CAP. 8 – Toda ação tem uma reação
Depois que fui buscar as garrafas no carro, entrei no banho. Estava com o corpo gelado, fiquei uns dez minutos com a água correndo quente por ele. Quando retornei ao quarto, Sam estava próxima a janela tentando achar sinal de celular, sorri dizendo:
– Até tem sinal aqui, mas com essa chuva, vai ser difícil você encontrar algum pontinho no seu celular.
– Sem problemas, é que fiquei de ligar para meu irmão essa noite, mas falo com ele amanhã – guardou o celular, me olhou sorrindo – o banho estava bom, não é?
– Perfeito, ainda mais depois de um dia cansativo.
– Eu aluguei você hoje, não foi?
– Não, a sua companhia foi agradabilíssima, é mais cansaço mental mesmo, muita coisa para resolver.
Segui para o sofá me deitando sobre ele, ela se aproximou perguntando:
– Não está pensando em dormir aí, não é? – Meus olhos encontraram os dela e sorri, se aproximou mais dizendo: – A cama é grande, não me importo de dividi-la com você!
Sentei, passando a mão pelo rosto dizendo cansada:
– Foi um erro ter vindo aqui com você, tirei toda a sua privacidade.
– Não se preocupada com isso Bia, adorei ter conhecido essa família, agradeço por ter me trazido e me mostrado tudo o que mostrou hoje.
Sorri, passei a mão em uma almofada e cruzei as pernas sobre o sofá, ela veio até mim e se sentou ao meu lado brincando.
– Já que você me sequestrou e sou sua refém nesse lugar maravilhoso, que tal abrir aquele licor para tomarmos, estou começando a ficar com frio!
– Sim senhora. Salve a Will, parece que estava adivinhando.
Levantei sorrindo, peguei as garrafas trazendo para o criado mudo ao lado da cama, abri uma e servi uma dose generosa para nós duas, ela pegou o copo dela e suspendi o meu no ar dizendo:
– Aos negócios bem sucedidos! – Sorriu e me olhou como se me desafiasse e disse:
– Aos novos amigos e sonhos realizados.
– Essa era a minha segunda opção, droga, estragou o próximo brinde.
Sorri e ela jogou a cabeça para trás gargalhando enquanto nossos copos brindaram no ar. Tomei uma dose sentindo o corpo esquentar com a bebida descendo pela garganta, me sacudi e disse:
– Já vou dizendo, sou fraca para bebidas, então, não vou exagerar.
Mas não resisti quando ela encheu o segundo copo. Começamos a conversar, meia hora depois a primeira garrafa estava vazia e as duas jogadas no chão dando risada, não estávamos bêbadas, apesar daquele licor ser bem forte, mas estávamos mais descontraídas. Deitei a cabeça no sofá e ela perguntou curiosa quanto a uma cicatriz que eu tinha no braço, olhei para o local e disse sorrindo:
– Caí com a minha primeira bicicleta... – sorri – nossa, faz tempo, tinha uns sete anos, estava aprendendo ainda, um dia, achei que podia ir sem meu pai, andei alguns metros, mas um cachorro atravessou a minha frente e para não bater nele, caí por cima da cerca do vizinho, tinha arames em baixo das plantas que o cercavam. Meu pai que estava atrás de mim, viu e correu para me pegar, levei alguns pontos nesse dia.
– Nossa e você nem chorou ou gritou, deve ter doído?
Ela passou de leve os dedos em minha cicatriz me fazendo arrepiar e logo afastou, sorri e como se minha mente voltasse no tempo, pude ouvir as palavras de meu pai e disse a ela:
– “Toda vez que você fizer algo errado e se machucar, filha, mesmo que doa e você chorar, deve lembrar que toda ação tem uma reação!”
– Uau, quem disse isso?
– Meu pai no mesmo dia quando estava choramingando na maca do hospital.
– Bem profundo para se dizer a uma criança de sete anos que ainda está na fase de aprender o que é certo ou errado.
