Passados cerca de trinta dias após a minha conversa com a Angel a Agnes resolveu fazer uma surpresa de aniversário para a Jéssica, e eu para a Monique; já que os aniversários das duas eram próximos. O da Jéssica seria na véspera do evento e o da Monique dois dias antes. Eu fingir ter esquecido e perdi para que toda a família fizesse o mesmo. A Monique aparentou certa decepção, mas como era um pouco orgulhosa, não cobrou de ninguém por não lembrar. Eu fiquei com dó, mas foi melhor quê estragar a surpresa.

Com a clínica odontológica já funcionando, a Jéssica e a Monique também passaram a fazer parte da equipe, entregando o antigo imóvel onde trabalhavam. A Monique preferiu manter o seu trabalho na prefeitura de Santo André; já quê tinha conseguido a vaga através de um concurso público. Já a Jéssica preferiu trabalhar conosco de maneira integral. Enquanto elas trabalhavam, pensando que tínhamos esquecido os seus aniversários; eu, a Agnes, a Ana, a Angel e alguns amigos cuidavamos da organização da festa no salão de eventos no condomínio.

Alí percebi o quanto a minha irmã se esforçava para não deixar transparecer o quanto estava incomodada com a aparente frieza da minha cunhada. Ambas se olhavam de relace evitando se encararem, não dirigiam a palavra uma a outra; quando a Angel se aproximava um pouco a Ana se afastava rapidamente com o pretexto de buscar algo, o quê fazia a Angel suspirar fundo. O clima entre elas era tão pesado que a Agnes resolveu alfinetar.

- Porque será que existe gente tão orgulhosa a ponto de se mutilar emocionalmente, só para não dá o braço a torcer? Caramba, nós estamos organizando uma festa e vocês duas com essas caras de enterro! Não acham que já passou da hora de fazerem as pazes não? - as duas olharam para a Agnes, depois entre si, e eu sorrir.

- Eu também acho que é uma perda de tempo! - acrescentei, apoiando a fala da Agnes.

A Ana entendendo, parou o quê estava fazendo, fez um muchocho e saiu pisando duro. Enquanto a Angel apenas a acompanhou com o olhar.

- Você pisou na bola com ela, mas está na cara que se gostam; ela ainda está magoada. Por quê você não toma coragem e vai pedir desculpas agora? - eu falei para a minha irmã.

- É Angel, vai atrás dela e tenta consertar o mal feito. - a Agnes encorajou.

- Não sei, já tentei me aproximar várias vezes e ela nem se quer me olhou. Eu mandei bilhetes pedindo pra gente se encontrar, pedir desculpas, mas ela não me deu respostas e nunca atendeu as minhas ligações, sempre diziam que ela estava ocupada, ou não estava em casa. - a Angel se justificou.

- Deixa de ser idiota e vai atrás dela, você a magoou pessoalmente. Agora peça perdão, se ajoelha, chora, faça com quê ela perceba que gosta dela de verdade e não quer só uma trans* momentânea. - a Agnes incentivou novamente.

- Está bem,eu vou! - a Angel saiu quase correndo do salão e eu sorri para os demais amigos.

- Para onde será que a Ana foi hein? - perguntei com certa curiosidade.

- Para a tua casa. Acabou de passar por mim igual a um furacão, e a dona Angelina também. Estavam com tanta pressa que nem ouviram os gritinhos da Terê nos meus braços. - o Ney quê acabara de chegar com a Júlia e a minha filha no colo falou.

- Vixe Duda, vamos atrás daquelas malucas para elas não porem fogo na tua casa! - a Agnes cochichou no meu ouvido, pedimos licença ao pessoal e seguimos até lá.

- Você acha quê o teu pedido de perdão é o suficiente Angelina? - ouvimos a Ana falar alto assim que chegamos na varanda, pois a porta se encontrava meio aberta.

- Eu sei que não, mas não tenho outra alternativa. Se eu pudesse voltar no tempo, juro que não agiria daquela forma. Eu gosto de você Ana. E... - 

- Gosta? Você gosta e fez o quê fez? Me humilhou da pior forma, me tratou como uma vagabunda qualquer, como uma puta! - a Ana falava com a voz embargada.

- Me perdoa minha linda, vamos ser pelo ao menos amigas! - Angel quase sussurrou.

- Não! Eu não quero ser tua amiga. Você acabou com a nossa amizade Angel! - 

- Não fala assim Ana, me dá uma chance poxa! Eu prometo não tocar mais em você, mesmo sabendo que é uma das coisas quê mais quero. Eu me apaixonei por você Ana, mas você sempre deixou-me claro que era hétera, então eu me segurei até aquele maldito dia. - Nós estávamos meio escondidas e discretamente observavamos a Angel ajoelhada aos pés da Ana segurando em suas mãos.

- Você me faltou com o respeito! Me mostrou da pior forma o quê eu estava careca de saber, mas não queria admitir nem para mim mesma. Eu não conseguia aceitar que estava gostando de uma mulher, e muito menos a cunhada da minha irmã, uma mulher dez anos mais velha que eu. Eu tentei sufocar o quê sentia, fingir que era só amizade, mas quando te vi daquele jeito lascivo com aquela mulher foi demais, não consegui me segurar. Só quê você reagiu da pior forma! Não devia ter me beijado logo após aquela vagabunda! Eu acho que nunca vou conseguir te perdoar por isso! - as duas choravam copiosamente, mas em meio a toda aquela agonia tinham se declarado uma para a outra.

- Eu sei que não deveria ter te beijado daquela forma, mas você me provocou, eu perdi a cabeça, e quis te mostrar da pior maneira que não era imune a mim. Eu percebi que você quê você realmente tinha ficado com ciúmes, e quando raciocinei me senti mal, por isso eu peguei a Terê e saí do meu apartamento te deixando lá sozinha sem dizer mais nenhuma palavra. Eu sei quê a diferença da idade é grande, mas se me der uma nova chance, eu posso te mostrar o lado mais anjelical da Angelina. - suplicou.

- Você é uma demonia Angel. Desde os primeiros dias que começamos a saí juntas que percebi que você seria a minha perdição. - falou baixo, mas o suficiente para nós escutarmos.

- E você é a minha salvação Aninha, o meu melhor acerto apesar dos erros iniciais. - a voz da Angel soou rouca, as mãos da Ana abandonaram as dela e subiram até o rosto onde limparam as lágrimas.

A Angel ergueu-se, puxou a Ana delicadamente para junho de si, beijou o rosto várias vezes, até que os lábios se encontraram num beijo quente.

- Ah! - gem*ram juntas, e a Angel pegou a Ana no colo indo em direção as escadas.

- Que pena! Eu pensei que íamos assistir um pornô grátis. - a Agnes brincou e nós retornamos para o salão.

Fim do capítulo