corpo tremer

 

--Agora... – seguia beijando a barriga da outra – Me diga, linda cabrocha... – mordia a pele sob seus lábios – Gostasse? – estava se achando

 

--Fiquei impressionada... – sorriu – E quero retribuir! – reverteu as posições e sentou-se sobre a outra

 

“Ave Maria, é agora!” – pensou extasiada – Venha, que eu tô em brasa! – afirmou sensualmente

 

--Tenha calma. – colocou os dois sex*s em contato e começou a rebol*r bem lentamente – Muita calma... – falava com voz hipnótica – Temos todo tempo do mundo... – sorria para a ídola

 

Horas depois...

 

Abigail sentia uma dor de cabeça incômoda e um estranho gosto nos lábios. O chão frio e duro começava a deixar-lhe com o corpo doído.

 

--Mas que diacho...? – rolou o corpo e ficou de barriga pra cima – Onde que eu tô? – abriu os olhos lentamente e reconheceu a sala de sua casa – Oxe... – sentou-se em câmera lenta – Sensação miserável da porr*... – olhou ao redor e se percebeu sozinha – Teodora? – chamou pela outra – Teodora? – não ouvia resposta – Cadê as roupa dela? – deu falta ao se levantar devagar – “E eu ainda tô nua...” – pegou as próprias roupas e começou a se vestir desconfiada – A última coisa que eu lembro foi dela ter dito que tínhamos todo o tempo do mundo... – conversava com si mesma – Como pode eu não me lembrar de nada além...? – olhou para o móvel da sala – AHAHAHAH!!! -- gritou

 

***

 

--Minha Nossa Senhora, o que é que você tá me dizendo, criatura do céu? – Rita perguntou em choque – A tal da promoter te seduziu, botou umas podriça no teu café e roubou o notebook, celular e mais o tantinho de dinheiro que tinha na tua casa?? – estava pasma

 

--E mais um quilo de feijão, dois de arroz, uma lata de leite diet, o que sobrou do pó de café, meu bule, a bandeja e as duas xícara que a gente usou, uma vassoura e um balde! – gesticulou com ódio – Só pude vir trabalhar hoje porque fui a pé pra avenida, pedi carona e me deram, não sabe? – contava – Um caminhoneiro que voltava de Mossoró.

 

--Ave Maria, que diacho de ladra mais fuleira! E eu tanto que te falei... – balançou a cabeça contrariada – Como tu não conseguisse o dinheiro que a bicha queria, ela se conformou de levar o que podia. – concluiu – É cada pistinga que se vê nesse mundo! – estava revoltada

 

“E o pior foi que fiz a bicha goz*r com fé, mas eu mesma fiquei no hora e veja!” – pensou revoltada

 

--E tu não fosse na delegacia dar parte dessa sem vergonha? – queria saber

 

--Claro que não, mulher! – respondeu como quem diz o óbvio – Lembra que o notebook foi...? – pensava em como dizer -- Já que Duarte queria rebol*r ele, né? – sorriu sem graça

 

--Humpf! – fez um bico – Sorte a tua que o pagamento vai entrar depois de amanhã! Antes disso pode deixar que te empresto um dinheirinho pra que não fique na penúria de todo! – voltou ao trabalho – Mas assim que tu receber, me pague, visse?

 

--Agradecida, amiga. – concordou constrangida – Simbora trabalhar, né? – foi até o computador – “E eu achando que tinha uma fã!” – pensou chateada – “Agora tem nem mais como escrever minhas história e acompanhar as fofoca do mundo lésbico...” – lamentava – “Vida de sapinha pobre é osso!”

 

***

 

Sayruci e Latifah entravam no quarto de hotel. A morena estava louca para procurar por Vera mas se continha por causa da filha.

 

--Mamys, chegamos! – caminhou até a janela – Hoje vai ter uma festa MARAVILHOSA na Lomelights e eu tô dentro! – olhava para o exterior – Milena vem me buscar às nove da noite, ou seja, -- consultou o relógio – daqui a duas horas. – caminhou para perto da mala e a abriu – Vou tomar um banho, me arrumar e partir! – colocou algumas roupas sobre a cama – Quero chegar gatérrima! – foi para o banheiro

 

--Latifah, quero saber disso aí! – seguiu a filha – O que é Lomelights, quem vai nisso com você e a que horas volta? – perguntou preocupada – Quem é essa Milena? Da onde ela é? – parou diante da jovem

 

--Mamys, sai do modo mamys e entra no modo livre, leve e solta, please? – pediu segurando os ombros da outra – Super facilitei pra você vir se encontrar com o gato é assim que você me recompensa? – brincou -- Que ingrata! – sorriu

 

--Mas o que é isso? – desvencilhou-se envergonhada – Pare com essa conversa e me responda! – cruzou os braços – “Ai, se ela soubesse que é uma gata!” – pensou

 

Começou a se despir despreocupadamente. – Estamos falando da melhor balada de Sampa, vou com o pessoal da agência de modelos Blazer e Milena é uma ex modelo super estilosa que hoje em dia é a chefona do lugar. – entrou no boxe – E horas que volto, mamys? – achou graça – Desde quando eu tenho hora pra voltar? – riu

 

Não gostou da brincadeira. – Por favor, Latifah, cuidado! – advertiu – E não vá misturar bebidas novamente! – lembrava-se da última estadia em São Paulo – De preferência, nada de alcoólicos e muito cuidado para não colocarem droga no que você estiver bebendo! – aconselhou

 

--Ciente, mamys! – lavava o cabelo

 

--Cuidado com desconhecidos e não saia confiando em qualquer um! – continuava aconselhando

 

--Mamys? – abriu a porta do boxe rapidamente – Vai ver teu gato? – pediu meio de saco cheio – Amanhã eu vou gravar uma peça pro grito de carnaval e mais tarde tô lá na Paulista. – fechou a porta do boxe novamente – A gente almoça no sábado, ok?

