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  • CAPÍTULO 13: 2º ROUND - REPERCUSSÃO

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AINDA SEI, Ã? AMOR por contosdamel

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Palavras: 4814
Acessos: 1343   |  Postado em: 24/11/2021

CAPÍTULO 13: 2º ROUND - REPERCUSSÃO

Olhei para Suzana, sua expressão apreensiva, angustiada era uma incógnita para mim, não sabia julgar aquela atitude dela, se eu estava reticente, depois de descobrir essa tal aposta, meus receios só aumentaram. Quanto a Bernardo, minha decepção foi infinitamente maior e dolorosa. Ele era mais que meu melhor amigo, era um irmão, que levianamente me envolveu num jogo de vaidades, imperdoável para mim.

 

-- Isa pelo amor de Deus fala alguma coisa! – Bernardo bateu as palmas das mãos nas coxas.

 

-- Eu não sei nem por onde começar... Não sei o que é pior Bernardo... Se é o fato de você ousar colocar em risco meu casamento com Camila propondo uma aposta que empurraria Suzana mais uma vez em nossa vida, ou se é o fato de você me aterrorizar sobre o caráter de Suzana só para não perder essa aposta...

 

-- Não Isa! O motivo pelo qual te adverti sobre a Suzana, não foi por medo de perder a aposta! Minha preocupação era que ela te magoasse só para ganhar a aposta... E além do mais, eu não acho mesmo que ela seja capaz de te se manter fiel a você, que realmente mude esse comportamento dela e te fazer feliz...

 

-- Ei Bernardo! Você está louco se pensa que estou com Isa por causa dessa aposta ridícula! – Suzana interrompeu Bernardo.

 

-- Suzana você só não procurou a Isa para infernizar o casamento dela por que logo que voltamos do Caribe, aconteceu o acidente que vitimou a Camila! Seria muito mórbido de sua parte procurá-la tão rapidamente...

 

-- Bernardo não seja leviano! Não me julgue assim! – Suzana esbravejou.

 

-- Então me responde Suzana... Se Camila estivesse viva, você iria mesmo me procurar para vencer essa aposta? – Perguntei.

 

-- Sim eu iria... Mas...

 

-- Mas... Sem Camila o desafio ficou sem graça não é? Por isso você exigiu que eu me desfizesse das fotos de Camila lá em casa? Queria vencê-la não é? Eu virei o troféu de vez!

 

                  Suzana com os olhos marejados balançou a cabeça negativamente e disse:

 

 

-- Não adianta eu me justificar, me explicar não é Isabela? Você não confia em mim... Como eu te falei essa semana mesmo... Qualquer pessoa tem mais credibilidade com você que eu... Não dá continuar assim Isabela...

 

-- Você agora quer me virar o jogo? Ser a vítima? – Perguntei com a voz embargada.

 

-- Não há vítimas aqui Isabela... Só uma vilã: eu, como sempre...

 

                  Suzana recolheu sua bolsa e saiu da sala sem se despedir. Tentei falar algo que a impedisse de deixar o consultório, mas algo maior dentro de mim travou minha voz. Bernardo me olhou como quem esperava uma sentença, mas, eu não tinha nem disposição nem equilíbrio emocional para avaliar o estrago que a atitude de Bernardo teria em nossa amizade.

 

-- Isa... Eu nunca tive intenção de usar você, de brincar com sua vida... Eu tinha certeza que seu casamento com Camila era sólido, que Suzana não abalaria a felicidade de vocês...

 

-- Não Bernardo, você não sabia... O que você sabia era que Suzana foi meu primeiro amor e quase acabou com meu namoro com Camila quando ressurgiu na minha vida... Sabia o que representava uma ex como ela... Sabia que eu e Camila estávamos morando em países diferentes, desconhecia se nossa relação estava vulnerável ou não e mesmo assim empurrou Suzana de volta para minha vida...