Olhei para ela, estávamos tão próximas, mas desviei o olhar dizendo:
– Acredite, depois desse dia, hesitei muito em fazer as coisas, até mesmo as certas eu perguntava para ele se eu estava fazendo do modo certo, mas foi algo que ele me deixou de bom – ela me olhou com uma pergunta muda estampada em seu semblante, sorri triste dizendo – um ano depois ele e minha mãe sofreram um acidente de carro, morreram no local.
– Nossa, Bia! Sinto muito.
Segurou em meu braço novamente e mais uma vez aquele ato me fez arrepiar toda, ela viu o que tinha causado e não a tirou dessa vez. Sorri e nossos olhos se conectaram, mas ela foi a primeira a desviar e corajosa alcancei a outra garrafa prometendo comprar outra de presente, abri e coloquei uma dose caprichada em nossos copos, ela sorriu e tomou o gole do dela.
O meu eu tomei quase numa virada só. Ledo engano, minha cabeça rodou e fiquei zonza por alguns instantes, ouvi de longe ela dizer:
– Tudo bem?
– Sim, acho que exagerei agora – sorri tentando levantar.
Mas, ao tentar, voltei com tudo para o sofá, ela olhou para mim e não deu outra, caímos na gargalhada. Que situação hein? Ela levantou do chão gelado e disse:
– Acho melhor irmos dormir, está bem tarde!
– Certo cariño, deixe-me apenas recuperar a força em minhas pernas.
Sorriu concordando, disse que iria até o banheiro, consegui levantar e me joguei na cama apagando. Acordei na manhã seguinte com ela em meus braços, minha cabeça rodava e doía, estranhei estarmos naquela posição, será que tínhamos feito alguma coisa e não lembrava?
Fiquei tentando lembrar, e tudo veio à tona, rápido demais para o meu gosto, dei um pequeno gemido:
– Aiin!
Ela se assustou ao meu lado e me olhou, a princípio nos encaramos, depois caímos na gargalhada de novo.
Estávamos próximas demais, ela se aproximou e tocou meu rosto, fechei os olhos com aquele toque suave e não previ o que aconteceu em seguida. Meus lábios foram tomados pelos dela, a princípio apenas um toque, abri meus olhos que cruzaram com os dela novamente. No segundo seguinte sua língua invadia minha boca, veio para cima de mim se sentando em meu colo, passei meus braços em torno do seu corpo sentindo o calor do meu mesclar ao dela.
Nos aprofundamos naquele beijo e já estávamos com o corpo entrelaçados, eu queria sentir o gosto da pele dela, e como se adivinhasse meus pensamentos afastou nossos lábios jogando a cabeça para trás, dando passagem para minha língua que deslizou por seu pescoço suave e doce enquanto seus cabelos acariciavam minha pele.
Levantei com ela segura em meus braços e a deitei me colocando por cima saciando minha vontade, de novo nossos lábios estavam unidos e nossos corpos em chama, atrevida deslizei minha mão sobre seus seios e o encontrei rijo, gemi baixinho entre seus lábios, minha respiração estava oscilante e a dela quase falha também.
Minha vontade era de descer meus lábios e tomá-la com vontade, mas de repente a porta foi aberta, a pequena Isa apareceu se jogando entre nós, meu primeiro pensamento foi em manda-la sair, precisava sentir aquela mulher. Mas, lembrei que magoar uma criança por conta da luxúria não era a coisa certa a se fazer.
Olhei para Sam, essa olhava para a criança e desviou os olhos para mim e sorriu, o desejo faiscava em seus olhos também. A pequena desandou a falar e logo a mãe estava na porta ralhando com a menina:
– Bom dia meninas! – Olhou para a criança – Isabela, eu falei para você não vir acordá-las!
– Bom dia, dona Maria, está tudo bem, ela não nos acordou, estávamos acordadas, inclusive já íamos levantar.
Sam disse saindo da cama, olhei para a senhora e sorri concordando, ela mais calma disse:
– Nesse caso, um café quentinho espera vocês na cozinha. A água abaixou e a estrada está livre.
– Obrigada, não precisava se preocupar.