 

Sayruci não gostava de ser tratada pela filha daquela forma. Desejava um tratamento afetuoso e mais cumplicidade entre elas. Porém, o desejo de se encontrar com Vera a fez concordar com o que acabava de ouvir.

 

***

 

Vera abriu a porta com o sorriso mais feliz que poderia dar. Ao rever a amada diante si, o coração imediatamente disparou e as mãos ficaram trêmulas. -- Entre, meu amor! – pediu

 

Em sua mente era capaz de ouvir a música que melhor explicava tudo que sentia.

 

No primeiro instante,

Vi que era amor,

No momento em que a gente se encontrou...

 

Sem dizer uma palavra, a morena entrou, fechou a porta e beijou a caipira com paixão.

 

No segundo instante, vi que era você,

Já te amo tanto sem te conhecer...

 

--Minha linda... – falava entre beijos – Saudades... – deslizava as mãos possessivamente pelo corpo da autora – Saudades... – fez com que envolvesse sua cintura com as pernas – Vem... – beijavam-se

 

É que nos meu sonhos você era linda,

Pessoalmente é mais linda ainda...

 

--Quero você, Vera! – pediu – Minha caipirinha... – sentia lábios úmidos beijando seu pescoço – Vem... – abraçou-a com força

 

Nosso amor veio de outras vidas,

Eu vou te amar nas outras vidas que virão...

 

Vera seguiu até o quarto sem parar de beijar aquela que entendia como sua namorada. Deitou-a sobre a cama e começou a se despir. -- Não quero perder nem um segundo de você! – falava com desejo

 

É que você nasceu pra ser minha,

Vamos dividir uma casinha...

 

Removeu os próprios sapatos e ficou admirando a mulher mais alta. -- Tira minha roupa, minha caipira? – pediu dengosa

 

Uma cama, dormir de conchinha,

Deus abençoou a nossa união...

 

--Faço tudo que quiser, minha amada! – pegou um dos pés dela e o beijou – Tudo...

 

“Ela me faz me sentir tão feliz!” – pensou – Sou toda sua, meu bem! – acompanhava os movimentos da outra ao lhe despir – Toda sua...

 

E os anjos cantam nosso amor, ohh, ohh, ohh...

 

Vera despia a amante com carinho, desejo e cuidado. Ao terminar, ajoelhou-se na beirada da cama e beijou-lhe o outro pé com verdadeira devoção. – Minha namorada... – sussurrou – Minha... – seguia beijando ao longo de uma perna da morena, deslizando uma das mãos pela outra perna

 

E os anjos cantam nosso amor, ohh, ohh, ohh...

 

Sayruci fechou os olhos para se concentrar ao máximo na sensação daquela boca beijando, lambendo e mordendo cada pedacinho de pele que poderia. Derretia-se sob o toque firme e suave da amada que a vida inesperadamente a apresentou. – Vem, amor... – pediu – Ah!! – arqueou as costas ao sentir os lábios de Vera tomando seu sex* – AH! – gem*u alto e segurou-a pelos cabelos – Ah!!

 

E os anjos cantam nosso amor...

 

A caipira segurou a parceira pela cintura e gentilmente invadiu o máximo que pôde, usando nariz, língua e lábios ardentemente desejosa por fazê-la sentir todo prazer que pudesse proporcionar.

 

--AH!! – gritou e abriu mais as pernas – AH!!AH!! AI... – gemia

 

No primeiro instante,

Vi que era amor,

No momento em que a gente se encontrou...

 

Vera guiava os movimentos da parceira mantendo-se firme na cintura dela. Tinha cuidado, porém, para que seu toque não a machucasse.

 

“Adoro que ela me pegue assim, que me tenha assim...” – pensava enlouquecida – AI, AMOR, AH!!!!! – gemia alto

 

No segundo instante, vi que era você,

Já te amo tanto sem te conhecer...

 

Em pouco tempo Sayruci chegava ao orgasmo e deixava seu corpo soltar-se plenamente na manifestação daquele prazer. – AH!!!!!! – gritou

 

Percebendo que a respiração da outra se acalmava, a caipira começou a beijá-la e lambê-la a partir da barriga até chegar aos seios.

 

É que nos meu sonhos você era linda,

Pessoalmente é mais linda ainda...

