• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • AINDA SEI, Ã? AMOR
  • CAPÍTULO 14: ÀS VEZES TE ODEIO POR QUASE UM SEGUNDO...

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Azra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Perdida
    Perdida em Você!
    Por Kivia-ass
  • Sentimentos
    Sentimentos Conflitantes
    Por Paloma Lacerda

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

AINDA SEI, Ã? AMOR por contosdamel

Ver comentários: 7

Ver lista de capítulos

Palavras: 4064
Acessos: 1182   |  Postado em: 25/11/2021

CAPÍTULO 14: ÀS VEZES TE ODEIO POR QUASE UM SEGUNDO...

Virginia chegou à sala e soltou um sonoro:

 

-- Pata que o paréu!

 

                  Suzana me olhou friamente e Pietra esboçou um sorriso no canto dos lábios. A mulher que eu amava e há minutos atrás era o motivo de meu sorriso e esperança de felicidade, se transformara em incógnita para mim, vi mágoa nos seus olhos, o brilho que fez eu me apaixonar sumira.

 

                  O silêncio incômodo se instalou naquela sala. Até para correr dali eu precisaria passar por Suzana e Pietra sabendo disso eu não conseguia sequer me mover. Virginia me segurou e me conduziu para fora do apartamento. Virginia ficou comigo, mais uma vez não saiu do meu lado, conteve seu típico falatório respeitando minha dor, adormeci no seu colo, exausta de chorar. Já era quase noite quando acordei, Virginia estava sentada na poltrona como quem velava meu sono.

 

-- Como você está se sentindo?

 

-- Anestesiada... Sabe quando o limiar da dor está tão alto que a gente para de senti-la?

 

-- Entendo... Você quer conversar?

 

-- Não há o que conversar...

 

-- Então vou te deixar descansar, seu carro já está na oficina, acionei o seu seguro e eles cuidaram de tudo. Se precisar de mim é só ligar que venho correndo.

 

-- Obrigada por tudo Virginia, não sei o que faria sem você...

 

-- É nem eu... Sou mesmo espetacular!

 

                   O jeito despachado de Virginia me arrancou um sorriso.

 

-- Vou indo estou morrendo de sono...

 

-- Virginia!

 

                  A moça voltou da porta.

 

-- Fica... Dorme aqui.

 

-- Saiba que vou cobrar adicional de serviço de babá no meu contrato ta?

 

                  A cena que assisti no apartamento de Pietra não saía da minha cabeça. A sensação que tinha era que eu não conhecia Suzana de fato, e Bernardo tinha toda razão a respeito dela. Eu me perdia no desejo de desabafar minha indignação e decepção com ela e o apelo interior de nunca mais vê-la para não aumentar minha ferida. Convenci meu coração a odiá-la.

 

                  Uma semana depois do acontecido, outro fato coroou minha decepção com Suzana depois de ver a angústia de Virginia conversando ao telefone:

 

-- “Mas você vai assim? Não me avisou nada com antecedência, como eu fico agora? O mês está acabando não tenho como manter esse apartamento Pietra! Que rasteira!”

 

                  Virginia desligou o celular irritada, fato inédito para mim.

 

-- O que houve menina?

 

-- Minha prima é uma vaca!

 

-- Só agora você descobriu... Eu sempre soube! O que ela fez agora?

 

-- Está indo embora para o Rio, recebeu uma proposta de trabalho da Suzana e vai se mandar pra lá, vai entregar o apartamento e me deixou sem teto agora!

 

                  Minha expressão mudou e Virginia só então percebeu o que aquela notícia representava para mim:

 

-- Ai caraca, desculpa Isa...  Mas, estou tão agoniada que saiu sem pensar direito...

 

-- Esquece Virginia, não precisa se desculpar. Imagino que elas estão juntas... Pra sua prima largar tudo para voltar para o Rio...