– Nada de não se preocupar menina Bia, estamos à espera de vocês, venha Isa.
A pequena saiu correndo e a senhora foi atrás dela, olhei no relógio no meu pulso era sete da manhã, sorri dizendo:
– Tenho uma reunião daqui a pouco na empresa, precisamos ir.
– Sim, eu também tenho um compromisso antes de voltar a Guarulhos.
Estava levantando da cama, mas parei quando ela disse aquilo, olhei interrogativa, perguntando:
– Precisa mesmo ir, cariño?
– Sim Bia, embora meus negócios estejam quase todos aqui, preciso ir resolver... – faltou-lhe palavras naquele momento, a olhei intrigada e ela continuou – minha vida está toda lá e já que pretendo vir embora para o Rio em breve, preciso deixar tudo organizado.
– Entendi. Então precisamos ir rápido ou meu avô me mata se eu me atrasar para essa reunião.
Sorriu e cedi a vez para ela tomar banho primeiro, fiquei olhando a porta por onde ela passou e algo tomou meu peito, por alguns segundos queria que ela dissesse que não ia e ficaria comigo. Sorri levantando e sussurrandos:
– Esquece isso Bia, ela mesmo disse que tinha uma vida em São Paulo, com certeza estava se referindo a marido e filhos, foi algo de momento, não se apegue a isso.
Inspirei fundo tentando não pensar naquilo, no quarto dei uma geral por cima. Peguei as garrafas e levei para o carro, como eram copos descartáveis levei junto, na sacola.
Ela saiu do banho e eu entrei, coloquei a mesma roupa do dia anterior, passaria em casa rápido e as trocaria. Tomamos o café e nos despedimos, prometendo voltar noutro momento e pegamos a estrada de volta à cidade.
Conversamos bem pouco no trajeto de volta, e nem tocamos no assunto do que aconteceu aquela manhã. Quando estacionei o carro em frente ao hotel e ela agradeceu pelo dia anterior, segurei de leve seu braço perguntando:
– Alguma chance de almoçarmos hoje antes de você ir viajar? – Sorri, tirei uma mecha de cabelos que caia sobre seus olhos, completando: – Para conversarmos sobre o que aconteceu.
– O meu compromisso é as onze, e meu voo será às quatorze horas, se não me demorar nesse compromisso podemos almoçar juntas, sim.
– Certo! – Saí do carro antes dela, para ajudá-la, quando fechei a porta peguei um cartão com os meus contatos e entreguei dizendo: – Esses são meus números, pode ligar quando quiser.
– Obrigada Bia.
Pegou meu cartão e entregou o dela, se aproximou e abaixei recebendo um beijo suave no rosto, passou a mão de leve onde seus lábios pousaram e logo se afastou, fiquei observando-a entrar no hotel. Segui voando para casa e depois para a empresa, onde graças Deus, cheguei vinte minutos adiantada.
SamAcordei com a Bia gem*ndo ao meu lado, mas quando nos olhamos, caímos na risada. Ela passou a mão no rosto, inspirou fundo e me olhou ainda sorrindo. Não sei o que deu em mim, ao vê-la tão linda na minha frente e me segurando com seus braços firmes, a única coisa que eu queria fazer era beijá-la. Não me contive, meus lábios tocaram os dela, percebi que tinha sido um erro, mas ao abrir seus olhos e entrar nos meus, deixei acontecer. Precisava saciar meu desejo, e assim o fiz, nossas línguas dançavam em sintonia. O beijo aconteceu...
E que beijo maravilhoso, poderia me prender ali para sempre. Estava me doando como nunca fiz com nenhuma mulher, ela beijava minha pele e essa gritava pelo seu toque. Meu coração acelerou, queria mais, e como se adivinhasse meus pensamentos, me virou na cama tomando meu corpo com suas mãos, estava entregue, poderia fazer o que quisesse comigo, não a impediria. Senti sua mão em meu seio, gemi deliciada.
Mas, infelizmente ou não, fomos atrapalhadas pela pequena Isa, talvez apenas para me mostrar que aquilo não era a coisa certa a se fazer. Embora meu coração gritasse para me entregar, minha cabeça mostrava o porquê não fazer.