 

A morena sorria relaxada. – Sua safadinha... – suspirou – Minha caipira safadinha... – acariciava a cabeça dela

 

--Não tenho culpa, uai. – mordiscava um seio – Se a minha namorada é tão gostosa... – lambeu o pescoço dela – Tão deliciosa... – mordiscava a orelha – Tão toda boa... – deixou o corpo pesar sobre a outra – Eu sei que nosso caso é antigo... – beijou-a

 

Nosso amor veio de outras vidas,

Eu vou te amar nas outras vidas que virão...

 

--Ai... – abraçou-a com força – Então... você está dizendo que eu sou sua namorada...? – arranhava-lhe as costas de leve

 

Levantou a cabeça e olhou para a amada. – Não é? – perguntou preocupada

 

É que você nasceu pra ser minha,

Vamos dividir uma casinha...

 

--Own... – fez beicinho – Sou tudo que você quiser que eu seja! – beijou-a nos lábios

 

Uma cama, dormir de conchinha,

Deus abençoou a nossa união...

 

As duas perderam-se em um gostoso amasso até que Sayruci reverteu as posições e se sentou sobre a outra.

 

E os anjos cantam nosso amor, ohh, ohh, ohh...

 

--Você quer uma namorada, meu bem? – deslizou um dedo nos lábios da parceira – Então você tem... – seguiu deslizando o dedo até o sex* da amada

 

E os anjos cantam nosso amor, ohh, ohh, ohh...

 

--Ah... – gem*u ao sentir-se provocada

 

E os anjos cantam nosso amor...

Jorge & Mateus - Os Anjos Cantam [1]

 

--E você vai ver... – mordeu-lhe o queixo – O que a sua namorada... – mordeu-lhe um seio sensualmente – Faz com você... – mordeu-lhe a barriga – E só com você... – deu suaves mordidinhas no sex* da outra

 

--Ai... – ficou toda arrepiada – “Que é isso que ela tá fazendo, misericórdia?” – pensou em êxtase

 

--Só com você... – introduziu dois dedos e capturou o clit*ris da amante com os lábios

 

--AH! – sentiu como se uma faísca lhe percorresse o corpo todo – Meu Pai! AH! – gemia

 

Sayruci e Vera se amaram com intensidade ao longo da noite e madrugada afora.

 

***

 

--Hoje você não vai sair daqui correndo, não, uai! – beijou-a – Pra se desvencilhar de mim vai ter que rebol*r... – beijou-a novamente

 

--Eu não vou pra lugar algum. – beijou-a – E de mais a mais, adoro rebol*r pra você... – beijou-a novamente – “Incrível como tenho coragem de dizer uma coisa assim pra ela!” – surpreendia-se consigo mesma

 

As duas mulheres estavam deitadas de lado, uma de frente para a outra.

 

--Você fica por quanto tempo, amor? – perguntou olhando naqueles olhos verdes – A vida toda? – sorriu

 

Sorriu também. – Quisera! – acariciava o rosto de Vera – Fico aqui até a quinta que vem, pela manhãzinha. – sentia-se aconchegada nos braços da outra – Estadia de uma semana exata.

 

--E você ainda não vai me falar quem é a minha namorada? – beijou-a – Tô doida que chega dói pra saber qualquer coisa sobre ela! – brincou

 

Desmanchou o sorriso lentamente. – Imagino que sim... – continuava acariciando o rosto da parceira – No seu lugar eu também iria querer saber...

 

--Quem era aquele sujeito? O que fez aquele furdúncio naquele dia? – perguntou o que mais lhe intrigava -- “Calma, caipira, vai mansa!” – pensou

 

A autora deu um suspiro profundo e então começou a falar: – Meu nome é Sayruci Ajami Hafeez. – assumiu – Sou dona de casa e cerimonialista, moro em Foz do Iguaçu, no Paraná. – mexia no pingente do cordão da caipira e gastou uns segundos calada – E aquele homem... – temia falar a verdade – É... – fechou os olhos – Meu marido Samir. – abriu os olhos e esperou a reação

 

Vera já desconfiava que sua amada fosse casada, mas ouvir a verdade a deixou um tanto transtornada. Desvencilhou-se com calma, sentou-se na cama, passou a mão nos cabelos e perguntou sem olhar para a parceira: -- O que você quer de mim... Sayruci? – temia pela resposta

 

Sentou-se na cama também. – Não estou brincando com seus sentimentos... – abraçou-a por trás – Eu juro que não... – beijou-lhe o ombro – Estou completamente apaixonada por você! – declarou-se – Eu nunca traí meu marido, mesmo não gostando dele! – falava a verdade – Se estou aqui com você, mentindo pra minha filha, mentindo pra todos em minha família, é porque te amo e não consigo mais ficar sem você! – abraçava-a com força – Acredite em mim, por favor! – pediu súplice

 

“Será que ela diz a verdade?” – pensava – “Não, ela não pode me dizer uns trem desse, do jeito como diz, e ser tudo mentira, não pode...” – não queria acreditar que poderia estar sendo enganada

 

--Eu conto tudo pra você! – beijou-lhe as costas mais uma vez – Hein? Você quer me ouvir? – tinha medo que Vera desistisse dela – Eu conto tudo, toda verdade!