 

-- Isa não é bem assim! Eu havia visto vocês nas festas de fim de ano... Você me falou que estava se preparando para engravidar, até brincamos que eu poderia doar meu sêmen... Você e Camila se amavam, nunca poderia supor que Suzana abalaria o amor de vocês! Queria dar uma lição nessa prepotente...

 

-- Você pensou como eu me sentiria? Pensou em algum momento em Camila?

 

-- Isa não faz drama vai...

 

-- Drama? Você não só foi irresponsável e desleal, como também infernizou minha volta com Suzana por um motivo fútil e egoísta.

 

-- Isso não! Acredito com todas as forças de minha alma que Suzana não é mulher para você!

 

-- Por que não? A Suzana me traiu com Bárbara, mas antes dela aparecer ela foi completamente fiel.

 

-- Por quanto tempo Isa? Quanto tempo vocês namoraram? Um ano? Em menos de um ano ela te traiu na primeira oportunidade... Isso é o que você sabe... Está na essência dela, trair, seduzir... Isabela eu vi como Suzana agiu no Caribe, ela se realiza quando domina alguém, não acredito que alguém assim mude por mais que te ame.

 

-- Você tem uma idéia muito mesquinha do amor Bernardo...

 

-- Ah é? Se você acredita mesmo que ela te ame tanto e que não é essa pessoa que eu descrevi, por que você a deixou partir? Por que não confia nela? Por que não vai atrás dela?

 

                  Não respondi, fingi ignorar Bernardo. Recolhi minhas coisas e saí pela cidade dirigindo sem rumo. Imaginei onde Suzana estaria, controlei-me para não ligar para ela porque simplesmente não sabia como agir diante dela. Não confiava nela e me doía assumir isso para ela. Dirigi por quase uma hora, e quando me dei conta estava parada diante do prédio do Colors.

 

                  Não desci do carro. Fiquei ali parada e o choro que estava retido, sufocado em minha alma, “como uma represa pronta pra jorrar” minhas lágrimas cobriram meu rosto. Abraçada ao volante simplesmente desabei até ouvir batidas no vidro da janela. Clara fazia sinal para que eu baixasse o vidro. Enxuguei o rosto, respirei fundo e ela me perguntou:

 

-- Você está sentindo alguma coisa Isa? Está passando mal? Posso te ajudar?

 

                  A preocupação nos olhos de Clara, mais do que sincera, soou acolhedora para mim.

 

-- Pode sim... Preciso de álcool, você pode me dar isso?

 

-- Você está falando com a dona de um bar... Ninguém mais pode ter dar isso melhor do que eu, venha.

 

                  Clara fez um sinal com a cabeça e abriu a porta do meu carro. Acompanhei-a até o interior do Colors. Alguns funcionários faziam a faxina do bar, a maioria me conhecia e foram simpáticos, pareciam fingir não perceber meus olhos inchados e meu nariz vermelho. Subimos para o primeiro piso e logo um dos garçons trouxe uma garrafa de whisky e dois copos.

 

-- Esse é especial... E pelo seu estado acho que você precisa de algo forte...

 

-- Acertou em cheio Clara...

 

-- Você quer me contar o que aconteceu?

 

-- Será que hoje você pode ser só a dona do bar? Fingir que não me conhece, que não sabe nada de mim, e simplesmente me fazer companhia?

 

-- Se é disso que você precisa, serei minha cara.

 

                  Clara serviu uma dose para nós e me convidou a um brinde, com avidez virei o copo e bati o copo na mesa sinalizando o pedido de mais uma dose. E meu gesto se repetiu uma, duas, três vezes antes de meu celular começar a tocar.

 

-- Não vai atender?

 

-- É do hospital, não vou trabalhar hoje à tarde...

 

-- Isa... Você almoçou? Comeu alguma coisa? Pra estar bebendo assim pelo menos tem que estar com o estômago cheio... Como eu não sei que você é médica... – Sorriu – Estou no meu papel de dona de bar consciente e preocupada com minha cliente.