Nos arrumamos e tomamos café com a família que nos abrigara aquela noite e depois seguimos para a cidade. A Bia estava mais solta de certa forma, não conversamos sobre o ocorrido naquela manhã, mas ela cobrou isso quando chegamos ao hotel. Não prometi, mas combinei de conversamos no almoço.
Quando me aproximei dela depois que saímos do carro, notei o quão alta ela era. Dei um beijo em seu rosto e ganhei um sorriso lindo, segui para o interior do hotel, entrei no elevador e depois para meu quarto. Meu celular tocou no momento em que entrei, atendi:
– Oi Luiz.
– Olá Sam, onde você estava que não conseguia falar com você ontem?
– Uma longa história meu irmão, está tudo bem por aí?
– Está sim, deixe-me adivinhar, essa longa história tem a ver com a “Bia”? – Ele sublinhou o nome dela e sorri brincando:
– Como sabe? Poderia estar com outra pessoa!
– Relaxa maninha, pode me contar a verdade, vocês saíram ontem e depois não tive notícias, só achei... – Suspirei sentando na cama e não disfarçando um sorriso, disse:
– Ela é maravilhosa Lu, nunca pensei que pudesse encontrar mulher como a Bia.
– Hei Samantha, não me diga que está se envolvendo?
Ele disse meio tenso do outro lado, saí do transe e me recompus dizendo:
– Não Luiz, só disse o que me veio à cabeça e sei que é verdadeiro.
– Não minta para mim Sam, sabe que eu adoraria ver você com uma pessoa que te ame como merece, mas você não pode.
– Eu sei Luiz, não precisa me dizer o que devo ou não fazer, não sou criança – passei a mão nos cabelos, nervosa.
– Hei, também não precisa ficar estressada, só quero seu bem.
– Desculpa, tem muita coisa acontecendo na minha vida nesse momento. E tenho uma reunião agora, e ainda preciso me preparar para ela – inspirei fundo dizendo quase desanimada – estarei em casa à tarde, pode marcar uma reunião com o pessoal às oito horas, quero contar as novidades ainda hoje para eles.
– Então você conseguiu mesmo?
– Sim, bem mais do que buscávamos meu irmão... Bem mais...
Ele vibrou do outro lado, ainda ficamos conversando mais um pouco. Me arrumei e segui para o meu encontro, estava com o pensamento na Bia, iria ligar para ela e marcar o nosso almoço, já estava com saudades. Quando deu o intervalo saí da sala, meu telefone tocou, sem olhar quem era atendi sorrindo:
– Alô?
– Samantha, onde você estava até agora que não retornou minhas ligações? Por acaso está fugindo de mim?
Fim do capítulo
Eita... Eita... Como assim?
Boa noite meninas, tudo bem por aí?
E agora, esse caps terminou meio tenso... Quem será essa pessoa intimando a Sam assim? E, porque ela acha que pode falar com ela dessa maneira?
To curiosa... O que vocês me dizem disso? ;)
Nos encontramos no próximo...
Bjs, se cuidem
Bia!
Comentar este capítulo:
NúbiaM
Em: 05/02/2022
Pronto! A mulher é casada!!!
Agora as verdades não são ditas.
Resposta do autor:
Oi Núbia, tudo bem? Agradeço pelo comentário *-*
Será esse o segredo?
Essa parte das verdades não ditas, não é uma coisa legal... Mas, existem muitas coisas por trás delas... Quais serão as razões da Sam?
Bora ver?
Bjs, se cuida
Bia
[Faça o login para poder comentar]
HelOliveira
Em: 04/02/2022
Ei volta aqui...como termina o capitulo até parece que quer matar suas leitoras....
Será que a Sam é casada?
Não vai nos.contar tão cedo né..
Bjos linda
Resposta do autor:
Oi Lenah...
Voltei... Será? Cara, a Sam é cheia de surpresas, talvez hoje ela revele mais um pouco...
Logo mais...
Bjs, se cuida
Bia
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]