 

Movimentou-se para sentar-se de frente para a outra. – Eu quero ouvir. – queria olhar nos olhos da amada – Preciso ouvir! – pediu

 

Sayruci encostou-se na cabeceira da cama e se cobriu com o lençol. -- Eu venho de uma família muito tradicional... Sempre fui uma pessoa muito oprimida e talvez por isso me habituei a obedecer sem questionar. – não tinha coragem de encarar a amante – Fui praticamente dada em casamento para um homem de família igualmente tradicional e ele assumiu o comando da minha vida no lugar dos meus pais. – passou a mão nos cabelos – Eu fiz absolutamente nada do que queria. Não investi na carreira que sonhei, não investi no único relacionamento que havia tido além de Samir, não pude criar minha filha como desejei... – admitiu com muita vergonha – Então comecei a me refugiar no mundo virtual sob o codinome de Khaalii, desabafando nos contos que escrevo... – olhou para Vera – E veio você, tão sem eu esperar, tão sem eu saber como e porque... – desviou o olhar novamente – E me vi assim, daí: completamente apaixonada... – gastou uns segundos em silêncio

 

A caipira abaixou a cabeça. – Eu também não esperava por isso, de me apaixonar assim...

 

–Estou aqui em São Paulo com minha filha Latifah. Aliás, foi com ela que vim da outra vez. – continuava falando -- Minha filha pensa que estou tendo um caso com um designer de joias que a convidou pra posar com umas peças que ele desenhou. Ela nem sonha em saber que sou lésbica. – confessou

 

Levantou a cabeça. -- Quantos anos sua filha tem? – estranhou

 

--Agora tem 21.

 

--Você tem uma filha de 21 anos?? – achou incrível

 

--Quantos anos acha que eu tenho? – acabou achando graça – Casei jovem e tô com 44.

 

Surpreendeu-se. -- E eu que pensei que você fosse da minha idade... – olhava para a amada – Mas, me fala, alguém da sua família sabe de você?

 

–A única pessoa que sabe que sou lésbica é maama. Minha mãe. – olhou para Vera – E ela me parece capaz de muita coisa pra me impedir de viver o que eu quiser viver fora do script que escreveram pra mim. – pausou brevemente – Tampouco Samir aceita um divórcio amigável... – explicava sua situação – Pra mudar de vida eu tenho que fazer tudo com muito cuidado!

 

Vera prestava muita atenção ao que ouvia. -- Você não é uma pessoa pobre como eu, uai! – concluiu – Longe disso!

 

--Não, não sou. – admitiu – Minha família é rica. – confessou – “Será que eu deveria confiar tanto a ponto de dizer isso?” – pensava

 

--E você... teria coragem? – desacreditava – Você já viu o que eu sou, como eu vivo... – balançou a cabeça – Eu não tenho o que lhe dar... nem esse apartamento é meu. É alugado.

 

--Eu não quero que você me dê nada material! – foi até a outra e segurou o rosto da caipira com as duas mãos – Quero apenas seu amor, sua amizade, seu carinho e nada mais! – respondeu com intensidade

 

Emocionou-se ao ouvir aquilo. – Eu sinto uma felicidade que chega dói de te ouvir falando assim, mas meu pai sempre disse que quando o dinheiro sai pela porta, o amor sai pela janela. – repetia o dito paterno – Não quero que se arrependa quando finalmente sentir o choque de realidade com essa vida dura de gente pobre como eu!

 

--Nem sempre o que os pais dizem está certo! – argumentou – E meu coração já te escolheu desde o princípio! Não vou me arrepender! – sentou-se no colo da outra, envolvendo a cintura dela com as pernas – Também não quero que se preocupe, porque não vou deixar você ficar em apuros por minha causa. Eu posso... – foi gentilmente silenciada com um beijo

 

--Não quero que me dê nada material! – colou testa com testa -- Quero apenas seu amor, sua amizade, seu carinho e nada mais! – repetiu o que a outra havia dito – E sobre o futuro, seja lá o que Deus quiser! – puxou-a de encontro a si e beijou-a com paixão

 

“Ai...” – pensava – “Essa caipira me pira...”

 

***

 

--Abigail Trindade! – Duarte se aproximava do balcão da recepção – Você tem que fazer alguma coisa! – exigiu – Duas hóspedes estão enchendo a cara no lobby bar e eu tô vendo a hora que as bicha vão fucinhar no chão! – indicou as mulheres com o queixo – Não quero saber de ambulância no hotel pra socorrer bebum!

 

--Oxe! – a mulher protestou revoltada – E por que eu? – colocou as mãos na cintura – Tu não é o gerente? Por que não vai lá com teu lesco lesco e tira as mulher da bebedeira? – não entendia

 

--Eu já tentei e não deu certo! – admitiu – Além do mais as duas são.... – pensava em como dizer – Um casal. – ajeitou a gravata – E a entendida nessas coisa aqui é você!

 

--Humpf! – fez um bico – “Eu acho que eles pensa que sapatão é tudo igual, não sabe? Ou que exista uma espécie de maçonaria da sapatice!” – pensou contrariada – Tudo bem, eu vou. Mas se tocar telefone aqui ou hóspede chegar, você resolve. Rita e Jailson tão na sala de convenções.

 

--Tudo bem. – passou para o outro lado do balcão – Agora vá lá, vá! – fez um gesto para enxotá-la

 

--E lá vou eu... – respirou fundo e foi até as hóspedes

 

Chegando perto das mulheres, pôde ouvir que cantavam desafinadas, vez por outra dando gargalhadas.