 

-- Ai Isa juro que não sei, a Pietra sabe que somos amigas, ela me considera uma inimiga desde então, a prova disso foi essa que ela aprontou... Aquele apartamento é muito caro, não tenho como ficar sozinha nele e arranjar alguém para rachar despesas a essa altura é muito difícil...

 

-- Você fica lá em casa até arranjar um apartamento que você possa pagar, ou alguém para dividir um canto, não se preocupe, assim me faz companhia também.

 

-- Ai Isa, jura que não vou incomodar?

 

-- Você está brincando não é? Você é o incômodo em pessoa Virginia!

 

                  Virginia abriu a boca surpresa, antes que ela se ofendesse completei:

 

-- É exatamente do que preciso lá em casa, alguém pra me incomodar!

 

                  Sorri e Virginia me abraçou agradecendo meu gesto. Eu não estava só brincando, eu precisava mesmo de companhia, e alguém como Virginia minimizaria minha solidão, evitando que meu pensamento voasse até Suzana.

 

                  Virginia não só me divertia, mas também cuidava de mim, do jeito dela claro... Meio estabanada, efusiva, insistia em me levar para sair e qualquer mulher que sorrisse para mim ela já se oferecia como cupido, e eu sempre me queixando da sua pouca habilidade para identificar uma lésbica.

 

                  Passou-se um mês e inevitavelmente meu reencontro com Suzana aconteceria. Pela gravidade do caso dela, Suzana seria uma das primeiras pacientes a realizar a substituição do neurochip. Nos dias que antecederam o procedimento agendado eu era só ansiedade, tensão, angústia. Para aumentar meu desequilíbrio emocional naquela expectativa, recebi uma visita inesperada no meu consultório:

 

-- Olá doutora, posso entrar?

 

                  Clara surgiu com seu lindo sorriso.

 

-- Clara?! O que você faz aqui? Está doente?

 

-- Marquei a consulta para que você não fugisse de mim... Posso ou não entrar?

 

-- Entre, por favor.

 

-- Vim aqui te fazer um convite e não aceito um não como resposta.

 

-- Pois não...

 

-- Farei meu aniversário no próximo sábado, fecharei o bar apenas para amigos e quero você lá.

 

-- Clara você me pegou numa semana péssima... A partir de amanhã eu praticamente me mudarei para esse hospital, uma série de procedimentos serão realizados em meus pacientes da pesquisa e preciso acompanhar de perto...

 

-- Não adianta vir com desculpas Isabela, você ainda me deve uma aposta lembra? Espero você no Colors as 22h no sábado.

 

                  Não estava disposta a ir para a tal festa, sentia carinho por Clara, mas meu estado não permitia sequer que meu corpo deixasse fluir a atração que era tão intensa entre nós. Passei o mês mergulhado em trabalho, os poucos momentos de descontração que eu tinha eram mérito de Virginia.

 

                  A semana passou rápido, coisa que certamente não aconteceria no final de semana, uma vez que na segunda-feira estava agendado o internamento de Suzana para a realização do procedimento. Até o sábado, Clara me encheu de torpedos lembrando-me da festa e ratificando a importância da minha presença.

 

                  Eu e minha equipe da pesquisa permanecemos a maior parte do tempo no hospital avaliando os resultados dos pacientes, acompanhando os pós-operatórios, no sábado estávamos todos exaustos, mas tudo transcorria sem complicações.

 

-- Isa confesso, estou pregada! Preciso sair desse hospital se não vou enlouquecer! – Virginia dramatizou.

 

-- Estou cansada também... Vamos para casa?

 

-- Jura que você deixa?

 

-- Está tudo tranqüilo e Dr.Lucas, estava de folga, acabou de chegar, duas de suas colegas também estão chegando e não trabalharam ontem, então estão descansadas, acho que podemos descansar um pouco, dormirmos em casa e amanhã voltamos.

 

-- Ai eu te amo Isa! Vamos antes que você mude de idéia.

 

                  No caminho para casa, recebi uma ligação de Clara:

 

-- Devo reservar um lugar na minha mesa para você?