 

-- Não comi nada e nem tenho apetite...

 

-- Mas terá quando eu trouxer... Você precisa consumir mais do que whisky para merecer que eu abra o bar só para você três horas antes do habitual.

 

                  Consenti com a cabeça.

 

-- É justo...

 

                  Clara logo apareceu com uma tábua de frios e pães e impôs a condição: só me serviria mais bebida quando eu comesse algo. A companhia de Clara apesar da circunstância me fazia muito bem, mas não minimizava a angústia que me tomava. O Jonh Walker 12 anos parecia mais atrativo, tanto que em pouco tempo se tornara meu melhor amigo e quase vazio sobre a mesa.

 

-- Isa... Acho que já está de bom tamanho sua conversa com o Jonh... Que tal parar um pouco? O bar já vai abrir e não quero que as pessoas te vejam assim...

 

-- Assim como? Destruída? Humilhada? Enganada?

 

-- Não minha querida... Bêbada mesmo...

 

-- Não estou bêbada!

 

                  Ergui a voz para Clara com a língua mole, e foi nesse momento que percebi que movimento de rotação da Terra acelerou e ninguém me avisou. Clara sorriu e com muita delicadeza se aproximou de mim, e convidou:

 

-- Venha, você vai tomar um banho e dormir... Bêbada dormindo faz menos estrago...

 

-- Acho que não... Você quer me levar pro seu matadouro...

 

-- Meu bem você continua linda mesmo com os olhos meio vesgos e com esse bafo de chão de budega, mas eu não costumo ser tão canalha às cinco da tarde...

 

                  Sorri e tentei me levantar, completamente tonta caí por cima de Clara, colando nossos rostos. Estava bêbada, e não anestesiada, não pude deixar de sentir as mãos dela apertando minha cintura, e sua respiração acelerada próxima à minha boca parecia anunciar um beijo inevitável contrariando todas as regras do bom senso que sempre preservei.

 

                  Clara me puxou com força contra seu corpo segurando-me firme com nossos lábios colados, eu estava quase entregue quando uma voz estridente nos surpreendeu:

 

-- Ai caraca, graças a Deus achei você Isa!

 

                  Virginia se aproximou rápido, me tirando dos braços de Clara.

 

-- Cheguei bem a tempo de evitar um desastre... Parece que alguém aqui não tem o menor escrúpulo de se aproveitar de mulheres bêbadas...

 

-- Escuta aqui sua pirralha...

 

-- Escutar o quê? Vai negar? Eu vi minha cara! Vamos embora Isa, vou te levar para casa.

 

                  Meio sem entender o que se passava, me segurando agora em Virgínia não consegui concatenar minhas idéias com as palavras certas. Nem ao menos percebi como cheguei ao meu carro e já estava em minha casa, dentro da minha banheira.

 

                  Olhei para o lado e vi Virgínia, senti uma picada no braço e perguntei:

 

-- O que você está fazendo?

 

-- Aplicando glicose e um anti-emético... Você vomitou horrores... Fica fria que já está acabando...

 

-- Suzana... Onde está Suzana?

 

-- Isa se era pra ela estar aqui na sua casa sinto muito, mas ela não está...

 

-- Ela deve estar chateada... Que se dane uma hora ela aparece...

 

-- Isa... Você não quer que ela se dane... Pára de falar bobagem...

 

-- Eu sou só um troféu pra ela... Um desafio... Daqui a pouco perco a graça pra ela.

 

-- Caraca como você fala besteira quando está bêbada...

 

                  Virginia disse enquanto jogava fora a seringa. Pegou uma esponja e esfregou minhas costas, molhou minha cabeça dizendo:

 

-- Você vai dormir e parar de falar besteira, quando curar essa bebedeira, seja lá o que tenha acontecido entre vocês, amanhã conversam com calma e se acertam.