 

--Eu sou a pirata com a perna de mau, com a cara de pau e vidro no olho... – uma delas cantava

 

Gargalhou. -- Tá errado, amor! É assim ó: eu sou a pirata com o olho de pau, com a cara de vidro e a perna de... – interrompeu o canto – De que mesmo? – as duas gargalharam

 

“As pessoa quanto tão bêba fica tão besta...” – pensou – Olá, senhoras, tudo bem?

 

As duas pararam de rir aos poucos e olharam para Abigail.

 

--Eu não queria ser inconveniente, mas o lobby bar encerrou expediente agora. – mentiu – Perdão, mas vou convidá-las para se acomodar no vosso quarto porque temos que fechar.

 

--Fechar? – uma delas não entendia

 

--E eu que sou mais de abrir... – a outra falou

 

--De abrir? – arregalou os olhos – Mas é uma bandida essa minha esposa... – sorria abestalhada

 

--Sou bandida, sou tigresa... – riu – HUAUU! – fingiu que arranhava a outra

 

“Ave Maria, que parece até aquele Satanás de rabo do gato de topete!” – revirou os olhos – Senhoras, vamos subir? – insistiu

 

--Se tu é tigresa, eu também sou! – riu – HUAUU! – fingiu que arranhava também

 

“Ô, fuleiragem da porr*...” – pensou – Tigresas, que bom que encontrei vocês! – entrou no jogo delas – Eu tava procurando companhia pra circular, não sabe? – sorria – HUAUU! – fingiu que arranhava também

 

--Ih, uma das nossas! – sorriu -- HUAUU!

 

--HUAUU! – a outra saudou também

 

--Vêm comigo, meu bando! – chamou -- HUAUU!

 

As duas mulheres se levantaram da mesa e ficaram de quatro. – Vai que a gente segue! – uma pediu

 

--É isso aí! – a parceira concordou -- HUAUU!

 

“O que não se faz nesse hotel, minha Nossa Senhora?” – pensou contrariada – Pegar a chave. – recolheu a chave do quarto largada sobre a mesa – Simbora! – ficou de quatro e começou a engatinhar – Pro elevador! HUAUU! – rosnou

 

--HUAUU! – engatinhava

 

--HUAUU! – engatinhava seguindo as outras duas

 

“Maravilha, ela conseguiu!” – Duarte sorriu animado

 

Nisso, uma nova hóspede chega no hotel e se surpreende com aquela cena. – Meu Deus e o que seria isso? – tirou os óculos escuros

 

--Senhora! – Duarte foi recebe-la – Bem vinda ao Morada dos Deuses Palace Hotel! – saudou -- Deixe que levo sua mala, por gentileza. – segurou pela alça e veio puxando – Vamos fazer o check in? – perguntou animado

 

--HUAUU! – Abigail continuava engatinhando até o elevador

 

--HUAUU!

 

--HUAUU! – e as outras vinham atrás

 

--Vamos fazer o check in? – a recém chegada começava a ter dúvidas

 

Percebeu a estranheza da hóspede com aquela cena.

 

--Ora, não ligue pra isso, por favor! – fez um gesto despreocupado – Duas senhoras maravilhosas que estão hospedadas conosco beberam um pouquinho demais e nossa funcionária Abigail está orientando para que consigam se recolher em seus quartos. – sorria – Sua graça, por favor?

 

--Letícia Ornellas. – não deixava de reparar na cena – O atendimento aqui é sempre tão... personalizado? – perguntou sem entender

 

--Totalmente! – buscou o nome da cliente no sistema – Encontrei sua reserva aqui! – sorria como um boneco – Passa o carnaval conosco e um pouquinho mais, não? Ótimo!

 

--Pronto! – Abigail se levantou e apertou o botão do elevador – Hora de subir!

 

As duas mulheres continuaram de quatro rosnando e se arranhando.

 

Quando o elevador chegou, segurou a porta para que entrassem. – Tigresas, vão simbora! – pediu

 

--E você? HUAUU! Não vem? – uma delas perguntou

 

--Não? HUAUU! – a outra complementou

 

--Não, porque tem uma hora que o casal tem que acasalar em paz, não sabe? – continuava segurando a porta – E três é demais! -- sorria

 

As duas entraram, Abigail apertou o andar delas e limpou os joelhos. – Ave Maria!

 

--Gostei de ver! – uma mulher se aproximava puxando a mala – Atendimento personalizado. – sorriu mordendo uma perna do óculos – Amei!

 

“Meu Deus!” – arregalou os olhos – “Ales Bysex!” – reconheceu – A gente tenta, né? – engoliu em seco

 

Esticou o braço e apertou o botão do elevador. – Melhor que tentar é conseguir. – piscou para a outra – Tchauzinho! – entrou no elevador quando a porta se abriu

 

“Ave Maria, uma das Dez Mais hospedada no hotel!” – pensou ao se recompor – “Deixe voltar pra recepção que é o melhor que eu faço!” – viu que Duarte fazia o check in de outro hóspede – “Depois dou meu jeito de curiar essa autora aí!” – decidiu

 

***

 

--Hum... – Socorro saboreava com gosto – Que comida maravilhosa! – elogiou – E eu que sempre achei que esses trem de comida vegana era capim com molho ou tranqueira que não alimenta!