 

-- Clara estou exausta, te expliquei, perdoe-me, mas, não posso ir.

 

-- A doutora não tem palavra? Você perdeu uma aposta, me deve isso!

 

                  Desconversei mas não adiantou.

 

-- Se você não vier, deixo todos os meus convidados e vou te buscar!

 

-- Ok... Vou dar uma passada por aí.

 

                  Virginia com uma expressão nada satisfeita perguntou:

 

-- O que essa loira Belzebu queria?

 

-- Nossa... De onde surgiu esse título? A Clara é um doce...

 

-- Ela é uma cobra isso sim... Mas, o que ela queria?

 

-- O aniversário dela é hoje e há uma semana que ela me torra para comparecer. Ela fechou o Colors só para convidados hoje... Enfim, vou ter que ir.

 

-- Ok que horas nós vamos?

 

-- Virginia não precisa você ir... Você está cansada, não vou demorar...

 

-- Você está surtando se acha que vou te deixar ir sozinha para as garras daquela sonsa.

 

                  Franzi a testa estranhando a reação de Virginia.

 

-- E nem adianta me olhar assim, eu vou com você e ponto final.

 

                  Chegamos ao Colors no horário marcado depois de passarmos pelo shopping e comprarmos o presente para Clara. Tive que aturar o mau humor de Virginia observando o meu cuidado na escolha do presente para a aniversariante.

 

-- Minha convidada de honra chegou!

 

-- Oi Clara, parabéns...

 

                  Abracei-a amigavelmente.

 

-- Vejo que você trouxe seu chaveirinho...

 

                  Clara apontou para Virginia que soltava faíscas de raiva pelos olhos.

 

-- Virginia é minha companhia inseparável agora Clara. - Brinquei.

 

-- Como eu disse, praticamente um acessório seu... Um chaveirinho que você traz pendurado...

 

-- Justamente para evitar que pessoas indesejadas se pendurem no pescoço da minha amiga... – Virginia falou encarando Clara.

 

                  Para acalmar os ânimos e as alfinetadas entre as duas mudei de assunto:

 

-- Trouxe para você, espero que goste.

 

                  Entreguei o presente a Clara, que em seguida nos encaminhou para sua mesa, Virginia deu um jeito de não deixá-la sentada ao meu lado. O comportamento da minha pupila me causou estranheza. No primeiro momento em que Virginia se afastou de mim, Clara se aproximou:

 

-- Sua guarda-costas não te dá folga heim?

 

                  Sorri.

 

-- Adorei o presente... Mas, estou esperando um presente mais íntimo e especial...

 

                  Clara se aproximou devagar, segurou-me pelo pescoço e me beijou delicadamente, quando afastou-se e abri meus olhos, vi parada diante de mim Suzana com os olhos cintilando ódio.

 

                  Minha reação instintiva foi de retração, empurrei Clara que imediatamente girou seu corpo a fim de descobrir o motivo de minha palidez.

 

-- Suzana! Que bom que aceitou meu convite, onde está Pietra?

 

                  Suzana ignorou a simpatia forçada de Clara, e eu demorava a entender o vínculo das duas e Pietra. Não demorou até a própria aparecer com a prima, minha salvadora Virginia. Pietra abraçou Clara com intimidade, senti arrepios ao notar isso. Virginia cochichou ao meu ouvido:

 

-- Onde estão as câmeras da pegadinha?

 

 

                  Imóvel eu não conseguia tirar meus olhos de Suzana que permanecia muda enquanto Clara e Pietra davam a demonstração de amizade de infância para nós. A cena me enojou e me angustiou também, sentia algo sombrio no vínculo delas, além do mais, o olhar impassível de minha ex me incomodava profundamente.

 

                  Notando meu mal-estar óbvio Virginia veio em meu socorro:

 

-- Essa festa já deu o que tinha que dar, vamos embora Isa.