 

-- Virginia... Onde ela está? Ela deve estar catando outra mulher... Por minha causa! Por que não confio nela, mas como confiar? Ninguém merece minha confiança!

 

-- Isa... O que aconteceu minha querida? Hoje de manhã vocês estavam trocando carinho na minha frente e à tarde você some, deixa os pacientes esperando, coisa que você nunca fez, e te encontro num bar caindo pelas tabelas nos braços de outra!

 

-- Ela está comigo por vaidade apenas...

 

                  Virginia parecia não me dar crédito, envolveu-me no meu roupão e me levou para cama.

 

-- Você vai dormir Isa... Amanhã, sóbria você procura Suzana.

 

                  Não tive energia para continuar meu diálogo com Virginia, devo ter caído no sono no colo dela. Acordei sozinha, abri os olhos com dificuldade tentando tomar coragem de enfrentar um novo dia. Encontrei na cozinha Virgínia com seu bom humor matinal incompreensível, definitivamente me recusava a aceitar um humor daqueles às sete da manhã.

 

-- Bom dia dorminhoca... Cabeça muito pesada?

 

-- De onde vem tanta alegria heim Virginia? Caraca ainda nem são sete horas...

 

-- Bom... Eu não enfiei o pé na jaca ontem, isso contribui um pouco... Sente-se, preparei café para você, sua faxineira foi na padaria, daqui a pouco tem pão fresquinho...

 

-- Como você me achou ontem no Colors?

 

-- Estranhei você não comparecer nas consultas da tarde, dona Elisa disse que você não atendeu as ligações, sabia que tinha algo errado, e quando passei de ônibus pelo Colors e vi seu carro estacionado não hesitei em parar e conferir...

 

-- E Suzana? Tem alguma notícia? Será que ela procurou sua prima?

 

                  Virginia sentou-se ao meu lado e com mais sério respondeu:

 

-- Com certeza não...

 

                  Puxou do bolso um papel e me entregou:

 

-- Encontrei no criado mudo do seu quarto, estava aberto, desculpe-me acabei lendo...

 

“Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor” (William Shakespeare)

 

‘Recuo por me faltarem as forças, pelas feridas que abriram ou pelas cicatrizes não fechadas... Mostre-me que ainda vale a pena, que ainda há futuro para nós e que minha luta pode ter esperanças. Estou partindo Isabela, não porque te amo menos, mas por que quero preservar nosso amor de mais desconfianças e de exposições a forças externas a nós... Quando você estiver pronta para lutar  comigo, me amar e se deixar ser amada, você sabe como me encontrar’.

 

                  Baixei os olhos e as lágrimas vieram fáceis.

 

-- Isa o que aconteceu?

 

                  O olhar compassivo de Virginia me deu forças para desabafar com ela. Detalhei as revelações de Bernardo e Suzana e expus meus receios. Virginia escutou tudo calada, fato discrepante com sua personalidade em seguida disparou:

 

-- Eu posso saber o que você está fazendo aqui parada? Por que ainda não ligou, berrou, correu atrás da mulher que você ama?

 

-- Virginia você entendeu alguma coisa do que falei? Eles fizeram uma aposta!

 

-- Isabela, desculpe-me perguntar assim dessa forma, mas não tem outro jeito... Isabela quantos anos você tem?

 

-- Han?

 

-- Se você acredita mesmo que Suzana voltou à sua vida para vencer uma aposta estúpida como essa, acho que sua idade mental é menor do que a minha!

 

-- Eu não acredito que estou ouvindo isso de uma fedelha como você!

 

                  Virginia gargalhou.

 

-- Isa falando sério: não faz o menor sentido você acreditar nessa motivação da Suzana. Ela te ama, está nos olhos dela! Eu sei que ela foi uma imbecil aceitando essa idiotice do Bernardo, mas isso não muda o que ela sente por você, e eu sei perfeitamente que você sabe disso, só não quer enxergar.