 

Sayruci achou graça. – Longe disso, querida! Há vários tipos de pratos veganos muito nutritivos e saborosos. – respondeu delicadamente – Essa muqueca de banana da terra, por exemplo. – falava do prato que experimentavam – Além de robustecida por vários legumes ainda é acompanhada pela saladinha de quinoa, a qual é rica em proteínas e fibras. – deu uma garfada

 

“Essa é minha namorada!” – Vera pensou orgulhosa enquanto comia

 

--Olha... – limpou os lábios com guardanapo – Eu que vim pra cá pra descobrir porque que a prima sumiu – olhou para Vera – me dei foi bem por demais comendo esse almoço da hora!

 

--Mas eu não sumi, uai! – protestou – Trabalhei ontem, não foi? Corri de Iuba e atendi um serviço da Marida. – deu uma garfada

 

--Prima, você sumiu na sexta inteirinha e só apareceu ontem à tarde! – argumentou – Aí eu vi que já ia sumir hoje de novo e vim ver, né? – bebeu um gole de suco – Fiquei matutando: pra onde será que ela vai em pleno domingo de carnaval? A prima não é de folia! – contava – Chegando aqui entendi tudo! – olhou de relance para Sayruci – Acompanhada por uma morena dona de um par de zóião verde desse, você não ia sair pra trabalhar é nunca! – deu-lhe um tapa na coxa

 

--Socorro! – arregalou os olhos

 

Sayruci achou graça novamente. – Então... – bebeu um gole de suco – A prima Vera não é da folia? – perguntou interessada

 

--Nada! – fez um gesto – A prima é um bicho do mato, não tem vida social! – entregava o jogo – O que eu acho até bem engraçado porque a caipira é saliente, vou te contar! Não pode ver mulher que põe logo as butuca! – dedurava  – Olha pra toda bunda que passa!

 

--Socorro!! – ralhou – “Pronto! Vou perder a namorada por causa da língua da prima!” – pensou preocupada

 

--Ah, é? – olhou para Vera – Então essa caipira é bem safadinha? – não estava zangada mas fingia seriedade

 

--É, mas vou te contar o segredo! – aproximou-se – É só romantizar que a bicha se aquieta! – falava como se Vera não estivesse presente – E deixar bem alimentada na cama. Ela vai beijar o chão que você pisa!

 

--SOCORRO!! – falou mais alto ao terminar de almoçar

 

--Prima, eu tô explicando pra ela! – justificou-se

 

Sayruci mirava o rosto da amada e continuava achando graça. “Ai, ai, minha safadinha...” -- pensou

 

***

 

Latifah se acabava de curtir num bloco de carnaval da quarta-feira de cinzas na Paulista. Em um dado momento sente a mão de um homem gentilmente tocando seu braço.

 

--Latifah? – perguntou sorridente – Coincidência! Não esperava te encontrar aqui!

 

--Orlandinho?? – chocou

 

–Por que o susto? -- olhou para o par da jovem – Tudo bem? – cumprimentou – Relaxa que a relação aqui é de trabalho. – brincou com o rapaz

 

--Tranquilidade? – o jovem respondeu sorridente

 

–O que você tá fazendo aqui? – não entendia – Cadê a mamys? – perguntou sem pensar

 

--Como? – também não entendeu – Sayruci tá aqui? – olhou para todos os lados – “Não é possível!”

 

--Ah... É... – pensava no que dizer -- Que eu pensei que você estaria no tipo de lugar onde ela se encontra nesse momento! – disse o que primeiro lhe ocorreu – “Mamys não tava pegando ele?” – perguntou-se

 

--Eu nem imagino onde ela esteja! – respondeu bem humorado – A última vez que vi sua mãe foi naquela sua sessão de fotos. – falou a verdade – Bem, não vou mais incomodar. Tchau! Curtam aí! – despediu-se

 

--Bye... – estava pasma – “Então ela nunca esteve com ele!” – concluiu

 

--Vem gata! – o rapaz a puxou em um abraço – Vem curtir! – beijou-a

 

“Gentem, e mamys tá pegando quem?” – perguntava-se enquanto beijava seu ficante

 

Em outra parte da cidade...

 

--Na cultura do Oriente, as massagens são muito mais valorizadas que neste lado do mundo. – a morena derramava um pouco de óleo nas costas de Vera – Não só pra relaxar os músculos e aliviar as tensões, -- deslizava as mãos pelas costas da parceira -- mas pra conhecer melhor a pessoa sob nossos dedos. – falava com voz hipnótica

 

--Pode conhecer tudo que quiser! – virou a cabeça de lado e fechou os olhos – Bom... – sorriu – Esse óleo também tem um cheirinho gostoso...

 

Vera estava deitada nua e de barriga para baixo. Sayruci estava igualmente nua e sentada sobre suas nádegas enquanto a massageava.