 

                  Levantei-me e quando fiz menção de deixar a mesa Clara interveio:

 

-- Ei aonde pensa que vai? A festa está só começando.

 

-- Clara desculpe-me, mas, preciso ir.

 

-- Mas você ainda não me pagou a aposta!

 

                  Suzana soltou um riso sarcástico que me ofendeu, em seguida murmurou:

 

-- Olha quem também faz apostas...

 

                  O tom de escarninho de Suzana despertou minha indignação, mais que isso minha ira.

 

-- Minhas apostas não objetivam brincar com a vida das pessoas. – Retruquei.

 

-- Ah claro... Por um momento esqueci que você é inimputável, soberana, incapaz de errar.

 

                  A ironia de Suzana me ultrajou. Minhas mãos trêmulas anunciavam minha irritabilidade e uma discussão pública acerca de palavras não ditas, idéias que cresceram à socapa, mas que obviamente gritavam dentro de nós desde nosso último encontro. Virginia segurou forte meu braço e com os olhos suplicantes chamou-me:

 

-- Isa, vamos embora, agora.

 

-- Melhor você ir Isa, antes que a mocinha fique nervosa e te coloque de castigo. Engraçado como você sempre precisou de alguém pra te comandar, deve ser essa postura submissa que atrai tantas mulheres para sua cama.

 

                  Tomada de fúria, uma fúria que cultivei nas últimas semanas, reuni toda força que naquele gesto e arremessei minha mão contra a face de Suzana, que se desequilibrou tamanha a intensidade do meu movimento. Pietra avançou contra mim como se quisesse salvar a honra de sua amada, mas Virginia foi mais rápida tomando minha frente:

 

-- Não ouse chegar perto dela Pietra!

 

                  Transtornada eu não sabia o que dizer ou fazer, mas meus olhos não deixaram Suzana por um segundo, e esta esfregando sua mão na bochecha não se esquivou do meu olhar. Se trocamos farpas por insultos verbais, nossos olhares emanavam mágoa, expondo a ferida que corroia nossas almas. Virginia me tirou do bar, e como se aquele momento exigisse trilha sonora, a cantora contratada por Clara entoava:

 

Eu tava aqui tentando não pensar no seu sorriso
Mas me peguei sonhando com sua voz ao pé do ouvido
E te liguei
Me encontro tão ferida, mas te vejo ai também em carne viva
Será que não tem jeito?
Esse amor ainda nem nasceu direito, pra morrer assim

Se você pudesse ter me ouvido um pouco mais
Se você tivesse tido calma pra esperar
Se você quisesse poderia reverter
Se você crescesse e então se desculpasse
Mas se você soubesse o quanto eu ainda te amo
É que eu não posso mais

Não vou voltar atrás
Raspe dos teus dedos minhas digitais
Eu não vou voltar atrás
Apague da cabeça o meu nome, telefone e endereço
Eu não vou, eu não vou voltar atrás
Arranque do teu peito o meu amor cheio de defeitos

Me mata essa vontade de querer tomar você num gole só
Me dói essa lembrança das suas mãos em minhas costas
Sob o sol da manhã
Você já me dizia: conheço bem as suas expressões
Você já me sorria ao final de todas as minhas canções
Então por que?

 

(Digitais, Isabela Taviani)

 

                  Era o que eu precisava: raspar dos meus dedos, da minha pele, da minha alma as digitais de Suzana. Apesar de não digerir com clareza o que se passara naquela noite o saldo que me fazia sangrar era o eco das palavras envenenadas de Suzana para mim, seu olhar nefasto, nublado por um sentimento denso de aversão parecia ter ficado impresso em mim, acentuando minha dor.

 

                  Virginia era só cuidado comigo, e a proximidade de Pietra com Clara também a inquietou a ponto dela quebrar o silêncio que guardava minha reflexão com uma promessa:

 

-- Isa eu vou descobrir o que aquelas duas tem... Ah se vou... Isso não está me cheirando bem.