 

-- Virginia eu não consigo acreditar nela! Eu tento mas tem algo mais forte que me impede de confiar nela... O que Bernardo falou sobre ela não ser capaz de ser fiel por muito tempo fica ecoando na minha mente, eu me sinto culpada em me entregar especialmente agora sabendo que ela estava disposta a me tirar da Camila...

 

-- E qual o crime nisso? Isabela acorda! Essa mulher te ama! Você me disse que ela prometeu fazer de tudo pra te reconquistar quando você estava com Camila, se ela fizesse isso era simplesmente por te amar, ela estava lutando por você.

 

-- E agora está desistindo da luta, talvez por que já tenha ganhado a aposta...

 

-- Ou por que cansou de ter que provar algo todo tempo para você...

 

-- Ou cansou de estar só com uma mulher... Bernardo me falou que lá no Caribe ela ganhou o desafio com sobras... Dormiu até com duas mulheres de uma só vez...

 

-- Vou te contar viu... Esse Bernardo é um viado fofoqueiro maldoso! A Suzana é mulher linda, charmosa, rica, sedutora e pelo que me consta na época, solteira não é? Então qual o problema? Ela podia pegar quantas mulheres ela quisesse!

 

-- Virginia eu fico pensando se Bernardo não tem razão a respeito dela, sobre esse instinto sedutor fazer parte da essência dela, ele está nesse mundo gay há mais tempo que eu, só tive dois relacionamentos mais sérios com mulheres, com Suzana e Camila, não sou experiente nisso... Não passei nem um ano direito com Suzana e ela me traiu... Se passarmos mais tempo...

 

-- Ei! Parou Isa! Muitos “ses", larga essa vida de criar chifre em cabeça de cavalo! Ou melhor, chifre em sapa... – Segurou o riso. – Você não tem vocação para mocinha de novela mexicana, toma uma atitude mulher!

 

-- Você acha que...

 

-- Que você deveria lavar esse rosto, e pegar o primeiro vôo pra cidade mais linda do mundo e correr atrás daquele espetáculo de mulher e ser feliz!

 

                  Fiquei pensativa por alguns segundos, até receber uma sacudida literalmente de Virginia.

 

-- Isabela! Levanta!

 

                  Levantei, mas, para atender meu telefone.

 

-- Oi Márcia! Tudo bem?

 

-- Oi querida... Infelizmente não está tudo bem... O Senhor Elias minha filha...

 

-- O que houve com o Vô Elias?

 

-- Querida... Ele nos deixou essa manhã.

 

-- Oh meu Deus...

 

-- Você sabe que ele era teimoso, não queria tratamento, ontem à noite estava muito fraquinho, chamamos o médico dele que nos preparou para esse momento... Morreu em paz, dormindo... Tentei te avisar, mas, você não estava no hospital e seu celular estava desligado...

 

                  Desliguei o telefone com um sentimento de culpa horroroso me corroendo, por não ter me despedido de meu querido Vô Elias. Joguei-me no sofá me entregando a um pranto sincero de saudade, abraçando meu corpo como se procurasse nele o abraço de Camila.

 

-- Isa o que houve?

 

                  Nada falei. Caminhei até meu quarto, me troquei e pedi a Virginia que me olhava com uma grande interrogação na cara:

 

-- Você pode me levar a um lugar?

 

-- Claro.

 

                  No caminho contei o motivo do meu choro. Virginia se desdobrou em carinho e se encarregou de avisar no hospital minha ausência. Foi atenciosa com todos na família de Camila, e não saiu do meu lado por um instante. Tia Silvia e Lívia chegaram à noite, nossas famílias eram uma só desde o meu casamento com Camila, e o Vô Elias era especial para nós.