 

--Foi feito por mim antes de viajar. – reclinou-se até o ouvido da outra – Feito exclusivamente para você! – mordeu-lhe a pontinha da orelha e voltou a se sentar normalmente

 

--Ave Maria! – sentiu o corpo estremecer de desejo

 

--Infelizmente meu conhecimento sobre massagens é bastante teórico e pouquíssimo prático. -- deslizava as palmas das mãos pelo corpo da outra em movimentos longos – Mas eu prometo que vou me esforçar bastante pra te satisfazer ao máximo... – começou a pressionar a pele segundo movimentos circulares

 

--Precisa de esforço não... – sentia prazer com o toque da morena

 

--Hum, então minha caipira tá gostando? – aplicava golpes leves e cadenciados usando os punhos – Bom saber disso... -- variava a pressão e a velocidade dos movimentos

 

--Impossível não gostar... – arrepiou-se ao sentir as unhas da amante arranhando-lhe as costas de cima a baixo – Assim é pra matar... – abriu os olhos excitada

 

--Matar, não! – aplicou um pouco mais de óleo e esfregou rapidamente as mãos pelo corpo da caipira – Te quero muito da bem viva! – deslizou os dois polegares do pescoço até as nádegas da outra – Bem, bem viva... – abriu a boca e deslizou os dentes em sentido oposto – Muito viva – mordeu-lhe a pontinha da orelha – e acesa... – deitou-se sobre ela

 

Vera sentia-se bastante excitada. – Eu não vou aguentar essa massagem... – levantou a cabeça ao sentir suaves mordidas em seu pescoço – Sayzinha...

 

--Vai sim... – deslizou o corpo sensualmente sobre as costas da caipira ao mesmo tempo em que a arranhava pelas laterais do abdômen – Com certeza, vai. – ergueu o corpo novamente e mordeu as nádegas da amante – Eu sei que vai... – arranhou-lhe uma das coxas e deixou uma das mãos encontrar lugar entre as pernas da outra – Minha caipira grande, -- mordeu-lhe as nádegas novamente – forte – mordeu-lhe as costas – e safadinha... – estimulava com os dedos

 

--Sayzinha... – desejava inverter as posições e possuir a amada com vigor

 

--Relaxa, amor... – mordeu-lhe o ombro e mais uma vez deitou sobre ela -- E goz* pra mim, vai? – sussurrou no ouvido – Os corpos comungavam daquele tipo de amor – citava um trecho de um de seus contos -- que somente as almas que se permitem descortinar por inteiro – penetrava a amada ritmicamente -- conseguem experimentar! – usava um tom de voz bem suave

 

--AH!!! – Vera nunca havia experimentado daquela forma – AH!! – fechou os olhos sentindo o corpo queimar

 

--Eu te amo... – Sayruci sussurrou no ouvido – Goz* pra mim, amor... – pediu sensualmente

 

Em pouco tempo Vera gem*u alto goz*ndo intensamente

 

***

 

--Eu não queria que você viajasse amanhã... – acariciava a namorada em seus braços – O tempo voou... – beijou a cabeça dela – Não dá vontade nenhuma de te deixar ir embora pro hotel hoje...

 

--Hum, se você soubesse como eu também não queria ir... – aconchegava-se no peito da amante – Mas infelizmente daqui a pouco tenho que voltar para o hotel... – acariciava o braço de Vera – O combinado com Latifah foi esse. – estava com os olhos fechados – E daqui a pouco vou receber alguma ligação pra me controlar. É bom ter minha filha por perto. – justificava-se – Já fizemos malabarismos demais por estes dias... – sorriu

 

Vera não gostava daquela situação mas preferiu não comentar. – Não leva a sério o que a prima Socorro falou, tá? – mudou de assunto – Ela chega aqui sem avisar, pra me controlar também, e acaba falando um monte de trem sem base!

 

Riu brevemente. – Nada que eu não soubesse. – continuava acariciando a parceira – Que você é uma safadinha fiel e adorável! – brincou

 

--Hum... – fez um bico mas acabou rindo também – Mas aquela parte de me tratar bem e manter bem alimentada pode levar a sério! – brincou

 

--E eu tô levando! – levantou a cabeça e olhou para Vera – Por favor, amor, peça pra sua prima não me expor de forma alguma! – pediu preocupada -- Sei que é chata essa situação da gente não poder sair, de ter esse controle todo sobre mim e eu disfarçando... mas não vai durar pra sempre, amor! – prometeu

 

--Eu vou te esperar, mas quero que entenda que não tô disposta a ser a amante escondida no armário por tempo indeterminado. – teve coragem de dizer – É uma posição muito complicada...

 

--E não vai ser! – beijou-a

 

--Eu tive poucos relacionamentos. Se é que se pode chamar de relacionamentos... – confessou – Sempre fui usada por mulheres que só queriam se divertir comigo, mas não tinham nem coragem de ficar perto de mim na frente dos outros. – admitiu com tristeza – Sempre fui descartada no dia seguinte ou então depois que elas já tavam de saco cheio de dormir comigo. – olhava para a morena – E isso nunca foi fácil pra mim... – pausou brevemente – Por favor, ninguém esteve tão dentro do meu coração quanto você... Não maltrata ele! – pediu quase como criança

 

–Own, eu não vou fazer isso, amorzinho! – beijou-a repetidas vezes -- Mas tenha paciência comigo, por favor. E confie em mim! – pediu com olhos súplices

 

“E quem pode dizer não a esses olhos enlouquecedores?” – beijaram-se novamente

 

***

 

--Com licença? – Abigail aproveitava que Ales estava sozinha na piscina para abordá-la – Precisa de alguma coisa, senhora? – perguntou solícita

 

--Sim! – tirou os óculos escuros – Que de agora em diante você pare de me chamar de senhora. – sorriu

 

--Pois não. – concordou sorrindo – “Ótimo, ela faz amizade fácil!” -- pensou

 

Apontou para uma cadeira de plástico. – Senta? – convidou

 

--Agradecida, mas eu tenho que ser rápida. – sentou-se – Seja pra não lhe incomodar, seja pra não deixar minha amiga sozinha na recepção, não sabe?