 

-- Deixa isso pra lá Virginia, eu só quero esquecer Suzana, minha luta agora será essa, consegui uma vez, vou conseguir de novo.

 

                  Se havia alguém que sabia me divertir esse alguém era Virginia, e foi isso que ela fez no dia seguinte, quando tudo que eu queria era me afundar no edredom vendo filmes violentos e sanguinários. Mas, meus planos não condiziam com os que minha roommate tinha traçado para nosso domingo. Apareceu no meu quarto abrindo as cortinas, o sol forte do belíssimo dia que fazia chegava a ofender meu estado sombrio. Mexeu no meu closet e ressurgiu diante de mim com um biquíni nas mãos:

- O dia pede piscina! Já liguei para o hospital, está tudo tranqüilo por lá, não precisam de nós por enquanto, se vista, vamos dar bom dia ao sol!

- Você só pode estar brincando... – Escondi meu rosto em baixo do travesseiro irritada.

                  Virginia sacudiu outro travesseiro, tirou o edredom que me cobria, e comunicou:

- Preparei nosso café que está servido no deck, nós vamos tirar essa cor de vela do nosso corpo hoje, essa semana os internos me disseram que seriam capazes de puncionar minha veia com um dardo de tiro ao alvo, estou transparente Isa, e isso é ofensa para uma carioca!

- Virginia vai ver se eu estou na esquina!

- Não adianta tentar me espantar com seu mau humor, eu só saio daqui com você ao meu lado vestida nesse biquíni que apesar de completamente fora de moda é bonitinho...

                  Eu sabia que ela não desistiria mesmo. Levantei-me chutando o vento, bufando de raiva, despi-me na frente dela e com força arranquei o biquíni de suas mãos ignorando sua boca aberta e seu olhar atento ao meu corpo. Vesti as peças como criança que vestia um vestido de babado que arranhava as costas, em seguida saí arrastando-a até o deck, onde encontrei uma mesa farta e bem decorada de café-da-manhã.

- Tudo bem eu vou torrar aqui nesse sol por sua causa, mas tenho uma condição.

- Você acha que está no direito de impor condições? Olha o que eu preparei para você sua ingrata!

- Não abusa Virginia!

- Fala então.

- Vai encher a cara comigo!

- Fechou!

                  Depois do café e de muitas horas de sol, estávamos nós sentadas à beira da piscina contando as garrafas de cerveja, esperando o porteiro trazer mais. Virginia conseguiu se tornar melhor amiga dele, conseguia do Sr. Fontenele o que nenhum morador jamais ousou pedir.

- Sabe o que acho Isa?

- Depende do que você procura.

- Acho que eu nunca vou me apaixonar, é mais seguro, é mais saudável.

- É mais triste e chato também.

- Mais triste do que a neurologista mais renomada da América Latina e uma das melhores do mundo no auge de uma pesquisa premiada com um Nobel definhar por causa de um amor que não deu certo?

                  Fiquei sem palavras, e meu espírito não estava muito inclinado a defender o amor, dei de ombros e terminei a última cerveja.

- Quando você se apaixonar vai me dá razão.

                  Pulei na piscina enquanto Virginia corria para atender à porta, seu corpo “mion” naquele biquíni se transformou em um pedaço de mal caminho, ou era tudo efeito da cerveja no meu sangue. Virginia voltou com as sacolas com cerveja nas mãos.

- As loiras chegaram Isa! Vamos continuar a festa!

- Você gosta de loiras?

- Geladas são ótimas.

                  Serviu-me uma cerveja e entrou na piscina em seguida. Perdi a conta de quantas cervejas tomamos, comemos um monte de besteiras, vimos o sol se despedir e continuamos no deck vendo a noite chegar.

- Ai adoro essa músicaaaa! – Virginia saltou empolgada.

Ela dormiu no calor
Dos meus braços
Huuum!
E eu acordei sem saber
Se era um sonho
Algum tempo atrás
Pensei em te dizer
Que eu nunca cai
Nas suas armadilhas de amor...