 

                  Estar entre a família de Camila, nos despedindo do Vô despertou uma saudade insuportável de minha mulher. Aquela chácara me trazia recordações maravilhosas, sequer lembrei-me de Suzana e do que me afligia horas atrás. Depois do sepultamento, permanecemos na chácara, Virgínia não saiu do meu lado e com sua empatia peculiar já se tornara querida entre a família de Camila e com Tia Sílvia e Lívia.

 

                  Olhava as fotos espalhadas pela casa, muitas minhas com Camila, quando Virginia se aproximou:

 

-- Posso compreender um pouco mais sua angústia em investir num relacionamento com Suzana, esse clima familiar, esse equilíbrio que Camila representa na sua vida será sempre referência de felicidade para você não é?

 

-- O que sinto por Camila é completamente diferente do que sinto por Suzana. Camila era meu porto seguro, minha inspiração, era a primeira pessoa que eu pensava quando sorria ou quando chorava, era ela que eu queria ao meu lado pra assistir um filme bobo e pra fazer amor num dia de chuva... Era meu sonho e minha melhor realidade... Suzana provoca esses sentimentos avassaladores, confusos, ela tira meu foco... Mas, ao mesmo tempo ela me leva ao céu com um beijo, me arranca os sorrisos mais inesperados, me dá a força de uma leoa pra enfrentar tudo, me faz achar tudo sem graça depois que ela voltou para minha vida...

 

-- Nossa... Será que algum dia eu vou falar de alguém assim? Isso é o que chamam de amor?

 

-- Você nunca se apaixonou Virginia?

 

-- Ah... Tive minhas paixões adolescentes que não duraram mais de dois meses... Mas nunca senti a minha voz embargar quando falava de alguém como você fala de Camila... Meus olhos nunca brilharam olhando para alguém como os seus brilham quando olha para Suzana.

 

-- Suzana? Eu ouvi direito? Quando você viu Suzana Isabela?

 

                  Tia Silvia nos surpreendeu. Seu tom de voz censor me fez tremer como eu tremia quando criança e ela me flagravam despetalando suas rosas amarelas para fazer sopa para minhas bonecas.

 

                  Visivelmente desconcertada evitei os olhos de minha tia, e como ela me conhecia com toda ciência e autoridade materna própria, perguntou-me mais uma vez num tom nada amável:

 

-- Isabela eu te fiz uma pergunta.

 

-- Tia aqui não é o melhor lugar para conversarmos, vamos para casa, estou cansada e Virginia tem plantão daqui a pouco, precisamos deixá-la no hospital.

 

-- Não quero conversar com sobre isso, você é uma mulher adulta, não me deve satisfações, mas quero apenas uma resposta, isso não vai levar muito tempo. Quando você viu Suzana?

 

-- Voltamos a namorar há algumas semanas...

 

                  Tia Silvia se afastou perturbada. Virginia me olhou com cara de interrogação:

 

-- Isa desculpe-me ter falado em Suzana aqui...

 

-- Ei! Não fala bobagem, você não tem porque se desculpar, uma hora minha tia teria que saber.

 

-- Ela não gostou nem um pouco não é?

 

-- Não e eu me sinto uma criança que vai ficar de castigo por uma semana sem vídeo-game...

 

-- Parece que as pessoas que te amam tem certeza que Suzana te fará infeliz... Começo a me sentir culpada por te apoiar nisso...

 

-- Não se sinta Virginia... As pessoas que me amam só querem me proteger, mas eu sei que me faz feliz nesse momento...

 

-- Suzana te faz feliz nesse momento?

 

-- Faria se estivesse ao meu lado.

 

-- Então eu acho mesmo que você deveria dizer isso a ela.

 

-- Você tem razão.

 

-- Então...?