 

--E o que você deseja? – perguntou fazendo um charme

 

“É impressão minha ou ela parece que vive destilando uma sedução?” – pensou desconfiada – Você... é a escritora Ales Bysex, não é? – foi direto ao assunto

 

--Hum... uma fã! – exclamou interessada

 

--Na verdade... uma colega de métier. – cruzou as pernas – Sou escritora lésbica também! – afirmou orgulhosa

 

--Jura? – sorriu – E quem é você naquele lesboverso? – apoiou o queixo sobre uma das mãos – “E até que não é de se jogar fora...” – reparava – “Coxão grosso...” – pensou

 

Resolveu se revelar. – Sou Gail Nasser! O fenômeno do mundo árabe! – respondeu cheia de pompa

 

--Oi? – levou um susto para em seguida gargalhar

 

--Oxe! – franziu o cenho – Tá rindo de que? – não gostou da reação

 

--Ai... – secou os olhos molhados por tanto rir – Desculpe, meu bem. – riu brevemente – É que eu estava no Congresso e... – pensava em como dizer – Você foi... única. – sorria – “Mulher mais sem noção do mundo!” – pensou

 

--Então... – ajeitou-se na cadeira – Ocorre que eu só faço sucesso naquelas terra mas aqui não tô conseguindo. – contava um kaozinho básico – Qual é o segredo pra atingir o público daqui? – queria saber – Você é uma das Dez Mais, não é possível que não tenha seus truques na manga!

 

“Será que ela pensa que eu acredito nesse sucesso em pleno mundo árabe?” – pensou divertida – Eu não sei o que te dizer... – gesticulou brevemente – Simplesmente escrevo sobre o que gosto, como gosto, sou bem eu mesma, bem espontânea... – estava sendo sincera – Acabei conhecendo as meninas da Academia Lésbica, vira e mexe fazemos algum trabalho juntas, elas me dão uma força... – contava – Caí nas graças da Paty Golezzo, que me promove também... – não sabia mais o que dizer – É isso.

 

“Hum... numa coisa aquela Teodora ladra tinha razão: o segredo é fazer parte da patotinha!” – espremeu os olhinhos – E por que você escreve? – queria saber -- Você tem alguma agente, secretária, assessora? – debruçou-se sobre a mesa

 

--Eu escrevo porque gosto. Desestressar do meu trabalho no setor de logística. – jogava charme – Quanto a ter secretária, acessora e tals... não tenho. – deslizou uma das mãos pela mesa até tocar no braço de Abigail – Por que? – mexia na manga do uniforme dela – Você tá... se oferecendo? – perguntou maliciosamente

 

--Eu só queria... um papo técnico! – levantou-se de um pulo – Agora deixe ver o que se passa na recepção. – sorriu – Agradecida e com licença! – foi embora rapidamente

 

Letícia riu novamente e colocou os óculos escuros. – Ai, ai... – balançou a cabeça – Que figura! – pensava na outra mulher – Gail Nasser, o fenômeno das arábias! – riu mais uma vez

 

***

 

Sayruci acabava de entrar no quarto de hotel e se surpreende ao ver Latifah descansando na cama.

 

--Filha? – sorriu – Que maravilha que já esteja aqui! – foi até ela e a beijou na testa – Como foi o dia hoje? – colocou a bolsa na poltrona e se sentou na beirada da cama

 

--O dia foi, no mínimo, chocante! – sentou-se e encarou com a mãe – Especialmente depois que encontrei com Orlandinho perdido no bloco da Paulista! – falava com seriedade – Ele me disse que a última vez que te viu foi naquele dia da minha sessão de fotos pra Viveráh! – pausou brevemente – Última e única, by the way!

 

Sentiu-se um tanto acuada. – Sim, e o que tem isso? – perguntou com receio

 

--O que tem isso?! – indignou-se -- Mamys, esse tempo todo eu pensei que você tava tendo um caso com Orlandinho Tzalys, coisa que já saquei que não tá! – olhava nos olhos – Era só por isso que eu tava facilitando o teu rolê nessa cidade, daí! – estava mal humorada -- Então me fala, porque eu não tô mais pra pagar de otária! – tomava satisfação – Com quem você anda trepando? – perguntou à queima roupa

 

Sayruci prendeu a respiração. “Meu Deus e agora?” – pensou aflita – Isso não é jeito de falar com sua mãe! – protestou timidamente

 

--Responde, mamys! – insistiu

 

A morena ficou sem saber o que dizer.

 

Fim do capítulo