Naquele amor
À sua maneira
Perdendo o meu tempo
A noite inteira...

Não mandarei
Cinzas de rosas
Nem penso em contar
Os nossos segredos

Naquele amor
À sua maneira
Perdendo o meu tempo
A noite inteira...

 (À sua maneira – Capital Inicial)

                  Virginia dançava a música empolgada, cantando como se estivesse no show ao vivo diante de Dinho Ouro Preto. Em uma de suas piruetas, desabou na grama. Corri para ajudá-la, preocupada com o baque da queda.

- Virginia? Ai, bêbada dançarina é um prato cheio pra ortopedistas sabia?

                  Ajoelhei-me com dificuldade dada minha tontura. Examinei-a rapidamente interrogando sobre seu tornozelo, quando ouvi os risos escachados de Virginia.

- O que foi sua louca? – Perguntei sorrindo.

- O tornozelo...

- Está doendo?

- Esse não... Você está examinando o tornozelo errado!

                  Entreguei-me ao riso, e quando dei por mim, estava espalhada pela grama ao lado de Virginia que não conseguia parar de rir.

- Doutora Isabela Bitencourt não soube identificar uma entorse no tornozelo! Ela só entende de cabeça!

                  Tentei me defender, mas tudo que consegui foi dar pequenos tapas no seu braço. Virginia retribuiu e logo já estávamos rolando pela grama como meninos levados. Afim de contê-la, afinal ela estava fazendo cócegas em mim coisa que me desestruturava,  fiquei sobre ela e segurei seus braços acima de sua cabeça, deixando nossas bocas em paralelo.

                  Nossos olhares se encontraram com a chama do desejo ardendo o encontro de nossos lábios foi imperativo, inevitável. Os lábios de Virginia eram doces, envolventes, poderia passar horas só sentindo o gosto de sua boca e a suavidade de sua língua. Mais acolhedor do que seu beijo foi seu sorriso discreto e pleno ainda com os olhos fechados quando me afastei de sua boca.

                  Virginia estava prestes a falar algo quando a interrompi com outro beijo, dessa vez liberei suas mãos e estas envolveram minha cintura, minhas costas, colando nossos corpos evidenciando a excitação que inundava nossos corpos. Estávamos só de biquíni o que deixava muito óbvio o estado que nos encontrávamos.

                  Por um instante enquanto me movimentava sobre o corpo de Virginia contemplei sua expressão de prazer e isso me deu uma satisfação indescritível, mas ao mesmo tempo, senti peso na consciência por ser a primeira mulher a beijá-la e meu corpo queria mais do que um beijo. Afastei-me e com dificuldade me levantei e entrei em casa sendo seguida por Virginia que muito constrangida me perguntou:

- Não gostou do meu beijo? Lésbicas beijam melhor não é?

                  Aproximei-me de Virginia tomada de um sentimento de ternura por ela, desejando protegê-la até dos seus próprios pensamentos, segurei seu rosto entre minhas mãos e disse:

- Seu beijo é simplesmente maravilhoso... Tão incrível que se eu não parasse não me responsabilizaria pelos meus atos...

- Somos adultas e ambas responsáveis pelos nossos atos Isa... Não aconteceria nada além do que eu desejava, ou melhor do que eu desejo, eu não sabia que te queria tanto Isa até você me beijar, eu não entendia o que sentia por você mas agora ficou tão claro!

- Virginia nós bebemos demais, estamos carentes, não vamos confundir as coisas, não quero, não posso te perder...

- Isabela...

- Você não entende o quanto é importante para mim?

- Isabela...

- Não posso arriscar isso por causa de um impulso, um desejo...

- Isabela cala a boca!

                  Virginia se lançou nos meus braços roubando-me um beijo ardente, os lábios doces se transformaram em lábios vorazes que sedentos me devoraram, sugaram, beberam minha boca. Deixei-me levar por aquela ânsia juvenil daquela linda menina que diante dos meus olhos naquele momento era uma mulher irresistível.