 

-- Depois que Tia Silvia e Lívia partirem eu procuro Suzana, um problema de cada vez... Eu preciso conversar com elas, ser honesta sobre meus sentimentos, já me basta o Bernardo virar as costas e ser leviano comigo, preciso da compreensão de minha família entende? Devo isso a elas, me apoiaram desde o começo do meu namoro com Suzana, sofreram comigo e se decepcionaram com ela... Então... Preciso ao menos conversar com elas sobre o que está se passando entre nós.

 

-- Quando elas voltam?

 

-- Amanhã... E amanhã mesmo vou atrás da mulher que amo dizer que estou preparada para amá-la e ser amada.

 

                  Virginia me abraçou com um carinho sincero, confirmando seu apoio a minha decisão. Naquela mesma noite tive uma difícil conversa com Lívia e Tia Sílvia.

 

-- Reencontrei Suzana por acaso, quando Olivia sofreu um acidente grave e foi internada no hospital de Suzana no Rio. Bem... Nós saímos algumas vezes, e o fato dela ser uma das pacientes do programa de pesquisa provocou novos encontros, ela veio à Campinas, e enfim... Meus sentimentos por ela renasceram, e por causa dela me senti viva outra vez... Senti-me amada de novo e menos solitária...

 

-- Mas essa mulher te humilhou, te traiu, te magoou... Não é possível que você possa amá-la depois de tudo que ela fez! – Tia Sílvia bradou.

 

-- Tia tenha calma, vamos escutá-la. – Pediu Lívia.

 

-- Tia Sílvia... Acredite em mim não está sendo fácil reconstruir meu relacionamento com ela, confiar nela de novo, me entregar, tentar dissociar as lembranças do que ela me fez... Mas, tia quando estou com ela tudo isso parece menor. Camila me completava, nosso amor não deixava lacunas para eu sentir falta de Suzana, penso que o sentimento por ela ficou adormecido, mas agora ressurge com uma intensidade gradual e eu a quero na minha vida tia...

 

-- Minha filha isso é tão insensato... Nem parece com uma atitude sua... Essa mulher te faz agir assim, contra a razão, contra sua personalidade... Foi assim quando vocês se conheceram, por causa dela você enfrentou nossa família, passou anos sem falar com sua vó...

 

-- Tia a senhora tem razão, o que sinto por Suzana me faz ir além de minhas limitações, agir em discordância com minha personalidade, mas isso não é ruim!

 

-- Isabela! Como não é ruim? – Indagou Tia Sílvia.

 

-- Ela exige de mim crescimento, superação. Tia, quando ela sorri pra mim tudo fica melhor... Parece mágica... Eu a amo tia, não sei se ainda a amo, ou se agora a amo... O fato é que a amo.

 

                  Lívia baixou a cabeça e Tia Silvia me olhou atônita.

 

-- Eu não posso acreditar no que estou ouvindo...

 

-- Tia... Eu preciso do apoio de vocês... Eu só estou tentando ser feliz de novo...

 

                  Lívia respirou fundo e interveio:

 

-- Tia Sílvia, nós somos uma família... Nunca abandonamos uma a outra... E se a Isabela acredita que pode ser feliz com Suzana temos que apoiá-la nas decisões dela, dar suporte... Apesar de não concordar temos que respeitar, dar o crédito.

 

                  Tia Sílvia não parecia convencida, mas calou. Foi a primeira noite em que ela não me deu um beijo de boa noite quando estávamos juntas e isso doeu, talvez por isso não tive condições emocionais de ligar para Suzana naquela noite. Antes de partirem, Lívia com sua sensatez nata, se despediu de mim com um comentário:

 

-- Mana, eu não aprovo essa volta ao passado com Suzana, mas, eu quero sua felicidade e confio na sua capacidade de buscá-la... Você sempre me protegeu e saiba que também farei isso se necessário a qualquer custo.

 

-- Obrigada minha caçula... Eu te amo. Lívinha... A tia Sílvia, está furiosa comigo...

 

-- Não se preocupe, ela vai se acalmar, é puro instinto materno de defesa...