                  Conduzi-a com delicadeza até meu quarto, senti-me na deliciosa obrigação de fazer aquele momento especial para Virginia. Beijei seu colo, seu pescoço, seus ombros, sentindo sua pele arrepiar. Desatei o nó do seu biquíni, puxei-a pela cintura e grudei nossos corpos, nossos seios eriçados. Em meio a beijos impus o peso do meu corpo sobre o seu fazendo com que ela se deitasse em minha cama. Amei-a sem pressa, Virginia merecia que eu mostrasse como mulheres se amam com todo corpo, não só com seus órgãos sexuais. Acariciei sua barriga, seus seios com o dorso de minhas mãos, beijei suas pernas, deslizei minha língua pelo seu corpo quente, parei nos seios, suguei-os enquanto Virginia se contorcia com uma expressão de prazer desenhada. Sobre seu corpo rocei meu sex* no dela, com movimentos que lembravam uma massagem lenta. Encaixada entre suas pernas abri um sorriso ao notar a umidade abundante do seu sex*. Finalmente desci minha mão até seu clit*ris, protuberante, indicando que ansiava ser tocado. Mais uma vez não tive pressa, massageei suavemente e gradualmente impus mais velocidade excitada pelos gemidos e espasmos de Virginia intensifiquei meus movimentos até seu gozo se evidenciar.

                  Amanheceu e pela primeira vez, acordei antes de Virginia. Olhei-a dormir tão linda, delicada, em paz. A culpa me tomou, pensei sozinha:

- Pronto Isabela agora o caos na sua vida sentimental está armado! Parabéns, dessa vez você se superou! Agora como você vai agir com ela? Vocês trabalham juntas! E se essa menina se apaixonar? Meu Deus tudo que não posso fazer é magoá-la!

                  Enquanto eu me perdia na minha reflexão culposa, Virginia se espreguiçou. Com o bom humor típico de guia turístico baiano abriu um sorriso largo e manhosamente disse:

- Bom dia Isa...

- Bom dia, dormiu bem?

- Como nunca!

                  Sentou-se e segurou meu rosto beijando-me tenramente.

- Dormir nos seus braços é maravilhoso.

                  Sorri sem graça, na minha mente um grande branco “O que eu digo agora?”. Na falta do que saber dizer beijei-lhe e me levantei com uma desculpa:

- Vamos levantar porque hoje o dia é de trabalho intenso...

- Hoje é dia de Suzana...

                  Virginia sussurrou, fingi não ouvir, mas meu coração acelerou pelo simples fato de escutar o nome de Suzana e perceber que mais um reencontro inevitável estava tão próximo.

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 14 - CAPÍTULO 14: ÀS VEZES TE ODEIO POR QUASE UM SEGUNDO...:
Lea
Lea

Em: 17/12/2021

Ainda acho muito injusto a Camila ter morrido. A Suzana cheia de doenças sobrevive, só ferra com a sanidade da Isa,e está aí viva. Lamentável!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

patty-321
patty-321

Em: 30/11/2021

Euta confusa da porra. Tudo mulher doida, não tem uma boa. Kkkk

Responder

[Faça o login para poder comentar]

ACLV
ACLV

Em: 26/11/2021

Parabéns a autora, é uma história incrível mesmo. E acho que os comentários são apenas para "compartilhar" o quanto estamos envolvidas e empolgadas com a estória. Lógico que sempre respeitando a escritora e o seu desfecho que será dado a mesma. Torcermos para um determinado casal ou não gostar da atitude de certa personagem, não desmerece mais a estória, pelo contrário, mostra o quanto estamos empolgadas. Ainda não conheço o final e nem sei o que ainda acontecerá com as personagens, torço realmente por Isabela e Virgínia, mas respeitarei o desfecho dado as personagens. Acho que Suzana já passou dos limites de respeito com Isabela... enfim... parabéns "Contosdamel", com certeza, uma das melhores estórias lidas aqui no lettera.


Resposta do autor:

Sabe que às vezes eu também torço por alguns casais, mesmo não sendo o que escrevo... juro que super entendo quando o desfecho não é o que o público esperava, muitos dos meus contos são fruto de um filme, livro ou série que eu não curti o desfecho ou faria diferente alguma cena. Espero que continue curtindo a história, obrigada pelo carinho

Responder

[Faça o login para poder comentar]

NúbiaM
NúbiaM

Em: 26/11/2021

A história da Isa com Camila seguiu seu destino, a vida é uma incógnita, a segunda temporada mostrou isso com a morte da Camila, a história está mostrando as possibilidades de recomeço, as idéias pertencem a autora, que é brilhante por sinal.

Ela é livre em sua criação, nossos comentários apenas amplia a diversidade de pensamento e expõe os sentimentos que a leitura nos desperta, até mesmo analisarmos nossas próprias relações, nossas atitudes.

Enfim, gratidão por nos presentear com sua obra.


Resposta do autor:

Obrigada pelo apoio Núbia, adoro ler os comentários de vocês, me inspiram e me motivam, eu desencanei de agradar todo mundo, não funciona assim. Em outras ocasiões no abcles, fui ofendida, os comentários eram bem mais ácidos, ofensivos as minhas personagens e todo autor vai defendê-los rsrs

Estou mais tranquila em ler todos e não me abalar tanto, especialmente por que tenho leitoras como você que estão aqui continuando a me ler e comentando!

Abraços

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Rita Dlazare
Rita Dlazare

Em: 26/11/2021

É  só  uma história gente,  e muito bem  escrita por sinal. 


Resposta do autor:

Isso, Rita, é só uma história, uma fantasia. Também já dei stop em um filme que percebi que o caminho não era o que eu desejava, fiz isso com livros e novelas também. Obrigada pelo carinho e por me ler =)

Beijo

Responder

[Faça o login para poder comentar]

kasvattaja Forty-Nine
kasvattaja Forty-Nine

Em: 26/11/2021

Olá, tudo bem?

 

Li sua história no antigo ABCLes, então já sei o final.

Confesso que, para mim, Isabela e Camila viveriam felizes para sempre por que a história delas foi muito melhor do que de Isabela e Suzana, assim — repito, sensações e desejos meus, ok? — a história deveria ter acabado na primeira temporada, mas não tem como não reconhecer a boa escrita e trama traçada pela Autora e a coragem de postar novamente a história aqui no Lettera.

É isso!

 

Post Scriptum:

 

''Quem quer agradar a todos não agrada a ninguém. ''

 

Jean-Jacques Rousseau,

 

Filósofo e Escritor.


Resposta do autor:

Oi Kas,

Desagradei minha mulher quando escrevi essa segunda temporada também, acredite, até hoje eu esscuto reclamação dela... Quando ela me conheceu eu já tinha postando essa temporada, e ela é inconformada kkkkk

Não sei se chega a ser uma justificativa, mas, no ABCLEs eu tinha um fã clube empolgado pela Suzana, na tentativa de agradar aos dois times, escrevi um onde o final era com Camila e este com uma chance para Suzana, mas, nunca tive a pretensão de agradar todo mundo rs, Jean-Jacques foi muito feliz nesta reflexão. Estou relendo todas as histórias que postei e hoje escreveria diferente, mas, para isso, terei outras histórias, outros personagens, vou respeitar o tempo e as circunstâncias em que as personagens nasceram e conquistaram a uns e a outros não.

Muito obrigada pelo carinho sincero, espero que curta as outras histórias =)

Abraço

Responder

[Faça o login para poder comentar]

nany cristina
nany cristina

Em: 25/11/2021

eu tô desistindo dessa história Tchau para quem fica??’?


Resposta do autor:

Tchau Nany =)

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web