 

 

                  Estava decidido, apesar da relutância de minha família e sua desaprovação eu lutaria por Suzana. Antes de viajar para o Rio, passei no hospital para avaliar alguns pacientes. Virgínia para minha surpresa ainda estava lá.

 

-- O que ainda faz aqui doutora?

 

-- Esperando o resultado de exames que pedi... Não queria ir embora antes de vê-los.

 

-- Você é incrível sabia? Pensei que você só se fazia de competente pra me agradar...

 

                  Sorri enquanto Virginia franzia a testa.

 

-- Pelo menos você está de bom humor... Falou com Suzana?

 

-- Ainda não, mas vou para o Rio hoje mesmo.

 

                  Virginia bateu palmas empolgada. Depois da ronda, saía apressada do hospital preocupada com a tempestade que rapidamente se formara na cidade, temendo não conseguir voar por causa do tempo. Virginia estava no ponto de ônibus ensopada e mais uma vez surgi como sua salvadora:

 

-- Suba no meu cavalo branco doutora!

 

-- Ah não você vai se atrasar Isa! Espero um táxi.

 

-- Virginia isso é uma ordem!

 

                  Virginia entrou rapidamente se desculpando pelo contratempo apesar de meu discurso insistente de que não havia motivos para desculpas. O tempo estava fechado, a noite caiu na manhã de Campinas. Apesar de meus esforços para não cair em buracos escondidos pela água foi inevitável, a poucos metros do prédio de Virginia estanquei o carro após cair em uma cratera e não consegui fazê-lo funcionar.

 

-- Droga! – Esbravejei.

 

-- Melhor chamarmos um guincho... Se você quiser providencio isso e você vai logo para o aeroporto...

 

-- Você acha mesmo que vai passar algum táxi nessa chuva?

 

-- Então vamos para meu apartamento... Chamo um taxista conhecido e você espera lá, enquanto espera podemos providenciar o guincho para seu carro, ficar aqui é perigoso.

 

-- Ir para seu apartamento? Pietra me joga pela janela!

 

-- Sossega, ela não está em casa. Foi para uma festa em uma cidade vizinha só volta amanhã.

 

                  Chegamos ao apartamento ensopadas. Fiquei na sala tentando contatar um serviço de guincho enquanto Virginia pegava toalhas para nós. Ouvi a porta se abrir abruptamente e desejei por um momento ser privada da minha visão para não ver aquela cena: Pietra e Suzana se devorando, se desfazendo das roupas enquanto entravam no apartamento.

Fim do capítulo


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Comentários para 13 - CAPÍTULO 13: 2º ROUND - REPERCUSSÃO:
NúbiaM
NúbiaM

Em: 25/11/2021

Começo a achar que o neurochip desenvolveu um tumor no cérebro da Suzana.

Essa mulher teve recaída com uma ex, relação mal resolvida, não deveria, mas traiu a Isa, a dívida moral frente a uma doença, enfim, não justifica, mas reflete cárater.

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carollbh
carollbh

Em: 25/11/2021

Nossa Estou atônita! Dessa vez Suzana se superou!

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Helenna
Helenna

Em: 25/11/2021

Não.....eu não acredito !

Acho que Suzana vacilou outra vez !

Afff

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ACLV
ACLV

Em: 24/11/2021

Falei.... figurinha repetida não preenche álbum de forma alguma. Há um "peso" muito grande nesse relacionamento, com mágoas, confiança quebrada, falta de respeito (sim, pois o que Suzana fez dando em cima de Isabela quando essa estava com Camila, e essa era a médica que salvava sua vida, foi total falta de respeito com as 2), enfim tantos outros sentimentos, que foi bom Isabela ver essa cena para pode superar isso. Suzana sempre será seu primeiro amor, mas o fato de ter esse "rótulo" não pode achar que "pode" misturar os sentimentos não. Isabela está meio perdida diante das dores...

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